21.05.2017
O GAROTÃO QUE O PECADO QUASE TRAGOU
Hebreus 11.32-34
32 Quanto mais preciso dizer? Levaria muito tempo para falar sobre a fé que Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas tiveram. 33 Pela fé, eles conquistaram reinos, governaram com justiça e receberam promessas. Fecharam a boca de leões, 34 apagaram chamas de fogo e escaparam de morrer pela espada. Sua fraqueza foi transformada em força. Tornaram-se poderosos na batalha e fizeram fugir exércitos inteiros.
A triste história de um herói
Da mitologia grega aos desenhos animados dos canais infantis — de Hércules ao Hulk — os super-heróis são imortais na nossa imaginação. Até os cristãos possuem os seus e, de todos eles, talvez Sansão seja um dos mais admirados pela garotada nas Escolas Bíblicas de Férias. As manchetes de suas histórias não deixam a desejar para as histórias de qualquer super-herói da Marvel ou da DC Comics, com uma diferença, claro!, elas são todas verídicas. Veja:
Jz 14.5-6 | 5 Quando Sansão e seus pais estavam descendo a Timna, de repente um jovem leão atacou Sansão perto dos vinhedos de Timna. 6 Naquele momento, o Espírito do SENHOR veio sobre Sansão com tamanho poder que ele rasgou o animal pelas mandíbulas usando as próprias mãos, com a mesma facilidade que se despedaça um cabrito.
Jz 14.19 | Então o Espírito do SENHOR veio com poder sobre Sansão. Ele desceu à cidade de Ascalom, matou trinta homens, tomou seus pertences e deu as roupas deles aos homens que haviam resolvido o enigma.
Jz 15.14-16 | 14 Quando Sansão chegou a Leí, os filisteus vieram ao seu encontro, dando gritos de vitória. Mas o Espírito do SENHOR veio com poder sobre Sansão, e ele rompeu as cordas em seus braços como se fossem barbantes de linho queimados, e as amarras caíram de suas mãos. 15 Sansão encontrou a queixada de um jumento que tinha sido morto havia pouco tempo. Ele a pegou e a usou para matar mil filisteus. 16 Então disse: “Com uma queixada de jumento, fiz deles montões! Com uma queixada de jumento, matei mil homens!”.
Jz 16.2-3 | 2 Logo correu a notícia de que Sansão estava lá, e os homens de Gaza se reuniram e esperaram a noite toda junto aos portões da cidade. Ficaram em silêncio a noite inteira, pois pensavam: “Quando o dia clarear, vamos matá-lo”. 3 Mas Sansão ficou deitado só até a meia-noite. Então levantou-se, agarrou os portões da cidade, com os dois batentes, e os ergueu, junto com a tranca. Colocou-as sobre os ombros e as levou para o alto da colina que fica em frente de Hebrom.
Jz 16.28-30 | 28 Então Sansão orou ao SENHOR: “Soberano SENHOR, lembra-te de mim novamente. Por favor, ó Deus, fortalece-me só mais esta vez. Permite que, com um só golpe, eu me vingue dos filisteus pela perda de meus dois olhos”. 29 Então Sansão se apoiou nas colunas centrais que sustentavam o templo, empurrou-as com as duas mãos 30 e exclamou: “Que eu morra com os filisteus!”. E o templo desabou sobre os governantes filisteus e sobre todo o povo. Assim, Sansão matou mais pessoas quando morreu do que em toda a sua vida.
Impressionante! No entanto, apesar de tudo isso, a história de Sansão é uma história triste, muito triste. A história de Sansão é a história de um herói que Deus usou apesar de seus fracassos. Deus cumpriu o seu propósito para Israel através da vida de Sansão, mas observar a vida desse homem é assistir a triste história de um herói.
A cena memorável de hoje nos apresenta o garotão que o pecado quase tragou. Observemos, pois, a vida dele e vejamos quais lições nós podemos aprender, especialmente a juventude que nos assiste.
