29.08.2021
[Jó 42.7-17] 7Depois que o SENHOR terminou de falar com Jó, disse a Elifaz, de Temã: “Estou muito irado com você e com seus dois amigos, pois não falaram o que é certo a meu respeito, como fez meu servo Jó. 8Por isso, peguem sete novilhos e sete carneiros, levem os animais a meu servo Jó e ofereçam holocaustos em favor de si mesmos. Meu servo Jó orará por vocês, e eu aceitarei a oração dele. Não tratarei vocês como merecem por sua insensatez, pois não falaram o que é certo a meu respeito, como fez meu servo Jó”. 9Então Elifaz, de Temã, Bildade, de Suá, e Zofar, de Naamá, fizeram o que o SENHOR havia ordenado, e o SENHOR aceitou a oração de Jó. 10Quando Jó orou por seus amigos, o SENHOR o tornou próspero de novo. Na verdade, o SENHOR lhe deu o dobro do que tinha antes. 11Todos os seus irmãos, suas irmãs e seus amigos de outros tempos vieram e festejaram com ele à mesa de sua casa. Eles o consolaram e o confortaram por todas as provações que o SENHOR tinha enviado contra ele, e cada um lhe trouxe um presente de prata e um anel de ouro. 12O SENHOR abençoou Jó na segunda parte de sua vida ainda mais que na primeira. Ele teve catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. 13Deus também deu a Jó sete filhos e três filhas. 14Jó chamou a primeira filha de Jemima, a segunda, de Quézia, e a terceira, de Quéren-Hapuque. 15Em toda a terra, não havia mulheres tão lindas como as filhas de Jó. E seu pai lhes deu herança junto com os irmãos delas. 16Depois disso, Jó viveu 140 anos e viu quatro gerações de filhos e netos. 17Então, morreu, depois de uma vida longa e plena.
Uma das coisas lindas a se aprender com o testemunho de santos do passado, santos como Jó, é o quanto seus sofrimentos os levaram à Palavra e a abriram para que eles enxergassem a beleza de Deus no rosto de Cristo.
Tome a história de MARTINHO LUTERO, por exemplo. O pai da Reforma Protestante sofreu como um cachorro de rua nas mãos do diabo e da cúpula da Igreja Católica Romana. E eis como Lutero encarou seu sofrimento:
Logo que a Palavra de Deus se torna conhecida através de você, o diabo começará a afligi-lo; ele fará de você um verdadeiro doutor [teólogo ou professor], e o ensinará, pelas tentações dele, a buscar e amar a Palavra de Deus. Quanto a mim […] devo muitos agradecimentos aos papistas por me terem batido, pressionado e assustado tanto, através da ira do diabo, que acabaram por fazer de mim um teólogo razoavelmente bom, empurrando-me para um alvo que eu jamais teria alcançado.
O testemunho de JOHN BUNYAN de igual modo ajuda bastante. Ele escreveu O Peregrino. Era um pastor batista na Inglaterra. Foi colocado na prisão por pregar sem autorização da Igreja da Inglaterra. Doze anos ele esteve preso. Sua filha mais velha, apenas uma garotinha à época que o pai foi preso, era cega. Quando ela ia visitá-lo na prisão, com sua mãe e três outros irmãos, Bunyan disse que era como, “arrancar a carne de meus ossos”. Era como arrancar a carne de seus ossos pegar sua filhinha cega nos braços e depois vê-la ir embora – porque ele poderia ter evitado ser preso – se não tivesse pregado sem autorização; e poderia ser solto quando quisesse – se jurasse que não pregaria mais sem a autorização da Igreja. Entretanto, em meio ao sofrimento na prisão, Bunyan fez a mesma descoberta que Jó, Lutero e muitos outros também o fizeram:
Eu nunca tinha experimentado, em toda a minha vida, tal abertura na Palavra de Deus, como a que agora eu tinha na prisão. Aquelas passagens das Escrituras, nas quais anteriormente não via nada, agora brilhavam sobre mim, neste lugar e nesta situação. Jesus Cristo, igualmente, nunca tinha sido tão real e evidente como agora. Aqui eu o tenho, de fato, visto e sentido […] Aqui, neste lugar, eu tenho tido doces visões do perdão dos meus pecados e de estar com Jesus, em outro mundo […] Eu tenho visto aqui o que, estou certo, jamais serei capaz de expressar, enquanto neste mundo viver […] Eu nunca havia compreendido o que significava Deus ficar ao meu lado, em todo o tempo, a cada oferta de Satanás para me afligir, como tenho descoberto que Ele faz, desde que cheguei aqui.
