24.09.2023
1Coríntios 6.12-20 12“Tudo me é permitido”, mas nem tudo convém. “Tudo me é permitido”, mas não devo me tornar escravo de nada. 13“Os alimentos foram feitos para o estômago, e o estômago para os alimentos.” É verdade, mas um dia Deus acabará com os dois. Vocês, contudo, não podem dizer que nosso corpo foi feito para a imoralidade sexual. Ele foi feito para o Senhor, e o relacionamento que o Senhor tem conosco inclui nosso corpo. 14Portanto, Deus nos ressuscitará dos mortos por seu poder, assim como ressuscitou o Senhor. 15Vocês não sabem que seu corpo é, na realidade, membro de Cristo? Acaso um homem deve tomar seu corpo, que faz parte de Cristo, e uni-lo a uma prostituta? De maneira nenhuma! 16E vocês não sabem que se um homem se une a uma prostituta ele se torna um corpo com ela? Pois as Escrituras dizem: “Os dois se tornam um só”. 17Mas a pessoa que se une ao Senhor tem com ele uma união de espírito. 18Fujam da imoralidade sexual! Nenhum outro pecado afeta o corpo como esse, pois a imoralidade sexual é um pecado contra o próprio corpo. 19Vocês não sabem que seu corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês não pertencem a si mesmos, 20pois foram comprados por alto preço. Portanto, honrem a Deus com seu corpo.
Acabamos de ler 1Coríntios 6.12-20 não porque eu farei uma exposição detalhada desse texto (apesar de que, mais tarde, nós voltaremos a ele para as considerações finais). Lemos esse texto para destacar a seguinte frase: (NVT) “honrem a Deus com seu corpo”; ou: “honrem [vem de doxazō, no grego; isto é: glorifiquem] a Deus com [no grego, en; preposição que indica posição e instrumentalidade: no] seu corpo”. Portanto, como está corretamente traduzido na ARA: “glorifiquem a Deus no seu corpo”. Almejo – para a glória de Deus e para a sua orientação e o seu bem – avançar na busca por uma teologia de gênero, mais especificamente hoje: sexo; o uso do corpo (ou não) para relações sexuais.
A rede de notícias CNN Brasil, na última terça-feira (19/09), veiculou que no Brasil não há lei que permita e regularize o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo. No entanto, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a união estável é possível desde 2011; e, em 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou aos cartórios a obrigatoriedade de realizar também o “casamento homoafetivo”. É bom que se esclareça que tanto o casamento quanto a união estável conferem direitos aos casais ou parceiros perante à lei e à justiça brasileira, informou a CNN Brasil.
Observação: tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que visa a proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Há previsão de se realizar nos próximos dias uma audiência pública na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados, antes da votação.
Em face deste cenário tão esquentado, para se dizer o mínimo, nós estamos buscando a CLAREZA e a COMPAIXÃO que vêm da palavra de Deus no que diz respeito a mais esse desafio. Sim, A IGREJA DE JESUS CRISTO ENFRENTA um desafio sem precedentes: a colisão entre ela e uma nova ética sexual, uma colisão entre revelação e revolução. A revolução é sexual, e – de acordo com Albert Mohler Jr. – é de fato uma revolução que está exigindo uma reordenação completa da sociedade e da civilização. Na verdade, esta revolução questiona um argumento fundamental do que significa ser um ser humano: ser homem e mulher.
A revolução sexual usurpa a própria fonte e base da identidade humana, indo até à raiz da questão de saber se o nosso corpo, como ele foi criado por Deus, – a nossa anatomia, a nossa biologia – determina ou não, em qualquer sentido, quem somos como ser humano. Para tanto, esta revolução rejeita a revelação de Deus e os seus atos na criação – a bondade com que Deus concebeu os sexo e os gêneros: masculino e feminino.