1. Um começo promissor
Sansão era uma grande promessa para Israel, que atravessava momentos lamentáveis de crises e de opressão:
Jz 13.1 | Mais uma vez, os israelitas fizeram o que era mau aos olhos do SENHOR. Por isso, o SENHOR os entregou nas mãos dos filisteus, que os oprimiram durante quarenta anos.
Repetiu-se a historia do livro de Juízes: o povo de Israel tornou a fazer o que era mal perante o Senhor e todos foram entregues aos filisteus. Os filisteus eram metalúrgicos e suas armas, que eram de ferro, eram mais poderosas do que as armas dos israelitas, que eram de bronze. O valente e poderoso Sansão, portanto, nasceu com a grande promessa de ser quem começaria a libertar Israel das mãos desses bárbaros filisteus. A tarefa seria completada por Saul e Davi.
Jz 13.2-5 | 2 Naqueles dias, um homem chamado Manoá, da tribo de Dã, vivia na cidade de Zorá. Sua esposa era estéril, e eles não tinham filhos. 3 O anjo do SENHOR apareceu à esposa de Manoá e disse: “Embora você não tenha conseguido ter filhos até agora, ficará grávida e dará à luz um filho. 4 Portanto, tenha cuidado; não beba vinho e nenhuma outra bebida fermentada, nem coma nenhum alimento que seja impuro. 5 Você ficará grávida e dará à luz um filho, do qual jamais cortará o cabelo, porque ele será consagrado a Deus como nazireu desde o nascimento. Ele começará a libertar Israel das mãos dos filisteus”.
Sansão foi criado em um lar que temia ao Senhor (Jz 13.15-23). Seu pai era um homem de oração (Jz 13.8) e sua mãe era uma mulher de imensa maturidade espiritual (Jz 13.22-23).
Jz 13.6-8, 21-25 | 6 A mulher foi correndo contar ao marido: “Um homem de Deus apareceu para mim! Era como um dos anjos de Deus, e sua aparência era assustadora. Não perguntei de onde era, e ele não me disse seu nome. 7 Mas ele me disse: ‘Você ficará grávida e dará à luz um filho. Não beba vinho e nenhuma outra bebida fermentada, nem coma nenhum alimento que seja impuro. Seu filho será consagrado a Deus como nazireu desde o nascimento até o dia de sua morte’”. 8 Então Manoá orou ao SENHOR: “Senhor, eu peço que o homem de Deus que enviaste volte e nos dê mais instruções a respeito desse filho que vai nascer”.” […] 21 O anjo do SENHOR não voltou a aparecer a Manoá e sua esposa. Então Manoá finalmente percebeu que era o anjo do SENHOR 22 e disse à sua esposa: “Com certeza vamos morrer, pois vimos a Deus!”. 23 Sua esposa, porém, disse: “Se o SENHOR quisesse nos matar, não teria aceitado o holocausto e a oferta de cereal. Não teria aparecido a nós, nem nos teria revelado essas coisas maravilhosas!”. 24 Quando o menino nasceu, ela o chamou de Sansão. O SENHOR o abençoou enquanto ele crescia, 25 e o Espírito do SENHOR começou a agir nele quando ele morava em Maané-Dã, entre Zorá e Estaol.”
Sansão foi educado por pais dedicados e preocupados em discernir corretamente a vontade de Deus para a vida da família (Jz 13.3-14). Todos se abstiveram de varias coisas em benefício da criança, conforme requeria o voto nazireu (Jz 13.4-5). A mãe e o pai mantinham um diálogo saudável (Jz 13.6-7) e juntos buscavam em Deus todos os recursos necessários para melhor educar o filho (Jz 13.8-14).
Sansão seria um nazireu consagrado a Deus (Jz 13.5), o que significava que desde sempre ele se 1 absteria do vinho para manter a sobriedade necessária para compreender e guardar a Lei; 2 não tocaria em cadáver para testificar que ele vivia uma vida pura, sem contaminações; 3 não cortaria o cabelo para demonstrar visivelmente sua dedicação ao Senhor e publicamente confessar que o seu vigor vinha de Deus.
