20.08.2023
1Timóteo 2.8-15 8Quero, portanto, que em todo lugar de culto os homens orem com mãos santas levantadas, livres de ira e de controvérsias. 9Da mesma forma, quero que as mulheres tenham discrição em sua aparência. Que usem roupas decentes e apropriadas, sem chamar a atenção pela maneira como arrumam o cabelo ou por usarem ouro, pérolas ou roupas caras. 10Pois as mulheres que afirmam ser devotas a Deus devem se embelezar com as boas obras que praticam. 11As mulheres devem aprender em silêncio e com toda submissão. 12Não permito que as mulheres ensinem aos homens, nem que tenham autoridade sobre eles. Antes, devem ouvir em silêncio. 13Porque primeiro Deus fez Adão e, depois, Eva. 14E não foi Adão o enganado. A mulher é que foi enganada, e o resultado foi o pecado. 15Mas as mulheres serão salvas dando à luz filhos, desde que continuem a viver na fé, no amor e na santidade, com discrição.
Estamos caminhando para a conclusão desta mini-série de mensagens (dentro da série em Gênesis); e nós a estamos chamando de “uma teologia de gênero”. Até aqui foram dez mensagens, sob estes temas:
É BOM QUE SE DEIXE CLARO que nada aqui nesta mini-série de sermões é totalmente meu (isto é, não estou sendo original); estou, de fato, me valendo de mensagens que John Piper pregou na igreja dele em 1989 (portanto, há 34 anos!). Claro que estou atualizando e contextualizando tudo, e utilizando outros mais recentes tópicos maravilhosos do site do ministério de Piper em desiringgod.org.
O que vimos na semana passada em Efésios 5.32 foi que o casamento é um mistério. Recapitulando: Deus deu ao casamento um significado, desde o início da criação – e que não foi totalmente revelado ao longo do Antigo Testamento, mas agora está claro no Novo Testamento. O mistério é este: o casamento é uma imagem ou figura ou parábola do relacionamento de Cristo com sua noiva, a igreja. Desse modo, um esposo e uma esposa são destinados por Deus para serem, respectivamente, imagens vivas de Cristo e da igreja, dentro da relação do casal. Efésios 5.32: “Esse [o casamento] é um grande mistério, mas ilustra a união entre Cristo e a igreja.”
É muito importante destacar que, quando criou o homem e a mulher, Deus nos fez do jeito que somos, isto é, com valor, dignidade ou importância idênticos (Gl 3.28), mas com as devidas diferenças de papeis entre os gêneros. O propósito do Criador é que masculino e feminino sejam adequados para os papéis complementares no casamento (e para outras expressões de complementaridade fora do casamento também – por exemplo, na igreja). Nesse drama, o homem deve desempenhar o papel de Cristo, e a mulher deve desempenhar o papel de sua noiva, a igreja.
Já dissemos – e não pecamos por enfatizar – que essas diferenças de papeis entre homem e mulher não são o resultado do pecado. O pecado não criou a masculinidade e a feminilidade. Deus as criou. Outra coisa importante que dissemos: o pecado não inseriu papéis diversificados e complementares à existência do homem e da mulher. Deus mesmo os inseriu, desde o início. Com efeito, antes mesmo de o pecado entrar no mundo, Deus criou Adão e o ordenou a exercer autoridade, sendo um líder amoroso, atencioso e ao mesmo tempo forte para a sua esposa Eva; também antes de o pecado entrar no mundo, Deus criou Eva e a ordenou a ser uma auxiliadora que apoia e honra essa autoridade e liderança, auxiliando Adão a exercê-la. Portanto, ambos, Adão e Eva, homem e mulher, masculino e feminino criados à imagem de Deus; ambos iguais em semelhança com Deus; ambos com a mesma importância e dignidade e com o mesmo acesso a Deus… ambos, nesse sentido, idênticos…MAS… ambos também diferentes em papeis: um é masculino, o outro é feminino.
Antes da queda, esse padrão era lindo. Homem e mulher se respeitavam e serviam um ao outro cada um com o seu papel; complementavam-se e se deleitavam um no outro, tal como Deus os criou. Até que veio o pecado.
