25.08.2019
ESPÍRITO INDOMÁVEL
O EXEMPLO DE PERSEVERANÇA DE PAULO
Atos 28.1-11
1Uma vez a salvo em terra, descobrimos que estávamos na ilha de Malta. 2O povo de lá nos tratou com muita bondade. Por ser um dia frio e chuvoso, fizeram uma fogueira na praia para nos receber. 3Enquanto Paulo juntava um monte de gravetos e os colocava no fogo, uma cobra venenosa que fugia do calor mordeu sua mão. 4Quando os habitantes da ilha viram a cobra pendurada na mão de Paulo, disseram uns aos outros: “Sem dúvida ele é um assassino! Embora tenha escapado do mar, a justiça não lhe permitiu viver”. 5Mas Paulo sacudiu a cobra no fogo e não sofreu nenhum mal. 6O povo esperava que ele inchasse ou caísse morto de repente. No entanto, depois de esperarem muito tempo e verem que nada havia acontecido, mudaram de ideia e começaram a dizer que ele era um deus. 7Perto da praia, havia uma propriedade pertencente a Públio, a principal autoridade da ilha. Por três dias, ele nos hospedou e nos tratou com bondade. 8Aconteceu que o pai de Públio estava doente, com febre e disenteria. Paulo entrou, orou por ele e, impondo as mãos sobre sua cabeça, o curou. 9Então os demais enfermos da ilha vieram e foram curados. 10Como resultado, fomos cobertos de presentes e honras e, chegada a hora de partirmos, o povo nos forneceu todos os suprimentos necessários à viagem. 11Três meses depois do naufrágio, embarcamos em outro navio, que havia passado o inverno na ilha. Era um navio alexandrino, que tinha na parte da frente a figura dos deuses gêmeos [Isto é, os deuses romanos Cástor e Pólux].
UMA CAIXA DE NUGGETS E O CHAPÉU DE NAPOLEÃO
Que relação há entre uma caixa de nuggets e o chapéu de Napoleão? Explico.
Kim Hong-Kuk, conhecido como “o rei do frango”, é dono de um gigantesco negócio agroalimentar, a Allen Harim Foods. A empresa dele fatura por ano US$ 4,4 bilhões (dados de 2014). Pois bem, sabe o que ele foi fazer na França, em novembro de 2014? Comprar por 1 milhão e 800 mil Euros, em um leilão em Paris, um chapéu que pertenceu a Napoleão Bonaparte. O que é mais impressionante é que o bilionário sul-coreano arrematou o chapéu por um valor cinco vezes maior que o preço máximo estimado, pois havia um colecionador japonês brigando pelo mesmo item do leilão.
No mesmo dia, logo após a aquisição, Kim já tinha recusado uma oferta pelo chapéu acrescida de 30% do valor por ele pago. Ele relatou aos jornais sul-coreanos:
Eu não o comprei para fins de investimento!
Por que, então, ele teria o comprado? O que o chapéu de Napoleão tem a ver com com frangos e nuggets? O que ele agrega aos negócios de Kim? Ouça o depoimento do bilionário:
Sempre tive grande consideração pelo espírito indomável de Napoleão, para quem nada era impossível. Comprei o chapéu para insuflar um novo ar ao espírito da empresa. O espírito de Napoleão envia uma mensagem importante para nossa época, que precisa mais do que nunca do espírito de empreendedorismo.
Sabe o que Kim Hong-Kuk fará com o chapéu? Ele destacou em um comunicado que o deixará exposto ao público porque o considera algo “edificante”. Portanto, da próxima vez que você desejar ver um dos chapéus de Napoleão, você terá que visitar uma indústria de frango na Carolina do Norte, EUA, não um museu em Paris! Antes o chapéu era parte da coleção do palácio do príncipe de Mônaco.
