02.10.2022
[Gênesis 1.1] No princípio, Deus criou os céus e a terra.
Alexandrina Vitória foi coroada rainha da Inglaterra – Rainha Vitória – ao 18 anos de idade; e reinou sobre o Reino Unido e a Irlanda por 64 longos anos – de 1837 a 1901. Desde muito novinha ela foi mantida sem o conhecimento de que seria a próxima monarca do Império Britânico. Pensava-se que tal conhecimento na cabeça dela ainda criança e depois no coração dela na adolescência pudesse a estragar. Quando sua tutora finalmente a fez saber que um dia seria rainha, a resposta de Vitoria foi espantosa: “Então eu vou ser boazinha!” Conta-se que não importava onde estivesse ou o que fizesse, Vitória era governada pelo fato de que um dia seria corada rainha da Inglaterra. O conhecimento de sua identidade e de seu destino governou sua vida até sua chegada ao trono.
Da era Vitoriana na Inglaterra, volte-se comigo no tempo para cerca de 1.500 a.C. Coloque-se no lugar de Moisés. Imagine-se liderando mais de dois milhões de refugiados que saíram da escravidão no Egito e estão prestes a entrar em Canaã; terra que há muito tempo Deus prometeu aos seus antepassados. Se foi difícil deixar as garras e os privilégios dos egípcios, se foi difícil peregrinar pelo deserto por cerca de 40 anos antes de possuir a herança, imagine-se prestes a entrar em uma terra onde há gigantes a serem vencidos. As pessoas dessa terra são idólatras e imorais, excedendo a quaisquer padrões de civilidade. Além disso, você sabe que não viverá muito tempo, e não poderá liderar pessoalmente seu povo na conquista dessa terra bem ali diante de seus olhos. Você, então, conclui que, de alguma forma, deverá incutir nessa gente a determinação de não apenas derrotar os oponente e conquistar a terra, mas também de permanecer moral e espiritualmente puros no processo. Como você faria?
O PENTATEUCO – os cinco primeiros livros da Bíblia (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) – foi escrito por Moisés para esse propósito. Moisés havia tirado Israel da escravidão no Egito. Por 40 anos eles vagaram no deserto, muitas vezes resmungando e ameaçando se amotinar e retornar ao Egito. O tempo passou e finalmente eles estavam prestes a entrar na terra prometida, mas Moisés, por causa de descontrole e desobediência ao bater na rocha, ouviu de Deus que ele não poderia entrar com o povo na terra. De fato, com exceção de Josué (sucessor de Moisés) e Calebe, toda a geração adulta que deixou o Egito morreu no deserto. Porém, antes de morrer e de o povo prosseguir para Canaã, Moisés teve a gigantesca tarefa de incutir nessa nova geração tanto a visão de conquistar a terra prometida quanto a necessidade de permanecer fiel a Deus no processo. Moisés, sob a direção de Deus, fez isso escrevendo os primeiros cinco livros da Bíblia – O Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
GÊNESIS, o primeiro desses livros, é o Livro das Origens. O título vem de uma palavra na tradução grega do Antigo Testamento (a Septuaginta ou LXX). No hebraico, a palavra é תּוֹלֵדוֹת – tôledah. No grego, a palavra é γενέσεως (de γενεσις ou gênesis). Já vimos, em mensagem anterior, que esse termo se repete 10 vezes ao longo do livro (2.4; 5.1; 6.9; 10.1; 11.10; 11.27; 25.12; 25.19; 36.1; 36.9; 37.2), mantendo unida, costurada a narrativa histórica composta por Moisés. Esta é a tradução de tôledah ou gênesis: “estas são as gerações de” ou “este é o relato de” ou “estas são as origens (gêneses) de”.
