17.11.2019
MANIFESTAÇÃO GLORIOSA DE AMOR
João 11.17-44
17Quando Jesus chegou a Betânia, disseram-lhe que Lázaro estava no túmulo havia quatro dias. 18Betânia ficava a cerca de três quilômetros de Jerusalém, 19e muitos moradores da região tinham vindo consolar Marta e Maria pela perda do irmão. 20Quando Marta soube que Jesus estava chegando, foi ao seu encontro. Maria, porém, ficou em casa. 21Marta disse a Jesus: “Se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido. 22Mas sei que, mesmo agora, Deus lhe dará tudo que pedir”. 23Jesus lhe disse: “Seu irmão vai ressuscitar”. 24“Sim”, respondeu Marta. “Ele vai ressuscitar quando todos ressuscitarem, no último dia.” 25Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim viverá, mesmo depois de morrer. 26Quem vive e crê em mim jamais morrerá. Você crê nisso, Marta?”. 27“Sim, Senhor”, respondeu ela. “Eu creio que o senhor é o Cristo, o Filho de Deus, aquele que veio ao mundo da parte de Deus.” 28Em seguida, voltou para casa. Chamou Maria à parte e disse: “O Mestre está aqui e quer ver você”. 29Maria se levantou de imediato e foi até ele. 30Jesus tinha ficado fora do povoado, no lugar onde Marta havia se encontrado com ele. 31Quando as pessoas que estavam na casa viram Maria sair apressadamente, imaginaram que ela ia ao túmulo de Lázaro chorar e a seguiram. 32Assim que chegou ao lugar onde Jesus estava e o viu, caiu a seus pés e disse: “Se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido”. 33Quando Jesus viu Maria chorar, e o povo também, sentiu profunda indignação e grande angústia. 34“Onde vocês o colocaram?”, perguntou. Eles responderam: “Senhor, venha e veja”. 35Jesus chorou. 36As pessoas que estavam por perto disseram: “Vejam como ele o amava!”. 37Outros, porém, disseram: “Este homem curou um cego. Não poderia ter impedido que Lázaro morresse?”. 38Jesus, sentindo-se novamente indignado, chegou ao túmulo, uma gruta com uma pedra fechando a entrada. 39“Rolem a pedra para o lado”, ordenou. “Senhor, ele está morto há quatro dias”, disse Marta, a irmã do falecido. “O mau cheiro será terrível.” 40Jesus respondeu: “Eu não lhe disse que, se você cresse, veria a glória de Deus?”. 41Então rolaram a pedra para o lado. Jesus olhou para o céu e disse: “Pai, eu te agradeço porque me ouviste. 42Tu sempre me ouves, mas eu disse isso por causa de todas as pessoas que estão aqui, para que elas creiam que tu me enviaste”. 43Então Jesus gritou: “Lázaro, venha para fora!”. 44E o morto saiu, com as mãos e os pés presos com faixas e o rosto envolto num pano. Jesus disse: “Desamarrem as faixas e deixem-no ir!”.
AMOR GLORIOSO
Todos sabemos, por experiência própria: Nós sofremos de uma dificuldade crônica de expressar amor. Não é verdade? Seja honesto, é fácil para você expressar amor a quem você ama? Nem falo daqueles que não amamos! Afinal, se já é difícil expressar amor aos pais, aos filhos, ao cônjuge, aos irmãos (de sangue e de fé) ou aos amigos, quanto mais difícil será expressar amor àqueles que estão mais distantes do coração, especialmente os que nos perseguem, ou àqueles com quem guardamos alguma indisposição. Não é impossível, mas é muito difícil expressar amor. Existem, sim, aqueles que sabem expressar e que, de fato, expressam amor, mas são raras essas pessoas.
Por quê?
Semana passada nós dissemos que falta amor, falta amar. Primeiro, por não se saber o que é amor nem o que é amar. Segundo, por não se ter, em si mesmo, a condição de amar como requer o amor. Em Cristo, e somente em Cristo, nós aprendemos o que é o amor e recebemos o poder para de fato amar. O que nos trouxe ao texto de João 11.