O ANTÍDOTO CONTRA A FALTA DE PERSISTÊNCIA
Kim Hong-Kuk está certo, quando diz que
Nossa época não é de espíritos persistentes. São raros os homens e as mulheres aguerridos, fortes, perseverantes, corajosos e arrojados. Somos uma geração que perdeu o espírito de conquista. Queremos tudo muito rápido e de forma fácil, instantânea e indolor. Tornamo-nos frágeis e inconstantes. Desistimos facilmente diante do primeiro grau de dificuldade. Sofremos todos de “impersistência”!
Deus precisa intervir de forma soberana e sobrenatural, transformando a nossa disposição mental ou emocional, do contrário morreremos de sedentarismo espiritual, de impersistência. E uma das maneiras de Deus agir em nós é através de exemplos piedosos.
Há um verso nos salmos que muito me chama a atenção. Davi, buscando incitar a perseverança do justo diante da perseguição dos maus (Sl 37.1, 5-6), escreveu (Sl 37.37):
Observe os que são íntegros e justos; um futuro maravilhoso espera os que amam a paz.
Eugene H. Peterson traduziu esse versículo de uma forma vibrante (A Mensagem):
Observe a alma saudável, examine a vida correta. Há um futuro garantido para os íntegros.
O verbo “observar” vem da ideia hebraica de “vigiar como uma sentinela”; “esperar”; “aguardar”. Já o verbo “examinar” (omitido, infelizmente, na NVT), também pode significar “percepção” ou “alegria”. Ou seja: “Observe e examine de uma forma que imprima em você um sentimento gostoso, sentimento de alegria e de querer fazer igual”. Portanto, o que Davi está nos ensinando é que nós precisamos de exemplos de perseverança para não morrermos de “impersistência”.
“Impersistência” pode matar, matar eternamente! Ouça (Hb 3.12-14):
12Portanto, irmãos, cuidem para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo que os desvie do Deus vivo. 13Advirtam uns aos outros todos os dias, enquanto ainda é “hoje”, para que nenhum de vocês seja enganado pelo pecado e fique endurecido. 14Porque nos tornaremos participantes de Cristo, se de fato mantivermos firme até o fim a confiança que nele depositamos no início.
Impersistência pode matar e o antídoto contra a doença é a graça de Deus através de exemplos de fé e de perseverança da fé (Rm 15.4; Hb 12.1; 13.7). Jonathan Edwards sabia bem disso, quando escreveu:
Existem duas maneiras de se representar e recomendar o verdadeiro cristianismo e a virtude ao homem [a perseverança na piedade] — uma é mediante a doutrina e o preceito; a outra é por insistência e exemplo. Ambas são abundantemente usadas nas Sagradas Escrituras.
O ESPÍRITO INDOMÁVEL DE PAULO
Há na Bíblia centenas de exemplos de homens e de mulheres com espírito indomável; gente que perseverou, que não cedeu ao espírito de impersistência que paralisa e depois mata. Paulo é um dos meus favoritos.
O texto com o recorte de sua vida que nós lemos no início desta mensagem nos dá um gostinho do porquê. Assim, meu objetivo é olhar para esse recorte e aprender com o exemplo de perseverança do apóstolo; observar e examinar o seu espírito indomável e inquebrável, suplicando que a graça de Deus imprima em nossa mente e coração motivação para perseverar — fé, esperança e amor para sobreviver.
O DIÁRIO DE PAULO
Do momento em que Paulo foi resgatado por Cristo no caminho para Damasco, a vida do apóstolo tornou-se exemplo de bravura no poder do Espírito Santo. Suas viagens missionárias, registradas em Atos dos Apóstolos, revelam um homem de Deus intrépido, indomável e inquebrável. Veja o que podemos chamar de algumas anotações do seu diário:
“Confrontei Elimas” | Ele confrontou Elimas, o mágico, face a face (At 13.8-12).
