13.10.2024
Atos 28.17-31 (NVT)
[A conclusão do livro!]
30Durante os dois anos seguintes, Paulo morou em Roma, às próprias custas [na casa que ele havia alugado]. A todos que o visitavam ele recebia, 31proclamando corajosamente o reino de Deus e ensinando a respeito do Senhor Jesus Cristo sem restrição alguma.
A chama precisa avançar! O fogo não pode parar de queimar! — Você concorda? — Eu sei! Depende. Falar em chama e fogo neste momento é algo assustador. Este ano, a chama das queimadas devastou a face do planeta, consumindo com fúria áreas florestais, campos e vidas ao redor do mundo. De norte a sul, de leste a oeste, o fogo transformou em cinzas paisagens outrora verdes, deixando um rastro de destruição que se estendeu, segundo estimativas até o início de outubro, por cerca de 15 a 20 milhões de hectares em todo o mundo. As áreas mais afetadas foram a Amazônia (Brasil), a Sibéria (Rússia), o oeste dos Estados Unidos, o sul da Europa, e partes da África Subsaariana e Indonésia.
De fato, 2024 ficará marcado na história, e com razão. A área atingida pelas queimadas, entre 15 e 20 milhões de hectares, é impressionante e chocante. Para facilitar a visualização, isso equivale a algo entre 150.000 e 200.000 km². Em termos comparativos, essa extensão é quase do tamanho da Ilha da Grã-Bretanha, que inclui Inglaterra, Escócia e País de Gales, com uma área total de aproximadamente 230.000 km². Também é próxima à do estado de São Paulo, no Brasil, que possui cerca de 248.000 km², ou da Romênia, com 238.000 km². Em comparação, essa área é muitas vezes maior que a da cidade de Nova York, que tem aproximadamente 789 km².
A maior área urbana do mundo é a Região Metropolitana de Tóquio, no Japão, também conhecida como Grande Tóquio. Ela é amplamente considerada a maior aglomeração urbana, tanto em termos de população quanto de área. Para se ter uma ideia: A Grande Tóquio abrange cerca de 13.500 km², incluindo a própria cidade de Tóquio e áreas vizinhas como Yokohama, Kawasaki e outras partes das províncias de Kanagawa, Saitama e Chiba. Em termos populacionais, Tóquio também é a maior do mundo, com mais de 37 milhões de habitantes, de acordo com estimativas recentes. No entanto, toda essa área representa apenas 6 a 9% da extensão devastada pelas queimadas de 2024.
Meu Deus! Essa chama não pode avançar! Jamais. Ela precisa ser contida. No entanto, quando digo que a chama precisa avançar, e que o fogo não pode parar de queimar, refiro-me à chama do evangelho de Jesus Cristo. Esse fogo, o ardor evangelístico dos crentes, deve continuar a crescer e invadir toda a Terra.
Estima-se atualmente que existam cerca de 7.400 povos não alcançados no mundo, representando aproximadamente 29% da população global. No Brasil, há registros de 115 a 120 povos indígenas que ainda não foram evangelizados, sobretudo em comunidades situadas nas regiões remotas da Amazônia. Além disso, calcula-se que cerca de 37 mil comunidades ribeirinhas nessa região ainda não receberam a evangelização de maneira efetiva. Essas comunidades vivem em áreas isoladas, às margens dos rios, e o difícil acesso constitui um dos maiores desafios para a difusão do evangelho.
Além dos ribeirinhos e indígenas, outros grupos no Brasil que podem ser considerados não alcançados incluem comunidades quilombolas, bem como imigrantes e refugiados provenientes de países com baixa penetração do evangelho.