Sobre o voto nazireu: se o serviço prestado à casa de Deus era privilégio apenas dos homens da tribo de Levi e o sacerdócio privilégio apenas da casa de Arão, o Senhor decidiu dar uma oportunidade de consagração de vida à todos que o quisessem servir com maior esmero, daí o nazireado (Nm 6.1-8).
Os pais educam e o filho cresce: Sansão nasceu como uma grande promessa, face a imensas oportunidade; nasceu num lar temente a Deus, de pais decididos a educá-lo da melhor forma possível, no temor do Senhor; ele começa a vida com uma dedicação inigualável ao Senhor; mas quando chegou o momento dele sair do ninho, ele escolheu trilhar um caminho pervertido. É quando começa a triste história desse herói.
Fica uma grande lição aos pais e à igreja: devemos dedicar toda a nossa vida irrestritamente ao Senhor e servir de modelo aos nossos filhos e discípulos; temos que investir da melhor forma que pudermos na educação deles; precisamos discipulá-los da melhor maneira que conseguirmos… mas se ainda assim eles escolherem um caminho de morte isso se dará pelo fato de que somos seres com vontade e decisão próprias.
2. Um Caminho pervertido
Vejamos o caminho de perversão trilhado por Sansão.
Sansão não mediu esforços para saciar a cobiça do seu coração (Jz 14.1-4; 16.1; 16.4). A primeira descrição que se faz dele fora da casa de seus pais é que ele desceu e viu uma mulher (Jz 14.1), desconsiderou o desejo dos pais (Jz 14.2-3) e quebrou o mandamento do Senhor (não possuir mulheres da terra de Canaã — Dt 7.1-4). Sansão passou a vida saciando seus impulsos carnais; não via virtudes, apenas atendia aos seus impulsos:
Jz 14.1-4 | 1 Certo dia, Sansão estava em [desceu a] Timna e viu uma moça do povo filisteu. 2 Quando voltou para casa, disse a seu pai e a sua mãe: “Vi uma moça filisteia em Timna. Quero me casar com ela. Consigam aquela moça para mim”. 3 Seu pai e sua mãe se opuseram: “Não há uma moça sequer em nossa tribo ou entre todo o nosso povo com quem você possa se casar? Por que tem de procurar uma esposa entre os filisteus pagãos?” Mas Sansão disse a seu pai: “Consiga a moça para mim. É ela que eu quero”. 4 Seus pais não sabiam que o SENHOR estava agindo no meio disso tudo, para criar uma oportunidade de agir contra os filisteus que, na época, dominavam Israel.
Jz 16.1-4 | 1 Certo dia, Sansão foi à cidade filisteia de Gaza e conheceu uma prostituta, com quem passou a noite. […] 4 Algum tempo depois, Sansão se apaixonou por uma mulher chamada Dalila, que morava no vale de Soreque.
Sansão amava um rabo de saia e não mediu esforços para saciar a cobiça do coração.
Sansão relativizou todos os conteúdos que ele havia aprendido das Escrituras e os manuseou como melhor lhe parecia (Jz 14.5-9; 16.17) — ele quebrou o voto nazireu: não saia das vinhas (vale de Timna — Jz 14.5); contaminou-se com o cadáver do leão (Jz 14.8-9 – Note que ele decidiu não contar para os pais de onde vinha o mel: na cabaça dele estava tudo ok, mas, como “os pais nunca entenderiam!”, ele decidiu não contar a origem do produto!); o único voto que ele achava estar guardando era o de não permitir que seu cabelo fosse cortado (Jz 16.17).
Jz 16.17 | Por fim, contou-lhe seu segredo: “Meu cabelo nunca foi cortado, pois fui consagrado a Deus como nazireu desde o nascimento. Se minha cabeça fosse raspada, eu perderia as forças e ficaria tão fraco como qualquer outro homem”.
