04.06.2017
A FAMÍLIA UNIDA QUE NÃO FOI VENCIDA
Êxodo 2
Êx 2.23-25 | 23 Depois de muitos anos, o rei do Egito morreu. Os israelitas, porém, continuavam a gemer sob o peso da escravidão. Clamaram por socorro, e seu clamor subiu até Deus. 24 Ele ouviu os gemidos e se lembrou da aliança que havia feito com Abraão, Isaque e Jacó. 25 Olhou para os israelitas e percebeu sua necessidade.
O resgate
Você já deve ter desejado mudança, transformação. Quem de nós nunca olhou para alguma coisa na vida da gente ou de quem amamos e não pensou: “Deus, eu preciso mudar! Ele precisa mudar! Nós precisamos mudar!”. Às vezes nós atingimos patamares tais que só uma transformação profunda (um resgate divino) poderá nos salvar do desastre.
Êxodo conta a história do resgate do povo de Deus; a história de como Deus transforma escravos em evangelistas, andarilhos em adoradores. No capítulo 1, Moisés narrou o cuidado amoroso de Deus pelo seu povo ao longo deste processo. Agora, no cap. 2, nós lemos sobre a providência de Deus na vida daqueles que ele tanto ama. Leia mais uma vez, e observe com atenção, o último verso de Êxodo capítulo 2:
Êx 2.25 | [Deus] Olhou para os israelitas e percebeu sua necessidade.
Como é bom saber que há um Deus que olha para nós, percebe a nossa situação e age para suprir as nossas necessidades; um Deus que sempre atua com providência na vida daqueles que o buscam. Essa é a história do Êxodo, é a história do resgate de um povo.
O resgatador
A providência de Deus é multiforme. Ele age de diferentes maneiras, pois é bastante criativo. Há, no entanto, um jeito todo especial de Deus agir: ele usa pessoas, gente como eu e você, humanos como nós, com as mesmas paixões que nós (Tg 5.17). Por isso que a história do cuidado, da providência e do resgate de Deus se entrelaça com a história de indivíduos e de suas famílias. Veja: em Êxodo 1 há o cuidado de Deus pelo seu povo, usando a vida de José e das parteiras dos hebreus: Sifrá e Puá; em Êxodo 2, a história da providência de Deus se entrelaça com a vida de Moisés e de seus familiares.
Tudo o que acontecerá no Êxodo, a fim de que Deus liberte o povo da angustia da escravidão, dependerá da vida do homem sobre quem o livro passa, agora, a narrar. Moisés é o resgatador.
Em Êxodo 3 nós encontramos a história do chamado de Moisés, mas, antes, o livro se ocupa em narrar o cuidado de Deus com o seu povo em meio ao sofrimento (Êx 1) e a providência de Deus para o seu povo levantando um resgatador (Êx 2). Daí é que virá o chamado (Êx 3).
É desafiador, muitas vezes até intimidador, saber que os próximos grandes atos de Deus na história poderão acontecer através da vida de muitos de nós. Pense nisso por um instante. Grandes mudanças políticas, transformações familiares ou sociais profundas, a salvação de indivíduos etc. Quanta coisa Deus ainda pretende realizar pela frente e tudo só será feito quando os seus Moisés forem levantados. Ou seja, quando eu e você estivermos aptos para os chamados de Deus. Êxodo 2, portanto, é a história da providência de Deus levantando um resgatador.
O registro
Passemos agora ao registro de como Deus levantou o resgatador de Israel. Essa história, em toda sua beleza e profundidade, preserva para nós lições valiosíssimas sobre a providência de Deus ainda hoje. Observe…
Deus, como sempre, é o personagem principal dessa história. Ele usa pessoas como José, Sifrá, Puá e Moisés, mas ele é quem levanta e sustenta essas pessoas. Ele nos usa e é através de nós que ele muitas vezes age cuidadosa e providencialmente, mas nós não somos os personagens principais. Deus é. Deus não precisa de nós. Ele apenas escolhe quem e quando usar. Na falta de um ou de outro, ele, Deus, sempre terá alguém de sua escolha para prosseguir. Quer ver?