“Quase me mataram em Listra” | Depois de ter sido apedrejado até à beira da morte e ser arrastado para fora de Listra, para ser comido por animais, os discípulos ficaram chorando sobre o corpo dele (pensado que estivesse morto), mas Paulo se levantou e voltou para a cidade e de lá partiu somente no dia seguinte (At 14.19-20).
“Preguei pela primeira vez na Europa” | Em Filipos, na Macedônia, Paulo foi severamente açoitado e, depois da dolorosa e humilhante surra, jogado em prisão. Não tinha problema! Afinal, ele e Silas, estavam pregando o evangelho pela primeira vez na Europa (At 16).
“Lutas e mais lutas” | Resistiu ao intelectualismo e à idolatria em Atenas (At 17). Confrontou a corrupção moral de Corinto (At 18). Sobreviveu ao materialismo e à violência de Éfeso (At 19).
“Abusado pelas autoridades” | Chegando à Jerusalém e depois à Cesaréia, foi humilhantemente abusado pelas autoridades judaicas e romanas (At 21-26), até ser embarcado como prisioneiro para Roma (At 27 — história que nós estudamos em recorte anterior).
“Náufrago à caminho de Roma” | A caminho de Roma, atravessou corajosamente a tempestade e sobreviveu heroicamente ao naufrágio, detalhadamente narrado por Lucas (At 27 — história que também nós estudamos em recorte anterior).
“Picado por cobra em Malta” | Agora, em Atos 28, nós o encontramos na praia do que é hoje conhecida como Baía de São Paulo, na pequenina ilha de Malta, no Mar Mediterrâneo. Lá ele estava se recuperando do terrível naufrágio. Mas foi picado por “cobra venenosa”.
Ninguém merece! Mas aqui em Malta, Paulo nos ensina enormes lições sobre o seu espírito intrépido, indomável e inquebrável. Destacaremos duas em especial: problemas não param e há poder para perseverar.
1 PROBLEMAS NÃO PARAM
Primeira lição: gente de fé não desfruta de longos períodos de trégua.
Problemas não param! Veja.
Lucas é o narrandor do episódio todo. Aliás, Atos 27 e 28 são trechos de seu diário de bordo. Além de médico, ele se revela um exímio historiador. Note um dos belos detalhes de seu texto (At 28.1): “Uma vez a salvo em terra, descobrimos que estávamos na ilha de Malta”. Por que esta informação? Por que dizer o nome da ilha?
Pode ser que o temporal, de tão gigantesco e desnorteador, seguido pelo naufrágio, fez eles perderam totalmente a noção de localização geográfica. Sim, pode ser essa a explicação, mas parece haver algo mais. Em seu comentário do livro de Atos, F. F. Bruce, respeitável estudioso no Novo Testamento, informa-nos que
a acidentada ilha de Malta tem pouco mais de 28km de extensão, por quase 13km de largura. Fica cercada pelos continentes europeu, africano e asiático. Situa-se 80,5 km ao sul da Sicília, na Itália. Nos dias de Paulo, a ilha, de fato, chamava-se “Melita” (o grego é “Melité”), que é derivado de uma palavra cananeia, cujo significado é “refúgio”.
Parece, portanto, que Lucas está nos dando informação que vai muito além de mera localização geográfica, permitindo-nos enxergar como eles interpretaram aqueles três meses em Malta (ou, melhor, Melita): “Uma vez a salvo em terra, descobrimos que estávamos na ilha de Malta [i.e., demos conta de que Deus nos tinha dado um lugar de refúgio]”.
Depois de tudo o que havia passado e de tudo o que ele ainda enfrentaria em Roma, Paulo precisava daquele tempo na “Ilha Refúgio”. Não somente do local de refúgio, mas também de tempo para se restabelecer no refúgio (Deus proporcionou tempo e lugar), pois não seria da noite para o dia e em qualquer lugar que se processaria a cura. Eles precisaram de três meses (At 28.11). Hipócrates, considerado o pai da medicina, reconhecia a importância do tempo e de oportunidade no processo terapêutico. Ele disse:
Cura é uma questão de tempo, mas às vezes é também uma questão de oportunidade.
