20.05.2018
O BATISMO CRISTÃO [PAR. 5]
Mateus 28.18-19
18Jesus se aproximou deles e disse: “Toda a autoridade no céu e na terra me foi dada. 19Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-osem nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
A posição protestante pedobatista
Esta é a quinta mensagem sobre o batismo cristão. A posição batista(definida como credobatismo ou batismo de crentes) foi apresentada nas três primeiras mensagens desta série sobre as ordenanças da igreja. A quarta mensagem (a última que preguei) se concentrou na posição católica(definida como pedobatismo ou batismo infantil para a regeneração do pecador).
Hoje olharemos para outro ponto de vista importante, porém refutado pelos pedobatistas, que diz que o batismo é corretamente ministrado a todas as crianças que sejam filhas de pais cristãos. É posição muito comum em muitas igrejas protestantes (especialmente luteranas, episcopais, metodistas, presbiterianas e reformadas); fundamenta-se, não no argumento católico — de que batismo regenera, mas no argumento da aliança, pois diz que os filhos dos cristãos fazem parte da “comunidade da aliança” do povo de Deus.
O argumento de que crianças nascidas de cristãos devem ser batizadas depende, principalmente, das três colocações seguintes:
a) As crianças eram circuncidadas na antiga aliança
No Antigo Testamento, a circuncisão era o sinal externo de ingresso na comunidade da aliança ou na comunidade do povo de Deus. A circuncisão era ministrada a todas as crianças israelitas (do sexo masculino) quando completavam oito dias de vida.
b) O batismo é paralelo à circuncisão
No Novo Testamento, o sinal externo de ingresso na “comunidade da aliança” é o batismo. Portanto, o batismo é o equivalente neotestamentário da circuncisão. Logo, o batismo deve ser ministrado a todas as crianças nascidas de pais cristãos. Negar-lhes tal benefício é privá-las de um privilégio e de um benéfico que lhes pertence por direito — o sinal de pertencer à comunidade do povo de Deus, a “comunidade da aliança”. O paralelo entre a circuncisão e o batismo é extraído de Colossenses 2 (vv. 11-12):
11Em Cristo vocês foram circuncidados, mas não por uma operação física, e sim espiritual, na qual foi removido o domínio de sua natureza humana. 12No batismo, vocês foram sepultados com Cristo e, com ele, foram ressuscitados para a nova vida por meio da fé no grande poder de Deus, que ressuscitou Cristo dos mortos.
O argumento é que Paulo faz uma nítida relação entre a circuncisão e o batismo.
c) O batismo de famílias
Outro apoio para a prática do batismo infantil é encontrado nos “batismos de famílias” relatados em Atos e nas epístolas, particularmente no batismo da casa de Lídia (At 16.15), da família do carcereiro de Filipos (At 16.33) e da casa de Estéfanas (1Co 1.16). Também se alega que Atos 2.39, que declara que a bênção prometida do evangelho é “para vós outros e para vossos filhos”, serve de base para a prática do batismo infantil.
Resposta à posição protestante pedobatista
Em resposta a esses argumentos à favor do pedobatismo, as seguintes considerações podem ser feitas:
a) O batismo não é paralelo à circuncisão
Não há dúvida de que o batismo e a circuncisão são semelhantes em vários aspectos, mas não podemos esquecer que o que ambos simbolizam também é diferente em alguns aspectos muito importantes.
A antiga aliança tinha um sinal externo, físico, do ingresso na “comunidade da aliança”. Alguém se tomava judeu quando nascia de pais judeus. Portanto, todos os judeus do sexo masculino eram circuncidados. A circuncisão não se restringia aos que tinham uma vida espiritual interior verdadeira, mas era feita a todos os que viviam entre o povo de Israel. Deus disse (Gn 17.10-13):
10Este é o sinal da aliança que você e seus descendentes devem guardar: todo indivíduo do sexo masculino entre vocês deve ser circuncidado. 11Cortem a carne do prepúcio como sinal da aliança entre mim e vocês. 12Todo menino deve ser circuncidado no oitavo dia depois do nascimento, de geração em geração. Isso se aplica não apenas aos membros de sua família, mas também aos servos nascidos em sua casa e aos servos estrangeiros que você comprou. 13Quer sejam nascidos em sua casa, quer os tenha comprado, todos devem ser circuncidados. Terão no corpo o sinal da minha aliança sem fim.