O TEMA DO LIVRO DE GÊNESIS é a soberania de Deus na história humana, especialmente na história de Israel, seu povo escolhido. É o relato de como Deus chamou e começou a chamar um povo para si com o propósito de abençoar, através dessa gente, todas as nações da terra. G. Campbell Morgan (1862—1945), o qual foi antecessor de Martyn Lloyd-Jones na Capela de Westminster em Londres, habilmente esboçou o livro de Gênesis desta forma, em três partes: [1.] Geração (Caps. 1—2, a criação); [2.] Degeneração (Caps. 3—11, a queda e as suas consequências); e [3.] Regeneração (Caps. 12—50, através de Abraão e seus descendentes).
A maioria dos estudiosos da Bíblia concorda que o livro se parte no capítulo 12 e, portanto, o divide em duas seções principais, cada uma com quatro subseções:
NA PRIMEIRA SEÇÃO há duas progressões opostas: a criação seguida da bênção de Deus sobre o homem; depois a queda do homem no pecado seguida dos juízos devastadores de Deus no dilúvio e na dispersão da humanidade em Babel. Esses capítulos demonstram a condição desesperadora da raça humana caída e a necessidade de um Salvador. Isso prepara o cenário para A SEGUNDA SEÇÃO, a qual tem início com o chamado soberano de Deus a Abraão. Embora ele não tivesse terra nem filhos, Deus prometeu fazer dele (de sua própria descendência) uma nação poderosa, dar-lhe a terra de Canaã e, por meio de seus descendentes, abençoar todas as nações da terra.
O PROPÓSITO DE MOISÉS AO ESCREVER GÊNESIS foi o de mostrar a Israel suas origens. Esse patriarca queria que seu povo soubesse que Deus estava por trás de toda a sua história, que Deus mesmo foi quem os trouxera aonde eles estavam. Portanto, uma vez que estava com eles o Deus que criou o universo, chamou Abraão, prometeu a ele a terra de Canaã e, de fato, a deu a seus descendentes, os hebreus poderiam confiar que esse mesmo Deus cumpriria suas promessas, se apenas eles guardassem a aliança – e obedecessem o SENHOR, vivendo como povo e herdeiros de Deus. Sobre o propósito de Gênesis, Andrew E. Hill e John H. Walton escreveram assim:
O objetivo do Gênesis é começar a história da aliança. Embora Deus tenha criado tudo da maneira certa, o pecado afastou as pessoas de Deus – de tal modo que elas não tinham mais uma ideia precisa de como é Deus. Foi por isso que Deus decidiu fazer uma aliança. A aliança seria com um povo escolhido, Abraão e sua família e descendência. A relação da aliança era permitir que ele usasse Israel para dar às pessoas uma imagem precisa de como ele era. Gênesis, portanto, conta como a aliança foi estabelecida apesar de muitos obstáculos. […]
A história da Aliança de Deus com seu povo começa na criação do universo: Gênesis 1.1 — “No princípio, DEUS CRIOU os céus e a terra.” Há, entretanto, outras respostas para a questão da origem do universo — e são essas respostas, somadas à resposta bíblica, que passaremos considerar.
O que dizer sobre essas quatro possibilidades?
A mais fácil de se descartar é a de número três, que dá uma origem pessoal, mas maligna, ao universo. Diz, com efeito, que Satanás é o criador. Isso é mais fácil de descartar porque não oferece uma explicação adequada para a origem do bem. O mal, sim, pode ser concebido como uma corrupção do bem – Satanás pode se rebelar contra o Deus da Bíblia – , mas não é realmente possível pensar no bem como tendo surgido do mal. No caso do bem, o mal pode ser um mau uso ou perversão de características ou habilidades boas. No caso do mal, entretanto, não há lugar para o bem vir a existir. Vontade e inteligência são em si mesmas característica boas, requerendo, portanto, que o bem tivesse existido antes do mal – e desse modo demonstrando que o mal é a perversão do bem. Logo, o mal ou um ser mau jamais teria dado origem a todas as coisas.