Deus, portanto, estava dando tempo e oportunidade para Paulo se refazer. O problema é que problemas não param. Parece que os problemas só aumentam. Igualzinho aos jogos de videogame ou campeonatos esportivos: a próxima fase é sempre a mais difícil. Tanto é assim que depois de tudo o que Paulo passou (confronto, apedrejamento, açoite, debate, humilhação e naufrágio), veja o que o apóstolo, no seu lugar de refúgio, no seu tempo de recuperação, ainda teve que enfrentar.
1.1 Intensificação dos problemas – At 28.1-3
1Uma vez a salvo em terra, descobrimos que estávamos na ilha de Malta. 2O povo de lá nos tratou com muita bondade. Por ser um dia frio e chuvoso, fizeram uma fogueira na praia para nos receber. 3Enquanto Paulo juntava um monte de gravetos e os colocava no fogo, uma cobra venenosa que fugia do calor mordeu sua mão.
Picado por uma cobra venenosa e sem hospital por perto! Quantas não são as vezes em que nos sobrevêm os problemas e não temos recursos ou pessoas que nos possam socorrer. Isto mesmo com os homens e mulheres de fé, mesmo estando no centro da vontade de Deus. Problemas não param, eles intensificam.
1.2 Instabilidade das pessoas – At 28.4-6
4Quando os habitantes da ilha viram a cobra pendurada na mão de Paulo, disseram uns aos outros: “Sem dúvida ele é um assassino! Embora tenha escapado do mar, a justiça não lhe permitiu viver”. 5Mas Paulo sacudiu a cobra no fogo e não sofreu nenhum mal. 6O povo esperava que ele inchasse ou caísse morto de repente. No entanto, depois de esperarem muito tempo e verem que nada havia acontecido, mudaram de ideia e começaram a dizer que ele era um deus.
De amigo, Paulo passou a assassino; e de assassino, Paulo passou a um deus! Há momentos quando mais precisamos das pessoas, mas não as temos. Elas são instáveis, temperamentais, vulneráveis e, portanto, incapazes de ajudar quando mais precisamos. Problemas não param, eles intensificam.
1.3 Impiedade dos pensamentos – At 28.4-6 e 11
4Quando os habitantes da ilha viram a cobra pendurada na mão de Paulo, disseram uns aos outros: “Sem dúvida ele é um assassino! Embora tenha escapado do mar, a justiça não lhe permitiu viver”. 5Mas Paulo sacudiu a cobra no fogo e não sofreu nenhum mal. 6O povo esperava que ele inchasse ou caísse morto de repente. No entanto, depois de esperarem muito tempo e verem que nada havia acontecido, mudaram de ideia e começaram a dizer que ele era um deus. […] 11Três meses depois do naufrágio, embarcamos em outro navio, que havia passado o inverno na ilha. Era um navio alexandrino, que tinha na parte da frente a figura dos deuses gêmeos [Isto é, os deuses romanos Cástor e Pólux].
Por que detalhar a figura dos deuses gêmeos?
Diz a mitologia grega que Cástor e Pólux são filhos de Zeus (na forma de um Cisne) e de Leda (rainha de Esparta). Meses após a relação dos dois, Leda põe dois ovos: do primeiro, nasceram Cástor e Helena; e do segundo, Pólux e Clitemnestra. Cástor e Pólux se tornam grandes guerreiros e amigos inseparáveis até pela morte. Além de invencíveis, eram imortais. E daí?
Parece que Lucas quer destacar que Paulo e ele estavam cercados de ceticismo, sincretismo, misticismo, superstição e idolatria, tudo em um mesmo lugar! Por vezes, esses tipos de pensamentos conduzem tudo e todos ao nosso redor.