Tendo quebrado todos os outros votos, por que não quebrou mais este? Por que ele nunca cortou o cabelo? É que o cabelo era o único sinal visível do voto nazireu na vida dele. Sansão vivia uma religião de faz de conta. O problema com sinais sem vida é que, conforme nós verificamos na vida de Sansão, eles não nos livram de cair no pecado.
Sansão parecia um nazireu, pois seu cabelo era longo, mas vivia como um filisteu, pois era guiado pelos olhos contaminados do coração. Em outras palavras: fazia tudo o que não podia e não devia e, quando dava, ia à igreja e se dizia crente. Sansão relativizou todos os conteúdos que ele havia aprendido das Escrituras.
Sansão se entregou ao descompromisso, à irreverência e ao descontrole de seus contemporâneos filisteus (Jz 14.8-19). Ele promoveu baladas para os seus chegados filisteus, fez charadas e, quando contrariado agiu como um animal.
Jz 14.8-20 | 8 Algum tempo depois, quando voltou a Timna para o casamento, saiu do caminho para ver o cadáver do leão. Descobriu que um enxame de abelhas havia feito mel dentro da carcaça. 9 Pegou um pouco de mel com as mãos e foi comendo pelo caminho. Também deu um pouco a seu pai e a sua mãe, e eles comeram. Mas Sansão não lhes contou que havia tirado o mel da carcaça do leão. 10 Enquanto seu pai estava em Timna para o casamento, Sansão ofereceu uma festa ali, como era costume entre os noivos. 11 Quando os pais da noiva o viram, escolheram trinta rapazes da cidade para o acompanharem na festa. 12 Sansão lhes disse: “Vou lhes propor um enigma. Se conseguirem decifrá-lo durante estes sete dias de celebração, darei a vocês trinta camisas de linho fino e trinta conjuntos de roupa. 13 Mas, se não conseguirem decifrá-lo, vocês me darão trinta camisas de linho fino e trinta conjuntos de roupa”. “Está bem”, concordaram eles. “Proponha seu enigma.” 14 Ele disse: “Do que come veio algo para comer, do que é forte veio algo doce”. Três dias depois, eles ainda tentavam encontrar a resposta. 15 No quarto dia, disseram à esposa de Sansão: “Convença seu marido a explicar o enigma; caso contrário, queimaremos vivos você e sua família! Você nos convidou à festa só para nos deixar pobres?”. 16 Então a esposa de Sansão lhe disse, aos prantos: “Você não me ama! Você me odeia! Propôs um enigma ao meu povo, mas não me contou a resposta!”. Ele respondeu: “Não revelei o enigma nem a meu pai e minha mãe. Por que deveria contá-lo a você?”. 17 Ela chorava cada vez que estava com ele, e assim continuou até o último dia da festa. Por fim, de tanto importunar Sansão, no sétimo dia ele lhe contou a resposta. Então ela explicou o enigma aos rapazes. 18 Antes do pôr do sol do sétimo dia, os homens da cidade vieram dar a resposta a Sansão: “O que é mais doce que o mel? O que é mais forte que o leão?”. Sansão respondeu: “Se vocês não tivessem arado com minha novilha, não teriam resolvido meu enigma!”. 19 Então o Espírito do SENHOR veio com poder sobre Sansão. Ele desceu à cidade de Ascalom, matou trinta homens, tomou seus pertences e deu as roupas deles aos homens. 20 A noiva de Sansão foi dada como esposa ao rapaz que o havia acompanhado na cerimônia.