O progresso desta revolução não ocorreu aleatoriamente, tampouco foi da noite para o dia. Grande parte da revolução sexual começou quando os cientistas desenvolveram tecnologia destinada a libertar a sexualidade humana da reprodução. O maior impulso da revolução sexual, nesse sentido, foi, na década de 1960, o advento do CONTROLE DA NATALIDADE, que deu origem a uma avalanche de consequências que ninguém conseguiu vislumbrar. Não há como superestimar o impacto causado – na verdade, não dá para superestimar a energia liberada que alimentou a explosão atômica da revolução sexual, por meio deste instrumento: – pelo advento do contraceptivo oral. E antes que me julguem ou digam que estou pregando contra a pílula anticoncepcional, deixe-me esclarecer o seguinte: não sou necessariamente contrário à utilização de pílula anticoncepcional (maiores esclarecimentos a este respeito requereriam outra mensagem, não esta). O que estou, de fato, dizendo é que, de um modo ou de outro, a pílula anticoncepcional conseguiu sim separar o sexo da procriação. Ora, quando filhos se tornaram uma opção totalmente evitável na relação sexual – adivinha? –, então a expressão sexual multiplicou-se radicalmente e derrubou todas as restrições.
Não muito tempo depois da introdução da contracepção, a Suprema Corte Americana legalizou o aborto em todo o território dos Estados Unidos, em 1973. Agora pense: se a pílula separava sexo e procriação, o aborto passou a separar gravidez e responsabilidade de criação de filhos (separação de gravidez até da preservação da vida em si, da criança não nascida). Desse modo, não só tornou-se possível evitar a gravidez, como também as crianças indesejadas passaram a ser facilmente descartadas e eliminadas. A revolução sexual sacrificou a santidade da vida humana no altar de Moloque (cf. Lv 18.21 e 20.1-5). Moloque era um deus amonita, ao qual, dentre outras práticas cultuais, sacrificavam-se os próprios filhos. Pois bem, o Moloque desta geração é o progressismo e sua filha a libertação sexual. Desde então, desde que se detonou a revolução sexual, o que se assistiu foi a ascensão do movimento pelos direitos dos homossexuais e a revolução transgênero. O que não é apenas uma busca por direitos; é bem mais do que isso – é uma missão de supressão do cristianismo histórico, senão sua total reconfiguração (tornando-o noutro cristianismo, que não o bíblico; outra religião). Esta é a nova fase da revolução sexual, nas palavras de Albert Mohler Jr.:
Esta nova fase da revolução, contudo, ataca não apenas os pilares da civilização ocidental, mas também a igreja de Jesus Cristo. Na verdade, neste momento secular, os cristãos enfrentam uma enorme pressão para a revolução; e esta revolução exige uma rendição unilateral. É a cosmovisão cristã que enfurece singularmente os novos revolucionários, pois foram as categorias bíblicas de personalidade [sexualidade e gênero] que moldaram as sociedades da Europa e da América do Norte [de fato, moldaram o Ocidente]. Infelizmente, muitas igrejas capitularam às exigências da revolução sexual. Será necessária uma convicção extraordinária para resistir à sua revolução. Estamos prestes a descobrir quais igrejas, denominações e instituições cristãs são capazes desta resistência. A igreja nunca enfrentou um desafio como este.
A revolução sexual exige uma redefinição total de moralidade, autoridade cultural, identidade pessoal e muito mais. A revolução exige um novo vocabulário e um dicionário radicalmente revisado. Em última análise, os revolucionários morais procuram redefinir a própria realidade. E esta revolução não tem ponto de parada. O sinal de “mais” no final de LGBTQIAP+ é um sinal de que mais desafios certamente virão.
De fato, virão! Por isso é que nós estamos buscando a CLAREZA e a COMPAIXÃO que vêm da palavra de Deus para elaborarmos uma teologia de gênero.
Uma das razões pelas quais a visão bíblica da sexualidade parece loucura para alguns e, no mínimo, difícil para outros é porque, nos últimos dois séculos em nossa cultura, passou-se a ver o sexo como algo que envolve principalmente – tão somente, em alguns casos – satisfação e prazer pessoal, autorrealização. Por exemplo: pense nas duas primeiras ondas do movimento feminista, em linhas gerais.