O que o pecado fez não foi introduzir papeis, mas arruinar a harmonia entre os papeis já estabelecidos por Deus para o homem e a mulher. O pecado fez com que os homens abandonassem a liderança de amor servil e se tornassem passivos, durões, insensíveis e indiferentes, até violentos no exercício da autoridade, ou alguma outra coisa distorcida ou deformada da autoridade e da liderança masculina conforme a Bíblia. O pecado também distorceu o apoio que a mulher deveria dar ao homem, destruiu o complemento que ela deveria ser, descartou a honra que ela deveria expressar ao marido, transformando tudo em manipulação, insubmissão, confrontação e provocação, ou alguma outra distorção da verdadeira submissão bíblica que é devida à esposa.
Então, o que Paulo fez em Efésios 5 (como vimos na semana passada) foi apresentar o caminho da restauração da ideia original de Deus para marido e mulher. O apóstolo não aboliu o que Deus criou no princípio. De fato, o que ele fez foi voltar ao princípio de tudo: à verdadeira liderança bíblica e à verdadeira submissão bíblica. Aqui está a maneira como definimos essas duas realidades na mensagem da semana passada:
Autoridade ou liderança do homem no casamento é o chamado divino de um marido para assumir a responsabilidade primária pela liderança servil semelhante à de Cristo, além da responsabilidade primária pela proteção e provisão no lar.
A submissão da mulher no casamento é o chamado divino de uma esposa para honrar e afirmar a autoridade ou liderança de seu marido e, de acordo com seus próprios dons, auxiliá-lo a exercê-la.
Quando um marido lidera como Cristo e uma esposa responde como a noiva de Cristo, há uma harmonia e uma reciprocidade que são mais belas, satisfatórias e frutíferas do que qualquer padrão de casamento criado pelo homem. Deus ama o seu povo e ama a sua glória; e, portanto, quando seguimos sua ideia de casamento, ficamos muito satisfeitos e ele é tanto mais glorificado.
Tudo isso é muito bonito, na teoria. Muita gente até pensa assim, prega isso, mas não pratica. Inda mais: quando vê outros tentando praticar, critica-os, ataca-os. Quer ver uma coisa? Façamos o teste da verdade.
O teste da verdade no que diz respeito aos papeis do homem e da mulher no casamento; isto é, para saber se de fato nós entendemos (e engolimos!) o que Paulo ensinou a respeito do casamento: sobre autoridade e liderança masculina (retratando Cristo) e apoio e submissão feminina (retratando a noiva de Cristo, a igreja)… o teste da verdade sobre essas coisas… é a forma como nós abordamos (e praticamos!) a aplicação que Paulo fez desse mesmo princípio à vida da igreja. – Ora, se os papéis do Novo Testamento para o homem e a mulher no casamento não estão enraizados no orgulho pecaminoso nem nas expectativas culturais, mas no desígnio original de Deus para a criação, então como você esperaria que esse desígnio original se expressasse na vida da igreja? – É exatamente isto o que temos diante de nós hoje em 1Timóteo 2.11-14.
Convido você para sentar e relaxar – prestar atenção a estes versículos tão impopulares – e ouvir por alguns minutos, refletir e ver se a história que este texto conta é realmente tão pouco atraente ou mesmo tão “absurda” quanto muitos pensam ou pregam que seja. Ouçam atentamente, 1Timóteo 2.11-14:
11As mulheres devem aprender em silêncio e com toda submissão. 12Não permito que as mulheres ensinem aos homens, nem que tenham autoridade sobre eles. Antes, devem ouvir em silêncio. 13Porque primeiro Deus fez Adão e, depois, Eva. 14E não foi Adão o enganado. A mulher é que foi enganada, e o resultado foi o pecado.
Meu Deus, o que fazer com este texto!?
Penso que o que precisamos fazer para entender a submissão prescrita neste texto é refletir pacientemente sobre o significado de três termos; [1.] o significado de “silêncio” (versículo 11: “As mulheres devem aprender em silêncio”; e versículo 12: “Antes, [as mulheres] devem ouvir em silêncio”); [2.] o significado de “ensino” (versículo 12: “Não permito que as mulheres ensinem aos homens”); e [3.] o significado de “autoridade” (versículo 12: “nem que [as mulheres] tenham autoridade sobre eles”).
