05.01.2025
Levítico 20.7-8 (NVT)
7Portanto, consagrem-se e sejam santos, pois eu sou o Senhor, seu Deus. 8Guardem meus decretos pondo-os em prática, pois eu sou o Senhor, que os santifica.
Levítico é um livro que contém uma boa-nova de grande alegria. Ele oferece esperança e orientação para diversas situações: é uma mensagem de reconciliação para os pecadores que buscam perdão e comunhão com Deus (caps. 1–7), um guia para os sacerdotes que necessitam de capacitação (caps. 8–10), um amparo para as mulheres em situação de vulnerabilidade (caps. 12 e 15), um caminho de purificação para os impuros (caps. 13–15), um clamor de liberdade para os cativos (cap. 25), uma voz de dignidade para os marginalizados (cap. 19), uma proteção para os animais (cap. 22), um fortalecimento para as famílias (caps. 18 e 20), um suporte para as comunidades em busca de unidade (caps. 23–24) e um chamado ao cuidado com toda a criação (cap. 25). Essas e muitas outras questões são tratadas de forma positiva e edificante em Levítico.
Contudo, essa não é a percepção comum que muitos têm do livro, frequentemente associado a uma má reputação. Basta sugerir um plano anual de leitura da Bíblia para notar as dificuldades enfrentadas pelos leitores. Ao chegar em Levítico, muitos se desanimam. Não são poucos os que o percorrem de forma apressada, ignorando boa parte do conteúdo e focando apenas em trechos que consideram interessantes. Afinal, Levítico não possui ação ou enredo, exceto pela morte de Nadabe e Abiú no capítulo 10. Outros optam por descartá-lo inteiramente, alegando que ele foi relevante apenas para a época mosaica. Há quem se incomode com a aparente severidade das leis levíticas ou, simplesmente, trate o livro com indiferença. Em alguns casos, até mesmo a inspiração divina de Levítico é questionada.
Infelizmente, essa visão não tem melhorado com o tempo. Para muitos cristãos hoje, Levítico permanece um livro desconhecido e negligenciado. Isso, no entanto, não deveria ocorrer, jamais!
Considere, por exemplo, a famosa “Regra de Ouro” ensinada por Jesus: “Em todas as coisas, façam aos outros o que vocês desejam que eles lhes façam. Essa é a essência de tudo que ensinam a lei e os profetas” (Mt 7.12, NVT). Suas raízes encontram-se no Antigo Testamento, especialmente no livro de Levítico. O fundamento dessa regra está em Levítico 19.18 (NVT): “Não procurem se vingar nem guardem rancor de alguém do seu povo, mas cada um ame o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor.”
Se lermos Levítico com atenção, ouviremos o eco dessas palavras nos lábios de Jesus, em Marcos 12.30-31 (NVT): “Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de toda a sua mente e de todas as suas forças. O segundo é igualmente importante: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo.’ Nenhum outro mandamento é maior que esses.”
A primeira parte do mandamento — “Ame o Senhor, seu Deus” — foi extraída de Deuteronômio 6.4-5, que contém o Shema, uma declaração central da fé judaica. No entanto, a segunda parte — “Ame o seu próximo como a si mesmo” — vem diretamente de Levítico 19.18.
Diante disso, como alguém pode afirmar que não há amor ou que Deus não é um Deus de amor no Antigo Testamento? O ensinamento central de Cristo foi extraído diretamente do Antigo Testamento, em especial daquele que talvez seja o livro mais incompreendido e desprezado da Bíblia: Levítico.
Essa atitude contemporânea de indiferença contrasta fortemente com a valorização que os judeus antigos demonstravam em relação a Levítico. Derek Tidball, em seu excelente comentário sobre esse livro, destaca que, entre os judeus, Levítico era tão estimado que costumava ser o primeiro livro da Torá apresentado às crianças na escola. Elas eram praticamente alfabetizadas com esse livro. Ele servia como ponto de partida para inculcar valores e regras fundamentais para a vida diária. Jesus, obviamente, conhecia Levítico profundamente, assim como todo o Pentateuco, e respeitava sua autoridade. Por que, então, nós o desprezaríamos?