O evangelho de João nos informa (vimos na semana passada) que a razão pela qual Jesus não foi curar Lázaro, quando soube que o amigo estava doente, era amor. Sim, o Senhor ficou onde estava e optou por deixar Lázaro morrer, porque o amava. Versos 5-6:
5Jesus amava Marta, Maria e Lázaro. 6Ouvindo, portanto, que Lázaro estava doente, ficou mais dois dias onde estava.
Amava Lázaro e as irmãs! Portanto, ficou. Não foi socorrê-lo. Escolheu esperá-lo morrer.
A justificativa que Jesus deu para explicar que deixar Lázaro morrer era amor havia sido dada no versículo 4:
“A doença de Lázaro não acabará em morte [embora ele morrerá, esse não é o alvo ou o objetivo]. Ela [a enfermidade que o matará] aconteceu para a glória de Deus, para que o Filho de Deus receba glória por meio dela”.
Em outras palavras, era mais amoroso da parte do Senhor passar Lázaro pela morte e as irmãs pela dor do luto, posto que aquela situação revelaria a eles mais da glória de Deus e mais da glória de Cristo. Jesus nos ama, revelando-nos a si mesmo glorioso. Da parte de Deus Pai, revelar-nos a glória do Filho é de fato amor, é de fato amar.
VER A GLÓRIA DE CRISTO É OBRA DA GRAÇA DE DEUS
Para aqueles que acham absurdo o que estamos abordando, saiba que essa verdade é absolutamente fundamental para o objetivo principal deste Evangelho — e para toda a Bíblia. Em João 1.14, João escreveu (NAA): “E o Verbo [o Filho eterno de Deus] se fez carne [tornou-se homem] e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” Então, no versículo 16, João relata a demonstração dessa glória divina para nós (NAA): “Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça.” Logo, o padrão é este: Jesus revela sua glória divina — glória como do único Filho da parte do Pai — e nós a contemplamos, e de sua plenitude nós recebamos graça sobre graça.
Assim é que a revelação encarnada da glória de Deus em Cristo, culminando com a cruz e a ressurreição, e a nossa contemplação dessa glória pelos olhos da fé é a maneira como recebemos graça — isto é, a maneira como somos salvos e recebemos todas as promessas da vida eterna. Trocando em miúdo: o Senhor nos revela graça e glória em Jesus, nós o contemplamos pela fé e assim somos salvos e santificados (2Co 3.18, NAA):
E todos nós, com o rosto descoberto, contemplando a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, que é o Espírito.
COMO JESUS NOS AMA
Dessa forma, todo o evangelho de João foi construído em torno de revelações da glória de Deus em Jesus. E o que vimos na semana passada foi essa nova ênfase de que é assim, revelando-nos glória, que Jesus nos ama. Ele não nos ama acima de tudo nesta vida, poupando-nos de sofrimentos e da morte. Ele acima de tudo nos ama revelando-nos e dando-nos a si e a sua glória. Deus acima de tudo nos ama nos dando a si mesmo e tudo o que ele é para nós em Jesus. Jesus acima de tudo nos ama nos dando a si mesmo e tudo o que Deus é para nós nele.
Portanto, EM NOME DE JESUS, não meça o amor de Deus por você com base na quantidade de saúde, riqueza e conforto que ele derrama (ou deixa de derramar) sobre sua vida. Se essa fosse a medida do amor de Deus, ele teria odiado o apóstolo Paulo, por exemplo. Meça o amor de Deus por você à partir de quanto de si mesmo em glória ele revela a você. Quanto dele próprio, em Cristo, ele lhe dá para conhecer e desfrutar.
O AMOR DE DEUS EM SE ENTREGAR A NÓS
Antes de vermos tudo isso estampado lá na visita de Jesus a Betânia, na casa de Marta, Maria e Lázaro (Jo 11.17-44), reflita comigo em duas afirmações de outros dois textos, comprovando o que dissemos.