A quarta possibilidade – um dualismo entre o bem e o mal – , também é insatisfatória, embora não seja tão rapidamente aparente quanto a de número três. A razão é que, embora a crença em um dualismo tenha sido bastante popular e tenha perdurado por longos períodos da história, ela não resiste a uma análise detalhada. Por exemplo: no ponto em que se estabelece o bem e o mal, acaba-se por introduzir uma terceira coisa no universo – C. S Lewis chama essa terceira coisa de “alguma lei ou padrão ou regra do bem com o qual um dos poderes está de acordo e o outro não se conforma.” E esse padrão (o que define bem e mal), e não o outro, será o verdadeiro Deus. C. S. Lewis conclui:
Uma vez que os dois poderes são julgados por esse padrão, então esse padrão, ou o ser que fez esse padrão, está mais atrás e mais alto do que qualquer um deles, e ele será o verdadeiro Deus. De fato, o que queremos dizer ao chamá-los de bons e maus acaba sendo que um deles está em uma relação correta com o Deus real e último e o outro em uma relação errada com ele.
Portanto, nem a origem do universo por parte de algum fonte má, da qual o bem teria surgido, nem um dualismo entre o bem e o mal explicam adequadamente a realidade como a conhecemos. A alternativa real, portanto, pende entre a hipótese que sustenta a matéria como sendo eterna (no máximo Deus coexistindo com ela) e a visão de que tudo veio à existência através da vontade pessoal de um Deus eterno, poderoso, moral e bom. E então?
Tomemos, primeiramente, o principal concorrente do criacionismo, O MATERIALISMO [a matéria como realidade última e fundamental de tudo o que existe]. As origens desta hipótese estão perdidas no passado, mas é uma visão bastante antiga. Encontra-se, por exemplo, no cientificismo do filósofo grego Epicuro (341—270 d.C.), que ensinou que tudo é composto de pequenos blocos de construção de matéria, concebidos como partículas duras e indestrutíveis. Epicuro os chamou de “atom”, de onde vem a palavra “átomo”. Parece que Epicuro derivou suas idéias de Demócrito de Abdera, que por sua vez estava em dívida com o filósofo pouco conhecido Leucipo de Mileto, o qual pode ter aprendido de um filósofo fenício chamado Moschus, que viveu antes de 1.000 a.C.
Hoje essa visão é a filosofia dominante da civilização ocidental, embora não na forma que Epicuro deu a ela. Por um lado, sabemos que o átomo pode ser dividido. Cientistas já dividiram o átomo. Também fomos ensinados por Albert Einstein que energia e massa são intercambiáveis, o que é incompreensível para a mente comum. Ora, o conhecimento dessas coisas deveria por si mesmo abalar os pressupostos do materialismo, mas na maioria das vezes não os abalou seriamente, e o mundo ocidental continua sendo filosoficamente materialista.
O materialismo de hoje geralmente não nega que haja personalidade no universo, mas concebe isso como tendo surgido da substância impessoal. Não nega a complexidade do universo – incluindo até mesmo coisas como a complexidade do átomo – , mas supõe que a complexidade veio daquilo que era menos complexo e que, por sua vez, de algo ainda menos complexo, até que finalmente chegamos de volta lá ao que era ainda menos e menos complexo, ao que há de mais simples, isto é, à matéria pura. A matéria, supõe-se, sempre existiu – porque não há explicação “científica” adicional ou para além dela. Essa hipótese está na fundação da maioria dos pensamentos evolucionistas.
Entretanto, essa descrição da origem do universo já introduziu problemas que a própria teoria aparentemente não tem como resolver. Primeiro, falamos de uma forma para a matéria e depois de formas mais complexas. Mas de onde vem a forma? Forma significa organização e propósito. Mas como a organização e o propósito podem vir da matéria pura? Alguns insistem que a organização e o propósito estavam inerentes à matéria, como genes em um óvulo ou espermatozóide. Ora, além de tornar a teoria absurda – pois isso não é mais matéria pura, e sim matéria com alguma característica não material: inteligência, por exemplo… além de tornar a teoria absurda, a questão básica ainda permanece sem resposta, pois o problema é como a organização e o propósito chegaram à matéria. Em algum nível, cedo ou tarde, teremos que levar em conta a forma e a organização da matéria; e, se for esse o caso, logo nos encontraremos procurando pelo Formador, Organizador ou Criador Inteligente por traz de todas as coisas.