Embora o Brasil tenha uma expressiva presença evangélica, em grande parte, ela se caracteriza por distorções da mensagem apostólica original (cf. 1Co 15.1-4). Sobretudo, levando em conta que substituíram o poder espiritual pela influência política e legitimaram a ostentação, convertendo-a em testemunho. Isso evidencia a necessidade de redobrar os esforços de evangelização e discipulado, assegurando que o verdadeiro evangelho seja proclamado e vivido, inclusive entre aqueles que já se identificam como cristãos evangélicos.
A chama do evangelho precisa avançar. O ardor evangelístico dos crentes deve continuar a crescer e se espalhar por toda a Terra.
Mark Dever, pastor batista em Washington D.C., define “o evangelho” e “a evangelização” com clareza em suas obras, especialmente em seu livro O Evangelho e a Evangelização (da editora Fiel).
Foi exatamente isso que os apóstolos realizaram nos primeiros 30 anos do cristianismo: movidos pelo poder do Espírito Santo, eles levaram a mensagem do evangelho e a espalharam por Jerusalém, Judeia e Samaria, até que essa chama alcançou Roma, o portal para os confins da Terra.
Paulo é o último apóstolo mencionado na narrativa de Lucas – o último apóstolo evangelizando, segurando a tocha do evangelho no portal dos confins da Terra. Observamos isso claramente na semana passada, e hoje continuaremos a examinar sua atuação na cena final. Nosso objetivo é responder a duas perguntas centrais: de que maneira a cena final de Paulo em Atos dos Apóstolos nos ensina a transmitir a mensagem do evangelho e a evangelizar? E como podemos servir o evangelho ao pecador, e, assim, nos tornarmos coadjuvantes de Deus na história da redenção que ele está escrevendo?
Para responder a essas questões, estamos recorrendo às próprias palavras de Paulo, extraídas de outros contextos, mas que encontram uma ilustração clara na cena final de Atos dos Apóstolos.
Revise a primeira lição que já estudamos na semana passada.
1. “Pregue a palavra. Esteja preparado, quer a ocasião seja favorável, quer não.” (2Timóteo 4.2)
Atos 28.17-22 (NVT)
17Três dias depois de chegar, Paulo convocou os líderes judeus locais e lhes disse: “Irmãos, embora eu não tenha feito nada contra nosso povo nem contra os costumes de nossos antepassados, fui preso em Jerusalém e entregue ao governo romano. 18Os romanos me interrogaram e queriam me soltar, pois não encontraram motivo para me condenar à morte. 19Mas, quando os líderes judeus protestaram contra a decisão, considerei necessário apelar a César, embora não tivesse acusação alguma contra meu próprio povo. 20Por isso pedi a vocês que viessem aqui hoje para que nos conhecêssemos, e também para que eu pudesse explicar que estou preso com estas correntes porque creio na esperança de Israel”.
21Eles responderam: “Não recebemos nenhuma carta da Judeia, e ninguém que veio de lá nos informou alguma coisa contra você. 22Contudo, queremos ouvir o que você pensa, pois o que sabemos a respeito desse movimento [esta seita, literalmente, αιρεσις hairesis = outra opção, outra escolha; é a raiz etimológica da palavra heresia em português] é que ele é contestado em toda parte”.
Até aquele momento, nada sobre Paulo pessoalmente havia chegado a Roma. Entretanto, a má fama do cristianismo já começava a ganhar as manchetes na capital do império. Paulo, contudo, pregou a Palavra. Ele estava sempre preparado, fosse a ocasião favorável ou não. Deus trouxe as pessoas até ele; Deus resguardou sua reputação até aquele momento. Deus lhe deu ampla oportunidade para pregar (de viva voz e por cartas), ainda que as circunstâncias pessoais e políticas não fossem favoráveis.