Qual é o nome da mãe de Moisés? Joquebede! E do pai de Moisés? Anrão! Quais são os nomes da irmã e do irmão de Moisés? Miriã e Arão. Como é que nós sabemos disso? Está na Bíblia! Certo, está na Bíblia, mas não está em Êxodo 2. Sim, os nomes dos pais e dos irmãos de Moisés não aparecem em Êxodo 2! O Texto diz simplesmente assim:
Êx 2.1-4 | 1 Por essa época, um homem e uma mulher da tribo de Levi se casaram. 2 A mulher engravidou e deu à luz um menino. Viu que era um lindo bebê e o escondeu por três meses. 3 Quando não conseguia mais escondê-lo, pegou um cesto feito de juncos de papiro e o revestiu com betume e piche. Acomodou o bebê no cesto e o colocou entre os juncos, à margem do rio Nilo. 4 A irmã do bebê ficou observando a certa distância, para ver o que lhe aconteceria.
Os nomes dos pais e dos irmãos de Moisés só vão aparecer em Êxodo 6.20, sendo que o da irmã só em Êxodo 15.20-21. Por quê? Porque Deus é o personagem principal nessa história que se inicia. Nós, humanos, somos apenas os seus coadjuvantes. Nossas famílias são apenas o palco dessa história de Deus. O nosso nome não importa.
Deus põe e tira quem ele quiser, quando ele desejar e da forma que ele achar melhor. Por isso que, por mais que sejamos importantes, quando morrem os Josés e os Moisés, não há com o que se preocupar. Deus cuidará de levantar os seus Josués, os seus Davis, etc.
Ah! E tem mais um detalhe, Anrão, pai de Moisés, era casado com Joquebede, sua tia (“irmã de seu pai” — Êx 6.20). Chocante, não é!, mas naquele tempo ainda era permitido pela lei e prática comum entre os povos. Somente mais tarde foi que Deus legislou contra tal costume (Lv 18.12). Outro fato curioso sobre a providencia de Deus registrado em Êxodo 2 está nas ocorrências dos verbos “ver”, “olhar”, “observar” e “descobrir” ou “perceber”. Expressões relacionadas e ou derivadas desses verbos aparecem pelo menos 11 vezes ao longo dos 25 versículos. Todo mundo vê alguma coisa: Joquebede vê, Miriã vê, a filha do Faraó vê, Moisés vê e Deus também vê. Todos estão vendo.
Êx 2.2 | A mulher engravidou e deu à luz um menino. Viu que era um lindo bebê e o escondeu por três meses.
Êx 2.4 | A irmã do bebê ficou observando a certa distância, para ver o que lhe aconteceria.
Êx 2.5-6 | 5 Pouco depois, a filha do faraó desceu ao Nilo para tomar banho, e suas servas foram caminhar pela margem do rio. Quando a princesa viu o cesto entre os juncos, mandou sua serva buscá-lo. 6 Ao abrir o cesto, a princesa viu o bebê. O menino chorava, e ela sentiu pena dele. “Deve ser um dos meninos hebreus”, disse ela”.
Êx 2.11-13 | 11 Anos depois, já adulto, Moisés foi visitar seu povo e descobriu que eles eram forçados a realizar trabalhos pesados. Durante sua visita, viu um egípcio espancar um hebreu, um homem de seu povo. 12 Olhou para todos os lados e, não avistando ninguém por perto, matou o egípcio. Em seguida, escondeu o corpo na areia. 13 No dia seguinte, quando Moisés saiu novamente para visitar seu povo, viu dois hebreus brigando. “Por que você está espancando seu amigo?”, perguntou Moisés ao que havia começado a briga.
Êx 2.25 | [Deus] Olhou para os israelitas e percebeu sua necessidade.