A vida de Paulo nos ensina que problemas não param. Eles nos atingem mesmo no lugar de refúgio, nos momentos de restauração. E quando os problemas chegam de novo pode ser que nos achemos em local sem condições de socorro, cercado de gente instável e com a cabeça cheia de bobagens.
2 PODER PARA PERSEVERAR
Como Paulo conseguiu prosseguir? De onde ele arrancou forças para superar? Como ele fazia para não secar e morrer, para não desanimar e parar, para não calejar o coração? De onde lhe vinha o poder para perseverar com tantos problemas sem fim?
2.1 O poder da fé
O que mantinha Paulo perseverante era sua fé. Não era fé na fé. Não era fé supersticiosa nem idólatra. Não era uma fé na mitologia, autoconfiança ou nas pessoas. Era fé na palavra de Deus. Volte comigo no capítulo anterior. Veja (At 27.22-26):
22Mas tenham bom ânimo! O navio afundará, mas nenhum de vocês perderá a vida. 23Pois, ontem à noite, um anjo do Deus a quem pertenço e sirvo se pôs ao meu lado 24e disse: ‘Não tenha medo, Paulo! É preciso que você compareça diante de César. E Deus, em sua bondade, concedeu proteção a todos que navegam com você’. 25Portanto, tenham bom ânimo! Creio em Deus; tudo ocorrerá exatamente como ele disse. 26É necessário, porém, que sejamos impulsionados para uma ilha”.
A fé de Paulo na palavra de Deus dava-lhe poder para perseverar e sobreviver aos problemas, às pessoas e aos pensamentos. Era isso que ele pregava e praticava (1Ts 5.23-28):
23E, agora, que o Deus da paz os torne santos em todos os aspectos, e que o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam mantidos irrepreensíveis até a volta de nosso Senhor Jesus Cristo. 24Aquele que os chama fará isso acontecer, pois ele é fiel. 25Irmãos, orem por nós. 26Cumprimentem todos os irmãos com beijo santo. 27Encarrego-os em nome do Senhor de lerem esta carta a todos os irmãos. 28Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com vocês.
O espírito indomável de Paulo era nutrido pela fé na Palavra.
2.2 O poder da esperança
Além da fé, vemos em Paulo a esperança que o mantinha perseverante: esperança da glória de Deus (Rm 5.2). O alicerce de sua vida era a justificação pela fé em Cristo (Rm 5.1) e a sua alegria era partir para estar na presença de Cristo (Rm 5.2; Fl 1.23), no rosto de quem a glória de Deus mais fascinantemente se manifesta.
Essa esperança o alegrava e o fazia perseverar, enquanto ele gastava a sua vida na pregação do evangelho da glória de Deus (Rm 15.20):
Sempre me propus a anunciar as boas-novas onde o nome de Cristo nunca foi ouvido, para não construir sobre alicerce alheio.
A esperança da glória, a esperança da vida eterna, a alegria que lhe estava proposta, assim como foi com Cristo (Hb 12.2), o encorajava a prosseguir ganhando outros para o mesmo prazer: viver em Cristo (Cl 3.1-4):
1Uma vez que vocês ressuscitaram para uma nova vida com Cristo, mantenham os olhos fixos nas realidades do alto, onde Cristo está sentado no lugar de honra, à direita de Deus. 2Pensem nas coisas do alto, e não nas coisas da terra. 3Pois vocês morreram para esta vida, e agora sua verdadeira vida está escondida com Cristo em Deus. 4E quando Cristo, que é sua vida, for revelado ao mundo inteiro, vocês participarão de sua glória.
O espírito indomável de Paulo era nutrido pela fé na Palavra e pela esperança na participação da glória futura.
