03.04.2022
[Atos 13.14-52] 14Paulo e Barnabé prosseguiram para o interior, até Antioquia da Pisídia. No sábado, foram à sinagoga. 15Depois da leitura dos livros da lei e dos profetas, os chefes da sinagoga lhes mandaram um recado: “Irmãos, se vocês têm uma palavra de encorajamento para o povo, podem falar”. 16Então Paulo ficou em pé, levantou a mão para pedir silêncio e começou a falar: “Homens de Israel e gentios tementes a Deus, ouçam-me! […] 32“Estamos aqui para trazer a vocês esta boa-nova. A promessa foi feita a nossos antepassados, 33e agora Deus a cumpriu para nós, os descendentes deles, ao ressuscitar Jesus. […]
O ser humano precisa mudar. Todas as camadas da sociedade carecem de mudança. O estado de corrupção é sistêmico, ou melhor, pandêmico – da praça dos Três Poderes, em Brasília, às igrejas espalhadas no território nacional. Ninguém escapa. Não preciso te dizer, mas vamos lá: Políticos corruptos. Pastores lobistas. Padres pedófilos. Profetas falsos. Pais ausentes. Profissionais sem compromisso ou desqualificados. Perversão dos valores. E a lista poderia se estender. É lamentável o estado da coisas, não apenas nos botecos e boates das cidades, não apenas nos carnavais das avenidas, mas também no núcleo mais íntimo que é a família e no mais sagrado que é a igreja.
O que pode mudar esta situação pandêmica? Como acabar com o pecado estrutural? Será a educação? A cultura? Políticas públicas? Leis mais modernas? — Ora gente, nós sabemos que a educação, a cultura, as autoridades civis e a legislação são ineficazes para transformar o mundo. Na realidade, como bem observou o Dr. Paulo Anglada, a nossa educação, cultura, governo e legislação estão não apenas elas mesmas corrompidas como também promovem a impiedade, a iniquidade e a imoralidade. Portanto, por experiência própria, sabemos que nossa esperança não pode estar nessas coisas. — Então, o que poderá mudar o mundo?
Quem conhece a Cristo como Senhor e Salvador, quem foi transformado pelo seu Espírito e está familiarizado com a Bíblia e a História da Igreja sabe que apenas a proclamação do evangelho de Cristo, com poder e graça, é de fato capaz de transformar a cultura, os costumes, as práticas e as tradições ímpias, iníquas e impiedosas de nosso país – começando pela conversão de indivíduos a Cristo. De fato, a Bíblia e a História da Igreja demonstram abundantemente o poder transformador do evangelho não somente em indivíduos e famílias, mas – a partir deles, a partir de indivíduos e famílias – também em vilas, cidades, regiões, países e culturas. Paulo escreveu aos romanos que o evangelho é “o poder de Deus em ação para salvar todos os que creem” (Rm 1.16).
Só que tem um problema, sobretudo em um país tão badalado por evangélicos como é o nosso – o problema é este: qual é o evangelho que de fato tem poder para salvar e transformar? Afinal, meu Deus!, há tantos evangelhos pregados por aí. Qual é o evangelho que salva e que transforma? Qual é o evangelho poderoso?
O texto de Atos dos Apóstolos que nós temos em tela para esta manhã revela o teor do sermão do apóstolo Paulo, que quase já batia às portas da Europa – e que uma vez plantado naquelas terras, transformaria a Europa e o Ocidente para sempre. Esta, pois, é a relevância deste texto: temos nele O Evangelho Segundo Paulo, o evangelho dos apóstolos – como eles pregavam, o que eles destacavam e enfatizavam, bem como a reação das massas que os ouviam e o resultado que colheram com a pregação do evangelho.
Uma igreja que se diga apostólica terá de se conformar ao conteúdo do Evangelho Segundo Paulo e os apóstolos defendiam e divulgavam, terá de comunicá-lo no mesmo Espírito e com a mesma dedicação. Os crentes também farão a mesma coisa. Cristãos apostólicos, pastores apostólicos – inda mais aqueles que arrogam para si o falso título de apóstolos – abraçarão e reverberarão o Evangelho Segundo Paulo, o único que é de fato poderoso para salvar e transformar o ser humano e, consequentemente, o mundo.