Tanto “ver” assim só pode estar revelando uma coisa: Deus vê e quando ele vê ele age em favor de seu povo amado. Então, o que nós podemos aprender sobre a providência de Deus e a forma como ele abençoa as pessoas; sobre o Deus que vê, em Êxodo 2? Pretendemos destacar quatro lições sobre a providência de Deus:
Agora, o mais importante, não perca de vistas!, tudo isso acontece no seio da família, tanto da família biológica como da família adotiva de Moisés. Ou seja: a família unida nunca será vencida — ela é parte essencial do plano de Deus para resgatar o pecador.
1. A providência de Deus na preservação de Moisés
Sobre a providência de Deus na preservação de Moisés, o texto diz assim, veja de novo:
Êx 2.1-8 | 1 Por essa época, um homem e uma mulher da tribo de Levi se casaram. 2 A mulher engravidou e deu à luz um menino. Viu que era um lindo bebê e o escondeu por três meses. 3 Quando não conseguia mais escondê-lo, pegou um cesto feito de juncos de papiro e o revestiu com betume e piche. Acomodou o bebê no cesto e o colocou entre os juncos, à margem do rio Nilo. 4 A irmã do bebê ficou observando a certa distância, para ver o que lhe aconteceria. 5 Pouco depois, a filha do faraó desceu ao Nilo para tomar banho, e suas servas foram caminhar pela margem do rio. Quando a princesa viu o cesto entre os juncos, mandou sua serva buscá-lo. 6 Ao abrir o cesto, a princesa viu o bebê. O menino chorava, e ela sentiu pena dele. “Deve ser um dos meninos hebreus”, disse ela. 7 Então a irmã do menino se aproximou e perguntou à princesa: “A senhora quer que eu chame uma mulher hebreia para amamentar o bebê?”. 8 “Quero”, respondeu a princesa. A moça foi e chamou a mãe do bebê.
A providência de Deus na preservação de Moisés foi obra da fé dos pais de Moisés (Hb 11.23). Tal fé produziu neles [1] coragem (para esconder Moisés por três meses), [2] criatividade (para fabricar o cesto – mesma palavra hebraica para arca!) e [3] compromisso (entregando a Deus o filho, quando o deixaram no Nilo e ficaram o observando).
Agora, se “a fé vem por se ouvir a palavra” (Rm 10.17), como e qual mensagem os pais de Moisés teriam ouvido para agirem como agiram? Flávio Josefo (reconhecido historiador judeu do primeiro século e que era de linhagem sacerdotal), em sua obra famosa, História dos Hebreus (no Brasil está publicado pela Editora CPAD), escreveu algo importante, que sempre correu de boca em boca entre os judeus. Vale a pena você ter conhecimento. Ouça:
Um hebreu de nome Anrão, muito estimado entre os seus, vendo que a sua mulher estava grávida, ficou muito preocupado, por causa do edito que iria exterminar a sua nação. Recorreu então a Deus, rogando-lhe que tivesse compaixão de um povo que sempre o havia adorado e fizesse cessar a perseguição que os ameaçava de ruína total. Deus, tocado por aquela oração, apareceu-lhe em sonho e disse-lhe que esperasse: que Ele se lembrava da piedade do povo e da de seus antepassados; (…) que se tranquilizassem, pois teria cuidado de todos em geral e dele em particular; que o filho de que a sua mulher estava grávida era o menino de quem os egípcios temiam tanto o nascimento e por causa de quem faziam morrer todos os meninos dos israelitas; que ele viria, contudo, felizmente ao mundo, sem ser descoberto pelos encarregados daquela cruel devassa; que ele, contra todas as esperanças, seria criado e educado e libertaria o seu povo da escravidão; que tão grande feito eternizaria a sua memória, não somente entre os hebreus, mas entre todas as nações da terra; que, por mérito dele, o seu irmão seria educado até tornar-se um grande sacerdote, sendo que todos os descendentes deste seriam honrados com a mesma dignidade. Anrão narrou à sua esposa, de nome Joquebede, a visão que tivera, (…) Joquebede deu à luz, e viu-se que era verdadeira a predição do oráculo. Foi um parto feliz e fácil, que as parteiras egípcias nem chegaram a conhecer. Criaram secretamente a criança durante três meses. Então Anrão, por causa da ordem do rei, temendo ser descoberto e sofrer juntamente com o filho a pena de morte e com receio de que assim o que lhe fora predito não se cumprisse, julgou conveniente abandonar à providência de Deus a conservação de uma criança que lhe era tão cara. Pensou que poderia conservar o filho em oculto, mas viveriam, ele e o menino, em perigo constante, ao passo que, entregando-o nas mãos de Deus, acreditava firmemente que Ele teria meios de confirmar a veracidade da promessa. Após tomar essa resolução, ele e a mulher fizeram um berço de juncos do tamanho da criança e, para impedir que a água nele penetrasse, revestiram-no de betume. Puseram dentro o menino e colocaram o berço sobre as águas do rio, abandonando-o à Providência.