Além disso tudo, Sansão se deixou dominar pela ira e pela vingança. Como ele era temperamental! Conforme já lemos, ele emburrou, voltou para a casa do papai e abandonou a noiva no altar (Jz 14.15-20). Depois, agiu por vingança:
Jz 15.1-8 | 1 Algum tempo depois, durante a colheita do trigo, Sansão levou um cabrito de presente para sua esposa. “Vou ao quarto de minha esposa para dormir com ela”, disse ele. Mas o pai dela não o deixou entrar. 2 “Eu tinha certeza de que você a odiava”, explicou ele. “Por isso eu a dei como esposa a seu acompanhante de casamento. Mas veja, a irmã mais nova dela é ainda mais bonita. Case-se com ela.” 3 Sansão disse: “Desta vez ninguém poderá me culpar de tudo que eu fizer a vocês, filisteus”. 4 Então saiu e capturou trezentas raposas. Amarrou-as em pares pela cauda e prendeu uma tocha em cada par de caudas. 5 Depois, acendeu as tochas e soltou as raposas no meio das plantações de cereais dos filisteus. Assim, queimou tudo, tanto os feixes já ceifados como o cereal que ainda seria colhido. Também destruiu os vinhedos e os olivais. 6 “Quem fez isto?”, perguntaram os filisteus. E responderam: “Foi Sansão, pois seu sogro, de Timna, deu a esposa de Sansão a seu acompanhante de casamento”. Então os filisteus queimaram vivos a mulher e seu pai. 7 Sansão disse aos filisteus: “Não descansarei enquanto não me vingar de vocês pelo que fizeram!”. 8 Ele os atacou com grande violência e matou muitos deles. Depois, foi morar numa caverna na rocha de Etã.
Quanta diferença de Davi que, quando enfrentou os filisteus, agiu pelo zelo que tinha pelo Senhor Deus de Israel:
1Sm 17.26 | Então Davi perguntou aos soldados que estavam por perto: “O que receberá o homem que matar esse filisteu [Golias] e acabar com suas provocações contra Israel? Afinal de contas, quem é esse filisteu incircunciso para desafiar os exércitos do Deus vivo?”.
Sansão era um inconsequente que, dominado pela ira e pelo desejo de vingança, sempre colocava todos — Israel e a família que o amava — em situação de risco.
Jz 15.9-13 | 9 Então os filisteus acamparam em Judá e se espalharam pelos arredores da cidade de Leí. 10 Os homens de Judá perguntaram aos filisteus: “Por que vieram nos atacar?”. Os filisteus responderam: “Viemos capturar Sansão e nos vingar dele”. 11 Então três mil homens de Judá desceram para buscar Sansão na caverna da rocha de Etã. “Você não sabe que os filisteus nos dominam?”, disseram a Sansão. “O que você está fazendo conosco?” Sansão respondeu: “Só fiz a eles o que fizeram a mim”. 12 Mas os homens de Judá lhe disseram: “Viemos amarrá-lo e entregá-lo aos filisteus”. “Está bem”, disse Sansão. “Mas prometam que vocês mesmos não me farão mal.” 13 “Vamos apenas amarrá-lo e entregá-lo aos filisteus”, responderam eles. “Não vamos matá-lo.” Então o amarraram com duas cordas novas e o fizeram sair da rocha.”
Sansão, na verdade, era um arruaceiro:
Jz 16.1-4 | 1 Certo dia, Sansão foi à cidade filisteia de Gaza e conheceu uma prostituta, com quem passou a noite. 2 Logo correu a notícia de que Sansão estava lá, e os homens de Gaza se reuniram e esperaram a noite toda junto aos portões da cidade. Ficaram em silêncio a noite inteira, pois pensavam: “Quando o dia clarear, vamos matá-lo”. 3 Mas Sansão ficou deitado só até a meia-noite. Então levantou-se, agarrou os portões da cidade, com os dois batentes, e os ergueu, junto com a tranca. Colocou-as sobre os ombros e as levou para o alto da colina que fica em frente de Hebrom. 4 Algum tempo depois, Sansão se apaixonou por uma mulher chamada Dalila, que morava no vale de Soreque.
