02.07.2023
Lucas 13.10-17 10Certo sábado, quando Jesus ensinava numa sinagoga, 11apareceu uma mulher enferma por causa de um espírito impuro. Andava encurvada havia dezoito anos e não conseguia se endireitar. 12Ao vê-la, Jesus a chamou para perto e disse: “Mulher, você está curada de sua doença!”. 13Então ele a tocou e, no mesmo instante, ela conseguiu se endireitar e começou a louvar a Deus. 14O chefe da sinagoga ficou indignado porque Jesus a tinha curado no sábado. “Há seis dias na semana para trabalhar”, disse ele à multidão. “Venham nesses dias para serem curados, e não no sábado.” 15O Senhor, porém, respondeu: “Hipócritas! Todos vocês trabalham no sábado! Acaso não desamarram no sábado o boi ou o jumento do estábulo e o levam dali para lhe dar água? 16Esta mulher, uma filha de Abraão, foi mantida presa por Satanás durante dezoito anos. Não deveria ela ser liberta, mesmo que seja no sábado?”. 17As palavras de Jesus envergonharam seus adversários, mas todo o povo se alegrava com as coisas maravilhosas que ele fazia.
Jesus fez mais do que qualquer pessoa jamais fez para libertar a mulher, valorizar a mulher, trazendo pureza e harmonia entre os sexos (masculino e feminino) e os gêneros (homem e mulheres) – que, segundo a Bíblia, são a mesma coisa: sexo (anatomia) e gênero (psicologia). No texto que acabamos de ler, por exemplo, há uma belíssima ilustração do que Cristo fez pela mulher.
De fato, na semana passada nós aprendemos que devemos aprender a olhar uns para os outros (os homens para os homens E para as mulheres; e as mulheres para as mulheres E para os homens) pelas lentes da palavra de Deus. Aprendemos que a vida e a obra de Jesus nos ajudam a recuperar o que Deus nos criou para ser como homens e mulheres criados à imagem de Deus – ele chamou mulheres de filhas de Abraão (cf. Lc 13.16); chamou homens também de filhos de Abraão (cf. Lc 19.9, Zaqueu). Cristo fez isto muitas vezes, de novo e de novo, e fez isto para nos ensinar a olhar (e nos capacitar a olhar) para o sexo oposto como co-herdeiro(a) da graça da vida.
Pois bem, o que faremos nesta mensagem é apresentar mais algumas ilustrações de como Jesus nos ajuda a recuperar a pureza e a harmonia na forma como homens e mulheres se enxergam e se relacionam (e no final — talvez na próxima mensagem—, apresentaremos um esboço do que se pode chamar de feminilidade bíblica). Há muito mais que poderia ser dito, mas o que veremos a seguir dará conta do recado.
Veremos os seguintes: [1.] Jesus condenou a objetificação de mulheres (Jesus condenou o tratar mulheres como objetos de prazer); [2.] Jesus ensinou a aplicar a regra de ouro em nosso trato com mulheres; e [3.] Jesus indicou que devemos nos tornar como crianças, humildes nos relacionamentos com mulheres.
1. Jesus condenou a objetificação de mulheres
Mateus 5.28-29 28Eu, porém, lhes digo que quem olhar para uma mulher com cobiça já cometeu adultério com ela em seu coração. 29Se o olho direito o leva a pecar, arranque-o e jogue-o fora. É melhor perder uma parte do corpo que ser todo ele lançado no inferno.
Com essa única palavra (a ameaça do inferno, no versículo 29: “É melhor perder uma parte do corpo que ser todo ele lançado no inferno”), Jesus condenou da maneira mais contundente possível todas as formas de pornografia e todo o empreendimento para se comercializar o corpo feminino (e o masculino também) em publicidade, propaganda e entretenimento.
Entretanto, segundo estimativas da professora de sociologia da Universidade do Novo México, Kassia Wosick, a gigantesca indústria da pornografia alcança um valor de quase 100 bilhões de dólares anuais. Essa produção supera em números a de Hollywood, cujos lucros estão na casa de 15 bilhões de dólares anuais. Pois bem, você é capaz de imaginar quanta ira está sendo armazenada no céu contra esse negócio de bilhões de dólares de fazer exatamente o que o Filho de Deus proíbe; ou seja, seduzir homens a olhar para mulheres com o mero desejo de satisfação sexual, como objetos de prazer sexual, não como pessoas, mas como objetos de prazer sexual, sozinho!
Os homens que seguem Jesus – os discípulos de Cristo – guardam seus olhos para o bem das mulheres e para a glória de Deus: Jó 31.1 “Fiz uma aliança com meus olhos de não olhar com cobiça para nenhuma jovem.” E as mulheres que seguem a Jesus buscam em Jesus – não no mundo, não em si mesmas ou em qualquer outro lugar – a forma correta de usar o corpo (e também de olhar para os homens). Jesus condenou a objetificação da mulher… e mais…
2. Jesus ensinou a aplicar a regra de ouro em nosso trato com mulheres
Mateus 7.12 “Em todas as coisas façam aos outros o que vocês desejam que eles lhes façam. Essa é a essência de tudo que ensinam a lei e os profetas.”
