08.05.2016
MÃES RESPEITADAS E ELOGIADAS
A Mensagem Provérbios 31.28-29
Os filhos a respeitam e dela falam bem; o marido não economiza elogios: “Muitas mulheres têm feito coisas maravilhosas, mas você superou todas!”
O Dia das Mães é uma oportunidade para todos celebrarem uma das mais belas formas da graça comum de Deus: a bênção de ter mãe.
Alguns, no entanto, sentem um sabor meio amargo nesta data: para uns é por causa da saudade das mães que partiram, para outros é devido ao sofrimento que suas mães lhe causaram.
Vivemos num mundo que foi afetado pelo pecado e apesar de todas as virtudes, as mães também são pecadoras – até a mãe de Jesus reconhecia a necessidade que ela tinha de um salvador (Lc 1.47) e de quão carente ela era da misericórdia divina (Lc 1.50). Amei o que li em um post de David Mathis.
Tenha você tido uma mãe que fracassou terrivelmente com você, ou seja você uma mãe absolutamente consciente de seus fracassos, jamais se esqueça de que sempre existe graça e bondade para serem reconhecidas e admiradas em quase todas as situações, mesmo tendo elas sido profundamente manchadas pelo pecado.
Para a maioria, no entanto, o coração dispara em ações de graças todas as vezes que Deus traz à mente as lembranças da mãe, da avó ou da mãe de nossos filhos, especialmente quando ela, de forma piedosa, modelou e ensinou a fé cristã. Nesses casos, fazemos coro com o rei Lemuel em Provérbios 31.28-29 que diz que “Os filhos a respeitam e dela falam bem; o marido não economiza elogios: ‘Muitas mulheres têm feito coisas maravilhosas, mas você superou todas!’”.
Nesta manhã do Dia das Mães, nós usaremos o exemplo de três mulheres especiais (Eliza Spurgeon, Mônica de Tagaste e Mary King) para ilustrar o tipo de fibra que compõe a vida de mães que são respeitadas e elogiadas pelos filhos e gerações posteriores. Espero que Deus a todos encoraje e estimule.
1. Mães respeitadas e elogiadas são piedosas | Eliza Spurgeon
Sobre Charles H. Spurgeon muitos de nós já ouviu falar: o inglês e príncipe dos pregadores batista, que viveu no final do século XIX (1834-1892). O que quase ninguém conhece é a história de piedade de Eliza, a mãe que ele teve e que tanto o influenciou. Na biografia escrita por Arnold A. Dallimore, publicada no Brasil pela editora PES, nós lemos que
visto que o pai estava sempre muito ocupado, a tarefa de criar a família caia em grande parte sobre a mãe. Ela era uma mãe excepcionalmente devota e graciosa.
Tanto assim que Spurgeon certa vez afirmou que
pais e mães são os agentes mais naturais usados por Deus na salvação de seus filhos.
Em particular, porém, ele celebrava sua mãe. O irmão dele, James Spurgeon, declarou algo comovente sobre a mãe que eles tiveram.
Ela foi o ponto de partida de toda a grandeza e bondade que qualquer de nós, pela graça de Deus, acaso tem.
Ao escrever suas Impressões religiosas iniciais, Spurgeon anotou fatos marcantes da influência piedosa que a mãe teve sobre a vida dele. Ouça com atenção.
Estou certo de que, na minha juventude, nenhum ensinamento causou mais profunda impressão em minha mente como as instruções de minha mãe; não posso conceber que, a qualquer criança, haverá alguém que terá tal influência sobre o coração como a da mãe que tão carinhosamente cuida de seus filhos. […]
Nunca poderia ser possível para qualquer homem estimar o quanto deve a uma mãe piedosa. Certamente eu não tenho o poder da fala com o qual eu conseguiria dignamente expor o valor que dou à bênção mais bem escolhida que o Senhor concedeu a mim, fazendo-me filho daquela que orou por mim e orou comigo.
Como posso esquecer das lágrimas de seus olhos, quando ela me exortava a fugir da ira vindoura? Eu achava seus lábios corretamente eloquentes; outros podem não pensar como eu penso, mas eles certamente eram eloquentes para mim.
Como eu poderei esquecer da ocasião em que dobrou os joelhos e, eu ajoelhado ao lado dela, colocou seus braços em torno do meu pescoço e orou: “Ó, que meu filho viva em tua presença!” Também não conseguirei apagar da memória aquelas sobrancelhas franzidas – aquelas sérias e amorosas sobrancelhas franzidas! – nas vezes que me repreendia por causa das minhas iniquidades; nem da alegria radiante de seu rosto quando achava em mim os bons traços do Senhor Deus de Israel.