A chamada PRIMEIRA ONDA DO FEMINISMO foi no início do século XX, e teve como foco a igualdade de direitos no exercício da vida pública. A principal reivindicação era o direito ao voto. Essa movimentação inédita de mulheres, mais ou menos organizadas, clamava também por acesso a cursos superiores e pela ampliação do campo de trabalho (até então restrito à função de professoras). Claro, essa era a bandeira, mas havia muito mais no pacote – como se descobriu no passar dos anos. Sinceramente, nada contra essas conquistas mencionadas. O problema era o que de algo mais vinha no embrulho. Não tenha dúvidas disso! Quer vem?
No início dos anos 1960, com o voto já garantido e algum espaço já conquistado na sociedade, a SEGUNDA ONDA DO FEMINISMO hasteou bandeiras mais ligadas à sexualidade e a autonomia da mulher no contexto familiar. O movimento foi marcado, principalmente, pela luta por direitos reprodutivos e liberdade sexual. Nascia, então, a revolução sexual. Ou seja: a cara do sujeito (da sujeita), finalmente, veio a público.
No centro da revolução sexual estava o conceito – radical na época – de que as mulheres, tal como os homens, gostavam de sexo e tinham necessidades sexuais. As feministas afirmavam que as mulheres solteiras tinham os mesmos desejos sexuais e deveriam ter as mesmas liberdades sexuais que os homens na sociedade. Para as feministas, a revolução sexual tratava do “empoderamento sexual feminino” – sem o qual elas não teriam a mesma oportunidade dos homens: a autorrealização sexual. Nesse contexto, a pílula anticoncepcional foi um “santo remédio”. Sim, pois à medida que a sexualidade feminina e o sexo antes do casamento (fornicação e adultério) saíram do armário, a pílula tornou-se um aliado poderosíssimo para a revolução sexual – e permitiu às mulheres separar o sexo da procriação, liberando-as para a autorrealização sexual.
Em séculos passados – ANTES DA REVOLUÇÃO SEXUAL –, a instrução oficial sobre a vida vinha principalmente de alguma figura de autoridade fora do indivíduo – por exemplo: o Deus, a família, a tribo ou a nação. Nesse contexto, o sexo estava ligado a um quadro mais amplo de moralidade, fora do indivíduo em si (e ligado, principalmente, ao propósito de Deus). ENTRETANTO, COMEÇANDO COM OS MOVIMENTOS FILOSÓFICOS Iluminista e Romântico nos séculos XVIII e XIX, a nossa cultura mudou para um lugar em que a autoridade moral foi se tornando cada vez mais autodeterminada. Assim, em vez de uma vida justa que consiste em se ser fiel ao seu Deus, à sua família ou à sua tribo ou nação… a vida moral agora passou a significar que você é fiel, antes de mais nada, a si mesmo – incluindo os seus desejos. SE ANTES coragem era você viver pelos padrões de Deus, pela sua família e honra ou pelo seu país, AGORA, coragem, passou a ser o que você deseja ser ou assumir. ISSO SIGNIFICA QUE os desejos pessoais foram elevados a um nível de autoridade moral. Ora, gente, A COISA CHEGOU A TAL PONTO que, de acordo com muitas pessoas (de acordo com a nova religiosidade e moralidade), o maior pecado é recusar-se a satisfazer os seus desejos pessoais – especialmente os seus desejos sexuais.