Além disso, introduzimos a ideia do pessoal e, se começarmos com um universo impessoal, não há explicação para o surgimento da personalidade. Francis Schaeffer escreveu que “a suposição de um começo impessoal nunca pode explicar adequadamente os seres pessoais que vemos ao nosso redor, e quando os homens tentam explicar o homem com base em uma origem impessoal, o homem logo desaparece”.
GÊNESIS, NO ENTANTO, COMEÇA COM A RESPOSTA OPOSTA. Sustenta que o universo existe com forma e pessoalidade porque foi trazido à existência por um Deus pessoal e ordeiro. Deus estava lá antes que o universo viesse à existência, e ele é pessoal. Criou tudo o que conhecemos, incluindo nós, seres humanos. Consequentemente, o universo traz naturalmente a marca de sua personalidade.
Entretanto, MUITO CUIDADO, pois pode ser que estejamos perdendo algo muito importante em toda essa argumentação. Estamos aqui defendendo a visão bíblica da origem do universo, que não é de todo sem importância. Só que no próprio ato de argumentar é provável que percamos (ou adiemos) o maravilhamento pela criação de Deus, que é o que uma contemplação adequada desses temas deve causar.
OS ESCRITORES BÍBLICOS nunca caíram nesse buraco sem fundo da argumentação sem exultação. Todos eles, quando contemplavam a criação, inevitavelmente acabavam adorando a Deus, e quando o adoravam, uma das coisas pelas quais o louvavam era a criação. Preste atenção: Apocalipse 4.11 — “Tu és digno, ó Senhor e nosso Deus, de receber glória, honra e poder. Pois criaste todas as coisas, e elas existem porque as criaste segundo a tua vontade.” — Ora, não podemos nós fazer isso também – atribuir glória, honra e poder ao Criador? Nosso texto nos diz que DEUS CRIOU “os céus e a terra” (Gn 1.1). Então, ao contemplarmos as telas gigantescas das obras de Deus, por que não somos levados a louvá-lo? Deveríamos!
Quão vastos são os céus!
Quando olhamos para o céu em uma noite clara, você sabia que enxergamos cerca de 10.000 pontos de luz? Alguns deles são os planetas do nosso próprio sistema solar que brilham por causa de luz refletida. Milhares desses pontos luminosos pertencem ao agrupamento especial de estrelas conhecido como Via Láctea, ao qual o nosso sol pertence. Outros milhares desses pontos luminosos são galáxias inteiras, que brilham apenas como um ponto luminoso porque estão muito, mas muito distantes. Diz-se apenas 10.000 pontos de luz porque é o máximo que somos capazes de enxergar a olho nu. Mas essas 10.000 são apenas a menor fração das estrelas existentes. Por exemplo, uma galáxia típica contém bilhões de estrelas individuais – nossa galáxia sozinha (a Via Láctea) contém 200 bilhões de estrelas. Sua forma é de uma espiral gigante girando majestosamente no espaço, seus braços brilhantes se arrastam atrás dela como as pontas esticadas de um cata-vento. Nosso sol está em um braço da espiral, e faz uma rotação completa em um período de 250 milhões de anos. Esses números são impressionantes, mas essa é apenas a nossa galáxia! Existem milhares de outras galáxias visíveis a olho nu e bilhões mais ao alcance do telescópio de 200 polegadas no Observatório Palomar, localizado em San Diego, Califórnia.
Conforme já nos foi revelado por fotografias espaciais, essas galáxias distantes de estrelas exibem uma variedade aparentemente interminável de beleza. Algumas são espirais como a nossa, outras são na forma de aglomerados quase esféricos, outras são achatadas como panquecas e outros são irregulares. Todas as estrelas nos céus estão colecionadas nalguns desses intrincados e belos agrupamentos chamados de galáxias.