Não me é possível dizer quanto devo às solenes palavras de minha boa mãe. Quando na nossa infância, era costume dela, no domingo à noite, ficar em casa conosco, e então nós nos sentávamos em volta da mesa para ela ler verso por verso e explicar a Escritura para nós. Depois da leitura bíblica, chegava o momento do apelo; havia na fala dela pequenos trechos do livro de Joseph Alleine (Um guia seguro para o céu) ou da obra de Richard Baxter (Chamado aos não convertidos). Todas as leituras desses clássicos eram recheadas com observações pontuais a cada um de nós os filhos, ali sentados em volta da mesa; então era feita a pergunta: quanto tempo ainda passaria antes de pensarmos sobre o nosso estado e até buscarmos o Senhor.
Então vinha a oração de uma mãe, e algumas das palavras daquela oração nós nunca devemos esquecer, mesmo quando estivermos de cabelo branco. Lembro-me, em uma ocasião, ela orando assim: “Agora, Senhor, se meus filhos forem adiante em seus pecados, não será por ignorância que eles perecerão, e minha alma terá que dar pronto testemunho contra eles no dia do juízo, se eles não se apegarem a Cristo”. Pensar em minha mãe dando pronto testemunho contra mim feriu minha consciência, e agitou meu coração.
O pai de Spurgeon
Certa feita, John Spurgeon, o pai – que era pastor independente; não pertencia a Igreja da Inglaterra, quando ia a um culto numa igreja, sentiu-se culpado de negligenciar a família (ele ficava muito tempo fora), então deu meia volta e foi para casa. Chegando lá, não encontrou ninguém no térreo. Subiu ao segundo andar, e ali ouviu o som de uma oração. Vale a pena ouvir sobre esse incidente nas palavras do próprio filho, Charles Spurgeon.
Papai viu que era mamãe clamando fervorosamente pela salvação de todos os seus filhos, e orando especialmente por mim, seu voluntarioso primogênito. Então, ele concluiu que podia ir com segurança cuidar do serviço do Senhor, enquanto a sua querida esposa cuidava tão bem em casa dos interesses espirituais dos seus meninos (Charles e James) e das suas meninas (Eliza e Emily).
Opinião discordante
Quando Spurgeon se converteu, aos 15 anos, da casa do avô ele escreveu aos pais falando de sua convicção batista. Seus pais praticavam o batismo infantil, pois eram dissidentes da Igreja da Inglaterra. Ele queria permissão para ser batizado por imersão. O pai demorou a responder, mas finalmente lhe escreveu e, relutantemente, lhe deu o consentimento, mas com ressalva: uma advertência para que ele não se agarrasse ao batismo como uma ajuda à salvação, em vez de confiar unicamente em Cristo. Isso feriu o filho.
A mãe dele também escreveu para dar permissão. Como o marido, também não foi de todo coração, mas foi mais suave.
Ah, Charles, orei muitas vezes ao Senhor, rogando-lhe que o tornasse cristão, mas nunca pedi que você se tornasse batista.
Graciosamente, como de costume, o filho respondeu:
Ah, mãe, o Senhor respondeu à sua oração com a sua prodigalidade usual, e lhe deu muitíssimo acima de tudo o que a senhora pediu o pensou!
Spurgeon, até o fim de sua vida, jamais deixou de respeitar e elogiar a sua mãe. Aprendemos com essa história que mães respeitadas e elogiadas são piedosas.
2. Mães respeitadas e elogiadas são perseverantes | Mônica
Mães respeitadas e elogiadas são perseverantes em oração.
A oração intercessora é elemento-chave na criação de filhos. Podemos parafrasear as palavras de Paulo, quando falava de seu povo amado, os judeus:
Rm 10.1 | O desejo de meu coração e a minha oração a Deus pelos meus filhos é que eles sejam salvos.
É preciso orar por causa da pesada bagagem de apatia, ignorância, cegueira, incredulidade, soberba, preconceito e servidão pecaminosa que todo pecador carrega nas costas, inclusive os nossos filhos. Foi isso que a mãe de Agostinho (354-430) soube fazer com perseverança e sucesso.
Nascida em Tagaste, na Argélia, norte da África, em 332, Mônica era filha de uma família cristã, mas casou-se com um rapaz pagão, chamado Patrício, que era funcionário público. Naquele tempo, por questões de conveniência, os casamentos eram arranjados entre os pais.
Aos 22 anos Mônica deu à luz Agostinho, que, ainda jovem, aderiu à religião maniqueísta (uma mistura de crenças iranianas e babilônicas com elementos do budismo e do cristianismo, cuja crença se fundamenta na eterna luta entre o bem e o mal absolutos). Além do desvio doutrinário, Agostinho entregou-se inteiramente aos prazeres da carne.
Porém, em momento algum Mônica desistiu de querer ver o filho livre de ambos os males. Nem quando Agostinho, aos 29 anos, se transferiu para Roma e, depois, para Milão, para ensinar retórica e gramática. Nem quando o filho abandonou o maniqueísmo e se tornou cético – descrente de tudo.