O evangelho de Cristo — a boa-nova cristã — pressupõe conceitos como sacrifício e expiação, lei e graça, pecado e obediência, impureza e purificação, sacerdócio e o véu do templo, todos eles temas centrais em Levítico. Sem esse livro, o evangelho perde parte de seu contexto e profundidade. Levítico é, em essência, um esboço preliminar da obra-prima revelada em Cristo. A conexão mais detalhada entre Levítico e o evangelho encontra-se na carta aos Hebreus, que elabora de maneira magistral sua relevância teológica — tema que, aliás, estamos estudando nos cultos matutinos de domingo aqui na SIB em Goiânia.
Levítico não apenas estabelece os alicerces do evangelho, mas também da vida cristã. Embora o Novo Testamento ofereça novos mapas para orientar a moralidade e a espiritualidade do cristão, ele frequentemente se baseia nos antigos mapas de Levítico. Ainda que aplicações específicas tenham se transformado, os princípios éticos fundamentais permanecem inalterados.
Sem Levítico, nossa experiência cristã seria como uma casa sem alicerces.
O livro de Êxodo encerra-se com uma descrição detalhada do local onde o Senhor deveria ser adorado — o tabernáculo. Já o livro de Levítico apresenta como o Senhor deveria ser adorado — por meio do sistema sacrificial. Os sacrifícios eram necessários porque o pecado e a impureza eram inevitáveis. Para que a presença de Deus fosse mantida entre o povo, o pecado precisava ser removido, e Israel já havia pecado.
Mesmo antes que as estipulações do pacto entrassem em vigor e que o tabernáculo fosse erguido, os israelitas haviam transgredido contra o Senhor ao adorarem um bezerro de ouro (Êx 32). Como, então, poderiam ter a garantia da contínua presença do Deus santo, considerando a realidade de seu pecado? As regulamentações de culto descritas em Levítico respondem a essa pergunta, fornecendo o meio pelo qual o povo poderia se aproximar de Deus em santidade e assegurar a manutenção de sua presença. Levítico, portanto, foca na adoração e na caminhada do povo de Deus.
EM GÊNESIS, somos apresentados à obra da criação realizada por Deus, à queda do homem no pecado por meio de Adão e Eva, ao julgamento divino através do Dilúvio e à manifestação da graça de Deus na preservação de Noé e sua família na arca. Em seguida, o livro relata a dispersão das nações. No capítulo 12, ocorre uma mudança significativa: Deus escolhe um homem, com quem estabelece uma aliança, por meio da qual traria salvação e abençoaria todas as nações. O restante de Gênesis narra a história de Abraão e seus descendentes: Isaque, Jacó e José.
EM ÊXODO, pela providência de Deus, os descendentes de Jacó se mudam de Canaã para o Egito, mas logo começam a sofrer sob a opressão de um novo faraó. Após quatrocentos anos, clamam a Deus por libertação. Deus responde, levantando Moisés para confrontar o faraó e executar as dez pragas devastadoras. Depois da redenção divina na Páscoa, os israelitas deixam o Egito, atravessam o mar Vermelho e seguem em direção ao monte Sinai. Ali, enquanto o povo, de dura servis, curvava-se em adoração diante de um bezerro de ouro, Deus revela a Moisés sua lei da aliança estabelecida com Abraão, Isaque e Jacó, e lhe entrega o modelo para a construção do tabernáculo.
EM LEVÍTICO, uma vez que o povo da aliança foi redimido e libertado, ele precisa ser consagrado a Deus e viver uma vida santa. Nesse contexto, Deus dá instruções detalhadas sobre o sistema sacrificial e o sacerdócio. Além disso, o livro ensina ao povo como alcançar a pureza cerimonial e moral. A ênfase está na santidade, no serviço e na fé comprovada pela obediência. Portanto, assim diz o SENHOR:
Levítico 11.43-45 (NVT)
43Não se contaminem com eles. Não se tornem cerimonialmente impuros por causa deles, 44pois eu sou o SENHOR, seu Deus. Consagrem-se e sejam santos, pois eu sou santo. Não se contaminem […] 45Eu, o SENHOR, sou aquele que os tirou da terra do Egito para ser o seu Deus. Por isso, sejam santos, pois eu sou santo.