2. “Jamais deixei de anunciar todo o desígnio de Deus.” (Atos 20.27)
A sequência do nosso texto revela que, sem poder sair de sua prisão domiciliar, a qual estava sendo custeada por ele próprio, Paulo simplesmente aguardava pacientemente que as pessoas viessem até ele para ouvi-lo. Mais impressionante ainda, nos versículos seguintes, é o resumo que Lucas faz do método de Paulo para anunciar o evangelho e do conteúdo da mensagem pregada pelo apóstolo. Leia:
Atos 28.23 (NVT)
Então marcaram uma data e, nesse dia, muita gente foi à casa de Paulo. Ele explicou e testemunhou sobre o reino de Deus e, desde cedo até a noite, procurou convencê-los acerca de Jesus com base na lei de Moisés e nos livros dos profetas.
Qual era o método de Paulo?
O apóstolo [1.] explicava [εκτιθημι ektithemi = expôr, colocar em evidência, colocar para fora, explicar, declarar o que está aí], [2.] testemunhava [διαμαρτυρομαι diamarturomai = testificar, atestar, confirmar algo pelo testemunho, testificar, fazê-lo crível] e [3.] procurava convencer [πειθω peitho = persuadir, procurar fazer crer] seus ouvintes.
Qual era o meio empregado por Paulo?
O apóstolo fazia tudo “com base na lei de Moisés e nos livros dos profetas”. Ele usava a palavra de Deus. Ponto. A explicação ou exposição era da palavra de Deus. O testemunho era para elucidar o poder e a verdade da palavra de Deus. O convencimento era à luz da palavra de Deus. “Somente a Escritura”, antes de ser um pilar da Reforma Protestante (a qual celebraremos neste mês, no dia 31 de outubro), era um pilar apostólico. SOMENTE A ESCRITURA!
João Crisóstomo (347–407), em sua homilia sobre Atos 28.23, observou:
Veja novamente como ele os faz silenciar, não por milagres, mas pela Lei e pelos Profetas, como sempre o encontramos fazendo repetidamente. E, no entanto, ele poderia ter realizado sinais; mas, nesse caso, não teria sido uma questão de fé. Na verdade, a pregação da palavra de Deus foi, em si, um grande sinal: o fato de ele discursar a partir da Lei e dos Profetas.
De fato, o poder necessário para converter uma pessoa das trevas para a luz vem do Espírito Santo. Ele é a causa principal dessa transformação. No entanto, o Espírito Santo usa, como meio para realizar essa conversão, a exposição fiel e cuidadosa da palavra de Deus, da qual se deriva uma aplicação sóbria e apaixonada. Ou seja, somente a correta exposição da palavra de Deus, que resulta em uma aplicação equilibrada e fervorosa, é capaz de produzir uma conversão genuína.
O que Paulo pregava?
O apóstolo pregava Jesus. De fato, ele próprio havia anteriormente declarado que Jesus é “a esperança de Israel” (At 28.20). No entanto, Paulo não menciona diretamente o nome de Jesus em Atos 28.20, apenas afirma: “estou preso com estas correntes porque creio na esperança de Israel”. Contudo, sabemos que Paulo estava preso por causa do “Nome”, do “Caminho” e da “seita dos Nazarenos” – ele próprio se declarava “prisioneiro de Cristo” (Ef 3.1). Ou seja, Paulo conectou “Jesus” com “a esperança de Israel”. Era Cristo, portanto, o que o apóstolo pregava.
O próprio Jesus, na primeira parte da obra de Lucas, ou seja, no Evangelho de Lucas, demonstrou, ao pregar aos discípulos que retornavam decepcionados para Emaús, que a “esperança de Israel” se resumia a ele próprio. Leia (e tenha em mente que não foi nada diferente disso que Paulo fez em sua prisão domiciliar em Roma):
Lucas 24.25-27 (NVT)
25Então Jesus lhes disse: “Como vocês são tolos! Como custam a entender o que os profetas registraram nas Escrituras! 26Não percebem que era necessário que o Cristo sofresse essas coisas antes de entrar em sua glória?”. 27Então Jesus os conduziu por todos os escritos de Moisés e dos profetas, explicando o que as Escrituras diziam a respeito dele.