Graças à misericórdia de Deus e à perseverança de Mônica, expressa por meio de sábias palavras e de muitas orações, Agostinho se converteu em Milão no ano de 387, aos 33 anos. O texto que o levou a Jesus foi a exortação de Paulo:
NTLH Rm 13.13-14 | Vivamos decentemente, como pessoas que vivem na luz do dia. Nada de farras ou bebedeiras, nem imoralidade ou indecência, nem brigas ou ciúmes. Mas tenham as qualidades que o Senhor Jesus Cristo tem e não procurem satisfazer os maus desejos da natureza humana de vocês.
Agostinho foi batizado na Semana Santa daquele ano (25 de abril de 387) por Ambrósio, bispo de Milão. Nesse mesmo ano, Mônica, sua mãe morreu, aos 65 anos. Ela bem poderia ter orado à semelhança de Simeão (Lc 2.29-30):
Agora podes despedir em paz a tua serva, pois os meus olhos já viram a salvação do meu filho Agostinho, depois de tanta oração por ele.
Um biógrafo de Mônica relata o seguinte sobre a vida dessa mulher que perseverou até o fim em oração:
Antes de morrer, em 387, ela mesma disse ao filho, já convertido e cristão: “Uma única coisa me fazia desejar viver ainda um pouco, ver-te cristão antes de morrer”. Mônica se consumiu na oração pelo esposo violento, rude e pagão, mas, principalmente, entregou suas súplicas constantemente a Deus por Agostinho. A história nos testemunha os inúmeros ultrajes e sofrimentos que ela precisou enfrentar para, finalmente, ver tanto seu esposo quanto seu filho convertidos e batizados. Outra de suas últimas palavras ao filho Agostinho foi a seguinte: “Continue a orar, pois é impossível que se perca um filho de tantas lágrimas”. Por esta razão, o filho Agostinho, que se tornou um dos principais teólogos cristãos, pôde escrever: “Ela me gerou seja na sua carne para que eu viesse à luz do tempo, seja com o seu coração para que eu nascesse à luz da eternidade”.
Mônica é um dos maiores exemplos de perseverança na fé e na oração, provando-nos que “tudo pode ser mudado pelo poder da oração.”
Mães respeitadas e elogiadas são piedosas, são perseverantes, mas são também são prestativas.
3. Mães respeitadas e elogiadas são prestativas | Mary King
O Dia das Mães costuma ser triste para as mulheres que tentaram ser mães ou ainda estão tentando, mas não conseguiram. No entanto, se é este o seu caso, digo-lhe que há a possibilidade de você, mulher cristã, influenciar grandemente meninos e meninas desta geração: tomando-os para si como filhos na fé.
Mary King era cozinheira de um colégio onde Charles Spurgeon, por dois anos, dos 15 aos 17 anos, estudou. Ela era membro ativo de uma igreja batista calvinista em Newmarket, na Inglaterra – a Igreja Batista Betesda Restrita. Apesar de pouco estudo formal, ela era uma leitora voraz de boa literatura reformada.
A “Cozinheira”, como era carinhosamente conhecida, teve influência profunda e duradoura na vida de Spurgeon. Essa mulher nutria enorme carinho por ele, investindo horas de ensino e discipulado na vida do menino que viria a ser o Príncipe dos Pregadores.
O calvinismo que Spurgeon carregou e anunciou até o fim da vida e a base de sua teologia foram edificados no coração dele por essa mulher. Escrevendo sobre ela, registrou:
Creio que aprendi mais dessa mulher do que eu poderia ter aprendido de qualquer meia dúzia de doutores em teologia com a qualidade dos que nós temos em nossos dias. Eu aprendi mais da Cozinheira do que do pastor da igreja que na ocasião eu frequentava. Muitas vezes nós cobríamos exaustivamente os tópicos principais das doutrinas da graça: i.e. a aliança da graça, a eleição dos santos, a união com Cristo, a perseverança dos crentes e a importância da santificação. Ela foi uma mestra em minha vida.
O carinho que Spurgeon desenvolveu por aquela senhora tornou-se tão grande que, no futuro, ao descobrir que ela estava passando dificuldades financeiras, sustentou-a até o dia em que ela morreu.
Mães respeitadas e elogiadas são prestativas.
Mães respeitadas e elogiadas
Minha oração é que todas as mães, todas as mulheres que me ouvem, saiam daqui encorajadas a serem respeitadas e elogiadas pelo que elas buscam ser: piedosas, perseverantes e prestativas.
A Mensagem Pv 31.28-29 | Os filhos a respeitam e dela falam bem; o marido não economiza elogios: “Muitas mulheres têm feito coisas maravilhosas, mas você superou todas!”
Que Deus a todas abençoe com graça, misericórdia e paz.
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