Você não pensa, ou pensa!?, que Jesus pretendia que os relacionamentos entre homens e mulheres fossem excluídos desse versículo – como se homens e mulheres não devessem tratar uns aos outros de acordo com a regra de ouro!? Não! De jeito nenhum. Jesus estava dizendo, dentre um zilhão de coisas, que devemos tratar uns aos outros – homens e mulheres – da mesma forma que desejamos ser tratados pelas outras pessoas.
É difícil dizer algo mais radical do que o que acabamos de ouvir dos lábios de Jesus: Mateus 7.12 — “Em todas as coisas façam aos outros o que vocês desejam que eles lhes façam. Essa é a essência de tudo que ensinam a lei e os profetas.” — Os relacionamentos são revolucionados quando duas pessoas vivem pela regra de ouro. A razão pela qual é tão revolucionário é porque você e eu, por natureza, temos um desejo ardente de sermos bem tratados por outras pessoas. Ninguém neste local gostaria de ser ridicularizado. Ninguém aqui desejaria ser ignorado e tratado como inútil. Ninguém sonharia em ser explorado ou aproveitado por quem quer que fosse.
Ora, isso significa que se todos nesta assembleia [inclusive crianças, pré-adolescentes e adolescentes] vivessem de acordo com a regra de ouro de Jesus, ninguém zombaria de qualquer outra pessoa em qualquer lugar do mundo [não haveria mais bullying, por exemplo; nem exploração sexual ou assédio de qualquer natureza]. Ninguém aqui trataria o outro como se ele ou ela fosse inútil. Ninguém aqui tiraria vantagem de outra pessoa. A medida de nosso amor por nossa própria felicidade deve ser a medida para quão ansiosamente nós buscamos a felicidade uns dos outros. Seria totalmente revolucionário, especialmente em casamentos e relacionamentos entre homens e mulheres em geral. E isso é exatamente o que Jesus ordena: Jesus condenou a objetificação da mulher… Jesus ensinou a aplicar a regra de ouro em nosso trato com mulheres… e…
3. Jesus indicou que devemos nos tornar como crianças, humildes no relacionamentos com mulheres
Mateus 18.3-5 3Em seguida, disse: “Eu lhes digo a verdade: a menos que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no reino dos céus. 4Quem se torna humilde como esta criança é o maior no reino dos céus, 5e quem recebe uma criança como esta em meu nome recebe a mim.”
O que acabamos de ler foi a coisa mais devastadora que Jesus jamais disse contra os pecados característicos de homens e de mulheres — Mateus 18.3 — “Eu lhes digo a verdade: a menos que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no reino dos céus.” Homens que agem como valentões do pedaço (agressivos) e mulheres que bancam a mocinha indefesa (vitimando-se) não são como crianças. Eles são infantis. Tornar-se como crianças é outra coisa: tem a ver com pureza e confiança nos relacionamentos, tem a ver com dependência e humildade. Portanto, tornar-se com criança, como tudo o mais que Jesus ensinou, será revolucionário para os relacionamentos entre homens e mulheres.
RECAPITULANDO: Jesus nos ensinou a olhar para a mulher como “filhas de Abraão” (i.e., co-herdeiras da graça da vida)… Jesus condenou a objetificação da mulher… Jesus ensinou a aplicar a regra de ouro em nosso trato com mulheres… e… Jesus indicou que devemos nos tornar como crianças: puros, confiantes e humildes no relacionamentos com mulheres. E isso só será possível pela obra do Espírito em nós:
A VIDA PELO ESPÍRITO
Gálatas 5.16-26 16Por isso digo: deixem que o Espírito guie sua vida. Assim, não satisfarão os anseios de sua natureza humana. 17A natureza humana deseja fazer exatamente o oposto do que o Espírito quer, e o Espírito nos impele na direção contrária àquela desejada pela natureza humana. Essas duas forças se confrontam o tempo todo, de modo que vocês não têm liberdade de pôr em prática o que intentam fazer. 18Quando, porém, são guiados pelo Espírito, não estão debaixo da lei.
19Quando seguem os desejos da natureza humana, os resultados são extremamente claros: imoralidade sexual, impureza, sensualidade, 20idolatria, feitiçaria, hostilidade, discórdias, ciúmes, acessos de raiva, ambições egoístas, dissensões, divisões, 21inveja, bebedeiras, festanças desregradas e outros pecados semelhantes. Repito o que disse antes: quem pratica essas coisas não herdará o reino de Deus.
22Mas o Espírito produz este fruto: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, 23mansidão e domínio próprio. Não há lei contra essas coisas!
24Aqueles que pertencem a Cristo Jesus crucificaram as paixões e os desejos de sua natureza humana. 25Uma vez que vivemos pelo Espírito, sigamos a direção do Espírito em todas as áreas de nossa vida. 26Não nos tornemos orgulhosos, provocando e invejando uns aos outros.