Agora, compare Lucas 24.27 com Atos 28.23 (NVT): “[Paulo] explicou e testemunhou sobre o reino de Deus e, desde cedo até a noite, procurou convencê-los acerca de Jesus com base na lei de Moisés e nos livros dos profetas.” Ou seja, Paulo, assim como Jesus, dedicava muito tempo (“desde cedo até a noite”!) expondo, explicando e abrindo as Escrituras, aplicando-as ao coração dos ouvintes — tendo Cristo como foco e cumprimento. Isso significa que Cristo é o Rei, o Soberano aguardado de Israel. Significa que Cristo nos salva para nos submetermos ao seu senhorio absoluto.
Portanto, “Pregue a palavra. Esteja preparado, quer a ocasião seja favorável, quer não.” E, “Jamais deixei de anunciar todo o desígnio de Deus.” Mas tem outra coisa:
3. “Não importa quem planta ou quem rega, mas sim Deus, que faz crescer. (1Coríntios 3.7)
Paulo sempre pregou com a convicção de que é Deus quem faz crescer.
Atos 28.24-29 (NVT)
24Alguns foram convencidos pelas coisas que ele disse, mas outros não creram. 25E, depois de discutirem entre si, foram embora com estas palavras finais de Paulo: “O Espírito Santo estava certo quando disse a nossos antepassados por meio do profeta Isaías [6.9-10]:
26‘Vá e diga a este povo:
Quando ouvirem o que digo,
não entenderão.
Quando virem o que faço,
não compreenderão.
27Pois o coração deste povo está endurecido;
ouvem com dificuldade
e têm os olhos fechados,
de modo que seus olhos não veem,
e seus ouvidos não ouvem,
e seu coração não entende,
e não se voltam para mim,
nem permitem que eu os cure’.*
28Portanto, quero que saibam que esta salvação vinda de Deus também foi oferecida aos gentios, e eles a aceitarão”. [29Depois de ele ter dito essas palavras, os judeus partiram, em grande desacordo uns com os outros.]
A proclamação feita por Paulo sobre a mensagem do reino de Deus, fundamentada nas Escrituras, foi rejeitada pelos judeus como comunidade, tal como Isaías havia profetizado (vs. 23–27). Essa rejeição nacional dos judeus, culminada aqui em Roma, assinala que o foco primário do ministério cristão, dali em diante, seriam os gentios (vs. 28-29). No entanto, Paulo tinha consciência de que o endurecimento de Israel beneficiaria os gentios e que, no final dos tempos, haveria uma conversão maciça dos judeus ao Messias Jesus (cf. Rm 11.25-32).
O que devemos destacar, entretanto, é que nossa responsabilidade é pregar a palavra, estando sempre preparados, seja a ocasião favorável ou não. Nunca podemos deixar de anunciar todo o desígnio de Deus. Não importa quem planta ou quem rega; o essencial é que o evangelho seja plantado e regado. O crescimento, porém, é obra de Deus. Agora, uma última lição, extraída da cena final de Paulo em Atos.
4. “Estejam sempre dispostos a praticar a hospitalidade.” (Romanos 12.13)
Observe – na conclusão de Atos – que o cristianismo foi vindicado em Roma à medida que a mensagem do reino de Deus foi proclamada livremente, com a permissão das autoridades romanas, mesmo com Paulo como prisioneiro. O apóstolo recebia todos aqueles que desejavam ouvi-lo, e a mensagem do Reino era pregada sem restrições, apesar de sua condição de prisioneiro. Em outras palavras, Paulo praticava a hospitalidade cristã. Leia:
Atos 28.17-31 (NVT)
30Durante os dois anos seguintes, Paulo morou em Roma, às próprias custas [na casa que ele havia alugado]. A todos que o visitavam ele recebia, 31proclamando corajosamente o reino de Deus e ensinando a respeito do Senhor Jesus Cristo sem restrição alguma.
