08.09.2024
Êxodo 12.6-7, 12-14 (NVT)
6“Guardem bem o [cordeiro ou cabrito] escolhido até a tarde do décimo quarto dia do primeiro mês. Nesse dia, toda a comunidade de Israel sacrificará seu cordeiro ou cabrito ao anoitecer. 7Em seguida, tomarão um pouco do sangue e o passarão nos batentes laterais e no alto das portas das casas onde comerem o animal. […] 12Nessa noite, passarei pela terra do Egito e matarei todos os filhos mais velhos e todos os primeiros machos dentre os animais na terra do Egito. Executarei juízo sobre todos os deuses do Egito, pois eu sou o Senhor. 13Mas o sangue nos batentes das portas servirá de sinal e marcará as casas onde vocês estão. Quando eu vir o sangue, passarei por sobre aquela casa. E, quando eu ferir a terra do Egito, a praga de morte não os tocará. 14“Este será um dia a ser recordado. Todo ano, de geração em geração, vocês o celebrarão como festa especial para o Senhor. Essa é uma lei permanente.
A MEMÓRIA de um povo é um dos alicerces que sustentam tanto sua identidade individual quanto coletiva. Não se trata apenas de uma coleção de histórias antigas ou de costumes há muito estabelecidos; a memória de um povo é o fio invisível que tece o tecido da cultura, transmitindo, de geração em geração, as experiências, os valores e as tradições que moldam tanto a essência de um indivíduo quanto a de uma comunidade. Preservar a memória é honrar os ritos e as narrativas que dão vida à história, permitindo que ela continue a iluminar o presente e a pavimentar o futuro.
Nesse cenário, OS MEMORIAIS emergem como pilares fundamentais. Eles não são meramente relatos de memórias antigas, monumentos silenciosos ou rituais repetidos sem sentido. Pelo contrário, são templos da reflexão, onde passado e presente se encontram, iluminando com esperança o caminho para o futuro. Nesses espaços ou nessas lembranças, a memória adquire forma e se torna pedagoga; ali, somos convidados a nos lembrar e a aprender, a construir e a edificar, sempre ancorados nas lições e nas marcas que a tradição nos legou.
NA TRADIÇÃO JUDAICO-CRISTÃ, os memoriais carregam um significado profundo, enraizado na preservação da fé, da história e da aliança entre Deus e seu povo. Não se limitam a representações físicas; os memoriais são símbolos poderosos que ecoam as verdades espirituais, conectando o presente ao eterno e moldando a identidade daqueles que seguem o caminho da fé. A cada memorial, a lembrança de Deus se fortalece, ancorando corpo e alma na fé e na esperança.
Desde o princípio, ESSES MEMORIAIS surgem como marcos que atravessam gerações, começando com a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal, cujo fruto trouxe a primeira grande lição sobre obediência e consequência (Gn 2.9, 17). O arco-íris, por sua vez, não é apenas um fenômeno da natureza, mas o selo visível de uma promessa imutável de misericórdia e renovação (Gn 9.12-17). A circuncisão, em sua profundidade, tornou-se o sinal do pacto entre Deus e Abraão, um lembrete gravado na carne da fidelidade do judeu (Gn 17.9-14).
Seguindo o curso da história, a Páscoa (Êx 12.1-14) surge como o maior memorial da redenção, um ato de graça divina que ecoa na memória do povo, que foi celebrado em cada geração como testemunho da salvação. O tabernáculo (Êx 25.1ss.), com sua majestade terrena, apontava para a presença divina habitando entre o povo da aliança, assim como a arca da aliança (Êx 25.10-22), símbolo do pacto e da santidade, guardiã das tábuas da lei.
No Jordão, as pedras erguidas (Js 4.1-7) eternizaram o milagre da travessia, recordando a provisão de Deus ao levar seu povo à terra prometida. Mais tarde, o templo (1Rs 6–7; 2Cr 3–7), com suas colunas de ouro e cedro, erguido em Jerusalém, tornou-se o coração de adoração e sacrifício, um lugar onde o céu e a terra se tocavam.
Mas é na cruz (Gl 6.14) que o maior dos memoriais se encontra, onde o amor e a justiça de Deus se entrelaçam de forma incompreensível, transformando para sempre a relação entre o Criador e sua criação. O batismo (Mt 28.19-20), por sua vez, torna-se o sinal de uma nova vida, uma imersão na morte e ressurreição de Cristo. Na ceia do Senhor (Lc 22.19-20), o pão e o vinho renovam, a cada geração, a lembrança do sacrifício de Cristo e da comunhão com Deus comprada pelo sangue do Cordeiro imolado.