RESUMINDO: Em Gênesis, Deus estabeleceu uma aliança com Abraão, Isaque, Jacó e José. Em Êxodo, Israel foi redimido e estabelecido como um reino de sacerdotes e uma nação santa. Levítico, por sua vez, revela como o povo de Deus deve cumprir seu chamado sacerdotal. Aliançados com Deus (Gênesis), redimidos da escravidão (Êxodo) e conduzidos ao santuário de Deus (Levítico), agora eles são convocados a avançar da redenção para consagração, da libertação para o caminho da santificação.
O título hebraico de Levítico é Wayyiqra, que significa “e ele chamou”. Essa expressão foi extraída da primeira frase do texto hebraico do livro: Wa Yahweh yyiqra — E o SENHOR chamou. Na literatura rabínica, o título do livro é torat kohanim, que significa “instruções/leis dos sacerdotes”. Na Septuaginta, que é a tradução grega do Antigo Testamento hebraico, o título é Leuitikon, um adjetivo que significa “levítico”.
Allan Moseley argumenta que, certamente, o título grego — Leuitikon — não foi destinado a se referir aos levitas, já que eles são mencionados apenas uma vez no livro de Levítico (25.32-34). Na época helenística (323–31 a.C.), durante a qual a Septuaginta foi produzida (250–100 a.C.), “levitas” era um termo usado para se referir aos sacerdotes. Assim, o título indicava que o livro trata de assuntos sacerdotais. A tradução latina desse termo grego é Leviticus, de onde vem o título em português que usamos hoje: Levítico.
Em Levítico, não ocorre nenhum deslocamento geográfico: os filhos de Israel permanecem acampados ao pé do Monte Sinai. Veja:
Levítico 25.1-2 (NVT) 1Quando Moisés estava no monte Sinai, o SENHOR lhe disse: 2“Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Quando entrarem na terra que eu lhes dou, a terra deverá observar um sábado para o SENHOR a cada sete anos.
Levítico 26.46 (NVT) Esses são os decretos, os estatutos e as instruções que o SENHOR estabeleceu entre ele próprio e os israelitas por meio de Moisés no monte Sinai.
Levítico 27.34 (NVT) — Último versículo do livro: — Esses são os mandamentos que o SENHOR deu aos israelitas por meio de Moisés no monte Sinai.
O novo calendário de Israel começou com a primeira Páscoa (Êx 12.2: “De agora em diante, este mês será para vocês o primeiro do ano.”); e, conforme Êxodo 40.17, o tabernáculo foi concluído exatamente um ano depois: “O tabernáculo foi armado no primeiro dia do primeiro mês do segundo ano.”
Levítico dá continuidade à narrativa a partir desse ponto e se passa no primeiro mês do segundo ano. O livro de Números, por sua vez, inicia-se “No primeiro dia do segundo mês, no segundo ano desde a saída dos israelitas do Egito (Nm 1.1). Moisés deve ter escrito grande parte de Levítico durante esse primeiro mês e pode tê-lo finalizado pouco antes de sua morte em Moabe, por volta de 1405 a.C.
As chances são grandes de que, para você, Levítico pareça um livro monótono. De fato, ele é denso em regras, regulamentos e repetições, e seu conteúdo pode soar desatualizado e difícil de aplicar. No entanto, Levítico é, na verdade, uma obra rica em verdades espirituais.
Bruce Wilkinson e Kenneth Boa mostram que o livro desenvolve temas doutrinários e práticos, com ênfase no perdão da culpa e no relacionamento com Deus — algo essencial para nós, pecadores. Não é verdade? Levítico revela como Deus, em sua graça, aceita a morte de um substituto como pagamento pela penalidade do pecado, apontando diretamente para Cristo. Além disso, o livro apresenta vários tipos e figuras do Messias que viria entre 1.200 e 1.500 anos depois.
Levítico também cumpre um papel complementar em relação a Êxodo, da mesma forma que as Epístolas complementam os Evangelhos. Wilkinson e Boa destacam o seguinte:
Os tipos e símbolos preditivos de Levítico encontram seu pleno cumprimento no Novo Testamento, especialmente na carta aos Hebreus.