Portanto, não eram apenas os de descendência física do povo de Israel que eram circuncidados, mas também os escravos por eles comprados, que viviam entre eles. A presença ou a ausência de vida espiritual interior não fazia nenhuma diferença para alguém ser circuncidado. Assim (Gn 17.23):
Naquele mesmo dia, Abraão tomou Ismael, seu filho, e todos os indivíduos do sexo masculino em sua casa, tanto os nascidos ali como os comprados, e os circuncidou, removendo o prepúcio, como Deus havia ordenado.
Devemos considerar que a circuncisão foi dada a cada homem (ou menino) que vivia no meio do povo de Israel, embora a verdadeira circuncisão seja algo interior e espiritual, conforme declarou Paulo (Rm 2.29):
Judeu verdadeiro é quem o é no íntimo, e circuncisão verdadeira é a do coração, feita pelo Espírito, e não pela letra da lei, recebendo assim a aprovação de Deus, e não das pessoas.
Além disso, Paulo escreveu explicitamente que “nem todos os descendentes de Israel pertencem, de fato, ao povo de Deus” (Rm 9.6). Todavia, mesmo entre os homens adultos, a circuncisão era aplicada a todos, não apenas aos que davam prova de fé interior verdadeira.
Batismo, portanto, não é paralelo à circuncisão, pois representa uma realidade espiritual que a circuncisão física não se preocupou em definir.
b) O batismo representa uma realidade espiritual
Sob a nova aliança a situação é muito diferente. O Novo Testamento não fala de uma “comunidade da aliança” constituída de convertidos maisos filhos, parentes e servos descrentes que estejam vivendo entre eles. De fato, na discussão do batismo, a frase “comunidade da aliança” usada pelos pedobatistas tende com frequência a funcionar como um termo genérico e vago que obscurece as diferenças entre o Antigo e o Novo Testamento nessa questão.) No Novo Testamento, a única questão que importa é ter fé salvadora e ser incluído no corpo de Cristo, a verdadeira igreja. A única “comunidade da aliança” discutida é a igreja, a comunidade dos redimidos.
Mas como alguém se torna membro da igreja?
O meio de ingresso na igreja é voluntário, espiritual e interior. Alguém torna-se membro da verdadeira igreja através do nova nascimento, comprovado através de arrependimento e fé salvadora, e não de um nascimento físico. É bem verdade que o batismo é o sinal de ingresso na igreja, por isso ele deve ser ministrado aos que dão prova de serem membros da igreja, somente os que professam fé em Cristo.
Não há no Novo Testamento qualquer referência à “comunidade da aliança”, indicando que filhos não crentes de pais convertidos são membros da nova aliança, e que, portanto, devem ser batizados. Nada disso é achado. Pelo contrário, o que se vê no Novo Testamento é que o batismo simboliza o novo nascimento, a união com Cristo.
Não devemos ficar surpresos com o fato de ter havido uma mudança do modo de ingressar na comunidade da aliança no Antigo Testamento(nascimento físico) para o modo de ingressar na igreja no Novo Testamento(nascimento espiritual). Há muitas mudanças análogas entre a antiga e a nova aliança também em outros casos.
Por exemplo: enquanto os israelitas alimentavam-se do manáfísico no deserto, os crentes do Novo Testamento se alimentavam de Jesus Cristo, o verdadeiro pão que desce do céu (Jo 6.48-51); os israelitas beberam águaque jorrou da rocha no deserto, mas os que crêem em Cristo bebem da água viva da vida eterna que ele dá (Jo 4.10-14); a antiga dispensação da aliança tinha um templomaterial ao qual Israel se dirigia para cultuar, mas na nova dispensação da aliança os cristãos são edificados para serem um templo espiritual (1Pe 2.5); os crentes da antiga aliança ofereciam sacrifíciosde animais e de colheitas num altar, mas os do Novo Testamento oferecem “sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por meio de Jesus Cristo”(1Pe 2.5; cf. Hb 13.15-16); os crentes da antiga aliança receberam de Deus a terra física de Israelque ele lhes tinha prometido, mas os crentes do Novo Testamento receberam“uma pátria superior, isto é, celestial”(Hb 11.16); do mesmo modo, na antiga aliança aqueles que eram semente física ou descendentes de Abraãoeram membros do povo de Israel, mas no Novo Testamento os que são “semente” ou descendentes espirituais de Abraão pela fé são membros da igreja (Gl 3.29; cf. Rm 4.11-l2).