Entre esses memoriais, o casamento (Ef 5.22-33) brilha como uma aliança sagrada, espelho do relacionamento entre Cristo e sua Igreja, enquanto o Cordeiro e o Leão (Is 53.7; Jo 1.29; Ap 5.5-6) resumem a plenitude de quem Cristo é: o sacrifício manso que remove o pecado do mundo e o rei soberano que há de reinar para sempre. E, finalmente, o domingo (Ap 1.10), o Dia do Senhor, não é apenas uma tradição, mas um lembrete semanal da ressurreição, o dia em que a vitória sobre a morte foi selada para toda a eternidade. Esses memoriais não apenas nos convidam a recordar, mas a viver com propósito, ancorados na aliança que Deus selou com seu povo desde o princípio.
DE TODOS OS SÍMBOLOS OU MEMORIAIS BÍBLICOS, o Cordeiro de Deus é central na fé judaico-cristã. A imagem do Cordeiro, puro e manso oferecido em sacrifício, é o eixo sobre o qual gira a redenção, pois é em Cristo que a expiação final e perfeita se cumpre para o perdão dos pecados. Desde os dias do Êxodo, o cordeiro imolado na Páscoa, cujo sangue foi passado sobre as portas das casas dos israelitas (Êx 12.1ss.), prefigurava o grande ato de libertação que viria na cruz. Assim como o sangue protegeu o povo da morte naquela noite em que Deus livrou seu povo do Egito, o sangue do Cordeiro de Deus traz salvação eterna.
Essa realidade é contemplada de maneira majestosa na VISÃO CELESTIAL DE JOÃO, registrada no Apocalipse. Aproximadamente trinta e cinco vezes, o Cordeiro é mencionado no último livro da Bíblia, ocupando um lugar central no louvor e adoração que ecoam pelos céus. Ali, o Cordeiro não é apenas o símbolo do sacrifício passado, mas o Cordeiro vivo, exaltado e vitorioso, celebrado pelo que fez em favor de seu povo. Seu sacrifício ecoa por toda a eternidade, sendo o centro da adoração celestial e o ponto de convergência de toda a história da redenção:
Apocalipse 5.11-12 (NVT)
11Então olhei novamente e ouvi as vozes de milhares e milhões de anjos ao redor do trono, e também dos seres vivos e dos anciãos. 12Cantavam com forte voz:
“Digno é o Cordeiro que foi sacrificado
de receber poder e riqueza,
sabedoria e força,
honra, glória e louvor!”.
E esse cântico será entoado pelos crentes ao longo de toda a eternidade. A adoração ao Cordeiro imolado não terá fim, ressoando como um memorial eterno nos corações daqueles que foram redimidos. Quando se lê em Êxodo 12.14: “Este será um dia a ser recordado [o dia do sacrifício do cordeiro]. Todo ano, de geração em geração, vocês o celebrarão como festa especial para o Senhor. Essa é uma lei permanente”, entende-se que essa celebração transcende o tempo. O que foi instituído no Êxodo, como uma lembrança contínua da libertação do Egito, ecoa de forma ainda mais profunda no Apocalipse, apontando para o Cordeiro que foi sacrificado desde a fundação do mundo.
Assim será, conforme o que está revelado em Apocalipse, onde o Cordeiro permanece para sempre no centro do trono, adorado por anjos e crentes, em uma eterna celebração do sacrifício que trouxe vida a todos os que creem. O sacrifício do Cordeiro, ou a história do Cordeiro imolado, será um memorial perpétuo, não apenas relembrado na terra, mas entoado e celebrado por toda a eternidade no reino dos céus.
A história começa em Êxodo. Na verdade, ela começa em Gênesis 3.15, onde o SENHOR diz a Satanás: “Farei que haja inimizade entre você e a mulher, e entre a sua descendência e o descendente dela. Ele lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar”. Em Êxodo, no entanto, está o relato de como o SENHOR, para preservar a aliança entre ele e Israel como nação escolhida – uma aliança feita, inicialmente, com Abraão em Gênesis –, exigiu a libertação do povo da escravidão egípcia e a obediência desse povo por meio das estipulações da aliança mosaica, na entrega da Lei no Sinai. E o que garantiu o livramento desse povo – tanto da escravidão no Egito como da sentença de morte – foi o sangue do cordeiro imolado. A história começou assim – recapitulemos o que já vimos.
Êxodo 1. Êxodo começa de onde Gênesis parou. Deus estava cumprindo sua promessa da aliança, abençoando os filhos de Israel – preservando-os da fome e fazendo-os se multiplicarem –, embora estivessem temporariamente no Egito. No entanto, um novo faraó surgiu na terra da pirâmides, revelando-se um tirano dos piores que já havia existido e, pior ainda, um maníaco genocida, odiando os israelitas com todas as suas forças, pois – apesar da escravidão pesada e de todas as ameaças de extinção – eles já representavam praticamente metade da população do Egito.