O problema é que isso está em total desacordo com as Escrituras. A Bíblia em lugar nenhum diz que nossos próprios desejos caídos são um guia fiel para o que é bom e correto. Pelo contrário, Jeremias 17.9: “O coração humano é mais enganoso que qualquer coisa e é extremamente perverso; quem sabe, de fato, o quanto é mau?” E ainda, Provérbios 14.12: “Há caminhos que a pessoa considera corretos, mas que acabam levando à estrada da morte.” Sem falar do que Jesus mesmo disse a respeito do nosso coração (e desejos): Marcos 7.21-23 “do coração da pessoa, vêm maus pensamentos, imoralidade sexual, roubo, homicídio, adultério, cobiça, perversidade, engano, paixões carnais, inveja, calúnias, orgulho e insensatez. Todas essas coisas desprezíveis vêm de dentro”. Ora, gente, não é para se construir identidade pessoal ou de gênero olhando para dentro, para o coração. Não é para se seguir os desejos. A Bíblia é muito clara. Tampouco ensina a Escritura que a expressão sexual ou mesmo a realização sexual é essencial para se viver uma vida plena e abundante, como apregoa a revolução sexual.
Quer ver uma coisa? Considere comigo o que podemos chamar de “a sexualidade de Jesus”. O que a vida de Jesus nos ensina sobre o que significa ser um ser sexual?
Veja bem, por “a sexualidade de Jesus” nós estamos dizendo duas coisas, essencialmente. PRIMEIRA, O FATO DE JESUS TER UM SEXO. SIM! ELE É HOMEM. O Filho eterno de Deus encarnou, unindo uma natureza humana à sua natureza divina. Ele nasceu, cresceu, viveu, morreu e ressuscitou em corpo físico. Esse corpo físico de Jesus, após a ressurreição, recebeu uma forma glorificada; e agora está assentado – como um homem encarnado – à direita de Deus Pai. Gênero é sim bom! É tanto que Jesus não veio como uma pessoa sem gênero. Isso porque não existe tal coisa. Jesus veio como uma pessoa real, com um corpo real, um homem. Isso não significa que a feminilidade seja menos importante ou menos valiosa que a masculinidade.
Pense bem: se, por um lado, o Senhor exaltou a sublimidade do sexo masculino ao se encarnar no corpo real de um homem, por outro lado, — não se esqueçam disto: — o Filho eterno de Deus afirmou o bem e a sublimidade do sexo feminino ao nascer de uma mulher – literalmente, ele foi concebido pelo Espírito Santo e habitou no ventre de Maria (cf. Mt 1.20; Lc 1.29-35). Como bem escreveu Paulo, o apóstolo, sobre a interdependência (complementaridade) valiosa dos sexos masculino e feminino: 1Coríntios 11.11-12 – “Entre o povo do Senhor, porém, as mulheres não são independentes dos homens, e os homens não são independentes das mulheres. Pois, embora a mulher tenha vindo do homem, o homem nasce da mulher, e tudo vem de Deus.” Desse modo, Jesus, nascendo homem, do ventre de uma mulher, ainda que gerado do Espírito Santo, exaltou tanto o sexo e o gênero masculino como o sexo e o gênero feminino. Nesse sentido, a sexualidade de Jesus redime o valor dos sexos e gêneros dado-nos por Deus.
Por “a sexualidade de Jesus”, EM SEGUNDO LUGAR, queremos dizer que Jesus é ele próprio um ser sexual. Por favor, não se assustem nem se escandalizem com o que vou dizer; o que passo a dizer eu o faço com a maior reverência devida, a saber: como pessoa humana real, como homem real, em um corpo humano masculino real, Jesus Cristo assumiu sim um corpo capaz de atividade sexual. E ainda: Jesus Cristo se absteve de sexo. Ora gente, pense nas implicações deste fato. Isto significa que é possível ser totalmente humano, viver totalmente contente e abster-se de relação sexual durante toda a vida. O termo para isso é castidade. Christopher Yuan escreveu que “a castidade é mais do que simplesmente abster-se de sexo extraconjugal; a expressão comunica pureza e santidade.” Jesus optou pela castidade não porque o sexo seja em si maligno ou ruim e ele seja santo e digno demais para ter relações sexuais. Não! Jesus mesmo ensinou que o casamento como união de uma só carne (um homem e uma mulher) é bom e faz parte do desígnio de Deus (cf. Mt 19.4-6); e Paulo acrescentou que relação sexual na aliança do casamento é sim para a satisfação sexual do casal, portanto, não é pecaminoso (cf. 1Co 7.1-9). Entretanto, apesar de toda a beleza e bondade do sexo no contexto do casamento, Jesus se absteve de casar (e, portanto, de ter relação sexual com sua esposa). Por quê?