Pois bem, vamos refletir sobre um de cada vez.
1. “Silêncio”
Primeiro, o termo “silêncio”. Versículo 11: “As mulheres devem aprender em silêncio”. Versículo 12: “Antes, [as mulheres] devem ouvir em silêncio”. IMPORTANTE: o substantivo “silêncio” é utilizado outra vez em versículo próximo a estes dois.
“Silêncio” (o grego: hēsychia) aparece anteriormente no versículo 2 deste capítulo (hēsychion). Só que lá o mesmo substantivo fez referência não ao “silêncio”, mas à vida “tranquila” que todas as pessoas piedosas devem levar – “[Orem…] em favor dos reis e de todos que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida pacífica e tranquila (do grego: hēsychion), caracterizada por devoção e dignidade.”
Ora, esse uso da mesma palavra grega nos dá o tom real e a extensão mais exata do substantivo “silêncio” (como estão traduzidos nos versículos 11 e 12). Não se refere à “boca fechada”, sem palavras, até porque, uma vida “tranquila” não é uma vida de silêncio absoluto. É uma vida tranquila, serena e contente. Portanto, o “silêncio” não parece ser total. É mais como o que chamaríamos de “quietude”. Tanto é verdade que as versões bíblicas americanas NIV e ESV escolheram traduzir o termo, respectivamente, assim: “quietness” (quietude, serenidade) e “quietly” (quietamente, discretamente); essas versões bíblicas mais recentes optaram, corretamente, por não utilizarem a expressão “silêncio”, mas expressões como “quietude”, “serenidade” ou “discrição”.
Estão corretas?
Parece que sim.
Você pode ver que sim lá no final do versículo 12. A mesma palavra é usada novamente – mas, desta vez, pode-se dizer o que Paulo tem em mente com o uso da palavra pelo seu oposto. O apóstolo diz: “Não permito que as mulheres ensinem aos homens, nem que tenham autoridade sobre eles. Antes, devem ouvir em silêncio.” Em outras palavras, parece que esse “silêncio” está contrastando o exercício de autoridade sobre os homens: “nem que tenham autoridade sobre eles. Antes, devem ouvir em silêncio.”
Ora, que tipo de “silêncio” Paulo tem em mente?
É o tipo de silêncio que respeita e honra a autoridade e a liderança dos homens que Deus chamou para supervisionar ou presidir a igreja. A ideia de Paulo, portanto, parece ser esta, versículo 12: “Não permito que as mulheres ensinem aos homens, nem que tenham autoridade sobre eles. Antes, devem aprender em quietude, serenidade ou discrição.” Isso é bem diferente de “boca fechada”. Veja mais: o versículo 11 diz que o “silêncio” (ou a quietude ou a serenidade ou a discrição), na prática, significa “com toda submissão”, isto é, “As mulheres devem aprender em silêncio e com toda submissão.”; e o versículo 12 diz que o “silêncio” (ou a quietude ou a serenidade ou a discrição), na prática, é o oposto de “ter autoridade sobre os homens”, isto é, diz Paulo: “Não permito que as mulheres ensinem aos homens, nem que tenham autoridade sobre eles. Antes, devem ouvir em silêncio.”
Portanto, a questão não é se uma mulher pode ou não pode falar na igreja, mas se ela é submissa e se ela apóia a autoridade dos homens que Deus chamou para supervisionarem ou presidirem a igreja. Quietude ou serenidade ou discrição (diferentemente de silêncio, e ponto) significa não falar de uma forma que comprometa essa autoridade masculina. Voltaremos a isto, em instantes, e seremos mais específicos sobre o que significa essa submissão.
IMPORTA DESTACAR AQUI O SEGUINTE: quietude ou serenidade ou discrição (diferentemente de silêncio, e ponto) significa não falar de uma forma que comprometa essa autoridade masculina.