Sansão era tão carnal, que não se dava conta do poder de Deus sobre a vida dele (Jz 15.12) nem se percebeu quando Deus o entregou a si mesmo. Veja como é triste:
Jz 16.20 | Então ela gritou: “Sansão! Os filisteus vieram atacá-lo!”. Ao acordar, ele pensou: “Farei como das outras vezes e me livrarei deles”. Não sabia, porém, que o SENHOR o havia deixado.”
Mais uma vez, que diferença entre Sansão (o todo-poderoso autossuficiente garotão) de Davi (o homem segundo o coração de Deus) — que sempre foi consciente de que sua força vinha do Senhor (1Sm 17:31-40, 45-47). Para Sansão, a sua força vinha dele mesmo (Jz 15.15-16), por ele manter seu cabelo longo (Jz 16.17); ele entendia que tudo lhe era permitido fazer, desde que o cabelo não fosse cortado — como muitos que fazem o que lhes dão na cabeça e de quando em tempo vão à uma programação especial na igreja e pensam estar tudo bem.
A tristeza, no caso de Sansão, é que sua força se foi e ele nem sabia disso (Jz 16.20); nem se deu conta de que Deus não era mais com ele. Lamentavelmente, é como muitos que morrem espiritualmente e acham que ainda estão vivos, fortes e vigorosos. Na verdade, gente assim, nunca foi crente!
3. Uma cicatriz profunda
Tendo visto o futuro promissor e o caminho pervertido de Sansão, vejamos agora a cicatriz profunda que ficou na vida dele.
Nem é preciso dizer o quanto aquele garotão fez seus pais e familiares sofrerem (leia, por exemplo, Jz 14.2-3; 16.31). Também não precisamos destacar como ele viveu uma vida turbulenta, cheia de intrigas, desavenças e perseguições, tudo fruto de seu estilo de vida carnal e violento. O mais triste, porém, é observar como Sansão se entregou de mãos beijadas aos seus inimigos. Veja:
Jz 16.18-21; 23-27 | 18 Dalila percebeu que, finalmente, Sansão havia lhe contado a verdade e mandou chamar os governantes filisteus. “Venham mais uma vez!”, disse ela. “Sansão finalmente me contou seu segredo.” Os governantes foram ao encontro dela e lhe deram o dinheiro. 19 Dalila fez Sansão dormir com a cabeça em seu colo e então chamou um homem para cortar as sete tranças do cabelo dele. Desse modo, começou a enfraquecê-lo, e suas forças o deixaram. 20 Então ela gritou: “Sansão! Os filisteus vieram atacá-lo!”. Ao acordar, ele pensou: “Farei como das outras vezes e me livrarei deles”. Não sabia, porém, que o SENHOR o havia deixado. 21 Os filisteus o capturaram e furaram seus olhos. Levaram-no para Gaza, onde o prenderam com duas correntes de bronze, obrigando-o a moer cereais na prisão. […] 23 Os governantes filisteus realizaram uma grande festa, na qual ofereceram sacrifícios e louvaram seu deus, Dagom. “Nosso deus nos deu a vitória sobre nosso inimigo Sansão!”, diziam eles. 24 Ao ver Sansão, o povo louvou o seu deus. “Nosso deus nos entregou nosso inimigo!”, diziam. “Aquele que destruía a nossa terra e matou muitos de nós agora está em nosso poder!” 25 A essa altura, já estavam muito bêbados e começaram a gritar: “Tragam Sansão para que nos divirta!”. Assim, trouxeram Sansão da prisão para diverti-los e o fizeram ficar em pé entre as duas colunas que sustentavam o teto. 26 Sansão disse ao jovem servo que o guiava pela mão: “Ponha minhas mãos nas duas colunas que sustentam o templo. Quero me apoiar nelas”. 27 O templo estava lotado. Todos os governantes filisteus estavam presentes, e havia cerca de três mil homens e mulheres na cobertura vendo Sansão e se divertindo às custas dele.
O escárnio do inimigo era a marca da vida de Sansão. Ele viveu e morreu cego.