Alguém, por exemplo, poderá dizer: “Mas quando eu penso no amor de Deus, penso em João 3.16.” Eu também! Lê-se assim, na versão NAA: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” O amor de Deus é o dom da vida eterna às custas de seu Filho. Sim. Sim. Sim!
Agora, qual é o coração e a essência da vida eterna? Jesus diz em João 17.3 (NAA): “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” Em outras palavras: a essência da vida eterna é o conhecimento interminável de Deus o Pai e Deus o Filho. Pois Deus amou o mundo de tal maneira que, às custas da vida de seu Filho, ele nos levou a um eterno, admirável, amável e deleitoso conhecimento de si mesmo e de Jesus o Filho. O amor de Deus é o dom de si mesmo, é a entrega de si mesmo a nós. E a grandeza desse amor aumenta em proporção a grandeza de sua glória.
O AMOR DE JESUS EM SE MANIFESTAR A NÓS
A segunda confirmação de que estamos no caminho certo pode ser encontrada em João 14.21, onde Jesus afirmou (NAA): “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.” Que declaração maravilhosa! “Eu vou te amar e me manifestar a você.” É assim que eu vou te amar: manifestando-me a você.
Oh! Quantos de nós podem testemunhar essa realidade com gratidão e alegria! Nos dias de sofrimento e perda, nos dias de dor e escuridão, quando parecia que toda nossa alma cederia, Jesus veio e nos amou — não, primeiramente, retirando o sofrimento ou a perda ou as trevas ou a dor, mas, primeiro, dando-nos a si mesmo de maneiras que não poderiam ter sido desfrutadas sem aquela estação dolorosa.
ATENÇÃO! Se você exige que Deus o ame da maneira como o mundo espera ser amado nesta vida, você não saberá o que é realmente ser amado por Deus. O amor de Deus é o dom, a revelação ou a entrega, de seu EU glorioso a nós, seus filhos.
Porque Jesus Cristo amava Lázaro, Maria e Marta, ele ficou mais dois dias e os deixou caminhar pelo vale da sombra da morte, e depois foi e mostrou a eles sua glória. Então, vamos embora com Jesus até Betânia e vejamos a manifestação gloriosa de seu amor pelos filhos de Deus.
QUESTIONANDO O AMOR DE JESUS
João 11.17-19:
17Quando Jesus chegou a Betânia, disseram-lhe que Lázaro estava no túmulo havia quatro dias. 18Betânia ficava a cerca de três quilômetros de Jerusalém, 19e muitos moradores da região tinham vindo consolar Marta e Maria pela perda do irmão.
Antes mesmo de entrar em Betânia, pessoas diferentes confrontaram Jesus, questionando o amor dele por Lázaro. Lemos no versículo 6 o seguinte: “Ouvindo, portanto, que Lázaro estava doente, ficou mais dois dias onde estava”. Todo mundo sabia que havia sido essa a atitude de Jesus. Sabiam que teria havido tempo mais do que suficiente para ele ter chegado a tempo de pegar Lázaro ainda com vida, mas ele não foi ligeiro. Não lhes parecia amor. Portanto, ele ouvirá três vezes — de Marta, Maria e dos presentes no velório: “O Senhor poderia tê-lo curado, caso tivesse chagado em tempo!”.
Cada vez que se lê um desses questionamentos, nota-se lá no fundinho, bem velado, uma suspeita, uma dúvida a respeito do amor e do poder de Jesus. Fica-nos a impressão de que essa suspeita repetida e uniforme balançou Jesus, visivelmente inclusive. Ele até chorou. Vamos analisar essas três instâncias. João 11.
Jesus escolheu amar Lázaro e suas irmãs não indo imediatamente para socorrê-lo. Ocorre que agora, o atraso, soberana e amorosamente premeditado, visando um bem maior: revelar graça e glória, está sendo usado contra ele para questionar o amor dele pelo amigo. Pensavam: se ele tivesse vindo imediatamente, ninguém estaria chorando. Miseráveis pecadores que somos! Não é mesmo?