Êxodo 2.1–4.31. Deus decidiu que era hora de agir. Então, em silêncio, nos bastidores, o SENHOR começou a executar seu plano de redenção. Fez isso por meio do livramento de Moisés das águas do Nilo, de sua formação durante quarenta anos no palácio de Faraó e no melhor da cultura egípcia, de sua simpatia pelo povo hebreu oprimido, de sua tentativa desastrosa de livrar Israel matando um egípcio opressor de cada vez e, depois de fugir do Egito, de seus quarenta anos no deserto, pastoreando ovelhas e cuidando da família. Em tudo isso, Deus preparou Moisés para guiar os filhos de Israel até a terra prometida. Mesmo que Moisés se tenha mostrado insuficiente e relutante em aceitar a missão, o SENHOR – do meio de uma sarça que ardia no fogo e não se consumia – comissionou-o e enviou-o ao Egito. Juntamente com Arão, seu irmão, Moisés partiu e ganhou a simpatia dos anciãos de seu povo. Assim terminou o nosso texto bíblico da mensagem passada:
Êxodo 4.29-31 (NVT)
29Então Moisés e Arão voltaram ao Egito e convocaram uma reunião com todos os líderes de Israel. 30Arão lhes comunicou tudo que o SENHOR tinha dito a Moisés, que realizou os sinais diante deles. 31O povo de Israel se convenceu de que o SENHOR tinha enviado Moisés e Arão. Quando ouviram que o SENHOR se preocupava com eles e tinha visto seu sofrimento, prostraram-se e o adoraram.
Esse foi o preâmbulo da história da salvação.
A história da redenção prosseguirá, e, para isso, o SENHOR agirá para a completa humilhação do Egito e de seus deuses diante dele, bem como para a preservação de Israel. Tudo começará com as confrontações entre Moisés e Faraó, que resultarão no crescente endurecimento do coração dele e na intensificação das dificuldades para os israelitas (5.1–7.13). Note o crescente desdém, a zombaria e os castigos por parte de Faraó.
O primeiro pedido de Moisés a Faraó
Êxodo 5.1-5 (NVT)
1Depois disso, Moisés e Arão foram ver o faraó e declararam: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Deixe meu povo sair para celebrar uma festa em minha honra no deserto’”.
2“Quem é o Senhor?”, retrucou o faraó. “Por que devo dar ouvidos a ele e deixar Israel sair? Não conheço o Senhor e não deixarei Israel sair.”
3Então Arão e Moisés disseram: “O Deus dos hebreus se encontrou conosco. Portanto, deixe-nos fazer uma viagem de três dias ao deserto para oferecermos sacrifícios ao Senhor, nosso Deus. Do contrário, ele nos castigará com alguma praga ou pela espada”.
4O rei do Egito respondeu: “Moisés e Arão, por que distraem o povo de suas tarefas? Voltem ao trabalho! 5Olhem! Há muitos do seu povo nesta terra, e vocês os estão impedindo de trabalhar!”.
Faraó aumenta a carga de trabalho dos israelitas
Êxodo 5.6-18 (NVT)
6Naquele mesmo dia, o faraó deu a seguinte ordem aos capatazes egípcios e aos supervisores israelitas: 7“Não forneçam mais palha para o povo fazer tijolos. De agora em diante, eles mesmos devem juntá-la! 8No entanto, continuem a exigir que produzam a mesma quantidade de tijolos que antes. Não reduzam a cota. Eles são preguiçosos e, por isso, clamam: ‘Deixe-nos sair para sacrificar ao nosso Deus’. 9Aumentem a carga de trabalho deles e cobrem o cumprimento das tarefas. Isso os ensinará a não dar ouvidos a mentiras!”.
10Os capatazes e os supervisores saíram e informaram o povo: “Assim diz o faraó: ‘Vocês não receberão mais palha. 11Saiam e juntem-na onde puderem encontrá-la. No entanto, continuarão a produzir a mesma quantidade de tijolos que antes’ ”. 12Então o povo se espalhou por toda a terra do Egito para juntar a palha que sobrava das colheitas.
13Enquanto isso, os capatazes egípcios continuavam a pressioná-los: “Completem sua cota diária de tijolos, como faziam quando nós lhes fornecíamos palha!”. 14E açoitavam os supervisores israelitas que haviam sido encarregados das equipes de trabalhadores. “Por que não completaram as cotas nem ontem nem hoje?”, perguntavam.
15Então os supervisores israelitas foram suplicar ao faraó: “Por favor, não trate seus servos desse modo. 16Não recebemos palha, mas os capatazes continuam a exigir: ‘Façam tijolos!’. Somos açoitados constantemente, mas a culpa é do seu próprio povo!”.