Casar-se simplesmente não fazia parte da missão de Cristo na Terra (nem no céu). De fato, o casamento existe por causa do que Cristo veio fazer: purificar para si uma noiva, seu povo, a igreja; o casamento existe para ilustrar essa missão de Jesus (cf. Ef 5.21-33). Agora, louvem a Deus por Cristo não ter se casado e ter mantido a castidade, não apenas porque ele veio para buscar e salvar o perdido, mas também porque o exemplo de Cristo demonstra que vocês – solteiros e solteiras – podem viver uma vida de serviço a Deus, alegria plena, profunda realização, contribuir para o bem dos outro e muito mais, E TUDO ISSO SEM SEXO. — Por quê? — A atividade sexual não é essencial para o ser humano ou para a satisfação plena do ser humano. A atividade sexual não é essencial ou indispensável para a autorrealização, conforme apregoa a revolução sexual e apela a você com força o seu próprio corpo.
Recapitulando: a sexualidade de Jesus afirma a beleza e a bondade dos sexos e gêneros – binários – criados por Deus: masculino e feminino, homem e mulher; e a sexualidade de Jesus atesta ser possível viver uma vida plena de alegrias e realizações sem qualquer relação sexual.
No entanto, é importante para nós vermos que Jesus, como homem solteiro, não viveu escondido em um mosteiro, vivendo sozinho. Ele tinha amizades íntimas e comprometidas. João, o evangelista, por exemplo, autodenomina-se “o discípulo a quem Jesus amava” (Jo 13.23; 20.2; 21.7; 21.20); e em João 11.5 nós lemos que “Jesus amava Marta, Maria e Lázaro.” — O que se aprende? — De fato, Jesus não “expressou” sua sexualidade dentro do casamento (nem fora!; Jesus, de fato, optou pela castidade, o celibato), mas, por outro lado, Jesus nutriu muitos relacionamentos regados de amor e de significado. Também nisso o Senhor deveria ser um modelo para nós, casados e solteiros. Se você olhar para a vida de Paulo, o apóstolo, encontrará a mesma coisa: castidade e comunhão regada de amor e de significado.
Eu sei que alguns de vocês já devem estar pensando assim: “Ora, pastor, a vida de castidade de Jesus Cristo é diferente; era mais fácil para ele, com certeza; ele é Deus! Eu não sou Deus!” Realmente, Cristo é Deus; mas não se esqueça de que ele é Deus-homem; ele viveu plenamente como homem. Sua divindade não assumiu ou eliminou de forma alguma sua humanidade. Ele conhecia a luta. Ele resistiu a Satanás. Hebreus 2.18 nos diz que “ele próprio [Cristo] passou por sofrimento e tentação”. E é por isso que Cristo “é capaz de ajudar aqueles que são tentados.” Aliás, o que o autor de Hebreus tem a dizer sobre as tentações de Jesus é absolutamente impressionante – e encorajador:
Hebreus 4.14-16 14Visto, portanto, que temos um grande Sumo Sacerdote que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-nos firmemente àquilo em que cremos. 15Nosso Sumo Sacerdote entende nossas fraquezas, pois enfrentou as mesmas tentações que nós, mas nunca pecou. 16Assim, aproximemo-nos com toda confiança do trono da graça, onde receberemos misericórdia e encontraremos graça para nos ajudar quando for preciso.
Portanto, deveríamos esperar que alguns dos discípulos de Jesus possam viver uma vida de castidade frutífera e realizada como ele viveu? Sim. Na verdade, foi isso que o próprio Jesus disse. Ouça, Mateus 19.12: “Alguns nascem eunucos, alguns foram feitos eunucos por outros e alguns a si mesmos se fazem eunucos por causa do reino dos céus. Quem puder, que aceite isso.”