COMO JESUS RESPONDE
Como Jesus respondeu aos questionamentos a respeito do amor dele por Lázaro? O Senhor respondeu com verdade, emoção e poder.
LEMBRE-SE: Todo o objetivo de chegar atrasado era revelar mais de sua glória. E é isso, glória, que nós vamos ver na medida em que Jesus responder aos questionamentos e agir para ressuscitar Lázaro. Vamos analisar cada uma dessas três respostas.
NÃO SE ESQUEÇA: O objetivo não é simplesmente ressuscitar Lázaro. O objetivo é revelar glória na forma de verdade, emoção e poder.
Então, vamos lá, caminhemos com Jesus, abramos os olhos para ver glória, a glória de Cristo [Ó, Espírito Santo de Deus, abra os olhos do nosso coração para vermos glória, a glória de Jesus aqui revelada por João. Em nome de Jesus, amém.]
1 Profunda verdade
João 11.21-26:
21Marta disse a Jesus: “Se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido. 22Mas sei que, mesmo agora, Deus lhe dará tudo que pedir”. 23Jesus lhe disse: “Seu irmão vai ressuscitar”. 24“Sim”, respondeu Marta. “Ele vai ressuscitar quando todos ressuscitarem, no último dia.” 25Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim viverá, mesmo depois de morrer. 26Quem vive e crê em mim jamais morrerá. Você crê nisso, Marta?”. 27“Sim, Senhor”, respondeu ela. “Eu creio que o senhor é o Cristo, o Filho de Deus, aquele que veio ao mundo da parte de Deus.”
Aqui Jesus revela sua glória com palavras — com profunda verdade. Ele diz:
Você crê que há um grande e glorioso dia de ressurreição chegando com o fim dos tempos, quando todos os crentes serão ressuscitados corporalmente da sepultura. Você está certa. Eis aqui o mistério: Eu sou a chegada daquele dia. Você pensou que esse dia chegaria com o Messias. Você está correta. Eu sou o Messias. O Messias chegou.
Então, ele prossegue, dizendo algo mais:
Deixe-me ser específico, Marta. Eu sou exatamente o que Lázaro precisa e também o que você precisa. Ele está morto e você está viva. Então, ouça: ‘Quem crê em mim viverá, mesmo depois de morrer’ (versículo 25). Isso serve para Lázaro. E ‘Quem vive e crê em mim jamais morrerá’ (versículo 26). Isso serve para você. Eu resgatarei Lázaro, corpo e alma, do túmulo, e quando eu vou fazer isto não importa (se agora ou se no fim dos tempos, não importa). Quanto a você, você está viva e crê em mim, e nunca morrerá — nunca haverá um milésimo de segundo quando você estará sem ser salva e sem comunhão comigo. Você sabe o que isso significa, Marta? Significa que eu te amo. Eu amo também seu irmão. Não abandonarei a alma dele no túmulo nem deixarei que a carne dele seja destruída. Eu vou ressuscitá-lo. E eu vou mantê-la em comunhão eterna comigo. Eu estou lhe dizendo isso. Estou revelando meu poder e minha glória para você, porque eu amo você, e Lázaro.
Jesus revela glória através de profunda verdade, que serve para vivos e mortos em Jesus Cristo: Cristo é a ressurreição e a vida. Quem nele crê viverá, mesmo depois de morrer. Quem vive e nele crê jamais morrerá. Essas palavras são expressões, são manifestações gloriosas de amor. Portanto, creia em Cristo e viva, viva de verdade, viva eternamente.
2 Forte emoção
João 11.32-35:
32Assim que chegou ao lugar onde Jesus estava e o viu, [Maria] caiu a seus pés e disse: “Se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido”. 33Quando Jesus viu Maria chorar, e o povo também, sentiu profunda indignação e grande angústia. 34“Onde vocês o colocaram?”, perguntou. Eles responderam: “Senhor, venha e veja”. 35Jesus chorou.