17O faraó, porém, gritou: “Vocês são preguiçosos! Preguiçosos! Por isso, andam dizendo: ‘Deixe-nos sair para oferecer sacrifícios ao Senhor’. 18Voltem agora mesmo ao trabalho! Não receberão palha, mas terão de produzir a mesma cota de tijolos”.
Os israelitas culpam Moisés pela mão pesada de Faraó e ele se queixa a Deus
Êxodo 5.19-23 (NVT)
19Quando os supervisores israelitas ouviram: “Vocês não poderão reduzir a quantidade de tijolos produzidos por dia”, perceberam que estavam em sérios apuros. 20Ao sair do palácio do faraó, encontraram Moisés e Arão, que os esperavam do lado de fora. 21Eles disseram aos dois irmãos: “O Senhor os julgue e os castigue por terem feito o faraó e seus oficiais nos odiarem. Vocês colocaram uma espada na mão deles e lhes deram uma desculpa para nos matar!”.
22Moisés voltou ao Senhor e disse: “Por que trouxeste toda essa desgraça sobre este povo, Senhor? Por que me enviaste? 23Desde que me apresentei ao faraó como teu porta-voz, ele passou a tratar teu povo com ainda mais crueldade. E tu não fizeste coisa alguma para libertá-lo!”.
Deus refuta Moisés:
Êxodo 6.1-8 (NVT)
1Então o Senhor disse a Moisés: “Agora você verá o que vou fazer ao faraó. Quando ele sentir o peso de minha mão forte, deixará o povo sair. Sim, pelo peso de minha mão forte, fará o povo ir embora de sua terra!”.
2Deus também disse a Moisés: “Eu sou Javé, ‘o Senhor’. 3Apareci a Abraão, Isaque e Jacó como El-Shaddai, ‘o Deus Todo-poderoso’, mas não lhes revelei meu nome, Javé. 4Estabeleci com eles a minha aliança, mediante a qual prometi lhes dar a terra de Canaã, onde viviam como estrangeiros. 5Esteja certo de que ouvi os gemidos dos israelitas, que agora são escravos dos egípcios, e me lembrei da aliança que fiz com eles.
6“Portanto, diga ao povo de Israel: ‘Eu sou o Senhor. Eu os libertarei da opressão e os livrarei da escravidão no Egito. Eu os resgatarei com meu braço poderoso e com grandes atos de julgamento. 7Eu os tomarei como meu povo e serei o seu Deus. Então vocês saberão que eu sou o Senhor, seu Deus, que os libertou da opressão no Egito. 8Eu os levarei à terra que jurei dar a Abraão, Isaque e Jacó. Eu a darei a vocês como propriedade. Eu sou o Senhor!’”.
Moisés refuga diante da ordem de Deus, mas Deus retruca
Êxodo 6.9-12 (NVT)
9Moisés transmitiu ao povo essa mensagem do Senhor, mas eles já não quiseram lhe dar ouvidos. Estavam desanimados demais por causa da escravidão brutal que sofriam.
10Então o Senhor disse a Moisés: 11“Volte ao faraó, o rei do Egito, e diga a ele que deixe o povo de Israel sair de sua terra”.
12“Mas Senhor!”, retrucou Moisés. “Os israelitas já não querem me dar ouvidos. Como posso esperar que o faraó me escute? Tenho tanta dificuldade para falar! [tenho lábios incircuncisos, língua presa]”
13O Senhor, porém, falou com Moisés e Arão e lhes deu ordens, sobre os israelitas e sobre o faraó, rei do Egito, para tirarem o povo de Israel do Egito.
Na sequência do texto – Êxodo 6.13–7.7 –, a linhagem de Moisés e Arão é apresentada para demonstrar a legitimidade de suas reivindicações como líderes do povo da aliança diante de Faraó. Moisés e Arão então se apresentam diante de Faraó pela segunda vez. A situação, entretanto, agrava-se consideravelmente.
Êxodo 7.8-13 (NVT)
8O Senhor disse a Moisés e a Arão: 9“O faraó exigirá: ‘Mostre-me um milagre’. Quando ele o fizer, diga a Arão: ‘Tome sua vara e jogue-a no chão, na frente do faraó, e ela se transformará numa serpente’ ”.
10Então Moisés e Arão foram ver o faraó e fizeram conforme o Senhor havia ordenado. Arão jogou a vara no chão, diante do faraó e de seus oficiais, e ela se transformou numa serpente. 11O faraó mandou chamar seus sábios e feiticeiros e, por meio de suas artes mágicas, esses magos egípcios fizeram a mesma coisa: 12jogaram suas varas no chão, e elas também se transformaram em serpentes. Mas a vara de Arão engoliu as varas dos magos. 13O coração do faraó, porém, permaneceu endurecido. Ele continuou se recusando a ouvir, exatamente como o Senhor tinha dito.