Em todos esses contrastes vemos a verdade da distinção que Paulo enfatiza entre a a antiga e a nova aliança. Os elementos e as atividades materiais da antiga aliança eram apenas “sombra das coisas que haviam de vir”, mas a verdadeira realidade, a “substância”, é encontrada no relacionamento da nova aliança que temos em Cristo (Cl 2.17).
Portanto, é coerente que os meninos fossem automaticamente circuncidados na antiga aliança, visto que a descendência e a presença físicas deles na comunidade do povo judeu mostrava que eles eram membros daquela comunidade, na qual a fé não era um requisito de ingresso. Todavia, na nova aliança é apropriado que as crianças não sejam batizadas e que o batismo seja ministrado apenas aos que dão prova de fé salvadora genuína, porque ser membro da igreja está baseado em uma realidade espiritual interna e não na descendência física.
c) O batismo de famílias
Pois bem, o batismo não é paralelo à circuncisão, pois o batismo simboliza uma realidade espiritual inteira (novo nascimento que se comprova pelo arrependimento e fé); batismo não se baseia em descendência física. E os batismos de famílias no NT?
Os casos de batismo de famílias no Novo Testamento não são realmente decisivos em favor de uma ou de outra posição. No entanto, quando olhamos mais de perto, vemos que em alguns dos casos há sim indicações de fé salvadora por parte dos batizados.
i) A família do carcereiro de Filipos
Por exemplo, é verdade que a família do carcereiro de Filipos foi batizada (At 16.33), mas também é verdade que Paulo e Silas “lhe pregaram a palavra de Deus e a todos os de sua casa”(At 16.32). Se a Palavra do Senhor foi pregada a todos os da casa, há uma pressuposição de que todos tinham idade suficiente para entender a palavra e crer nela.
Além disso, depois que a família foi batizada, lemos que o carcereiro de Filipos, “com todos os seus, manifestava grande alegria, por terem crido em Deus”(At 16.34). Portanto, temos não apenas o batismo da família, mas também a aceitação da Palavra de Deus por parte da família e grande alegria na fé igualmente por parte da família. Esses fatos indicam com muita clareza que toda a família demonstrou fé em Cristo, individualmente.
ii) A casa de Estéfanas
Com respeito ao fato de que Paulo batizou “a casa de Estéfanas”(1Co 1.16), precisamos também notar que Paulo diz no final de 1Coríntios que “a casa de Estéfanas eram as primícias da Acaia e que se consagraram ao serviço dos santos”(1Co 16.15). Logo, eles não foram apenas batizados; eram também convertidos e tinham trabalhado, servindo outros cristãos. Uma vez mais o exemplo de batismo de famílias indica fé de famílias, individualmente.
iii) Todos da casa creram
Na verdade, há outros exemplos em que o batismo não é mencionado, nos quais vemos testemunho explícito do fato de que uma família inteira demonstrou fé. Por exemplo, depois que Jesus curou o filho de um oficial, lemos que o próprio pai “creu e toda a sua casa“(Jo 4.53). Semelhantemente, quando Paulo pregou em Corinto, “Crispo, o principal da sinagoga, creu no Senhor, com toda a sua casa”(At 18.8). De novo, fé individual.
iv) A casa de Lídia
Isso significa que de todos os exemplos de “batismos de famílias“ no Novo Testamento, o único que não mostra alguma indicação de fé também da família é Atos 16.14-15, que fala de Lídia: “O Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia. Depois de ser batizada, ela e toda a sua casa…”. O texto simplesmente não contém informação alguma sobre se havia crianças na casa de Lídia ou não. O texto é ambíguo e não há evidência clara em favor do batismo infantil. A passagem por si só deve ser considerada inconcludente ou deveria ser interpretada à luz dos outros episódios já apresentados; ou seja, a fé individual precedeu ao batismo de todos na casa de Lídia.
v) A promessa de Pedro: “e para vossos filhos”
Com respeito à declaração de Pedro no Pentecostes, “a promessa é para vós outros e para vossos filhos”, devemos observar que a proposição prossegue: “Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar”(At 2.39). Além disso, o mesmo parágrafo especifica não que os filhos de cristãos e de descrentes eram batizados, mas sim que “os que lhe aceitaram a palavra foram banzados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas”(At 2.41).
d) O benefício do batismo
Outro argumento que faz objeção à posição pedobatista (batismo infantil) pode ser apresentado quando fazemos uma simples pergunta: “O que fazo batismo?” Em outras palavras, podemos perguntar: “O que o batismo de fato efetua?” “Que benefício ele traz?”.