Nos últimos dois versículos de Atos, Lucas acrescenta os retoques finais a esta obra magnífica. Ao fazer isso, ele não entra em detalhes sobre os cristãos em Roma, como, por exemplo, a igreja local. Foram os filipenses, por meio de contribuições enviadas por Epafrodito, que auxiliaram Paulo financeiramente (veja Filipenses 4.15-18). Lucas também não menciona o julgamento de Paulo, nem sua eventual soltura. No entanto, Lucas apresenta a cena de um ministério hospitaleiro, centrado no evangelho e franco, que serve como exemplo a ser seguido.
Primeiro, observe que Paulo “a todos que o visitavam ele recebia” (v. 30). A porta de Paulo estava aberta para qualquer pessoa: rico ou pobre, judeu ou gentio, livre ou escravo. — No entanto, muitas vezes caímos na armadilha de excluir os outros por serem diferentes de nós, o que é lamentável. Você é hospitaleiro (a)?
Segundo, observe que Paulo era um homem de um só tema: o reino de Deus e a pessoa do Senhor Jesus Cristo. Impressionante! Preste atenção (vs. 30b-31): “A todos que o visitavam ele recebia, proclamando corajosamente o reino de Deus e ensinando a respeito do Senhor Jesus Cristo”. O assunto da vida de Paulo se resumia a estes dois temas: Jesus Cristo e o reino de Deus. Se um comerciante o visitasse, ele falava sobre como Jesus Cristo e o reino de Deus se relacionavam com os negócios; se fosse uma mãe, sobre como Jesus Cristo e o reino de Deus se aplicavam à família; se um filósofo, sobre como Jesus Cristo e o reino de Deus definem toda a existência humana. — Se você reduzir a mensagem da sua vida, encontrará nela Cristo e o reino de Deus?
Terceiro, observe como Paulo se manteve franco (vs. 30b-31): “A todos que o visitavam ele recebia, proclamando corajosamente o reino de Deus e ensinando a respeito do Senhor Jesus Cristo, sem restrição alguma.” Paulo jamais perdeu a franqueza. Ele não podia, pois o evangelho não permitia. Como nem os romanos nem os judeus estavam impedindo a pregação, ele podia ser ousadamente aberto. Não precisava se policiar, temendo ser atacado. Ao contrário, podia ser vulnerável e acolhedor, ajudando outros a conhecerem seu Senhor e Salvador — com toda a franqueza, sem medo de denúncias anônimas ou de que as pessoas não voltassem mais para ouvir o evangelho.
“Examinem a si mesmos. Verifiquem se estão praticando o que afirmam crer.” (2Coríntios 13.5)
HONESTAMENTE: Como está a sua hospitalidade? Sua vida é verdadeiramente centrada no evangelho? E os seus temas e conversas, refletem isso? Você mantém uma franqueza amorosa, sem medo de ser vulnerável, de perder amigos ou privilégios?
Ah! Paulo também investia do próprio bolso. A casa que servia tanto como prisão quanto como local de pregação era mantida com os próprios recursos de Paulo – dinheiro que ele recebia por meio de ofertas (Fl 4.15-18). — E você, tem investido no Reino de Deus? Como está sua fidelidade em relação aos dízimos e ofertas? É essencial refletir sobre isso, e agir. Paulo demonstrava generosidade graças à sua fé na graça, na provisão futura de Deus. OBSERVE: Após testemunhar como foi abençoado pelas contribuições dos filipenses, ele afirmou em Filipenses 4.19 (NVT): “E esse mesmo Deus, que cuida de mim, suprirá todas as necessidades de vocês, por meio das riquezas gloriosas que nos foram dadas em Cristo Jesus.” Como está a sua fé? Ela pode ser aferida pela sua fidelidade em dizimar e ofertar, ou pela ausência dessas práticas.
“Examinem a si mesmos. Verifiquem se estão praticando o que afirmam crer.”