Êxodo 7.14–11.10. Será, portanto, inevitável a completa humilhação do Egito por meio de uma série de dez pragas, que são também julgamentos, com as quais o Senhor demonstrará sua superioridade tanto sobre Faraó quanto sobre os deuses do Egito.
As dez pragas revelaram várias características importantes sobre o Deus de Israel, tanto para os israelitas quanto para os egípcios. O SENHOR, Criador dos céus e da terra, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o Deus de Moisés e Arão, é o único soberano e detentor do poder supremo sobre a criação e os elementos da natureza. Ele também tem em suas mãos o coração de reis e governantes – e endurece ou amolece os que ele quiser. Esse Deus é justo, não tolera o mal e julga com poder os opressores de seu povo santo.
As pragas também revelam o compromisso de Deus com sua aliança, por isso ele age cumprindo a promessa feita a Abraão de libertar seus descendentes da escravidão. Cada praga, portanto, reforça o propósito de Deus em proteger e libertar seu povo escolhido, evidenciando sua fidelidade à aliança.
Por incrível que pareça, as pragas também revelam a paciência e misericórdia divinas. Apesar de o faraó continuamente endurecer o coração e negar a liberdade ao povo de Israel, Deus decretou uma série de oportunidades para o soberano do Egito se arrepender antes de desencadear as pragas mais devastadoras, como a morte dos primogênitos. Isso mostra a paciência divina, mesmo diante da desobediência e do orgulho.
As pragas permitiram ainda que se perceba a distinção que Deus faz entre seu povo escolhido e os demais povos. Em várias pragas, especialmente a partir da quarta, Deus distinguiu entre os israelitas (o povo da aliança) e os egípcios (os opressores do povo da aliança), preservando seu povo dos efeitos das pragas. Isso revelou que Deus protegeu e cuidou dos que guardaram sua aliança, reforçando a identidade de Israel como sua nação especial.
Assim, as dez pragas mostram um Deus poderoso, justo, fiel, paciente e protetor, que age com propósito e cuidado em favor de seu povo — e humilha todos os orgulhosos. Preste atenção em como termina esta seção de Êxodo, antes da pancada fatal:
Êxodo 11.9-10 (NVT)
9O Senhor tinha avisado a Moisés: “O faraó não lhe dará ouvidos, por isso farei milagres ainda mais poderosos na terra do Egito”. 10Moisés e Arão fizeram todos esses milagres na presença do faraó, mas o Senhor lhe endureceu o coração, e ele se recusou a deixar o povo de Israel sair de sua terra.
E por que Deus agiu assim?
Ele mesmo explica por quê, lá no preâmbulo das dez pragas:
Êxodo 7.1-5 (NVT)
1Então o Senhor disse a Moisés: “Preste atenção ao que vou dizer. Eu o farei parecer Deus para o faraó, e Arão, seu irmão, será seu profeta. 2Diga a Arão tudo que eu lhe ordenar, e Arão mandará o faraó deixar o povo de Israel sair de sua terra. 3Contudo, endurecerei o coração do faraó e depois multiplicarei meus sinais e maravilhas na terra do Egito. 4Mesmo assim, o faraó se recusará a ouvi-lo, de modo que farei minha mão pesar sobre o Egito. Então resgatarei meu exército – meu povo, os israelitas – da terra do Egito com grandes atos de julgamento. 5Quando eu levantar minha mão e tirar os israelitas do meio deles, os egípcios saberão que eu sou o Senhor”.
Deus, em tudo o que faz, age para exaltar a sua supremacia sobre tudo e todos – até quando ele humilha os poderosos e orgulhosos, até quando ele desmascara os falsos deuses –, exaltando assim sua própria glória para ser desfrutada. Isso é amor.
Êxodo 12. Neste ponto da narrativa – com o faraó e os falsos deuses humilhados e desmascarados –, o palco para se imolar o cordeiro estava montado. Ou seja, o plano de Deus para a redenção de seu povo incluía a celebração desse livramento por meio de um sacrifício substitutivo na ocasião em que o juízo divino definitivo (a décima praga) seria sentido em todo o Egito (12.1-36).
Agora note: a morte dos primogênitos criou o caos em todo o Egito, enquanto o povo da aliança desfrutava da salvação pelo sangue do cordeiro imolado. É arrepiante!