Pouquíssimas pessoas no mundo louvaram a Deus pela prisão, além de John Bunyan. Outro que o fez foi autor prêmio Nobel ALEKSANDR SOLJENÍTSYN, que escreveu Arquipélago Gulag – provavelmente a mais forte e certamente a mais influente obra sobre como funcionavam os gulags (campos de concentração e de trabalho forçado na antiga União Soviética) nos tempos de Josef Stálin (que foi quem ajudou a formalizar as ideias do marxismo-leninismo, enquanto suas próprias políticas ficaram conhecidas como stalinismo). Pois bem, após ser libertado da prisão no campo de concentração russo, Soljenítsyn escreveu:
Dos meus anos de prisão, com as costas curvadas, que quase se quebraram debaixo do seu fardo, foi-me permitido levar esta experiência essencial: como um ser humano se torna mau e como se torna bom. Na intoxicação dos sucessos juvenis, senti que era infalível, portanto eu era cruel. No excesso de poder, fui um assassino e opressor. Nos meus momentos mais malignos, eu estava convencido de que estava fazendo o bem, muito bem suprido de argumentos sistemáticos. Foi somente quando estava lá, jogado na palha apodrecida da prisão, que senti dentro de mim os primeiros movimentos do bem. Gradualmente me foi mostrado que a linha que separa o bem do mal não passa por Estados, nem entre classes, nem mesmo entre partidos políticos – mas através de cada coração humano […] E por isto que, retornando aos anos de meu aprisionamento, digo, algumas vezes, para surpresa dos que estão ao meu redor: “Bendita sejas, prisão!” […] Eu… servi ali o tempo suficiente. Eu nutri minha alma ali e digo sem hesitação: “Bendita sejas, prisão, por ter sido parte de minha vida!”
Falta-nos tempo para falar de outros santos com Jó, Lutero, Bunyan e Soljenítsyn. Poderíamos falar de William Cowper, Charles Spurgeon, David Brainerd e tantos, tantos outros que, no sofrimento, viram a Deus e se deleitaram ainda mais profundamente no Redentor. O tempo não nos permite. Recomendo, de todo o coração, que leiam: O SORRISO ESCONDIDO DE DEUS – O FRUTO DA AFLIÇÃO NA VIDA DE JOHN BUNYAN, DAVID BRAINERD E WILLIAM COWPER. Escrito por John Piper. Editora Shedd Publicações.
Meus apelos a você:
Nem a má teologia (nas palavras de Elifaz, Bildade e Zofar) nem a boa teologia (nas palavras de Eliú) nos dão o conhecimento de Deus que muda o coração de uma pessoa. “Provem e vejam que o SENHOR é bom!”, diz o Salmo 34.8. Há um tipo de conhecimento que só se obtém pela degustação. Cinco segundos de mel na língua da gente revelarão mais doçura do que dez horas de palestra sobre a doçura do mel. “Provem e vejam que o SENHOR é bom!” Portanto, até que Deus lhe dê o sabor de sua bondade, toda a teologia do mundo não lhe dará o conhecimento de sua bondade que transforma o coração e salva a alma.
Quando Eliú terminou de falar a verdade a Jó, Jó ficou sem palavras. Só depois que Deus falou a ele (nos capítulos 38–41) que Jó finalmente se pronunciou (em 42.5): “Antes, eu só te conhecia de ouvir falar; agora, eu te vi com meus próprios olhos.” Quando o próprio Deus tomou a inciativa de se dar a conhecer a Jó, foi a ele e lhe falou, e Jó provou a Deus, seus olhos foram abertos!