As palavras de Maria não foram apenas palavras, foram palavras em meio a soluços e gemidos (v. 32): “Onde o Senhor estava quando precisávamos do Senhor? Onde o Senhor estava? Se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido.”
Você deve ter notado que Jesus não teve palavras para aquele momento, apenas fortes emoções; e todos notaram; apenas depois vieram palavras e ação. Veja, de novo:
33Quando Jesus viu Maria chorar, e o povo também, sentiu profunda indignação e grande angústia. 34“Onde vocês o colocaram?”, perguntou. Eles responderam: “Senhor, venha e veja”. 35Jesus chorou.
A maioria dos pregadores que já ouvi pregando neste texto parece ler no texto quaisquer emoções que eles mesmos acham apropriadas na hora do luto. Parece que eles já levam algum pressuposto para o texto. Dizem algo do tipo: Jesus chorou por causa da morte. Jesus chorou por causa do choro, da tristeza dos outros. Jesus chorou pelo que o pecado fez. E por aí vão… Com efeito, não dá para saber ao certo quais eram as reais emoções de Jesus ou a quê ele estava respondendo quando chorou.
Agora, além do choro, há duas palavras no final do versículo 33 que descrevem a resposta do Senhor — e que precisam ser muito bem ponderadas: “sentiu profunda indignação [gr., enebrimesato — agitou-se no espírito] e grande angústia (gr., etarazen — comoveu-se)”.
A primeira palavra (profunda indignação; agitação) é usada novamente no versículo 38 e três vezes fora deste Evangelho. Nunca é usada para descrever compaixão, mas sempre indignação, repreensão ou advertência.
A segunda palavra (grande angústia; comoção) significa estar abalado ou agitado. É a mesma palavra para as águas agitadas do tanque de Bethesda (Jo 5.7). É também a palavra que Jesus usará em João 14.1: “Não deixem que seu coração fique aflito [perturbado; agitado]”. Ou seja: não descreve uma emoção positiva. Logo, o que percebemos é que Jesus ficou indignado, agitado, perturbado, aflito de perturbação.
Não dá para ser dogmático aqui, mas (seguindo o raciocínio de John Piper) não acho que as emoções de Jesus tenham sido empatia e ternura. Parece-nos que Jesus estava perturbado com a maneira como seus motivos estavam sendo questionados. De fato, com muita força emocional, Maria, depois de Marta (v. 21), tinha dito: “Se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido” (versículo 32). Algo dito assim naquele momento se tornou profundamente perturbador para Jesus. E quando ele chorou (versículo 35), suspeito que suas emoções eram muito profundas e muito complexas, não simples.
Essa forte emoção vai ressurgir em Jesus. Isso acontecerá novamente em resposta à terceira instância de pessoas questionando seus motivos e seu poder. No versículo 37, alguns olharam para o choro dele e disseram: “Este homem curou um cego. Não poderia ter impedido que Lázaro morresse?” Certamente poderia. Mas ele escolheu não impedir. E eles estavam questionando e desconfiando dos motivos e do poder de Jesus.
Jesus agirá para ressuscitar Lázaro, mas antes de ele agir com poder há essa emoção novamente. Essa palavra forte usada para descrever um sentimento de indignação, repreensão ou advertência aparece novamente no versículo 38. Só que desta vez ela está conectada ainda mais explicitamente com a suspeita, o julgamento e o ceticismo das multidões. Eles tinham acabado de questionar o amor e o poder de Jesus, e João registrou: “Jesus, [lit., portanto,] sentindo-se novamente indignado, chegou ao túmulo, uma gruta com uma pedra fechando a entrada” (v. 38).
Todos nós já ouvimos pastores pregando sobre esse texto e dizendo que Jesus está com raiva de sua grande inimiga: a morte. Eu mesmo já pensei assim. Só que a leitura cuidadosa do texto parece não nos permitir tal conclusão. Afinal, como já vimos, Jesus mesmo planejou demorar e esperar Lázaro morrer. E depois, ele mesmo ressuscitaria Lázaro. Não é verdade?