Ainda sobre as galáxias, elas estão espalhadas nos céus em um padrão irregular. Há entre elas uma enorme quantidades de espaço. A distância da borda de uma galáxia média à outra borda é de aproximadamente 600 mil trilhões de quilômetros. A distância média de uma galáxia para outra é de 20 milhões de trilhões de quilômetros. Se esses números fossem escritos em zeros, eles preencheriam várias linhas de uma face de papel A4. Assim, para evitar números tão grandes, os astrônomos geralmente usam uma unidade de distância chamada ano-luz – isto é, a distância que a luz percorre em um ano à velocidade constante de quase 300 milhões de metros por segundo. Um ano-luz mede cerca de 9.46 trilhões de quilômetros. Trocando em miúdos: o tamanho de uma galáxia média é de 100 mil anos-luz e a distância entre elas é de aproximadamente 3 milhões de anos-luz; há galáxias com 6 bilhões de anos-luz de distância umas das outras.
A Galáxia de Andrômeda é a galáxia mais próxima da nossa Via Láctea. Está separada de nós por 2 milhões de anos-luz. Isso significa que a luz que vem até nós agora lá de Andrômeda levou 2 milhões de anos para chegar à Terra. Colocado em outros termos, significa que quando olhamos para Andrômeda o que vemos é a galáxia como ela existia não alguns instantes atrás, mas 2 milhões de anos no passado. É impressionante!
Além disso, as galáxias não estão fixas no espaço, mas estão se afastando umas das outras em velocidades tremendas. Vesto Melvin Slipher, o primeiro a descobrir esse fato, constatou que as galáxias que ele conseguia observar estavam se afastando da Terra a vários milhões de quilômetros por hora. Seus discípulos científicos, Milton Humason e Edwin Hubble, demonstraram que as galáxias mais distantes estavam se afastando de nós a uma velocidade de 160 milhões de quilômetros por hora.
Agora pasmem: diz-se que para atravessar todo o universo conhecido levaria cerca de 20 bilhões de anos-luz! Outra coisa impressionante: tudo está se afastando de tudo no universo. Nada está vindo em nossa direção e nada está indo em direção a qualquer outra galáxia. Isso significa que o universo está se expandindo. Desse modo, retrocedendo à partir da posição atual das galáxias e sua velocidade conhecida, os astrônomos colocaram a origem do universo entre 15 e 20 bilhões de anos no passado.
E ainda: olhando para as próprias estrelas, os astrônomos encontraram provas magníficas de variedade, design, beleza e mistério. Nem todas as estrelas são iguais, embora pareçam seguir um padrão semelhante à medida que nascem, queimam, envelhecem e eventualmente morrem.
A qualquer momento, em todo instante, milhões de estrelas estão nascendo no espaço. Elas nascem como nuvens de gás interestelar que se contraem sob a força da gravidade agindo entre os átomos que os compõem. À medida que se contraem, a temperatura aumenta. Finalmente, na temperatura crítica de 20 milhões de graus Fahrenheit, o hidrogênio dentro da bola de gás condensado se inflama em reações semelhantes às que ocorrem na explosão de uma bomba de hidrogênio. A liberação dessa energia interrompe qualquer condensação adicional do gás, e a estrela continua a queimar dessa maneira por muitos bilhões de anos. Nosso sol está nesta fase.
Eventualmente, o hidrogênio na estrela começa a ser consumido. Começa a inchar e avermelhar. Essas estrelas são chamadas de gigantes vermelhas. À medida que o último combustível é queimado, a estrela começa seu colapso final sob a força da gravidade. Se for relativamente pequena, ele se condensa em uma esfera fortemente comprimida chamada anã branca. Nessas estrelas mortas, alguns centímetros cúbicos de matéria pesam coisa de uma tonelada. Se a estrela for grande, um destino diferente a envolve. Em vez de se comprimir silenciosamente, ela se explode, espalhando seus elementos – agora contendo carbono, oxigênio, ferro, ouro e outros – por todo o universo, onde são eventualmente capturados por outros sóis ou planetas. Não é à toa, portanto, que Davi exclamou:
Salmo 19.1-4 1Os céus proclamam a glória de Deus; o firmamento demonstra a habilidade de suas mãos. 2Dia após dia, eles continuam a falar; noite após noite, eles o tornam conhecido. 3Não há som nem palavras, nunca se ouve o que eles dizem. 4Sua mensagem, porém, chegou a toda a terra, e suas palavras, aos confins do mundo.