Êxodo 12.23, 28-29 (NVT)
23pois o Senhor passará pela terra para ferir mortalmente os egípcios. Mas, quando ele vir o sangue nas laterais e no alto da porta, passará por sobre aquela casa. Não permitirá que o anjo da morte entre em suas casas para matar vocês. […]
28Assim, o povo de Israel fez conforme o Senhor havia ordenado por meio de Moisés e Arão. 29À meia-noite, o Senhor feriu mortalmente todos os filhos mais velhos da terra do Egito, desde o filho mais velho do faraó, sentado em seu trono, até o filho mais velho do prisioneiro no calabouço. Até mesmo os primeiros machos dentre os animais foram mortos. 30O faraó, todos os seus oficiais e todo o povo egípcio acordaram durante a noite, e ouviu-se um grande lamento em toda a terra do Egito. Não houve uma só casa onde não morresse alguém.
Como resultado, o faraó – “no meio da noite” –, tendo mandado chamar Moisés e Arão, anunciou sua decisão de deixar os israelitas partirem sem qualquer restrição (12.31-32). E mais: os egípcios encorajaram os israelitas a partir, dando-lhes objetos de valor, como o SENHOR havia prometido (12.33-36).
O relato da saída do Egito é comovente – especialmente a nota que diz que o Senhor manteve vigília para o povo da aliança:
Êxodo 12.37-42 (NVT)
37Naquela mesma noite, os israelitas partiram de Ramessés rumo a Sucote. Havia cerca de seiscentos mil homens, além das mulheres e crianças. 38Saiu com eles uma mistura de gente que não era israelita, além de imensos rebanhos de ovelhas, bois e outros animais. 39Com a massa sem fermento que haviam levado do Egito, assaram pães achatados. A massa era sem fermento, pois foram expulsos do Egito com tanta pressa que não tiveram tempo de preparar alimento para a viagem.
40O povo de Israel tinha vivido 430 anos no Egito. 41Na verdade, essa grande multidão do Senhor deixou a terra exatamente no dia em que se completaram os 430 anos. 42O Senhor passou a noite toda em vigília para tirar seu povo do Egito. Essa, portanto, é a noite do Senhor e deverá ser celebrada por todos os israelitas, de geração em geração.
No plano da graça de Deus, até os ‘estrangeiros’ têm seu lugar, desde que se apropriem, pela fé, do sangue do cordeiro imolado. Portanto, as instruções sobre a Páscoa são reafirmadas para orientar os israelitas que participaram do êxodo (12.43-51). Ademais, em Êxodo 13, o povo da aliança como um todo foi orientado a jamais deixar de se consagrar a Deus (13.1-10), de celebrar a Páscoa (13.11-13) e de garantir que os filhos compreenderiam o significado do cordeiro imolado:
Êxodo 13.14-16 (NVT)
14“No futuro, seus filhos lhes perguntarão: ‘O que significa tudo isso?’, e vocês responderão: ‘Com a força de sua mão poderosa, o Senhor nos tirou do Egito, onde éramos escravos. 15O faraó se recusou teimosamente a nos deixar sair, por isso o Senhor matou todos os primeiros filhos homens da terra do Egito, e também os machos das primeiras crias dos animais. É por isso que hoje sacrificamos todos os machos das primeiras crias ao Senhor, mas sempre resgatamos os primeiros filhos homens’. 16Essa cerimônia será como uma marca gravada na mão ou um símbolo colocado na testa. É uma lembrança de que a força da mão poderosa do Senhor nos tirou do Egito”.
A partida definitiva de Israel do Egito exigia sua saída por uma rota não egípcia, de modo que o povo não perdesse o ânimo:
Êxodo 13.17-22 (NVT)
17Quando, por fim, o faraó deixou o povo sair, Deus não os conduziu pela estrada principal que corta o território dos filisteus, embora fosse o caminho mais curto. Deus disse: “Se eles tiverem de enfrentar uma batalha, pode ser que mudem de ideia e voltem ao Egito”. 18Por isso, Deus fez o povo dar a volta pelo deserto, rumo ao mar Vermelho. Assim, os israelitas saíram do Egito como um exército preparado para marchar.
19Moisés levou consigo os ossos de José, pois José havia feito os filhos de Israel jurarem, dizendo: “Deus certamente virá ajudá-los. Quando isso acontecer, levem meus ossos daqui com vocês”.
20O povo saiu de Sucote e acampou em Etã, à beira do deserto. 21O Senhor ia adiante deles. Durante o dia, guiava-os com uma coluna de nuvem e, durante a noite, fornecia luz com uma coluna de fogo. Isso permitia que caminhassem de dia e de noite. 22E a coluna de nuvem não se afastava do povo durante o dia, nem a coluna de fogo durante a noite.