Logo, parece mais óbvio que João esteja dizendo que porque todos questionaram o amor e o poder do Senhor, no versículo 37 — “Este homem curou um cego. Não poderia ter impedido que Lázaro morresse?”, Jesus se sentiu “novamente indignado” e chegou ao túmulo. Em outras palavras, toda a história e a gramática específica do texto apontam para a nossa conclusão: Jesus ficou profundamente perturbado, indignado que seus motivos e seu poder (isto é, seu amor) estivessem sendo questionados. Até chorou.
Se estou ou não certo sobre esta conclusão, fato é que essas emoções de indignação e o choro de profunda perturbação, são também uma revelação da glória do Senhor. Cristo não é uma pedra ou um pedaço de gesso ou madeira, sem emoção, frio. Como o grande Deus-homem, ele tinha emoções profundas e fortes que sempre concordavam perfeitamente com todas as situações. E essa revelação também é um ato de amor. Até a raiva pela descrença, o choro de perturbação ou agitação por causa da suspeita e do questionamento é um ato de amor, porque todas essas coisas (incredulidade, suspeição, questionamento) nos impedem de ver a glória de Cristo na hora da dor.
3 Poderosa ação
Até que chegou, finalmente, a hora não apenas de profunda verdade (em resposta a Marta), ou de forte emoção (em resposta a Maria e às pessoas do velório). Era a hora de uma poderosa ação. Verso 39: “Rolem a pedra para o lado”, ordenou. “Senhor, ele está morto há quatro dias”, disse Marta, a irmã do falecido. “O mau cheiro será terrível.”
Em resposta, Jesus, finalmente, fez a conexão entre o que ele estava fazendo e o que ele mesmo havia dito lá no versículo 4: “A doença de Lázaro não acabará em morte. Ela aconteceu para a glória de Deus, para que o Filho de Deus receba glória por meio dela.” Então, Jesus disse a Marta (versículo 40): “Eu não lhe disse que, se você cresse, veria a glória de Deus?” Ou seja, eu sou a ressurreição. A ressurreição faz parte da minha glória. Veja. Veja e desfrute.
Eis a poderosa ação de glória, João 11.41-44:
41Então rolaram a pedra para o lado. Jesus olhou para o céu e disse: “Pai, eu te agradeço porque me ouviste. 42Tu sempre me ouves, mas eu disse isso por causa de todas as pessoas que estão aqui, para que elas creiam que tu me enviaste”. 43Então Jesus gritou: “Lázaro, venha para fora!”. 44E o morto saiu, com as mãos e os pés presos com faixas e o rosto envolto num pano. Jesus disse: “Desamarrem as faixas e deixem-no ir!”.
Essa é a glória de Jesus. Jesus ressuscitou Lázaro porque Jesus é a ressurreição. Ele é a chegada, na história, da renovação final e gloriosa de Deus em todas as coisas, incluindo nosso corpo. Crentes, vocês serão ressuscitados dentre os mortos e brilharão como o sol no reino de seu Pai. Lázaro é uma prévia da sua e da minha ressurreição. Jesus está voltando a esta terra em poder e grande glória. E esse evento, essa história de Lázaro e esse sermão sobre Lázaro são uma janela para essa glória.
Portanto, Deus está lhe dizendo aqui e agora, neste culto:
Eu te amo. Meu amor por você não irá poupá-lo de sofrimento e de morte. Meu amor por você se revela na entrega que eu faço de mim mesmo a você. Entrego-lhe minha glória (que, dentre outros, manifesta-se a você em palavras de profunda verdade, num coração com forte emoção, em jeito poderoso de agir). Você me vê? Vê a minha glória? Você me vê por quem eu realmente sou? Venha até mim. Eu tenho muito mais para lhe mostrar.
MANIFESTAÇÃO GLORIOSA DE AMOR
Palavras de aplicação:
S.D.G. L.B.Peixoto
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Pr. Leandro B. Peixoto