A providência de Deus contemplou a fé de Anrão e Joquebede:
Hb 11.23 | Pela fé, os pais de Moisés o esconderam por três meses tão logo ele nasceu, pois viram que a criança era linda e não tiveram medo de desobedecer ao decreto do rei.
Além da fé dos pais de Moisés, houve ainda a compaixão da filha do faraó — fruto da ideia da providência dos deuses para a vida dela e do futuro do Egito; eis o relato de Josefo:
Termutis [a filha do faraó], vendo [o bebê] cheio de tanta graça e não tendo filhos, resolveu adotá-lo. Levou-o ao rei, seu pai, e, depois de falar-lhe da beleza do menino e da inteligência que já se manifestava nele, disse: “Foi um presente que o Nilo me fez, de maneira admirável. Recebi-o em meus braços, resolvi adotá-lo e vo-lo ofereço como sucessor, pois não tendes filhos”. Com essas palavras, ela o colocou entre os braços do rei, que o recebeu com prazer e, para obsequiar a filha, estreitou-o nos braços, colocando-lhe o diadema sobre a cabeça.
A providência de Deus sempre contempla a nossa fé e age, pela soberania do Senhor, movendo os corações de pessoas-chave ao longo do processo. É impressionante notar como Deus: [1] usou a fé simples de um casal indefeso; [2] usou o misticismo de um faraó sem herdeiro para o trono; e [3] usou a carência de uma mulher sem filhos para fazer cumprir seus planos! Ele ainda age assim.
2. A providência de Deus na preparação de Moisés
Sobre a forma como Deus preparou Moisés, o texto diz assim:
Êx 2.9-10 | 9 A princesa disse à mãe do bebê: “Leve este menino e amamente-o para mim. Eu pagarei por sua ajuda”. A mulher levou o bebê para casa e o amamentou. 10 Quando o menino cresceu, ela o levou de volta à filha do faraó, que o adotou como seu próprio filho. A princesa o chamou de Moisés, pois disse: “Eu o tirei da água”.
Na providência de Deus, a mãe de Moisés, por possivelmente cinco ou seis anos, foi paga pela filha do faraó para amamentar e cuidar do menino (seu próprio filho!). Não resta dúvida de que ao longo desses anos, Anrão e Joquebede ensinaram ao filho o temor do Senhor, passando a ele a tradição oral dos descendentes de Adão, Abraão e demais.
Após ser entregue ao palácio real, Moisés deve ter passado mais uns 35 anos (até completar 40, quando ele fugiu para Midiã) com a filha de faraó. Ao longo desses anos, “Moisés foi educado em toda a sabedoria dos egípcios e era poderoso em palavras e ações.” (At 7.22). O resgatador de Israel, portanto, foi preparado tanto no temor do Senhor como em toda sabedoria das ciências humanas, tornando-se um grande notável. Todo esse treinamento seria usado mais tarde por Moisés na organização de Israel e na condução desse povo pelos quarenta anos de peregrinação no deserto.