2.3 O poder do amor
Fé, esperança e amor sustentavam o espírito de Paulo em estado indomável, inquebrável, intrépido. Paulo amava as pessoas. Ele se importava com a saúde e com o bem-estar delas: no navio ele incentivou todos a comerem (At 27.21-26); na ilha ele mesmo se preocupou em ajuntar lenha para o fogo aquecer e cozinhar (At 28.3). E mesmo depois de ter sido criticado e negligenciado pelos habitantes de Malta, após ser picado pela serpente peçonhenta, Paulo se preocupou com a saúde e o bem-estar dos outros.
Note o que Paulo fez após ser picado: ele sacudiu a cobra no fogo e prosseguiu (At 28.5)! Nem se deu ao lucho de “lamber a ferida”. Observe como ele agiu enquanto todos o acusavam: ele não abriu a boca para se defender (At 28.5-7)! Ao perceberem que nada lhe havia acontecido de mais grave, as pessoas pediram ainda mais a ajuda do apóstolo. Paulo e Lucas os ajudaram! Ouçam (At 28.5-9):
5Mas Paulo sacudiu a cobra no fogo e não sofreu nenhum mal. 6O povo esperava que ele inchasse ou caísse morto de repente. No entanto, depois de esperarem muito tempo e verem que nada havia acontecido, mudaram de ideia e começaram a dizer que ele era um deus. 7Perto da praia, havia uma propriedade pertencente a Públio, a principal autoridade da ilha. Por três dias, ele nos hospedou e nos tratou com bondade. 8Aconteceu que o pai de Públio estava doente, com febre e disenteria. Paulo entrou, orou por ele e, impondo as mãos sobre sua cabeça, o curou [gr.: iassato]. 9Então os demais enfermos da ilha vieram e foram curados [foram tratado – gr. therapeuó].
Isso é amor! Paulo ora pela cura (gr. iassato, v. 8) e Lucas usa de suas habilidades médicas para curar (gr. therapeuó, v. 9). Os dois estão dando testemunho do amor do Pai e ganhando credenciais para falar de Jesus (Rm 15.17-20):
17Tenho motivo, portanto, para me entusiasmar com o que Cristo Jesus tem feito por meio de meu serviço a Deus. 18E, no entanto, não ouso me vangloriar de nada, exceto do que Cristo fez por meu intermédio a fim de conduzir os gentios a Deus, por minha mensagem e pelo meu trabalho, 19convencendo-os pelo poder de sinais e maravilhas e pelo poder do Espírito de Deus. Assim, apresentei plenamente as boas-novas de Cristo desde Jerusalém até o Ilírico. 20Sempre me propus a anunciar as boas-novas onde o nome de Cristo nunca foi ouvido, para não construir sobre alicerce alheio.
Fé, esperança e amor davam poder para Paulo perseverar, apesar dos problemas que nunca paravam e só aumentavam
Espírito indomável: o exemplo de perseverança de Paulo
Quer ter o espírito indomável de Paulo? Nós todos precisamos, caso contrário morreremos de “impersistência”. Então, busque fé, esperança e amor.
Como? Paulo, de novo, é mestre no assunto (Rm 12.12):
[esperança] Alegrem-se em nossa esperança. [amor] Sejam pacientes nas dificuldades e [fé] não parem de orar.
Nutra sua esperança em Cristo.
Ame apesar de tudo. Faça o bem sem olhar a quem.
Ore com fé na Palavra de Deus.
Ache um “Lucas” para seguir com você, ao seu lado, na jornada da fé.
Não se contente com um espírito impersistente.
Cultive um espírito indomável. Persevere com fé, esperança e amor.
Lembra-se da caixa de nuggets e do chapéu de Napoleão? Pois bem, se até os bilionários buscam exemplos para estimular o crescimento de seus negócios, por que nós, os cristãos, não miramos em modelos de fé, esperança e amor para inflamar a alma?
Sejamos imitadores de Paulo (1Co 4.16; 11.1).
Fixemos os olhos em Jesus Cristo (Hb 12.2): para a salvação pela fé e para a perseverança da fé.
Cultive um espírito indomável.
S.D.G. L.B.Peixoto
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