2. “Ensino”
O segundo termo que precisamos observar é a referência que o apóstolo faz ao ensino, no versículo 12. Quão extensa é a proibição de Paulo, quando ele diz: “Não permito que as mulheres ensinem”?
Para responder, uma coisa que podemos fazer é olhar para outros lugares onde Paulo e outros autores do Novo Testamento falaram sobre o papel que a mulher tem de ensino. Por exemplo, escrevendo em outra carta pastoral, o apóstolo disse assim:
Tito 2.3-5 3Semelhantemente, as mulheres mais velhas devem viver de modo digno. Não devem ser caluniadoras, nem beber vinho em excesso; antes, devem ensinar o que é bom. 4Devem instruir as mulheres mais jovens a amar o marido e os filhos, 5a viver com sabedoria e pureza, a trabalhar no lar, a fazer o bem e a ser submissas ao marido. Assim, não envergonharão a palavra de Deus.
Ora, parece óbvio, portanto, que as mulheres não só podem como são comissionadas a ensinar outras mulheres, no contexto da igreja local. Ou não?
Outro exemplo é 2Timóteo 3.14, onde Paulo exortou Timóteo a lembrar de quem ele aprendeu as Escrituras: “Você, porém [Timóteo], deve permanecer fiel àquilo que lhe foi ensinado. Sabe que é a verdade, pois conhece aqueles de quem aprendeu.” De quem mesmo? 2Timóteo 1.5: “Lembro-me de sua fé sincera, como era a de sua avó, Loide, e de sua mãe, Eunice, e sei que em você essa mesma fé continua firme.” O pai de Timóteo não era crente, nem mesmo judeu (cf. At 16.3); portanto, foram mãe e avó que ensinaram o garoto, desde a mais tenra idade. 2Timóteo 3.15: “Desde a infância [, Timóteo,] lhe foram ensinadas as Sagradas Escrituras [pela mãe Eunice e a avó Loide], que lhe deram sabedoria para receber a salvação que vem pela fé em Cristo Jesus.” Ora, parece óbvio, portanto, que as mulheres não só podem como são comissionadas a ensinar a seus filhos a palavra de Deus. Ou não?
Outro exemplo é Priscila. Lê-se em Atos 18.26, assim: “Quando o ouviram [quando ouviram Apolo] falar corajosamente na sinagoga, Priscila e Áquila o chamaram de lado e lhe explicaram com mais exatidão o caminho de Deus.” Ora, parece que homens e mulheres tanto podem como devem estar envolvidos no discipulado pessoal de cristãos menos maduros na fé e até de descrentes. Ou não?
Outro exemplo é que as mulheres podiam até orar e profetizar no culto da igreja reunida, desde que se deixassem claro a autoridade e a liderança do marido:
1Coríntios 11.4-5 4O homem desonra sua cabeça se a cobre para orar ou profetizar. 5Mas a mulher desonra sua cabeça se ora ou profetiza sem cobri-la, pois é como se tivesse raspado a cabeça.
Penso que, aqui, a contribuição do Dr. Denny Burk é bastante esclarecedora:
O ensino da Bíblia pode ser controverso, mas não é contraditório. Paulo não proíbe as mulheres de orar e profetizar na igreja. Pelo contrário, ele deseja que o façam de uma forma que honre a liderança masculina (1Co 11.2-16). Entre outras coisas, isso significa que as mulheres podem profetizar [uma palavra de edificação, aplicação], mas não podem julgar as profecias (1Co 14.34-36). Este ensino reflete a preocupação prática de Paulo com as mulheres que ministram em igrejas e como elas podem fazer isso de uma forma que honre a [autoridade e a] liderança [masculina]. Essa mesma preocupação deve marcar todas as congregações – até mesmo a nossa.
Portanto, não é provável que Paulo esteja dizendo em 1Timóteo 2.12 que todo tipo de ensino é proibido às mulheres. Há exemplos, como vimos, de mulheres ensinando mulheres mais jovens, ensinando crianças e, de alguma forma, unindo-se ao marido para dar aulas particulares – ou realizar discipulado pessoal – quando alguém está confuso ou desinformado, como era o caso de Apolo. Há casos também de mulheres fazendo estudos devocionais e orando na igreja. Mas a responsabilidade final pelo ensino, o conteúdo da doutrina e o doutrinamento da igreja é primariamente dos homens.