A Estrutura de Levítico:
Manuais para a Vida com Deus
Abordaremos o livro de Levítico como sendo a composição de uma série de manuais que orientam o povo de Deus em sua adoração, serviço e santidade. A seguinte estrutura reflete essa abordagem:
Caps. 1–7. O Manual de Sacrifícios: Experimentando a presença de Deus.
Caps. 8–10. O Manual do Sacerdócio: Entrando no serviço a Deus.
Caps. 11–15. O Manual de Pureza: Entendendo o desígnio de Deus.
Cap. 16. O Manual de Expiação: Estabelecendo o perdão de Deus.
Caps. 17–26. O Manual de Santidade: Expressando a vontade de Deus.
Cap. 27. O Manual de Dedicação: Encantado com a graça de Deus.
Responder à questão da relevância de Levítico talvez seja o ponto de partida mais essencial ao abordar este livro, principalmente porque, ao se propor a lê-lo, você se depara com sacrifícios que não são mais realizados, um sacerdócio que já não existe e leis que não somos mais obrigados a obedecer. O livro detalha tudo isso e mais, com uma precisão que, para alguns, torna-se tediosa. Não é de surpreender, então, que muitos questionem: “Por que isso está na Bíblia e o que significa para os cristãos de hoje?”
Levítico, sem dúvida, é desafiador. Mas, e se o estudo desse livro resultasse em uma nova perspectiva, permitindo a você enxergar verdades profundas sobre Deus e sobre si mesmo que transformassem sua maneira de pensar e viver? E se você percebesse como Jesus é exaltado em Levítico? Esses resultados são possíveis e representam os objetivos desta série de mensagens.
Allen P. Ross afirma: “Levítico foi e ainda é um dos livros mais importantes do Antigo Testamento”. Mas por que ele faria tal declaração? Levítico é importante por, pelo menos, cinco razões principais:
Levítico teve mais impacto no judaísmo do que qualquer outro livro do Antigo Testamento. Mais da metade do comentário do Talmude — base da lei rabínica — é dedicado a Levítico, mesmo após a destruição do templo em 70 d.C.. Por séculos, rabinos ensinavam hebraico pedindo aos alunos que memorizassem grande parte de Levítico no idioma original, aprendendo, ao mesmo tempo, a traduzi-lo.
Diante de sua relevância histórica, teológica e prática, como os cristãos contemporâneos podem não ter grande interesse por um livro que influenciou profundamente o mundo antigo e continua sendo fundamental para nossa fé?
A mensagem de santidade permeia todo o livro de Levítico. Seu tema intricado, complexo e, ainda assim, inconfundível, costura o livro de ponta a ponta. No núcleo dessa mensagem, a santidade significa separação — descreve aquilo que é distinto do comum, do mundano, do caído e do pagão, consagrado a uma pessoa ou propósito.
Três correntes principais de santidade fluem em Levítico, às vezes entrelaçadas, outras vezes distintas:
Levítico 20.7-8 (NVT)
7Portanto, consagrem-se e sejam santos, pois eu sou o Senhor, seu Deus. 8Guardem meus decretos pondo-os em prática, pois eu sou o Senhor, que os santifica.
Portanto, Levítico nos revela a santidade de Deus, a pecaminosidade tanto de nossa natureza como de nossas ações e a promessa de que o próprio Deus é quem nos santifica, pela graça, por meio da fé. Derek Tidball escreveu:
A responsabilidade de viver em santidade é impressionante, mas aliviada pela promessa de Deus. O objetivo da santidade não pode ser alcançado sem auxílio. O mesmo Deus que libertou Israel e conferiu ao povo o status de ser especial para ele compromete-se a continuar transformando-os por sua graça, para que eles se tornem, cada vez mais, na prática, aquilo que já são de fato — um povo santo. A promessa do poder transformador de Deus, por meio do Espírito Santo, continua a inspirar seu povo a passar por mudanças, manifestando cada vez mais a semelhança com Deus no mundo.
Paulo certamente conhecia esse princípio — tornar-se, na prática, aquilo que já se é de fato: santo; pela graça, por meio da fé, tornado santo e sendo santificado — expresso no livro de Levítico. Ele parece tê-lo em mente quando escreveu, em Filipenses 3.12-14 (NVT):
12Não estou dizendo que já obtive tudo isso, que já alcancei a perfeição. Mas prossigo a fim de conquistar essa perfeição para a qual Cristo Jesus me conquistou. 13Não, irmãos, não a alcancei, mas concentro todos os meus esforços nisto: esquecendo-me do passado e olhando para o que está adiante, 14prossigo para o final da corrida, a fim de receber o prêmio celestial para o qual Deus nos chama em Cristo Jesus.