“Eunuco” se refere a alguém que não tinha a capacidade de ou não fazia sexo. Como Jesus mesmo explica, algumas pessoas são eunucos desde o nascimento. Devido às deformidades físicas, resultantes da queda, certas pessoas podem não conseguir praticar sexo. Jesus também reconhece que há aqueles que foram feitos eunucos pelos homens. No mundo antigo, alguns servos de reis ou governantes eram castrados para que pudessem servir nos aposentos das mulheres e não representassem qualquer ameaça de agressão sexual ou infidelidade. É muito reconfortante saber que Jesus conhece e vê aqueles que estão nessas condições difíceis; e, mais uma vez, podemos lembrar-nos ou confortar uns aos outros com o exemplo do próprio Jesus: uma vida sem sexo não é uma vida de segunda classe ou menos prazeroso ou sem realização.
Tanto é verdade que o último exemplo apresentado por Jesus diz assim – além dos que nascem eunucos e dos que foram feitos eunucos por outras pessoas – “alguns a si mesmos se fazem eunucos por causa do reino dos céus. Quem puder, que aceite isso.” Aqui Jesus vira e usa a ideia de um eunuco metaforicamente. O Senhor está dizendo que alguns cristãos escolherão um estado de celibato contínuo – talvez por um período, ou por uma vida inteira – para servir o reino de Deus. O apóstolo Paulo foi um dos que o fizeram. Ele explicou em 1Coríntios 7.32-35 que aqueles que são solteiros ficam livres das preocupações de cuidar do cônjuge e da família e podem dedicar mais energias para servir o reino de modo mais amplo, “com o mínimo possível de distrações”.
Agora, é claro, há muitos crentes solteiros que têm desejo – ainda não satisfeito – de se casar. O casamento, realmente, pode ser um bom desejo. Entretanto, temos de reconhecer que nem todos os crentes solteiros experimentam e sentem que o seu estado de solteiro é a dádiva que é. Devemos ter empatia com aqueles que estão vivendo em um tempo de desejo não atendido. Mesmo assim, os crentes que anseiam pelo casamento podem consolar-se com o fato de Jesus afirmar o valor do estado de solteiro e da castidade, e de ele próprio ter vivido a beleza e bondade da vida de solteiro. Com efeito, Jesus, um homem solteiro, é o nosso principal exemplo de sexualidade santa e vida plena, embora nunca tenha praticado sexo.
Quero terminar apontando de que modo alguém pode glorificar a Deus no corpo – com o sexo e o gênero que Deus mesmo deu a cada um, no nascimento. Volte-se comigo para o texto que nós lemos lá no início: 1Coríntios 6.12-20.
Corinto era bem conhecida no mundo antigo pela prostituição generalizada. Além disso, nos dias de Paulo, a prostituição era muitas vezes associada a práticas religiosas pagãs. Pagãos acreditavam que participar de tal prostituição cultual garantia boa sorte e bênçãos dos deuses. Alguns crentes dentro da igreja de Corinto continuavam a manter esses pontos de vista e práticas. Paulo, então, respondeu corrigindo a falsas visões sobre a prostituição e explicando diversas dimensões da visão cristã a respeito da moralidade sexual em geral. Como este texto é atual!
A primeira coisa que Paulo faz é combater dois slogans comuns que circulavam na igreja, inclusive; não apenas na sociedade coríntia. Paulo coloca esses slogans entre parênteses. PRIMEIRO SLOGAN, 1Coríntios 6.12: “Tudo me é permitido [todas as coisas me são lícitas]”. SEGUNDO SLOGAN, 1Coríntios 6.13: “Os alimentos foram feitos para o estômago, e o estômago para os alimentos.”
NO PRIMEIRO SLOGAN, a mensagem é a seguinte: “se existe a possibilidade de fazer, por que não fazer; se existe a possibilidade de fazer sexo, por que eu não posso?”. NO SEGUNDO SLOGAN, a mensagem é a seguinte: “o prazer sexual foi feito para ser desfrutado assim como a comida foi feita para ser comida; comida foi feita para o estômago e o estômago para a comida, assim como o prazer foi feito para o sexo e o sexo para o prazer.” Só que não. Paulo combate essas mentiras fazendo três afirmações: [1.] o pecado sexual destrói; [2.] o pecado sexual domina; e [3.] o pecado sexual desconfigura. O pecado sexual destrói a pessoa, domina a pessoa destruída e desconfigura o plano original de Deus. Esse é o problema com a revolução sexual.