Os católicos romanostêm uma resposta clara para essa pergunta: o batismo produz regeneração. E os batistas têm também uma resposta clara: o batismo simboliza o fato de que ocorreu regeneração interna.
Os pedobatistas reformados, porém, não podem adotar nenhuma dessas respostas. Eles não afirmam que o batismo produz regeneração, nem poderiam dizer (com respeito às crianças) que simboliza uma regeneração já ocorrida. Apesar de que alguns pedobatistas protestantes presumemque ocorreu regeneração (e a evidência será vista mais tarde). Outros, inclusive muitos episcopais e luteranos, diriam que ocorre sim regeneração na hora do batismo.
A única alternativa de fato parece ser dizer que simboliza uma regeneração que ocorrerá no futuro, quando a criança já tiver idade suficiente para exercer fé salvífica. Mas até mesmo isso não resolve inteiramente a questão, porque não se pode ter certeza de que a criança será regenerada no futuro — algumas crianças batizadas nunca chegam à fé salvífica mais tarde. Assim, argumenta Wayne Grudem, a melhor explicação pedobatista do simbolismo do batismo é que ele simboliza uma provável regeneração futura. Ou seja: batismo não produz regeneração, nem simboliza regeneração real; portanto, deve ser entendido como símbolo de uma regeneração provável em algum tempo no futuro.
Mas nesse ponto parece claro que a compreensão pedobatista do batismo é bem diferente da concepção do Novo Testamento, que nunca vê o batismo como algo que simboliza uma provável regeneração futura.
Os autores do Novo Testamento não dizem: “Pode alguém negar a água do batismo aos que provavelmente serão salvos um dia?”(Pedro, na verdade, diz assim: “Pode alguém se opor a que eles sejam batizados agora que, como nós, também receberam o Espírito Santo?”— At 10.47).
Os apóstolos também não dizem: “Todos quantos fostes batizados em Cristo algum dia de Cristo vos revestireis”(Paulo, na verdade, diz assim: “Todos que foram unidos com Cristo no batismo se revestiram de Cristo.”— Gl 3.27).
No Novo Testamento também não se diz: “Porventura ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus algum dia provavelmente seremos batizados na sua morte?“(Paulo, na verdade, diz assim: “Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?”— Rm 6.3).
Simplesmente esse não é o modo usado pelo Novo Testamento para falar do batismo. Batismo no Novo Testamento é um sinal do novo nascimento, da purificação do pecado e do início da vida cristã. Parece adequado, portanto, reservar esse sinal para os que dão prova de que isso é de fato verdadeiro em suas vidas.
Para outros detalhes importantes nesta discussão, indicamos a Teologia Sistemática de Wayne Grudem, especialmente o capítulo sobre batismo. Excelente complemento histórico para a discussão bíblica é a obra de Gregg R. Allison, Teologia Histórica. Ambos publicados pela Editora Vida Nova.
O significado do batismo
Nós batistas cremos que o batismo não somente simboliza a morte e a ressurreição de Cristo, como vimos noutras mensagens, mas também simboliza a aplicação da redenção a nós, como resultado de nosso arrependimento e resposta de fé. O batismo representa o fato de que fomos unidos com Cristo em sua morte e ressurreição, e o lavar da água simboliza que fomos purificados de nossos pecados.
Nossa Declaração Doutrinária diz assim:
Batismo consiste na imersão do crente em água, após sua pública profissão de fé em Jesus Cristo como Salvador único, suficiente e pessoal. Simboliza a morte e sepultamento do velho homem e a ressurreição para uma nova vida em identificação com a morte, sepultamento e ressurreição do Senhor Jesus Cristo e também prenúncio da ressurreição dos remidos. O batismo, que é condição para ser membro de uma igreja, deve ser ministrado sob a invocação do nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Importância do tema
Por que nos preocupamos em esclarecer a doutrina do batismo, especialmente numa época onde discordar é sinônimo de intolerância e para viver bem, todo mundo concorda com tudo e com todos, a qualquer custo?