Agora Jó tem um novo senso da realidade de Deus. É mais do que conhecimento intelectual ou especulativo ou teológico. É o conhecimento do coração. Experiencial. Jó provou a Deus. Agora ele o vê. O resultado é um novo homem, quebrantado e transformado. Mas tem mais.
Em 42.1-6, nós vimos no domingo passado, à noite, Jó se curvou em reverente submissão para confessar três grandes verdades:
Jó havia provado de Deus e confessado suas descobertas.
Jó era um homem quebrantado e transformado. Isto é o que acontece quando você realmente prova a Deus e vê a Deus: você se quebranta e é transformado.
Aconteceu também com o profeta ISAÍAS (Is 6.5): “Então eu disse: ‘Estou perdido! É o meu fim, pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de pessoas de lábios impuros. Meus olhos, porém, viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!’.” Aconteceu de igual forma com o apóstolo PEDRO, quando Jesus demonstrou seu poder na pesca maravilhosa (Lc 5.8): “Quando Simão Pedro se deu conta do que havia acontecido, caiu de joelhos diante de Jesus e disse: ‘Por favor, Senhor, afaste-se de mim, porque sou homem pecador’.” Aconteceu ainda com um OFICIAL ROMANO, quando Jesus decidiu seguir caminho para entrar em sua casa (Lc 7.6-7): “Senhor, não se incomode em vir à minha casa, pois não sou digno de tamanha honra. Não sou digno sequer de ir ao seu encontro.” — Esta é a história e o fim de quem prova a Deus e vê a Deus: a pessoa se quebranta e é absolutamente transformada.
Antes de Jó ver a Deus dessa forma, Jó se considerava um tanto elevado e não hesitava em afirmar sua justiça própria. Mas agora ele se vê com mais clareza. E o que ele vê a respeito de si mesmo, à luz da glória de Deus diante de seus olhos, leva-o ao arrependimento, ao quebrantamento e à transformação.
Meu povo, se não nos sentimos tristes por nosso pecado e profundamente indignos da bondade de Deus, então precisamos orar fervorosamente para que Deus nos mostre a si mesmo – que o SENHOR deixe de ser uma mera doutrina que ouvimos com nossos ouvidos e, em vez disso, torne-se um Soberano incrível, infinitamente Santo, perfeitamente Sábio, totalmente terrível e maravilhoso, o qual saboreamos e vemos com os olhos do coração. Por isso Paulo intercedia, quando pensava nos crentes de Éfeso:
Efésios 1.15-20 15Desde que eu soube de sua fé no Senhor Jesus e de seu amor pelo povo santo em toda parte, 16não deixo de agradecer a Deus por vocês. Em minhas orações, 17peço que Deus, o Pai glorioso de nosso Senhor Jesus Cristo, lhes dê sabedoria espiritual e entendimento para que cresçam no conhecimento dele. 18Oro para que seu coração seja iluminado, a fim de que compreendam a esperança concedida àqueles que ele chamou e a rica e gloriosa herança que ele deu a seu povo santo. 19Também oro para que entendam a grandeza insuperável do poder de Deus para conosco, os que cremos. É o mesmo poder grandioso 20que ressuscitou Cristo dos mortos e o fez sentar-se no lugar de honra, à direita de Deus, nos domínios celestiais.
Esse senso que se adquire por se provar a Deus e ver a Deus é o que, de fato, a exemplo de Jó, nos quebranta e nos transforma. Era nesse sentido que Paulo orava.