AGORA, COMO ISSO SE RELACIONA com a nossa conclusão a respeito da masculinidade bíblica – ou seja, como isso se relaciona com o fato de que Deus chamou os homens para assumirem a responsabilidade primária pela liderança em relação às mulheres; de que os homens são considerados, por Deus, os responsáveis primeiros por tomar a iniciativa de fazer o que pode ou deve ser feito para tornar as coisas do jeito que deveriam ser no relacionamento entre homens e mulheres para a glória de Deus?
A RESPOSTA É: Jesus purificou a liderança cristã de tudo o que a torna feia e acrescentou à liderança cristã o que a torna bela. Ele a purificou da autoexaltação; e ele agregou a ela a atitude serviu. Jesus disse, por exemplo, que “os que se exaltam serão humilhados, e os que se humilham serão exaltados” (Mt 23.12). Isto significa ter que se colocar um ponto final na arrogância e na autoexaltação na liderança cristã. Jesus complementou, dizendo:
Mateus 20.25-28 26Entre vocês, porém, será diferente. Quem quiser ser o líder entre vocês, que seja servo [grego: diakonos], 27e quem quiser ser o primeiro entre vocês, que se torne escravo grego: doulos, isto é, homem de condição servil. 28Pois nem mesmo o Filho do Homem veio para ser servido [diaconado], mas para servir [diaconar] e dar sua vida em resgate por muitos”.
Essa é a chave para uma liderança bonita que edifica os outros.
Mas que erro seria dizer que porque Jesus elevou o conceito de liderança para a liderança servil, o Senhor acabou por eliminar o conceito de liderança! Sabemos pelo que ele disse e pelo que ele fez que isso não é verdade. Por exemplo:
João 13.3-5 3Jesus sabia que o Pai lhe dera autoridade sobre todas as coisas e que viera de Deus e voltaria para Deus. 4Assim, levantou-se da mesa, tirou a capa e enrolou uma toalha na cintura. 5Depois, derramou água numa bacia e começou a lavar os pés de seus discípulos, enxugando-os com a toalha que estava em sua cintura. […]
12Depois de lavar os pés deles, Jesus vestiu a capa novamente, retornou a seu lugar e perguntou: “Vocês entendem o que fiz? 13Vocês me chamam ‘Mestre’ e ‘Senhor’, e têm razão, porque eu sou. 14E uma vez que eu, seu Senhor e Mestre, lavei seus pés, vocês devem lavar os pés uns dos outros. 15Eu lhes dei um exemplo a ser seguido. Façam como eu fiz a vocês. 16Eu lhes digo a verdade: o escravo não é maior que o seu senhor, nem o mensageiro é mais importante que aquele que o envia. 17Agora que vocês sabem estas coisas, serão felizes se as praticarem.”
O QUE JESUS, DE FATO, DISSE E FEZ FOI O SEGUINTE: “Entre vocês, porém, será diferente. Que o maior entre vocês ocupe a posição inferior, e o líder seja o servo” (Lc 22.26). MAS ELE NUNCA DISSE: “Que o líder pare de ser líder, para servir”. ELE TAMBÉM NÃO DISSE: “Servir torna os líderes menos do que líderes”. ELE SIMPLESMENTE DISSE: “Quando a liderança for exercida do modo correto, ela será uma liderança servil”. O QUE JESUS FEZ FOI DAR O EXEMPLO do que ele próprio ensinou: na hora mais humilde, com a toalha enrolada em volta da cintura, lavando os pés sujos dos discípulos – como um escravo costumava fazer –, ninguém naquela sala duvidou de quem era a liderança. Era a Jesus que eles seguiam. E Jesus demonstrou que o serviço não anula ou cancela a liderança; de fato, o serviço transforma (ele redime) a liderança.
Quando Jesus estava pendurado na cruz, aparentemente fraco e totalmente desamparado, ele estava, de fato, conduzindo um grande exército de redimidos para a glória. Paulo tanto compreendeu isso que atestou aos efésios o seguinte:
Efésios 4.7-10 7A cada um de nós, porém, ele concedeu uma dádiva, por meio da generosidade de Cristo. 8Por isso as Escrituras dizem: “Quando ele subiu às alturas, levou muitos prisioneiros e concedeu dádivas ao povo”. 9Notem que diz que “ele subiu”. Por certo, isso significa que Cristo também desceu ao mundo inferior. 10E aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus, a fim de encher consigo mesmo todas as coisas.
Portanto, o que Jesus fez por nós foi o seguinte: ele demonstrou e ensinou que se um homem assume o manto da liderança – de acordo com Gênesis 2 –, ele não deve tomá-lo como um direito para si mesmo; ele deve enxergá-lo como uma responsabilidade dada por Deus. A linguagem da liderança é a linguagem das responsabilidades, não a linguagem dos direitos. É a responsabilidade para a liderança servil, não o direito para a dominação aristocrática ou totalitária e opressora. Feitas essas considerações, entendo que estamos prontos para uma definição de FEMINILIDADE BÍBLICA.
S.D.G. L.B.Peixoto
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