Mergulhemos neste texto. Aprendamos qual é a bandeira e a mensagem da igreja.
Lembre-se de que estamos estudando a primeira das três viagens missionárias do apóstolo Paulo, a qual está registrada nos capítulos 13 e 14 do livro de Atos. Na mensagem de domingo passado nós estudamos o início dessa viagem.
Enviados pela igreja, sob a direção do Espírito Santo, Barnabé e Paulo, acompanhados de João Marcos, partiram de Antioquia da Síria para o porto de Selêucia e, de lá, navegaram para a cidade de Salamina, na ilha de Chipre. Ali, eles pregaram o evangelho nas sinagogas da cidade, e seguiram viagem para a cidade de Pafos (a capital), localizada ao oeste da ilha – sede do governo da província romana de Chipre. Nessa cidade, Paulo confrontou o falso profeta Barjesus, o qual tentou impedir, sem sucesso, que o procônsul Sérgio Paulo fosse conduzido à fé salvadora em Cristo.
De Pafos, Paulo, Barnabé e Marcos embarcaram para a cidade de Perge da Panfília, localizada ao sul da Ásia Menor (região onde hoje se encontra a Turquia). Lucas registra, sem explicar o motivo, que nesse ponto da viagem João Marcos abandonou a missão, retornando para Jerusalém (v. 13).
De Perge da Panfília, Paulo e Barnabé viajaram aproximadamente 160 km, por terra, subindo uma região montanhosa, até chegarem à Antioquia da Pisídia, guarde bem: na Galácia. Portanto, quando Paulo escreve aos Gálatas é para cá e região que a epístola está destinada. Aliás, somos informados pelo próprio Paulo de que, na ocasião em que pregou na Antioquia da Pisídia, estava enfermo. É interessante, ouça:
Gálatas 4.12-15 12Irmãos, peço-lhes que sejam como eu, pois eu também sou como vocês. E vocês não me trataram mal 13e certamente se lembram de que eu estava doente quando lhes anunciei as boas-novas pela primeira vez. 14Embora minha saúde precária fosse uma tentação para me rejeitarem, vocês não me desprezaram nem me mandaram embora. Ao contrário, acolheram-me e cuidaram de mim como se eu fosse um anjo de Deus, ou mesmo o próprio Cristo Jesus. 15Que aconteceu com a alegria que vocês demonstraram naquela ocasião? Estou certo de que, se fosse possível, teriam arrancado os próprios olhos e os teriam dado a mim.
Antioquia da Pisídia ficava a cerca de 1.100 metros acima do nível do mar, na região montanhosa da Frígia, na província romana da Galácia, próxima à fronteira com a Pisídia. A cidade era uma colônia romana, habitada por gregos, frígios, romanos e judeus.
Mas por que Antioquia da Pisídia?
Sugere-se que Antioquia foi escolhida: [1.] por causa de sua posição estratégica para alcançar o interior da Ásia Menor, [2.] porque Sérgio Paulo teria parentes nessa cidade, ou [3.] porque, após evangelizar Chipre, terra natal de Barnabé, Paulo estava interessado em evangelizar uma cidade estratégica na sua própria região: a Ásia Menor.
Pois bem, uma vez em Antioquia da Pisídia, esperaram o sábado e visitaram a sinagoga local. Desse modo, como era costume, a palavra foi franqueada aos visitantes (At 13.14-15). Aproveitando a oportunidade, Paulo prega o evangelho de Cristo lá na sinagoga de Antioquia da Pisídia – o primeiro sermão dele registrado por Lucas em Atos.
Interessante, pois esse não foi o primeiro sermão pregado por Paulo. Lucas nos relatou que Paulo pregara em Damasco (At 9.20), Jerusalém (At 9.28), Antioquia da Síria (At 10.26) e Chipre (Atos 13.5, 7), mas em nenhuma dessas ocasiões ele nos relatou o conteúdo do sermão do apóstolo. Este de Atos 13.14-52 é o primeiro sermão de Paulo de que temos registro. Trata-se de um sermão evangelístico, posto que o próprio Paulo o chama de uma “mensagem de salvação” (em Atos 13.26) e de “boa-nova” ou “evangelho” (em Atos 13.32). Era o modo como Paulo pregava. Como tal, não é um exemplo de retórica. Não há demonstrações de sabedoria humana ou sofismas. O que temos é o evangelho puro e simples – O Evangelho Segundo Paulo.