Jonathan Edwards (1703–1758), o maior teólogo que o solo norte-americano jamais produziu, lutou com Deus quando jovem, lá na Nova Inglaterra americana, há cerca de 300 anos. Ele escreveu estas palavras em sua Narrativa Pessoal:
Desde a minha infância, minha mente tinha estado cheia de objeções contra a doutrina da soberania de Deus […] Mas lembro-me muito bem da época em que eu já parecia ter sido convencido e estar totalmente satisfeito quanto a essa soberania de Deus […] Houve uma alteração maravilhosa em minha mente a respeito da doutrina da soberania de Deus, daquele dia até hoje; de tal modo que dificilmente encontrei desde então o surgimento de alguma objeção contra a doutrina, no sentido mais absoluto […] A primeira vez que me recordo de ter experimentado esse tipo de prazer interior e doce em Deus e nas coisas divinas, e que experimento desde então, foi ao ler estas palavras em 1Timóteo 1.17: “Honra e glória a Deus para todo o sempre! Ele é o Rei eterno, invisível e imortal; ele é o único Deus. Amém.” Ao ler essas palavras, veio à minha alma, e foi como se difundido por ela, uma sensação da glória do Ser Divino; um novo sentido, bem diferente de qualquer coisa que já experimentara anteriormente e desde então.
Edwards recebeu um “novo sentido” – como diria o salmista, um “sabor” – da gloriosa soberania de Deus. Tal sabor na sua alma superou a todas as suas objeções e o humilhou até virar pó. Prosseguindo, Edwards falou de seu senso de pecado em palavras que são quase ininteligíveis, sem sentido em nossa cultura de auto-exaltação:
Tive uma percepção muito maior de minha própria perversidade, e da maldade de meu coração, de um modo que jamais tive antes de minha conversão […] Minha perversão, como eu sou em mim mesmo, […] havia engolindo todo o meu pensamento e imaginação; como uma inundação infinita ou uma montanha sobre minha cabeça. Não sei como expressar melhor o que meus pecados me parecem ser, do que amontoando infinito sobre infinito e multiplicando infinito por infinito.
Quando Deus nos dá um gostinho de sua própria majestade e de nossa maldade, quando ele nos dá a provar de sua pureza e de nossa perversão, então a vida cristã se torna em algo bem diferente da piedade convencional. Edwards descreveu isso lindamente quando disse:
Os desejos dos santos, embora fervorosos, são desejos humildes; sua esperança é uma esperança humilde; e sua alegria, mesmo quando é inexprimível e cheia de glória, é uma alegria humilde, de coração quebrantado, deixando o cristão mais pobre em espírito, mais como uma criança, e mais disposto a uma humildade universal de comportamento.
Pergunte a Jó. Pergunte a Jonathan Edwards. É isto o que Deus busca em todos os seus tratos com seus filhos: uma alegria de coração humilde, quebrantado que confia em Deus como uma criança e que retribui o mal com o bem.
O sofrimento de Jó já havia servido ao propósito de revelar que Deus é mais valioso para Jó do que bens, filhos, saúde e prestígio. O sofrimento também já havia refinado a justiça de Jó. Portanto, para demonstrar que Jó chegou ao ponto desejado, Deus irá reverter a sorte de Jó e lhe dará saúde, dez novos filhos e o dobro de bens que antes ele desfrutava (Jó 42.10-17). Mas antes de de restituir Jó, Deus tem mais duas obras para completar por meio dessa experiência de sofrimento (Jó 42.7-9). Uma obra será na vida de Elifaz, Bildade e Zofar. A outra obra será na vida do próprio Jó. Deus irá quebrantar os quatro.
1. A humilhação dos três amigos de Jó
Deus planejava, em primeiro lugar, levar Elifaz, Bildade e Zofar ao mesmo pó que Jó havia provado em seus sofrimento. É o que está registrado no texto que lemos no início:
Jó 42.7-9 7Depois que o SENHOR terminou de falar com Jó, disse a Elifaz, de Temã: “Estou muito irado com você e com seus dois amigos, pois não falaram o que é certo a meu respeito, como fez meu servo Jó. 8Por isso, peguem sete novilhos e sete carneiros, levem os animais a meu servo Jó e ofereçam holocaustos em favor de si mesmos. Meu servo Jó orará por vocês, e eu aceitarei a oração dele. Não tratarei vocês como merecem por sua insensatez, pois não falaram o que é certo a meu respeito, como fez meu servo Jó”. 9Então Elifaz, de Temã, Bildade, de Suá, e Zofar, de Naamá, fizeram o que o SENHOR havia ordenado, e o SENHOR aceitou a oração de Jó.