E como Deus opera essa santidade em nós? Mais cedo, nesta mesma carta, Paulo explicou — em Filipenses 2.12-13 (NVT):
12Quando eu estava aí, meus amados, vocês sempre seguiam minhas instruções. Agora que estou longe, é ainda mais importante que o façam. Trabalhem com afinco a sua salvação [i.e., ajam em obediência, movidos pela fé nas promessas de Deus], obedecendo a Deus com reverência e temor. 13Pois Deus está agindo em vocês, dando-lhes o desejo e o poder de realizarem aquilo que é do agrado dele.
A SANTIDADE apresentada em Levítico, portanto, é 1) uma afirmação sobre Deus, 2) um mandamento para o seu povo e 3) uma promessa sobre o seu Espírito. O chamado de Levítico atravessa o abismo cultural e os séculos para nos convocar, mais uma vez, a viver em santidade. Assim como Israel, os cristãos também são chamados a serem santos e a buscar a santidade em todas as dimensões de suas vidas. Não fomos libertos do pecado por Cristo para continuar vivendo em pecado ou em indiferença a Deus, mas sim para sermos santos.
1Pedro 1.15-16 (NVT)
15Agora, porém, sejam santos em tudo que fizerem, como é santo aquele que os chamou. 16Pois as Escrituras dizem: “Sejam santos, porque eu sou santo”.
Levítico 20.7-8 (NVT)
7Portanto, consagrem-se e sejam santos, pois eu sou o Senhor, seu Deus. 8Guardem meus decretos pondo-os em prática, pois eu sou o Senhor, que os santifica.
A mesma graça que salva o pecador é a que o santifica. Muitas vezes, essa realidade parece distante, pois a santificação é a obra de uma vida inteira. É só aos poucos, em pequenas doses que nós a provamos em nossas vidas.
Costuma-se dizer que Deus precisou de apenas uma noite para tirar Israel do Egito, mas levou quarenta anos para tirar o Egito de Israel. Essa verdade também se aplica à obra de Deus na vida do pecador. A salvação, ou justificação, acontece no ato da fé, no momento em que se crê em Cristo. Já a santificação é um processo lento, como um cozimento em fogo baixo.
John Bunyan (1628–1688), autor de O Peregrino, tinha essa consciência.
Ele imaginava o diabo à espreita, não como um dragão furioso, mas como uma serpente paciente e calculista, alguém que aguarda o momento oportuno. Como está escrito: “Tendo terminado todas as tentações, o diabo o deixou até ocasião oportuna” (Lc 4.13). Bunyan escreveu assim, em Graça Abundante ao Principal dos Pecadores:
“Que me importa,” diz o tentador, “se eu levar sete anos para esfriar o seu coração, desde que no final eu consiga? Balançar continuamente faz uma criança chorona adormecer. Eu serei persistente, mas alcançarei meu objetivo.”
O diabo utiliza diversas armas em seu ataque contra a nossa alma, mas uma das mais sutis e frequentemente ignoradas é o tempo. Como criaturas mutáveis, enfrentamos uma batalha que não se limita a momentos específicos, mas que se estende por anos, por toda a vida. Essa guerra contínua é chamada de “resistência ao diabo” — não apenas por um dia, uma semana ou um ano, mas por toda a existência (Tg 4.7). E é importante lembrar: a santidade de ontem não assegura a santidade de hoje. Leve a sério o mandamento do SENHOR:
Levítico 20.7-8 (NVT)
7Portanto, consagrem-se e sejam santos, pois eu sou o Senhor, seu Deus. 8Guardem meus decretos pondo-os em prática, pois eu sou o Senhor, que os santifica.
S.D.G. L.B.Peixoto
Mais Sermões
8 de maio, 2016
24 de julho, 2016
5 de julho, 2020
4 de outubro, 2020
Mais Séries
Levítico: Santidade ao Senhor
Pr. Leandro B. Peixoto