ALGO FUNDAMENTAL A SE NOTAR: o sermão não é “original”, muito pelo contrário. Derek Thomas observou em seu comentário do livro de Atos que o sermão de Paulo guarda uma notável afinidade com os sermões que Pedro pregou no Pentecostes (em Atos 2.14-39; 3.12-26). — Interessante, pois, embora Lucas não diga isso, É POSSÍVEL QUE PAULO TENHA OUVIDO O SERMÃO DE PEDRO, já que Paulo estava estudando em Jerusalém à época, sob a tutela do rabino Gamaliel. Seria fascinante, pois, pensar que, tendo então rejeitado o sermão de Pedro como blasfemo, Paulo agora o repetiu em suas próprias palavras, empregando o mesmo esboço! Sim, é possível, pois [1.] tanto o sermão de Pedro como o de Paulo empregaram o Salmo 16 como tendo se cumprido não na vida do rei Davi, mas na ressurreição de Jesus, um evento do qual Pedro (em Atos 2.24-32) e Paulo (em Atos 13.31, 35-37) afirmaram ser testemunhas; e [2.] Ambos os pregadores atribuíram papéis humanos e divinos à crucificação de Jesus (Pedro em Atos 3.17-18 e Paulo em Atos 13.27). Talvez ainda mais comovente, O SERMÃO DE PAULO SEGUIU QUASE O MESMO PADRÃO QUE O PREGADO POR ESTÊVÃO (em Atos 7), o qual à época causou grande ira em Saulo (como ele era então chamado – Atos 8). Quem diria! Paulo agora pregava o que ele um dia rejeitou com veemência. Foi uma virada de 180 graus na sua vida, da escuridão ele se voltou para a luz, e agora O Evangelho Segundo Paulo era o mesmo Evangelho dos Apóstolos de Jesus Cristo.
Foram mensagens como essa – centradas no evangelho e pregadas por onde Paulo passou nas suas viagens missionárias – que acabaram transformando a Europa e o mundo ocidental, e podem novamente transformar o mundo atual (inclusive o nosso país) da terrível condição moral e espiritual em que se encontra (talvez começando pela sua vida nesta manhã; sua vida que precisa do poder do evangelho para a salvação).
Passemos à análise do sermão de Paulo. PRIMEIRO, a sua postura – educadamente o apóstolo esperou pela sua oportunidade de falar (era para ele direção do Espírito), e quando falou, não atacou com palavras acusatórias, ele se dirigiu a eles com respeito:
Atos 13.14-16 14Paulo e Barnabé prosseguiram para o interior, até Antioquia da Pisídia. No sábado, foram à sinagoga. 15Depois da leitura dos livros da lei e dos profetas, os chefes da sinagoga lhes mandaram um recado: “Irmãos, se vocês têm uma palavra de encorajamento para o povo, podem falar”. 16Então Paulo ficou em pé, levantou a mão para pedir silêncio e começou a falar: “Homens de Israel e gentios tementes a Deus, ouçam-me! […]
SEGUNDO, a divisão do sermão de Paulo (sugerida pelo Dr. Paulo Anglada): [1.] o desenvolvimento da promessa de Deus (vs. 16-25), [2.] o cumprimento da promessa de Deus (vs. 26-37) e [3.] a aplicação da promessa de Deus (vs. 38-41). Essas partes principais da mensagem são demarcadas com expressões semelhantes, as quais foram utilizadas pelo próprio Paulo com o objetivo de chamar a atenção dos ouvintes presentes: versículo 16 — “Homens de Israel e gentios tementes a Deus, ouçam-me!”; versículo 26 —“Irmãos, vocês que são filhos de Abraão e também vocês gentios tementes a Deus, esta mensagem de salvação foi enviada a nós.”; versículo 38 —“Ouçam, irmãos! Estamos aqui para proclamar que, por meio de Jesus, há perdão para os pecados.” — Pois bem, nessas divisões principais, Paulo: [1.] faz um retrospecto da história do povo de Deus (vs. 16-25), [2.] apresenta Jesus como o clímax da história (vs. 26-37) e [3.] aplica a mensagem aos ouvintes, advertindo-os quanto ao perigo da incredulidade (vs. 38-41).