Note que Deus procurava quebrantar esses três amigos de Jó de duas maneiras. Primeiro, Deus diz que eles estavam teologicamente errados. Segundo, Deus os faz buscar perdão por meio daquele que eles tanto humilharam.
No versículo 7, Deus diz: “Estou muito irado com você e com seus dois amigos, pois não falaram o que é certo a meu respeito, como fez meu servo Jó.” É verdade que Deus havia acusou Jó de “questionador ignorante” – isto é, alguém que obscurecia a sabedoria de Deus com palavras sem fundamentação – (38.2; 42.3). Portanto, Deus não estava dizendo que tudo o que Jó dissera estava correto. O que Deus estava, de fato, destacando era que em se tratando do debate direto entre Jó e os três – Elifaz, Bildade e Zofar – , Jó estava com a razão.
Elifaz, Bildade e Zofar disseram que os ímpios sofrem e que os justos prosperam. Jó havia dito que a visão realista do mundo não comprova tal premissa: os ímpios frequentemente prosperam mais do que os justos e os justos frequentemente sofrem mais do que os ímpios. Jó estava com a razão.
Não só isso, os três amigos de Jó viram a justiça já triunfando nesta vida. Mas Jó acabou revelando a verdade: muito do que está errado no mundo somente será corrigido na vida após a morte (Jó 19.25-27). Jó estava com a razão.
Então Deus humilhou ou quebrantou Elifaz, Bildade e Zofar ao lhes afirmar que aquele mesmo homem que eles condenaram era, na verdade, o melhor teólogo, mesmo que não fosse perfeito. Mas a humilhação desses três ainda não estava completa.
Elifaz, Bildade e Zofar não poderiam simplesmente ir cada um para o seu quarto, fechar a porta e orar a seu Pai, em segredo, pedindo perdão e pronto. Os três deveriam ir a Jó com seus animais para o sacrifício e pedir a Jó que orasse por eles. Uau! Pense bem, meu povo. Deve ter sido algo profundamente humilhante! Em outras palavras: aquele mesmo sujeito que eles acusaram de estar longe de Deus deveria ser agora o sacerdote que faria a ponte entre eles e Deus.
O que Deus estava fazendo?
Deus estava cuidando para que a única maneira de Elifaz, Bildade e Zofar experimentarem a reconciliação com Deus fosse experimentando a reconciliação com Jó. Eles deveriam se humilhar diante de Jó, não simplesmente diante de Deus.
Mas a coisa corta nos dois sentidos.
2. A prova do arrependimento de Jó
Há uma segunda obra que Deus está fazendo antes de restaurar a sorte de Jó: Deus está comprovando o arrependimento de Jó. VEJA: quando Elifaz, Bildade e Zofar vão a Jó em busca da intercessão de Jó junto a Deus, não é apenas a humildade desses três amigos que está em teste! Jó também está sendo testado. Jó está sendo solicitado a amar seus inimigos e a orar por aqueles que o perseguiram. Jó está sendo convidado a abençoar aqueles que o amaldiçoaram e a não retribuir mal com mal.
IMPORTANTE: neste ponto da saga, Jó ainda era um homem muito doente! Deus ainda não o havia curado e revertido sua miséria. Por quê? Qual é a lição aqui? A lição é a mesma de Jesus, aplicada lá no Sermão do Monte, logo ao final da Oração do Senhor:
Mateus 6.14-15 14“Seu Pai celestial os perdoará se perdoarem aqueles que pecam contra vocês. 15Mas, se vocês se recusarem a perdoar os outros, seu Pai não perdoará seus pecados.”
EM OUTRAS PALAVRAS, é o arrependimento e a fé que recebem o perdão de Deus. Mas a genuinidade do arrependimento, a autenticidade da fé, a realidade de sua mudança de coração devem dar prova, por exemplo, na sua disposição de perdoar aqueles que pecam contra você. Se o perdão de Deus que um pecador arrependido afirma ter recebido não flui por meio dele para os outros, a reivindicação é uma ilusão. Ele ainda está em seus pecados.