Esses são apenas alguns exemplos. Agora, é possível generalizar sobre o que Paulo tem em mente em 1Timóteo 2.12 quando diz: “Não permito que as mulheres ensinem aos homens”? Penso que a coisa mais segura a se fazer é deixar que a frase seguinte, do próprio versículo, nos guie na interpretação. A frase seguinte é esta: “nem que tenham autoridade sobre eles”. Veja o todo, 1Timóteo 2.12: “Não permito que as mulheres ensinem aos homens, nem que tenham autoridade sobre eles. Antes, devem ouvir em silêncio.”
Ora gente, à luz de tantos textos, em vez de deixar o verbo “ensinar” significar qualquer coisa que queiramos ou pensemos que possa significar, é bem mais seguro dizer que mais certamente significa um tipo de ensino que de alguma forma se submeta à autoridade que é devida apenas aos homens. Sim, pois “ensinar” e “exercer autoridade” andam juntos.
Portanto, pelo menos a uma conclusão certeira nós podemos chegar sobre o que Paulo está dizendo à respeito do ensino na igreja, por parte de mulheres: o apóstolo proíbe quando o ensino faz parte do exercício de autoridade sobre os homens. E isso nos leva à terceira pergunta, ou seja, que “autoridade” é esta, mencionada no versículo 12?
3. “Autoridade”
Que tipo de autoridade está sendo proibida às mulheres na igreja?
A chave que destranca esta porta é uma observação muito interessante. Quando você chega ao capítulo seguinte e lê o restante de 1Timóteo, sobre o papel dos presbíteros ou pastores ou bispos na igreja, o que descobrirá é que eles têm duas responsabilidades primárias: devem governar/supervisionar/presidir e devem ensinar. Vê-se isto nas qualificações mesmas de 1Timóteo 3.1-7.
Diferentemente do diácono (sobre o qual se fala em 1Timóteo 3.8-13), requer-se do pastor/bispo/presbítero que ele seja “apto para ensinar” (v. 2) e que saiba “liderar” a própria casa para saber “cuidar da igreja de Deus” (v. 5). E se alguém tem dúvida de que esse é o tipo de autoridade que pastores ou presbíteros exercem na igreja, volte-se agora para 1Timóteo 5.17, onde se lê (NAA): “Devem ser considerados merecedores de pagamento em dobro os presbíteros que presidem [ou governam] bem, especialmente os que se esforçam na pregação da palavra e no ensino.”
Paulo não poderia ser mais claro: os presbíteros presidem ou governam, e os presbíteros ensinam ou pregam. Lá em Atos 20.28, Paulo está com os presbíteros da igreja de Éfeso, e os exorta assim: “Portanto, cuidem de si mesmos e do rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos [supervisores, presidentes], a fim de pastorearem [alimentarem, ensinarem] sua igreja, comprada com seu próprio sangue.”
À luz desses textos, não pense ser coincidência que o que Paulo disse em 1Timóteo 2.12 foi que ele não permite que uma mulher ensine e exerça autoridade sobre os homens. Ele estava, de fato, dizendo basicamente o seguinte: não permito que mulheres ocupem o ofício de presbítero ou pastor ou bispo na igreja. Os presbíteros são encarregados da autoridade e da liderança, bem como do ensino ou da instrução da igreja. Isto é um resumo do trabalho desses homens: exercer autoridade e liderança, e ensinar. Então, quando Paulo junta essas duas coisas e diz: “Não permito que as mulheres ensinem ou exerçam autoridade sobre os homens”, o sentido mais natural é: “Não permito que mulheres assumam o ofício de pastor/presbítero/bispo na igreja”.
Portanto, a autoridade que Paulo tem em mente em 1Timóteo 2.12 é a autoridade dos presbíteros/pastores/bispos. E como isso deve ser, na prática? Bem, já aprendemos com Jesus em Lucas 22.26 sobre como deve ser exercida essa autoridade e liderança:“Que o maior entre vocês ocupe a posição inferior, e o líder seja o servo.” Paulo complementa o significado de autoridade e liderança, quando escreveu aos coríntios:
2Coríntios 10.8 Pode parecer que estou me orgulhando além do que deveria da autoridade que o Senhor nos deu, mas nossa autoridade visa edificar vocês, e não destruí-los. Portanto, não me envergonharei de usá-la.