Ouçamos o sermão.
1. O desenvolvimento da promessa de Deus
Atos 13.16-25 16Então Paulo ficou em pé, levantou a mão para pedir silêncio e começou a falar: “Homens de Israel e gentios tementes a Deus, ouçam-me!
[Gênesis—Josué]
17“O Deus desta nação de Israel escolheu nossos antepassados e fez que se multiplicassem e se fortalecessem durante o tempo em que ficaram no Egito. Então, com braço poderoso, ele os tirou da escravidão. 18Ele suportou seu comportamento durante os quarenta anos em que andaram sem rumo pelo deserto. 19Destruiu sete nações em Canaã e deu seu território a Israel como herança. 20Tudo isso levou cerca de quatrocentos e cinquenta anos. […]
[Juízes, 1 e 2 Samuel]
20[…] “Depois, Deus lhes deu juízes para governá-los até o tempo do profeta Samuel. 21Então o povo pediu um rei, e ele lhes deu Saul, filho de Quis, homem da tribo de Benjamim, e ele reinou por quarenta anos. 22Mas Deus removeu Saul e colocou em seu lugar Davi, a respeito de quem Deus disse: ‘Davi, filho de Jessé, é um homem segundo o meu coração; fará tudo que for da minha vontade’.
[João Batista]
23“E Jesus, um dos descendentes de Davi, é o salvador que Deus concedeu a Israel, conforme sua promessa! 24Antes da vinda de Jesus, João Batista anunciou que todo o povo de Israel precisava se arrepender e ser batizado. 25Quando João estava concluindo seu trabalho, perguntou: ‘Vocês pensam que eu sou o Cristo? Não sou! Mas ele vem em breve, e não sou digno sequer de desamarrar as correias de suas sandálias’.
VEJA: Paulo começa sua pregação relembrando os atos soberanos de Deus para com o povo da promessa, dirigindo soberana, graciosa e poderosamente a história com vistas à vinda do Messias, o Salvador prometido da descendência de Davi, para, por meio dele, redimir o povo de seus pecados, e abençoar todos os povos da terra.
Fascinante, não é? Esse é o Evangelho Segundo Paulo. É tudo sobre Jesus Cristo. Veja, meu povo, o evangelho não é “deixe-me dizer o que eu experimentei”. Esse não é o evangelho. O evangelho não é “Deus mudou minha vida.” Esse não é o evangelho. Ora, qualquer coisa – qualquer coisa que não é o evangelho – pode mudar sua vida. Todos os tipos de coisas podem mudar a vida das pessoas (p.ex., filhos, tecnologia, medicina, medicamentos etc.), mas isso não é o evangelho. A boa notícia, a mensagem da salvação, é Jesus Cristo – a vida e a obra de Cristo para a justificação do pecador diante de Deus, para a salvação do pecador que sem Cristo vive sob a ira de Deus – e foi Cristo que Paulo pregou em Antioquia da Pisídia.
2. O cumprimento da promessa de Deus
Atos 13.26-37 26“Irmãos, vocês que são filhos de Abraão e também vocês gentios tementes a Deus, esta mensagem de salvação foi enviada a nós.
[A crucificação]
27O povo de Jerusalém e seus líderes não reconheceram que Jesus era aquele a respeito de quem os profetas haviam falado. Em vez disso, eles o condenaram e, ao fazê-lo, cumpriram as palavras dos profetas, que são lidas todos os sábados. 28Não encontraram motivo legal para executá-lo, mas, ainda assim, pediram a Pilatos que o matasse.
[O sepultamento e a ressurreição]
29“Depois de cumprirem tudo que as profecias diziam a respeito dele, eles o tiraram da cruz e o colocaram num túmulo, 30mas Deus o ressuscitou dos mortos. 31E, por muitos dias, ele apareceu àqueles que o tinham acompanhado da Galileia para Jerusalém. Agora eles são suas testemunhas diante do povo.