Êxodo 14. Aqui se verá a prova cabal do SENHOR quanto a seu poder e soberania. Primeiro, ele arrastará para uma armadilha as tropas de um faraó endurecido contra o que Deus mesmo fez parecer aos egípcios que os israelitas não passavam de uma multidão desorientada e perdida no deserto. Faraó, então arrependido por ter deixado o povo ir, partiu com tudo para cima da multidão do êxodo (14.1-9). Moisés, por sua vez, respondeu como fé para superar a visão distorcida que o povo tinha da situação:
Êxodo 14.10-14 (NVT)
10Quando o faraó se aproximava, os israelitas levantaram os olhos e viram os egípcios marchando contra eles. Em pânico, clamaram ao Senhor 11e disseram a Moisés: “Por que você nos trouxe ao deserto para morrer? Não havia sepulturas no Egito? O que você fez conosco? Por que nos forçou a sair do Egito? 12Quando ainda estávamos no Egito, não lhe avisamos que isso aconteceria? Dissemos: ‘Deixe-nos em paz! Continuaremos a servir os egípcios. Afinal, é melhor ser escravo no Egito que ser um cadáver no deserto!’”.
13Moisés, porém, disse: “Não tenham medo. Apenas permaneçam firmes e vejam como o Senhor os resgatará neste dia. Vocês nunca mais verão os egípcios que estão vendo hoje. 14O próprio Senhor lutará por vocês. Fiquem calmos!”.
Deus, então, prometeu prover um meio de escape para Israel através do mar e, assim, glorificar a si mesmo na obstinação pecaminosa dos egípcios:
Êxodo 14.15-18 (NVT)
15Então o Senhor disse a Moisés: “Por que você está clamando a mim? Diga ao povo que marche! 16Tome sua vara e estenda a mão sobre o mar. Divida as águas para que os israelitas atravessem pelo meio do mar, em terra seca. 17Endurecerei o coração dos egípcios, e eles virão atrás de vocês. Mostrarei minha glória por meio do faraó e de suas tropas, seus carros de guerra e seus cavaleiros. 18Quando minha glória se manifestar por meio do faraó e de seus carros de guerra e seus cavaleiros, todo o Egito a verá e saberá que eu sou o Senhor”.
O QUE VEIO A SEGUIR? Primeiro, Deus deu proteção ao povo, colocando a coluna de nuvem e a coluna de fogo entre o acampamento dos israelitas e o dos egípcios (14.19-20). Segundo, Deus aplicou a lição definitiva quanto a seu poder e soberania, destruindo o exército do faraó nas águas do mar Vermelho, ao mesmo tempo que assegurou uma saída para o seu povo:
Êxodo 14.21-33 (NVT)
21Então Moisés estendeu a mão sobre o mar e, com um forte vento leste, o Senhor abriu caminho no meio das águas. O vento soprou a noite toda, transformando o fundo do mar em terra seca. 22E o povo de Israel atravessou pelo meio do mar, caminhando em terra seca, com uma parede de água de cada lado.
23Os egípcios, com todos os seus cavalos, carros de guerra e cavaleiros, perseguiram o povo até o meio do mar. 24Mas, pouco antes de amanhecer, do alto da coluna de fogo e de nuvem o Senhor olhou para o exército dos egípcios e causou grande confusão entre eles. 25Ele travou* as rodas dos carros, dificultando sua condução. “Fujamos daqui, para longe do povo de Israel!”, gritaram os egípcios. “O Senhor está lutando por eles e contra o Egito!”
26Então o Senhor disse a Moisés: “Estenda a mão sobre o mar outra vez, e as águas correrão fortemente de volta a seu lugar e cobrirão os egípcios, seus carros de guerra e seus cavaleiros”. 27Assim, ao amanhecer, Moisés estendeu a mão sobre o mar, e as águas voltaram fortemente a seu lugar. Quando os egípcios tentaram escapar, foram de encontro às águas, e o Senhor os arrastou para dentro do mar. 28As águas voltaram e cobriram todos os carros de guerra e cavaleiros, todo o exército do faraó. Nenhum dos egípcios que havia perseguido os israelitas até o meio do mar sobreviveu.
29O povo de Israel, por sua vez, atravessou pelo meio do mar, em terra seca, enquanto as águas formavam uma parede de cada lado. 30Foi assim que o Senhor libertou Israel das mãos dos egípcios naquele dia, e os israelitas conseguiam ver os cadáveres dos egípcios na praia. 31Quando o povo de Israel viu o grande poder do Senhor contra os egípcios, encheu-se de temor diante dele e passou a confiar no Senhor e em seu servo Moisés.