E o que dizer da terra?
Não precisamos considerar a terra e suas maravilhas completamente neste ponto, pois faremos isso adiante, noutras mensagens em Gênesis. Examinamos os céus com alguns detalhes, pois este é o primeiro e o último lugar em Gênesis em que os céus são mencionados por si mesmos: Gênesis 1.1 — “No princípio, DEUS CRIOU OS CÉUS e a terra.” A partir deste ponto, do versículo 2 em diante, o capítulo passará a considerar os atos de criação de Deus na terra. O sol, a lua e as estrelas serão mencionados apenas em relação à sua função de luminares da terra. Em certo sentido, tudo o que ocorrerá à partir deste ponto em Gênesis será sobre a terra.
Entretanto, podemos notar de passagem que as maravilhas do macrocosmo (o mundo das grandes coisas) se repetem no microcosmo (o mundo das pequenas coisas). Aqui no microcosmos nós somos confrontados com elétrons, prótons, nêutrons, neutrinos e uma variedade aparentemente infinita de partículas ainda muito pouco ou quase nada compreendidas. As distâncias entre essas partículas, proporcionais ao seu tamanho, são comparáveis a algumas das distâncias envolvidas no sistema solar. Se tomássemos o mais simples dos átomos, o átomo de hidrogênio, por exemplo, e o explodíssemos bilhões e bilhões de vezes até onde o próton em seu centro atingisse o tamanho de uma bola de futebol de 25,5 centímetros, o elétron que circunda esse núcleo atingiria o tamanho de uma bola de golfe e estaria circulando o próton a uma distância de cerca de 8 quilômetros, e não haveria mais nada dentro do círculo! E isso é só o microcosmo!
Enfim… Com base no primeiro versículo de Gênesis, podemos definir Deus como Aquele que cria – O Criador. Nós não somos capazes de criar, Deus é. Muitas vezes usamos a expressão criação humana, e é verdade que os seres humanos são criativos e capazes no sentido que damos a esse termo. Mas, para sermos precisos, diremos que, na melhor das hipóteses, apenas formamos ou modelamos coisas de maneiras imaginativas. Mesmo assim, obtemos de Deus toda a nossa imaginação, bem como todos os outros dons físicos, mentais e espirituais para “criar”. A rigor, somos artesãos. Usamos material preexistente. Deus, entretanto, cria, e ele o faz em uma escala incompreensível para os homens. Não sabemos como Deus fez isso, mas ele desejou a criação e, como resultado, tudo o que conhecemos, vemos e somos veio a existir. Gênesis 1.1: “No princípio, Deus criou os céus e a terra.”
Se Deus não fosse o Criador, ele seria apenas uma parte do processo do mundo, indo e vindo, crescendo e diminuindo. Ele não seria capaz de nos ajudar. Edward J. Young escreveu que
Se Deus é apenas um pouco maior do que nós, se ele é apenas um irmão mais velho e nada mais, se ele é apenas uma parte do todo, então estamos todos juntos: Deus, você e eu, e então não há padrões. Não há absoluto. É cada um por si, e todas as filosofias e ideias modernas que estão sendo difundidas em nossos dias — nova moralidade, nova teologia e assim por diante — são perfeitamente admissíveis se Deus for apenas uma parte do processo mundial. Se for assim, não importa se ele está morto ou vivo… Vivamos o momento, vivamos para o nosso prazer; não há absoluto; não há qualquer padrão de moralidade para todas as mudanças. O que pode estar certo hoje poderá estar errado amanhã; então vamos viver a vida da melhor maneira que pudermos, hoje.
Mas este não é o Deus de Gênesis. Edward J. Young prossegue:
A Bíblia não fala que seja assim. Diz-nos que Deus criou todas as coisas. É por isso que há sentido na vida e por que existem padrões absolutos que não mudam. Deus nos diz o que é certo e o que é errado, e é por isso que há sentido na vida. É por isso que você e eu que cremos neste Deus podemos muito bem dizer que nossa principal razão de existência é glorificá-lo e desfrutá-lo para sempre.