[A comprovação de que Cristo é o Filho de Deus, o SENHOR]
32“Estamos aqui para trazer a vocês esta boa-nova. A promessa foi feita a nossos antepassados, 33e agora Deus a cumpriu para nós, os descendentes deles, ao ressuscitar Jesus. É isto que o segundo salmo diz a respeito dele: ‘Você é meu Filho; hoje eu o gerei’.
[O cumprimento da profecia de Davi]
34Pois Deus havia prometido ressuscitá-lo dos mortos, para que jamais apodrecesse no túmulo. Ele disse: ‘Eu lhes darei as bênçãos sagradas que prometi a Davi’. 35Em outro salmo, ele explicou de modo mais direto: ‘Não permitirás que o teu Santo apodreça no túmulo’. 36Não se trata de uma referência a Davi, porque, depois que Davi fez a vontade de Deus em sua geração, morreu e foi sepultado com seus antepassados, e seu corpo apodreceu. 37É uma referência a outra pessoa, a alguém a quem Deus ressuscitou e cujo corpo não apodreceu.
Paulo Anglada observou que o cerne da mensagem de Paulo é que a “boa-nova”, o “evangelho da promessa” (v. 32), a promessa de redenção/salvação por meio do Messias de Israel, conforme anunciadas nas Escrituras foi cumprida em Jesus. Assim, a obra redentora de Jesus, por meio de sua morte substitutiva na cruz e ressurreição dos mortos, é o clímax da história da redenção, o cerne da mensagem cristã, o conteúdo fundamental do testemunho evangélico.
Toda atividade evangelística e missionária, a anunciação da mensagem cristã, deve se concentrar na proclamação, ou seja, explicação e aplicação desses acontecimentos históricos da vida e obra de Cristo, com vistas à salvação dos perdidos e à glória de Deus. — A mensagem cristã não é uma mensagem de autoajuda, não visa a desenvolver o potencial interior dentro de nós mesmos para o sucesso. Nossa mensagem não é do tipo “queremos ajudar você a viver uma vida melhor”, é sobre “Jesus pagou pelos nossos pecador”. Nossa mensagem não é centrada na causa do pobre, libertação dos oprimidos (apesar de resolver isso)… nossa mensagem não é contra racismo estrutural, feminismo, machismo (apesar de sanar isso) ela não é esquerdismo, conservadorismo (apesar de equilibrar isso)… nossa mensagem é exatamente o que Paulo pregou em Antioquia da Pisídia, e depois aos coríntios (1Co 2.2, ARA): “decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.”
3. A aplicação da promessa de Deus
Na parte final da sua pregação (vs. 38-41), o apóstolo Paulo aplica a mensagem aos ouvintes, oferecendo-lhes remissão dos pecados mediante a fé em Cristo, e advertindo-os para não desprezarem a maravilhosa graça de Deus.
Atos 13.38-41 38“Ouçam, irmãos! Estamos aqui para proclamar que, por meio de Jesus, há perdão para os pecados. 39Todo o que nele crê é declarado justo diante de Deus, algo que a lei de Moisés jamais pôde fazer. 40Por isso, tomem cuidado para que não se apliquem a vocês as palavras dos profetas [Habacuque 1.5 na Septuaginta]: 41‘Olhem, zombadores; fiquem admirados e morram! Pois faço algo em seus dias, algo em que vocês não acreditariam mesmo que lhes contassem’”.
Derek Thomas: Paulo estava exortando seus ouvintes a não tratar o que ele havia acabado de pregar – a declaração de Deus no evangelho – com desdém intelectual! Com frequência, essa é a reação que as pessoas fazem à mensagem do evangelho. É uma mensagem muito simples. “Diga-nos algo que podemos fazer!” “Diga-nos como podemos melhorar moralmente nossa vida e a sociedade.” Este é o refrão constante. Paulo nos adverte a não responder assim, a não zombar da mensagem do evangelho.
Comentando essa passagem, John Stott observa que, na conclusão do sermão, Paulo reúne as cinco grandes palavras que serão as pedras fundamentais do evangelho exposto em suas cartas [principalmente aos Gálatas e depois aos Romanos]. Tendo se referido à morte de Jesus na cruz (no versículo 29), o apóstolo fala do pecado (no versículo 38), da fé, da justificação e da lei (no versículo 39) e da graça (no versículo 43).