Há um fato muito curioso sobre Moisés, durante esses trinta e cinco anos de preparação no Egito, sob os cuidados da filha de faraó. Flávio Josefo conta que . . .
A fronteira do Egito foi devastada pelos etíopes, que lhe estão próximos. Os egípcios marcharam com um exército contra eles, mas foram vencidos no combate e retiraram-se com desonra. Os etíopes, orgulhosos de tamanha vitória, julgaram que era covardia não aproveitar a boa sorte e começaram a se vangloriar de poderem conquistar todo o Egito. E lá entraram, por diversos lugares. A quantidade de despojos que arrebataram e o fato de não terem encontrado resistência alguma aumentaram-lhes a esperança de conseguir um feliz resultado na empreitada. Assim, avançaram até Mênfis, chegando até o mar. Os egípcios, reconhecendo-se muito fracos para resistir a tão grande força, mandaram consultar um oráculo, e, por ordem secreta de Deus, a resposta que receberam foi que somente um homem havia — um hebreu! — do qual podiam esperar auxílio. O rei não teve dificuldade em julgar, por essas palavras, que Moisés era o hebreu em questão, ao qual o céu destinava salvar o Egito, e pediu à filha para fazê-lo general de todo o exército.
Josefo prossegue para contar que com muita sabedoria, estratégia e valentia (a narrativa é impressionante e vale muito a pena ser lida — História dos Hebreus, p. 141-142), Moisés conseguiu “reconduzir os egípcios vitoriosos de volta à sua pátria”.
A providência de Deus preparou espiritual e militarmente o resgatador Moisés. Nossos anos de preparação no seio da família nunca são desperdiçados. Saibamos aproveitá-los: (1) tempo com os pais em casa, aprendendo de Deus; (2) tempo na igreja: EBD, nos PGs, nos cultos etc.; (3) tempo na escola e na universidade. Enfim, Deus usa cada período da vida para nos preparar. Pais, não abram mão desse tempo. Filhos, saibam aproveitar. A família unida em torno desses princípios jamais será vencida.
3. A providência de Deus na precipitação de Moisés
Sobre a providência na precipitação de Moisés, o texto diz assim:
Êx 2.11-22 | 11 Anos depois, já adulto, Moisés foi visitar seu povo e descobriu que eles eram forçados a realizar trabalhos pesados. Durante sua visita, viu um egípcio espancar um hebreu, um homem de seu povo. 12 Olhou para todos os lados e, não avistando ninguém por perto, matou o egípcio. Em seguida, escondeu o corpo na areia. 13 No dia seguinte, quando Moisés saiu novamente para visitar seu povo, viu dois hebreus brigando. “Por que você está espancando seu amigo?”, perguntou Moisés ao que havia começado a briga. 14 O homem respondeu: “Quem o nomeou nosso príncipe e juiz? Vai me matar como matou o egípcio?”. Moisés teve medo e pensou: “Com certeza todos já sabem o que aconteceu!”. 15 E, de fato, o faraó tomou conhecimento do que havia acontecido e tentou matar Moisés, mas ele fugiu e foi morar na terra de Midiã. Quando chegou a Midiã, estabeleceu-se junto a um poço. 16 O sacerdote de Midiã tinha sete filhas, que foram ao poço tirar água e encher os bebedouros para o rebanho de seu pai. 17 Então alguns pastores chegaram e as expulsaram de lá. Moisés, porém, defendeu as moças e tirou água para o rebanho delas. 18 Quando as moças voltaram para seu pai, Reuel (ou Jetro), ele lhes perguntou: “Por que voltaram tão cedo hoje?”. 19 Elas responderam: “Um egípcio nos defendeu dos pastores; depois, tirou água e deu de beber ao nosso rebanho”. 20 “E onde está ele?”, perguntou o pai. “Por que o deixaram lá? Convidem-no para comer conosco.” 21 Moisés aceitou o convite e foi morar com Reuel. Depois de algum tempo, Reuel entregou sua filha Zípora em casamento a Moisés. 22 Mais tarde, ela deu à luz um menino, a quem Moisés chamou de Gérson, pois disse: “Sou forasteiro em terra alheia”.