NO FINAL DE SEU LIVRO, Lucas nos apresenta a cena de um ministério hospitaleiro, centrado no evangelho, marcado pela franqueza e a generosidade financeira— um exemplo a ser seguido. Foi assim que o Espírito Santo preservou para nós as últimas cenas de Paulo. ACHO QUE POR UMA RAZÃO: somente assim seremos capazes de espalhar a chama do evangelho.
E o que aconteceu com Paulo, após Atos 28?
A conclusão de Lucas em Atos dos Apóstolos nos deixa curiosos sobre o destino de Paulo após seus dois anos de prisão domiciliar em Roma. A partir da tradição e de certas referências em suas cartas, podemos traçar um provável desfecho para a vida desse grande apóstolo.
Em resposta às muitas orações por sua libertação (ver Filipenses 1.19), o tribunal romano provavelmente o absolveu por volta de 62 d.C. Agora livre, Paulo pode ter aproveitado a oportunidade para realizar seu antigo sonho de pregar o evangelho na Espanha (ver Romanos 15.28). Ele também pode ter visitado Filemom em Colossos, como prometeu que faria (ver Filemom 22: “Por favor, prepare um quarto para mim, pois espero que minhas orações sejam respondidas e eu possa voltar a visitá-lo em breve.”).
Embora tenha dito aos presbíteros de Éfeso que não os veria novamente, é possível que tenha passado por lá e comissionado Timóteo como pastor da igreja (ver 1Timóteo 1.3: “Quando parti para a Macedônia, pedi a você que ficasse em Éfeso e advertisse certas pessoas de que não ensinassem coisas contrárias à verdade”). Sabemos, portanto, que Paulo viajou pela Macedônia, escreveu sua primeira carta a Timóteo e levou Tito a Creta, onde o deixou para organizar o ministério na ilha (ver Tito 1.5). De Creta, Paulo teria navegado para a Grécia e escrito sua carta a Tito, com planos de passar o inverno em Nicópolis (ver Tito 3.12).
No entanto, em 64 d.C., Nero fechou repentinamente a porta da liberdade religiosa. Insano e notoriamente cruel, Nero culpou os cristãos pelo grande incêndio de Roma, que ele mesmo provocara. Isso deu início a uma violenta perseguição, e Paulo provavelmente foi preso e levado a Roma novamente. Como cidadão romano, ele teve o direito de ser julgado. Nessa ocasião, ele foi abandonado por muitos de seus apoiadores e falsamente acusado por seus inimigos. Portanto, ele sabia que uma segunda absolvição era improvável (ver 2Timóteo 4.9-18).
Segundo a tradição, Paulo foi condenado à prisão Mamertina (ou Tullianum), uma das mais horríveis da época, e lá foi decapitado. Morreu sozinho, tratado como criminoso, tornando-se semelhante ao seu Senhor até mesmo em sua morte. De fato, Paulo havia entregado tudo para servir a Cristo. Em troca, como escreveu F. B. Meyer:
Que recepção festiva Paulo deve ter recebido no céu, da parte de milhares que ele havia transportado das trevas para a luz, do poder de Satanás para Deus, e que agora se tornaram sua coroa de júbilo na presença do Senhor! Alguns, vindos das terras altas da Galácia, outros, das costas da Ásia Menor. Uns, libertos do legalismo judaico, e tantos outros, resgatados das profundezas da depravação e do pecado gentio. Houve aqueles das populações escravas degradadas, e também aqueles das fileiras dos nobres e educados.
E essas saudações certamente não cessaram. Ao longo dos séculos, poucos que percorreram o “Caminho para a Cidade Celestial” deixaram de reconhecer uma profunda dívida de gratidão àquele que, mais do que qualquer outro, trouxe uma compreensão tão clara do método divino de justificar e salvar pecadores.
S.D.G. L.B.Peixoto
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