Primeiro, por que somos protestantespor natureza; protestamos com graça e verdade contra todo erro doutrinário que possa, de alguma forma, trazer consequência eterna para as pessoas. Segundo, por que o princípio da Reformaé claro: igreja reformada, sempre reformando, sempre buscando à luz da Escritura a forma correta de ser e de viver igreja. Terceiro, porque embora não seja necessário para a salvação, uma doutrina equivocada do batismo pode sim contribuir para o tropeço de alguns.
O perigo do pedobatismo católico
Católicos, por exemplo, creem que o batismo salva; salvação para o católico é você se colocar debaixo dos sacramentos da igreja; a igreja salva você, em última instância. O Novo Testamento, porém, ensina que salvação é pela graça e por meio da fé; é dom de Deus; Deus salva você, em última instância. Batismo é consequência da salvação. Batismo não é a causa da salvação. Salvos por Deus em Cristo, pela graça e por meio da fé, crentes são batizados para dar pública profissão de fé.
Um perigo do pedobatismo protestante
Por outro lado, protestantes pedobatistas, de fato, não creem em regeneração batismal; não creem que batismo salva. Porém, a prática do pedobatismo na igreja de hoje, muitas vezes, pode levar pessoas batizadas na infância a presumir que foram regeneradas, e assim não sentem a urgência da necessidade que têm de professarem fé pessoal em Cristo. Em alguns anos, essa tendência poderá resultar em número crescente de membros não convertidos na “comunidade da aliança”, os quais não são verdadeiramente membros da igreja de Cristo.
Naturalmente, isso não fará de uma igreja pedobatista uma falsa igreja, mas a poderá tornar uma igreja menos pura, que com frequência enfrentará dificuldades doutrinárias ou outros sinais de incredulidade trazidos para a igreja pelos membros não regenerados. Veja, por exemplo, o caso da demissão de Jonathan Edwards de sua igreja (pedobatista) por tentar requerer que os membros apresentassem evidência de salvação como requisito para participar da ceia do Senhor. Wilson Porte Jr. escreveu:
Edwards pretendia uma visibilidade da salvação. Ele redefine a santidade visível como um critério para a membresia na igreja, e, consequentemente, para a participação na Ceia do Senhor. Para Edwards, nas Escrituras, não havia dois tipos de santos, mas apenas pessoas convertidas e [não convertidas]. Em dezembro de 1748, Edwards diz a um candidato à membresia e à Ceia que ele deveria professar ser um cristão antes de se tornar um comungante. Tal pessoa, após consultar outros acerca de tal postura do pastor, recusou. Edwards, naquele período, escreveu que sabia “que, se eu persistir em meus princípios, eu devo não continuar mais como o pastor desta igreja”.
Tudo isso porque Edwards desejava “purificar” a membresia da igreja. É sempre muito difícil manter pura uma igreja. Mais difícil ainda é quando pessoas batizadas na infância presumem que foram regeneradas, e assim não sentem a urgência da necessidade que têm de virem a ter fé pessoal em Cristo. Pedobatismo parece sim aumentar o número de não convertidos na igreja.
E quanto aos membros não convertidos de igrejas batistas? De fato, existem membros não crentes em igrejas credobatistas, mas as chances são menores, principalmente quando a igreja leva a sério e pratica a disciplina eclesiástica.
Amamos nossos irmãos protestantes pedobatistas,mas discordamos deles com amor e respeito no quesito batismo infantil. Seguiremos unidos em fé, esperança e amor, apesar de nossa discórdia batismal. Fomos salvos pela mesma graça e servimos ao mesmo Cristo. Apenas que para nós, batismo é profissão pública de fé salvadora em Jesus Cristo e não símbolo da aliança.
Também amamos nossos amigos católicos; e por isso, com graça e verdade, dizemos que os sacramentos da igreja não levam ninguém para o céu. Cristo nos leva para o céu. Batismo não salva. Somos salvos pela graça e por meio da fé em Jesus Cristo. Nosso batismo, após confissão de fé, é apenas profissão de fé.
S.D.G. L.B.Peixoto
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