Deus é tão maravilhoso em sua providência que até os erros ele usa para o bem daqueles que o amam. Moisés agiu errado. Ele se precipitou. Não era daquela forma que Deus queria que ele fizesse “justiça”. Por mais que a sua motivação estivesse certa, aquele não era o método nem o momento de Deus (Lembre-se: a vontade de Deus sempre envolverá motivação, método e momento.).
Deus, soberano e gracioso que é, usa toda a consequência do pecado de Moisés para já retirá-lo do Egito, pois já era tempo, e iniciar um novo processo de preparação na sua vida, isto é: humilhação, esvaziamento de si mesmo, dependência total de Deus.
Alguém já disse que Deus levou 40 anos para tornar Moisés em “alguém” e depois mais 40 anos para fazer de Moisés um “ninguém”, para só depois começar a usá-lo. Por que Deus faz isso conosco? Por que ele nos prepara tanto e depois (ou ao mesmo tempo) nos humilha tanto? Deus quer todas as nossas habilidades, mas com humildade, mansidão e amor.
Em Midiã, Moisés estava aprendendo a (1) ouvir melhor a Deus, longe da agitação do Egito; a (2) cuidar de ovelhas e de rebanhos, o que ele faria nos quarenta anos de deserto; a (3) viver no deserto; e a (4) ser manso e humilde para cuidar do povo rebelde de Deus. Ele aprendeu, pois adiante, em Números 12.3, eis o que nós lemos: “Ora, Moisés era muito humilde, mais que qualquer outra pessoa na terra.”
A providência de Deus nos contempla mesmo quando nós erramos. Isso é graça, e a família unida saberá aproveitar e crescer com esses momentos. Ela será imbatível.
4. A providência de Deus na peregrinação de Moisés
Sobre a providência na peregrinação de Moisés, eis o que o texto diz:
Êx 2.21-25 | 21 Moisés aceitou o convite e foi morar com Reuel [Jetro]. Depois de algum tempo, Reuel entregou sua filha Zípora em casamento a Moisés. 22 Mais tarde, ela deu à luz um menino, a quem Moisés chamou de Gérson, pois disse: “Sou forasteiro em terra alheia”. 23 Depois de muitos anos, o rei do Egito morreu. Os israelitas, porém, continuavam a gemer sob o peso da escravidão. Clamaram por socorro, e seu clamor subiu até Deus. 24 Ele ouviu os gemidos e se lembrou da aliança que havia feito com Abraão, Isaque e Jacó. 25 Olhou para os israelitas e percebeu sua necessidade.
Enquanto Moisés vivia como peregrino em Midiã, Israel continuava sob a dura mão do faraó. Por que o Egito os tratava assim? Flávio Josefo nos conta que os profetas dos egípcios disseram ao faraó que nasceria um menino entre os hebreus e que ele humilharia o Egito. A reação foi instantânea:
O rei, assustado com a predição e seguindo o conselho daquele que lhe fazia essa advertência, publicou um edito pelo qual ordenava que se deveriam afogar todas as crianças hebréias do sexo masculino e ordenou às parteiras do Egito que observassem exatamente quando as mulheres fossem dar à luz, porque não confiava nas parteiras de sua nação. Esse edito ordenava também que aqueles que se atrevessem a salvar ou criar alguma dessas crianças seriam castigados com a pena de morte, juntamente com toda a família.