A essência do Evangelho Segundo Paulo é esta:
Gálatas 2.16 E, no entanto, sabemos que uma pessoa é declarada justa diante de Deus pela fé em Jesus Cristo, e não pela obediência à lei. E cremos em Cristo Jesus, para que fôssemos declarados justos pela fé em Cristo, e não porque obedecemos à lei. Pois ninguém é declarado justo diante de Deus pela obediência à lei”. [confira Gl 83.8-14]
Romanos 3.28 Portanto, somos declarados justos por meio da fé, e não pela obediência à lei.
Romanos 8.3-4 3A lei não era capaz de nos salvar por causa da fraqueza de nossa natureza humana, por isso Deus fez o que a lei era incapaz de fazer ao enviar seu Filho na semelhança de nossa natureza humana pecaminosa e apresentá-lo como sacrifício por nosso pecado. Com isso, declarou o fim do domínio do pecado sobre nós, 4de modo que nós, que agora não seguimos mais nossa natureza humana, mas sim o Espírito, possamos cumprir as justas exigências da lei.
Paulo pregou “o evangelho de Deus” – conforme ele mesmo descreveu sua mensagem (em Romanos 1.1) – ele pregou o evangelho na Galácia, em Antioquia da Pisídia.
Mas qual foi a reação dos ouvintes?
1. Convite para retornar
Atos 13.42-43 42Quando Paulo e Barnabé estavam saindo da sinagoga, o povo pediu que voltassem a falar dessas coisas na semana seguinte. 43Muitos judeus e gentios devotos convertidos ao judaísmo seguiram Paulo e Barnabé, que insistiam com eles para que continuassem a confiar na graça de Deus.
2. Oposição e avanço do evangelho
Atos 13.44-51 44No sábado seguinte, quase toda a cidade compareceu para ouvir a palavra do Senhor.
[A inveja dos líderes judeus]
45Quando alguns dos judeus viram as multidões, ficaram com inveja, de modo que difamaram Paulo e contestavam tudo que ele dizia.
[A teologia de Paulo e Barnabé]
46Então Paulo e Barnabé se pronunciaram corajosamente, dizendo: “Era necessário que pregássemos a palavra de Deus primeiro a vocês, judeus. Mas, uma vez que vocês a rejeitaram e não se consideraram dignos da vida eterna, agora vamos oferecê-la aos gentios. 47Pois foi isso que o Senhor nos ordenou quando disse: ‘Fiz de você uma luz para os gentios, para levar a salvação até os lugares mais distantes da terra’”.
[O avanço do evangelho]
48Quando ouviram isso, os gentios se alegraram e agradeceram ao Senhor por essa mensagem, e todos que haviam sido escolhidos para a vida eterna creram. 49Assim, a palavra do Senhor se espalhou por toda aquela região.
[A perseverança de Paulo e Barnabé]
50Então os judeus, instigando as mulheres religiosas influentes e as autoridades da cidade, provocaram uma multidão contra Paulo e Barnabé e os expulsaram dali. 51Eles, porém, sacudiram o pó dos pés em sinal de reprovação e foram à cidade de Icônio.
3. A alegria dos discípulos
Atos 13.52 E os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo.
Não há como ter alegria sólida sem o Espírito Santo. É o Espírito que nos dá fome e sede do evangelho da justiça de Deus. Ele quem nos converte, convencendo-nos do pecado e nos dando fé para crer para a salvação. E é o mesmo Espírito que nos enche de Cristo, o Salvador do mundo.
Aplicação: lições do evangelho segundo Paulo
Algumas lições:
Em uma época de declínio da fé evangélica – da fé centrada na cruz de Cristo – , temos uma fonte de imenso conforto no saber que “o Espírito que está em vocês é maior que o espírito que está no mundo” (1João 4.4).
Cristão, nunca duvide disto: você está do lado da vitória final!
Essa é, em resumo, a mensagem que, um dia, mudou o mundo. É a mesma mensagem que pode mais uma vez transformar o mundo (incluindo você e o nosso país), quando anunciada e testemunhada em verdade, poder e graça, pela misericórdia soberana do Deus Triúno.
S.D.G. L.B.Peixoto
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