2Coríntios 13.10 Escrevo-lhes essas coisas antes de visitá-los, na esperança de que, ao chegar, não precise tratá-los severamente. Meu desejo é usar a autoridade que o Senhor me deu para fortalecê-los, e não para destruí-los.
O apóstolo Pedro, por sua vez, corroborou com estas palavras, 1Pedro 5.3: “Não abusem de sua autoridade com aqueles que foram colocados sob seus cuidados, mas guiem-nos com seu bom exemplo.” Em outras palavras, a autoridade do presbítero/pastor/bispo é a autoridade do servo. A liderança do presbítero/pastor/bispo é uma liderança servil. É por isso que o ensino está no centro desse chamado. PRESTE ATENÇÃO:
A autoridade e a liderança do presbítero/pastor/bispo é exercida pela persuasão (pelo ensino), não pela coerção ou a manobra política. A autoridade e a liderança do presbítero está sempre subordinada aos textos bíblicos. Ele sempre poderá ser chamado a prestar contas, pelas Escrituras. Portanto, o ensino é o principal instrumento de liderança na igreja. E cabe, primariamente, aos homens chamados por Deus e identificados e separados pela congregação mesma (a qual inclui mulheres na escolha desses homens!).
Penso ser útil para nós e nossa igreja darmos um passo atrás e fazer com os conceitos de autoridade e submissão na igreja o que fizemos com os conceitos de liderança e submissão no lar; ou seja, será útil darmos uma definição clara de cada um no contexto da igreja local:
“Autoridade” é o chamado divino para homens espirituais e aptos para a responsabilidade primária, como presbíteros/bispos/pastores, pela liderança servil, semelhante à de Cristo, além da responsabilidade primária pelo ensino e a supervisão do ensino na igreja.
“Submissão” é o chamado divino para o restante da igreja, tanto homens quanto mulheres, para honrar e afirmar a autoridade de seus presbíteros/bispos/pastores, e ser capacitados por eles para os mais diversos ministérios disponíveis para homens e mulheres na igreja local e no mundo ao redor.
Esse último ponto é muito importante. Para homens e mulheres que têm um coração para ministrar – para salvar almas, curar vidas quebradas, resistir ao mal e atender às necessidades mais variadas das pessoas – existem campos de oportunidades que são simplesmente infinitos. Deus pretende que toda a igreja seja mobilizada no ministério, homens e mulheres. Ninguém deve ficar em casa assistindo novelas, séries e jogos enquanto o mundo queima. Deus pretende equipar e mobilizar os santos por meio de um grupo de homens espirituais e aptos, os quais assumem a responsabilidade primária pela liderança e o ensino na igreja local.
Na semana que vem, Deus permitindo, eu quero apresentar à igreja algumas maneiras práticas de como homens e mulheres, capacitados por líderes piedosos, podem (e devem) exercer seu ministério dentro e fora da igreja local, aqui na SIB em Goiânia e além, do outro lado da rua e do outro lado do mundo. Por ora…
Existem muitas vozes hoje que afirmam conhecer uma maneira melhor de capacitar e mobilizar os homens e as mulheres da igreja para o ministério. Mas eu recomendo a você, com todo o meu coração, o significado claro desses versículos de Paulo (em 1Timóteo 2.8-15; semana que vem, Deus permitindo, voltaremos a eles); considere:
Portanto, recomendo a você essa forma de masculinidade e feminilidade na igreja, essa forma de homens e mulheres no ministério da igreja – para a sua crença e para o seu comportamento, porque
Precisamos de homens que exercem autoridade e liderança, precisamos de homens que ensinem a palavra de Deus; e precisamos de mulheres (e de homens também) que recebem de forma tranquila o ensino da palavra de Deus, e possam multiplicar.
S.D.G. L.B.Peixoto
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