Em face do Criador Maravilhoso, há duas reações absolutamente necessárias:
1. SUBMISSÃO AO CRIADOR. Se a matéria eterna mais o acaso impessoal causaram tudo o que existe, não temos que nos submeter a isso e nos arrepender de nossos pecados. Podemos viver como quisermos. Mas se um Deus pessoal criou tudo por meio de sua palavra poderosa, um Deus que é maravilhoso em seu ser e santidade, então há implicações definidas para nós! Porque Deus é o criador de tudo neste universo, incluindo a vida humana (Gn 1.26), não podemos ignorá-lo. Essa é a importância inevitável deste profundo primeiro versículo da Bíblia!
Se você perguntar ao ateu moderno em que ele acredita, ele provavelmente responderá “Eu acredito na humanidade” ou, como respondeu Carl Sagan, “O cosmos é tudo o que é, foi ou será”. Claro, Sagan está fazendo uma declaração de fé, não científica. Que coisa terrível, acreditar que o universo material é tudo o que existe! Mas é assim que muita gente vive, conforme Paulo observou daqueles que rejeitam o conhecimento de Deus através de sua criação, e se tornam fúteis em suas especulações, adorando a criatura ao invés do Criador (Rm 1.20-25). Como G. K. Chesterton disse uma vez:
Muitas vezes se supõe que quando as pessoas param de acreditar em Deus, elas não acreditam em nada. Infelizmente, é pior do que isso. Quando eles param de acreditar em Deus, eles acreditam em qualquer coisa!
Em face do Criador Maravilhoso, fará bem à criatura se submeter ao Criador Deus e se render ao Salvador Jesus Cristo.
2. ADORAÇÃO A CRIADOR. Da mesma forma que nos encantamos e até veneramos os criadores das mais novas invenções tecnológicas, tanto mais devemos adorar o Criador por tudo o que ele criou. Phillip Johnson escreveu que mesmo o organismo vivo mais simples é “uma obra-prima de complexidade miniaturizada que faz uma espaçonave parecer um tanto obsoleta.” Johnson continua dizendo que as chances de que mesmo uma macromolécula de DNA ou RNA possa se montar por acaso são absolutamente improváveis, mesmo se bilhões de anos estivessem disponíveis. Em seguida, ele escreveu:
Não vou citar números porque os números exponenciais são irreais para pessoas que não estão acostumadas a eles, mas uma metáfora de Fred Hoyle ficou famosa porque transmite vividamente a magnitude do problema: que um organismo vivo surgiu por o acaso de uma sopa pré-biótica é tão provável quanto “um tornado varrendo um ferro-velho pode montar um Boeing 747 a partir dos materiais nele contidos”.
Portanto, a escolha é, ou o Deus eterno, inteligente e todo-poderoso criou o universo e tudo o que nele há, ou surgiu tudo do acaso sem sentido agindo sobre a matéria que existia eternamente. Sabemos que foi Deus. Devemos nos submeter a ele e adorá-lo. Devemos viver como ele estabeleceu em sua palavra santa. Temos que nos reconciliar com Deus em Cristo e viver para a sua glória.
PRÓXIMAS MENSAGENS, antes de mergulharmos no texto bíblico: [1.] Evolucionismo ateísta; [2.] Evolucionismo teísta; [3.] Criacionismo do intervalo (entre Gênesis 1.1 e 1.2); [4.] Criacionismo estrito ou teoria criacionista de seis dias literais ou teoria da geologia do dilúvio; e [5.] Criacionismo progressivo.
PEÇO QUE TENHAM PACIÊNCIA, pois, tratando de serem as ideias mais destacadas e as que mais confundem os cristãos, carecemos de abordar cada uma dessas posições à luz da palavra de Deus. Feito isso, nadaremos de braçada, perícope após perícope de Gênesis.
S.D.G. L.B.Peixoto
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