Portanto, Deus estava colocando Jó em um último teste. Jó largaria as armas da vingança, aceitaria os termos do tratado de Deus e estenderia a anistia ou o perdão a Elifaz, Bildade e Zofar da mesma maneira que Deus fez? SIM! Jó passou no teste. Ele é, de fato, um homem quebrantado. Seus próprios pecados o levaram ao pó e às cinzas. Como ele poderia se exaltar acima de outro homem? Como ele poderia não dar o perdão que lhe foi dado gratuitamente? Como ele não perdoaria aqueles que Deus mesmo estava disposto a perdoar? É deste modo que o versículo 9 termina: “e o SENHOR aceitou a oração de Jó”. E na sequência, Deus restituiu saúde, prosperidade, filhos e honra a Jó (vs. 10-17).
Hoje cedo nós estudamos essa passagem à luz do panorama maior da teologia bíblica. Nem todos terão um fim desse modo nesta vida. Mas todos, em Cristo, herdarão a terra e serão honrados no glorioso reino do Pai de nosso Senhor e Salvador, o Cristo.
Quero concluir a nossa série no livro de Jó lhe fazendo um convite. Venha tomar assento à mesa do Senhor. Sente-se com Cristo e Jó, Elifaz, Bildade e Zofar também à mesa. Pois esta é a tônica do final do livro de Jó: houve restituição e houve restauração.
Com efeito, o livro de Jó termina com o sedimento do orgulho arrancado da vida de Jó pela peneira do sofrimento, a má teologia de Elifaz, Bildade e Zofar corrigida pelas falas de Eliú e do próprio Deus, a tolice de Jó e dos três amigos humilhada, a irmandade dos servos de Deus restaurada e purificada e a honra e a glória do nome de Deus vindicadas sobre todas as acusações de Satanás.
Que o Senhor nos conceda a graça de aprender que, embora seus caminhos possam não ser os nossos caminhos e seus pensamentos possam não ser os nossos pensamentos, os caminhos e os pensamentos de Deus são os mais sábios de todos; e são cheios de misericórdia para todos aqueles que amam a Deus e são chamados de acordo com o seu propósito.
O resumo do livro de Jó pelo apóstolo Tiago está corretíssimo:
Tiago 5.10-11 10Irmãos, tomem como exemplo de paciência no sofrimento os profetas que falaram em nome do Senhor. 11Consideramos felizes aqueles que permanecem firmes em meio à aflição. Vocês ouviram falar de Jó, um homem de muita perseverança. Sabem como, no final, o Senhor foi bondoso com ele, pois o Senhor é cheio de compaixão e misericórdia.
Você já provou da compaixão e da misericórdia do Senhor? — Venha a Jesus. Cristo é o único meio de você chegar a Deus. SIM, É humilhante vir a Jesus! À exemplo dos três amigos de Jó, recorrer àquele que um dia tanto perseguimos ou de quem falamos mal é humilhante – ah! quantas vezes você deve ter blasfemado de Jesus! – mas você tem que vir a ele se quiser provar de compaixão e misericórdia. Vir atrás de um substituto é humilhante. Recorrer à justiça e ao favor de alguém é humilhante. Mas Deus cuidou para que a única maneira de você experimentar a reconciliação com Deus seja experimentando a reconciliação com Cristo. Venha a Cristo. Prove e veja e receba perdão e salvação, por meio da fé em Cristo Jesus.
Você reparte compaixão e misericórdia? — É por meio do arrependimento e da fé em Cristo que você recebe o perdão de Deus. Mas a genuinidade do seu arrependimento, a autenticidade da sua fé, a realidade de sua mudança de coração devem dar provas, por exemplo, na sua disposição de perdoar aqueles que pecaram e pecam contra você. Se o perdão de Deus que você afirma ter recebido não fluir por meio de você para os outros, a sua reivindicação de ter sido perdoado por Deus é uma ilusão. Você ainda está em seus pecados.
S.D.G. L.B.Peixoto
Mais Sermões
30 de dezembro, 2018
24 de fevereiro, 2017
18 de setembro, 2022
18 de agosto, 2024
Mais Séries
O Desfecho de Jó
Pr. Leandro B. Peixoto