O pecado sexual destrói (1Co 6.12a)
12“Tudo me é permitido”, mas nem tudo convém. […]
O que Paulo quer dizer com conveniência ou licitude, ele explicou mais adiante, quando escreveu paralelamente em 1Coríntios 10.35 (ARA): “Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam [traz benefícios].”
O pecado sexual domina (1Co 6.12b)
12[…] “Tudo me é permitido”, mas não devo me tornar escravo de nada.
Quem se entrega aos prazeres do pecado sexual se sentem livres, quando, de fato, estão subjugados pelos prazeres do pecado, enquanto estão sendo destruídos.
O pecado sexual desconfigura (1Co 6.13-20)
O pecado sexual não só destrói e domina, mas também desconfigura. O pecado desconfigura o ser humano, especialmente o plano e o propósito de Deus para o corpo de seu povo. O corpo de um cristão é para o Senhor; é um membro de Cristo; e é o templo do Espírito Santo.
O corpo de um cristão é para o Senhor
13“Os alimentos foram feitos para o estômago, e o estômago para os alimentos.” É verdade, mas um dia Deus acabará com os dois. Vocês, contudo, não podem dizer que nosso corpo foi feito para a imoralidade sexual. Ele foi feito para o Senhor, e o relacionamento que o Senhor tem conosco inclui nosso corpo. 14Portanto, Deus nos ressuscitará dos mortos por seu poder, assim como ressuscitou o Senhor.
O corpo de um cristão é membro de Cristo
15Vocês não sabem que seu corpo é, na realidade, membro de Cristo? Acaso um homem deve tomar seu corpo, que faz parte de Cristo, e uni-lo a uma prostituta? De maneira nenhuma! 16E vocês não sabem que se um homem se une a uma prostituta ele se torna um corpo com ela? Pois as Escrituras dizem: “Os dois se tornam um só”. 17Mas a pessoa que se une ao Senhor tem com ele uma união de espírito. 18Fujam da imoralidade sexual! Nenhum outro pecado afeta o corpo como esse, pois a imoralidade sexual é um pecado contra o próprio corpo.
O corpo de um cristão é o templo do Espírito Santo
19Vocês não sabem que seu corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês não pertencem a si mesmos, 20pois foram comprados por alto preço. Portanto, honrem a Deus com seu corpo.
Como servir, honrar ou glorificar a Deus no corpo?
Vivendo pela fé no Filho de Deus
Gálatas 2.20 Fui crucificado com Cristo; assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. Portanto, vivo neste corpo terreno pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.
Oferecendo o corpo a Deus, não ao pecado
Romanos 12.1-2 1Portanto, irmãos, suplico-lhes que entreguem seu corpo a Deus, por causa de tudo que ele fez por vocês. Que seja um sacrifício vivo e santo, do tipo que Deus considera agradável. Essa é a verdadeira forma de adorá-lo. 2Não imitem o comportamento e os costumes deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma mudança em seu modo de pensar, a fim de que experimentem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para vocês.
Dando-se, de corpo e alma, ao avanço do evangelho de Cristo
Colossenses 1.24-25 24Alegro-me quando sofro por vocês em meu corpo, pois participo dos sofrimentos de Cristo, que continuam em favor de seu corpo, a igreja. 25Deus me deu a responsabilidade de servir seu povo, anunciando-lhes sua mensagem completa.
Glorifique a Deus no seu corpo.
Próximas mensagens, para concluirmos esta série:
S.D.G. L.B.Peixoto
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Uma Teologia de Gênero
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Glorifique a Deus no seu corpo
Pr. Leandro B. Peixoto