4. Uma chance proporcionada
Seria esse o fim de Sansão se não fosse pela graça de Deus. Afinal, com o Senhor, sempre existe chance de recomeço:
Jz 16.21-22 | 21 Os filisteus o capturaram e furaram seus olhos. Levaram-no para Gaza, onde o prenderam com duas correntes de bronze, obrigando-o a moer cereais na prisão. 22 Não demorou muito, porém, e seu cabelo começou a crescer de novo.
Com o cabelo de Sansão crescia nova oportunidade de quebrantamento e recomeço.
Deus sempre ouve o clamor de um coração quebrantado:
Jz 16.27-30 | 27 O templo estava lotado. Todos os governantes filisteus estavam presentes, e havia cerca de três mil homens e mulheres na cobertura vendo Sansão e se divertindo às custas dele. 28 Então Sansão orou ao SENHOR: “Soberano SENHOR, lembra-te de mim novamente. Por favor, ó Deus, fortalece-me só mais esta vez. Permite que, com um só golpe, eu me vingue dos filisteus pela perda de meus dois olhos”. 29 Então Sansão se apoiou nas colunas centrais que sustentavam o templo, empurrou-as com as duas mãos 30 e exclamou: “Que eu morra com os filisteus!”. E o templo desabou sobre os governantes filisteus e sobre todo o povo. Assim, Sansão matou mais pessoas quando morreu do que em toda a sua vida.
Deus é gracioso, pois além de salvar o pecador, ele usa até os fracassos dele para fazer cumprir os seus planos soberanos (Jz 13.4; 16.30). O pecado, Deus sempre perdoa, quando nós nos arrendemos e o buscamos com fé. As cicatrizes, porém, ficam na pele.
Há uma história, narrada por Jaime Kemp, que conta sobre como o esquimó (habitante do entorno do Círculo Polar Ártico) caça e mata o lobo, e que ilustra muito bem o poder destrutivo do pecado. Observe:
O esquimó espalha uma camada de sangue de animal sobre a lâmina de uma faca bem afiada. Depois a congela e repete este processo até que a faca tenha se tornado um picolé de sangue, onde a lâmina fica bem escondida e imperceptível naquele “sorvete de sangue”. O próximo passo é fixar a faca no chão, com a lâmina voltada para cima, permitindo que o sangue fique visível.
O lobo, seguindo seu faro natural, descobre a isca. Ele lambe o sangue congelado e, impelido pelo seu apetite voraz, lambe cada vez mais intensa, ambiciosa e impacientemente o picolé de sangue. Em poucos minutos ele comeu todas as camadas de sangue congelado, e a lâmina da faca já pode ser vista e tocada. Porém, seu desejo por um banquete não o deixa perceber que a faca está cortando sua língua e garganta. Então ele passa a devorar seu próprio sangue. Seu apetite carnívoro é tão incontrolável que ele se auto-destrói. Pela manhã seu corpo está inerte. Ele está morto sobre a neve, aguardando o caçador esquimó para apanhá-lo.
O garotão que o pecado quase tragou
Permitam-me terminar com algumas pinceladas de aplicação prática:
Sansão foi lembrado como homem de fé porque clamou pelo socorro de Deus; pela fé ele aprendeu a tirar força da fraqueza (Hb 11.32-34). No entanto, 1 foi preciso Deus cegá-lo para ele descobrir que andava cego; 2 foi preciso Deus torná-lo escravo para ele ver que a vida só vale a pena ser vivida quando se vive para servir a Deus e o próximo; 3 foi preciso Deus abandoná-lo para ele descobrir que o Senhor está sempre perto daqueles que o invocam com arrependimento e fé; 4 foi preciso morrer para a vida valer a pena.
Você consegue ver o Evangelho na vida de Sansão? O garotão, o filho pródigo que deixou a casa do Pai, aquele que o pecado quase tragou, finalmente caiu em si e clamou pela graça de Deus. Voltando para casa, descobriu o Pai de braços abertos para recebê-lo! E você, o que fará?
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