Depois que Moisés nasceu e foi levado ao faraó pela sua filha, algo interessante aconteceu. Josefo registra que assim que o rei colocou
o diadema sobre a cabeça, Moisés, como uma criança que se diverte, tirou-o e o jogou ao chão, pisando-lhe em cima. Essa ação foi considerada de péssimo augúrio, e o doutor da lei que predissera o quanto seria funesto o nascimento daquele menino para o Egito ficou tão nervoso que desejou matá-lo imediatamente. “Eis aí, majestade”, disse ele, dirigindo-se ao rei, “este menino, do qual Deus nos faz saber que a morte deve garantir a vossa paz. Vede que o fato confirma a minha predição, pois apenas nasceu e já despreza a vossa grandeza, calcando aos pés a vossa coroa. Matando-o, todavia, fareis perder aos hebreus a esperança que nele depositam e salvareis o vosso povo de um grande temor”. Termutis, ouvindo-o falar desse modo, levou o menino sem que o rei se opusesse, porque Deus afastava do espírito de Faraó o pensamento de fazê-lo morrer.
Desde então faraó e todos os egípcios viveram suspeitando de Moisés. Josefo informa que a coisa ficou pior assim que Moisés, depois de adulto, liderou a vitória sobre os etíopes. Portanto, quando Moisés matou o egípcio e isso chegou aos ouvidos de faraó, foi a gota d’água. O fato é que Israel passou anos sob a crueldade dos egípcios, até que Deus, quando estava com o seu resgatador preparado, decidiu agir.
Êx 2.23-25 | 23 […] Os israelitas, porém, continuavam a gemer sob o peso da escravidão. Clamaram por socorro, e seu clamor subiu até Deus. 24 Ele ouviu os gemidos e se lembrou da aliança que havia feito com Abraão, Isaque e Jacó. 25 Olhou para os israelitas e percebeu sua necessidade.
E assim Deus agiu em favor de seu povo. Era a providência de Deus na peregrinação de Moisés, dando seus últimos retoques na preparação.
A providência de Deus
Esse fato na vida de Israel me faz lembrar das palavras do salmista, que dizem:
Sl 30.5 | Pois a sua ira só dura um instante, mas o seu favor dura a vida toda; o choro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria.
Quando Deus parecer estar demorando para agir, lembre-se:
1Pe 3.8-9 | 8 Não se esqueçam disto, amados: para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como um dia. 9 O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Ao contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento.
Você sente que está precisando da graça de Deus, salvando e provendo para a sua vida? Sente que precisa da graça de Deus para transformar você ou alguém que você ama? Carece da graça de Deus para salvar a sua família? Faça como os Israelitas: clame.
O Senhor ouvirá o seu gemido, olhará para você e agirá com salvação.
Cristo nascerá no seu coração, no seio de sua família e na medida em que você for nutrindo essa vida em você, na medida em que ele for crescendo, tomando todos os espaços vazios, limpando todos os cantos sujos, você provará transformação.
Portanto, receba a Cristo no coração e saia daqui salvo e louvando a Deus pela providência divina em sua vida — pelo que ele fará em você e através de você.
A família unida que não foi vencida
Essa é a conclusão de dez mensagens sobre família, melhor: sobre como a graça de Deus na vida da gente, na vida do genro, do sogro, do pai, da mãe, do filho, do irmão, do jovem, do adolescente, do velhinho, da sogra, da nora… como a graça de Deus no coração de cada um de nós tem o poder de, uma vez salvos, nos transformar de glória em glória.
A família é o ambiente preferido de Deus para a nossa salvação, transformação e preparação para a vida e para a vocação que todos nós temos. Essa é uma das grandes lições que nós aprendemos hoje e também nas mensagens anteriores da série Cenas memoráveis em famílias do AT.
Permitam-me, pois, algumas palavras de aplicação ao concluirmos tudo hoje à noite:
A família unida, em Cristo, nunca, jamais, será vencida.
Essa é a lição que as cenas memoráveis de famílias do Antigo Testamento nos ensina.
Graça, misericórdia e paz a voz todos.
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