Êxodo 15.1-22. Chegamos ao final do texto desta noite. PRESTE ATENÇÃO, GENTE – EM RETROSPECTIVA: Houve as pragas que humilharam faraó e os deuses do Egito; depois, a morte dos primogênitos, exceto os daqueles que se refugiaram no sangue do cordeiro imolado; ocorreu o êxodo; faraó caiu em si, enfureceu-se pelo que fez e perseguiu o povo; os exércitos do Egito foram destruídos no mar Vermelho, enquanto Israel foi preservado; e, em tudo, Deus foi glorificado, para o delicioso espanto do povo da aliança. E AGORA? Ora, agora só lhes restava cantar em louvor e adoração. De fato, o primeiro cântico da Bíblia (Êx 15.1-22)! O primeiro cântico da Bíblia é um cântico de redenção!
Êxodo 15.1a (NVT)
1Então Moisés e o povo de Israel entoaram este cântico ao Senhor:
“Cantarei ao Senhor, […]
O cântico de Miriã ecoou o cântico de Moisés ao exaltar o SENHOR por aniquilar os exércitos de faraó no mar:
Êxodo 15.19-21 (NVT)
19Quando os cavalos, os carros de guerra e os cavaleiros do faraó entraram no mar, o Senhor fez as águas do mar voltarem sobre eles. Mas o povo de Israel atravessou pelo meio do mar em terra seca.
20Então a profetisa Miriã, irmã de Arão, pegou um tamborim e todas as mulheres a seguiram, tocando tamborins e dançando. 21E Miriã entoava esta canção:
“Cantem ao Senhor,
pois ele triunfou gloriosamente;
lançou no mar
o cavalo e seu cavaleiro”.
Você lerá a Bíblia de capa a capa e – se a ler com a devida atenção – descobrirá que o objetivo de Deus, desde o início de tudo, é arrancar o nosso louvor. E por quê? Ora, não é porque ele necessite, nem porque seja um megalomaníaco. É simplesmente porque ele soberana, bondosa, perfeita e providencialmente planejou que a glória dele seja magnificada e a nossa alegria amplificada no prazer que sentimos em admirá-lo e adorá-lo.
Pense bem: se Deus, o Deus trino – Pai, Filho e Espírito – é a maior delícia do universo, então redimir-nos, chamar-nos e salvar-nos para que o admiremos e o adoremos, longe de ser uma necessidade de um megalomaníaco obcecado por atenção ou elogios, é um ato majestoso de amor e graça jamais imaginado por qualquer pessoa.
Deus redimiu Israel do Egito pelo sangue do Cordeiro imolado, subjugou os poderosos e os demônios que oprimia seu povo na escravidão, também preservou e conduziu esse povo com mão forte – e este era o seu propósito: cantar ao SENHOR. É para ser assim ainda hoje: Romanos 15.8-13 (NVT)
8Lembrem-se de que Cristo veio para servir aos judeus, a fim de mostrar que Deus é fiel às promessas feitas a seus patriarcas, 9e também para que os gentios glorifiquem a Deus por suas misericórdias, como dizem as Escrituras:
“Por isso eu te louvarei entre os gentios; sim, cantarei louvores ao teu nome”.
10E dizem também:
“Alegrem-se com o povo dele, ó gentios”.
11E ainda:
“Louvem o Senhor, todos vocês, gentios;
louvem-no, todos os povos”.
12E, em outra parte, o profeta Isaías disse:
“Virá o herdeiro do trono de Davi*
e reinará sobre os gentios.
Nele depositarão sua esperança”.
13Que Deus, a fonte de esperança, os encha inteiramente de alegria e paz, em vista da fé que vocês depositam nele, de modo que vocês transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo.
Foi assim com Israel, ao sair do Egito: eles cantaram louvores a Deus pelo Cordeiro imolado; é assim hoje, quando somos redimidos pelo sangue de Cristo: cantamos louvores a Deus; e será assim por toda a eternidade:
Apocalipse 5.11-12 (NVT)
11Então olhei novamente e ouvi as vozes de milhares e milhões de anjos ao redor do trono, e também dos seres vivos e dos anciãos. 12Cantavam com forte voz:
“Digno é o Cordeiro que foi sacrificado
de receber poder e riqueza,
sabedoria e força,
honra, glória e louvor!”.
Venha a Cristo pela fé, encontrando refúgio seguro no seu sangue – o sangue do Cordeiro de Deus. Permita-se ser redimido da escravidão do pecado, e então descubra o profundo encanto de se admirar de seu Deus, dos grandes feitos de suas mãos. E, com o coração transbordando de gratidão e de encanto e de fé, eleve a voz em louvor, cantando ao Cordeiro imolado, cuja obra de redenção ecoa de eternidade a eternidade.
1Coríntios 5.7-8 (NVT)
7Livrem-se do fermento velho, para que sejam massa nova, sem fermento, o que de fato são. Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado [imolado]. 8Por isso, celebremos a festa não com o velho pão, fermentado com maldade e perversidade, mas com o novo pão da sinceridade e da verdade, sem nenhum fermento.
S.D.G. L.B.Peixoto
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