01.03.2020
João 11.45-57
45Muitos dos judeus que estavam com Maria creram em Jesus quando viram isso [a ressurreição de Lázaro]. 46Alguns, no entanto, foram aos fariseus e contaram o que Jesus tinha feito. 47Então os principais sacerdotes e fariseus reuniram o conselho dos líderes do povo. “Que vamos fazer?”, perguntavam uns aos outros. “Sem dúvida, este homem realiza muitos sinais. 48Se permitirmos que continue assim, logo todos crerão nele. Então o exército romano virá e destruirá nosso templo e nossa nação.” 49Caifás, o sumo sacerdote naquele ano, disse: “Vocês não sabem o que estão dizendo! 50Não percebem que é melhor para vocês que um homem morra pelo povo em vez de a nação inteira ser destruída?”. 51Não disse isso por si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus morreria pela nação inteira. 52E não apenas por aquela nação, mas para reunir em um só corpo todos os filhos de Deus espalhados ao redor do mundo. 53Daquele dia em diante, começaram a tramar a morte de Jesus. 54Por essa razão, Jesus parou de andar no meio do povo. Foi para um lugar próximo do deserto, para o povoado de Efraim, onde permaneceu com seus discípulos. 55Faltava pouco tempo para a festa judaica da Páscoa, e muita gente de toda a região chegou a Jerusalém para participar da cerimônia de purificação, antes que a Páscoa começasse. 56Continuavam procurando Jesus e, estando eles no templo, perguntavam uns aos outros: “O que vocês acham? Será que ele virá para a Páscoa?”. 57Enquanto isso, os principais sacerdotes e fariseus deram ordem para que, se alguém soubesse onde Jesus estava, o denunciasse de imediato, a fim de que o prendessem.
O AMOR DE DEUS
A Bíblia conta a história do impressionante, infinito e grande amor de Deus. Essa história de amor incessante é a grande trama das Escrituras. Tudo o mais gira em torno ou serve para a realização desse propósito: Deus veio buscar e salvar o que se havia perdido, para o louvor de sua gloriosa graça em Jesus Cristo, na cruz e ressurreição de Cristo.
João 11 é uma das vinhetas desse enredo: o incessável amor de Deus.
O apóstolo, inspirado pelo Espírito, escolheu detalhar em que consiste o amor glorioso de Deus (Jo 11.1-16) e como se dá a manifestação gloriosa de amor de Deus na e pela vida e obra de Cristo (Jo 11.17-44) — tratamos disso nas duas últimas mensagens desta série no Evangelho de João (lá em novembro de 2019). Está tudo no nosso canal no YouTube (@PrLeandroBPeixoto) e no site da nossa igreja na internet (sibgoiania.org).
João nos revelou o que de fato significa amar (Jo 11.1-16) e de que maneira se expressa o amor de Deus por nós (Jo 11.17-44). E agora, na parte final do capítulo (Jo 11.45-57), João nos mostrará quão incessável é o amor de Deus pelas suas ovelhas.
Atente-se para o que veremos e se encante para a sua salvação, santificação e satisfação em Deus. Esteja certo de que nunca houve amor assim e que jamais se verá algo semelhante nos livros, nos cinemas ou em qualquer outro lugar.
A CONSPIRAÇÃO PARA MATAR JESUS
Lázaro havia sido ressuscitado dentre os mortos pela onipotente palavra de Jesus Cristo, conforme atestado por João (11.43-44):
43Depois de dizer isso, Jesus bradou em alta voz: “Lázaro, venha para fora!” 44O morto saiu, com as mãos e os pés envolvidos em faixas de linho e o rosto envolto num pano. Disse-lhes Jesus: “Tirem as faixas dele e deixem-no ir”.
Muitas pessoas testemunharam esse ato extraordinário. Algumas creram em Jesus, enquanto outras correram para contar aos fariseus o que ele havia feito (vs. 45-46):
45Muitos dos judeus que tinham vindo visitar Maria, vendo o que Jesus fizera, creram nele. 46Mas alguns deles foram contar aos fariseus o que Jesus tinha feito.
O que aconteceu a seguir revela qual foi, da perspectiva humana, a causa decisiva para se levar Jesus à execução na cruz (vs. 47-48). Veja o verso 48:
Se permitirmos que continue assim [realizando muitos sinais], logo todos crerão nele. Então o exército romano virá e destruirá nosso templo e nossa nação.”
O “conselho” que decidiu pela morte de Jesus (v. 47) era o Sinédrio, o Supremo Tribunal dos judeus: o STF de Israel. Portanto, a questão aqui é enorme. Não era mais apenas a violência da multidão que vimos em João 10.31, onde eles pegaram pedras para apedrejar Jesus. Uma reunião do “conselho”, seguida de decisão, era uma promulgação federal de altíssimo nível, sem mais qualquer chance de apelação ao contraditório.
Torna o caso ainda mais grave, como deixa claro o texto (v. 48), o fato de que o que estava em jogo não era a verdade. O objetivo daquele conselho não era apurar os fatos. O objetivo deles era parar Jesus, fazê-lo cessar sua pregação e a realização de milagres. O objetivo deles era a sobrevivência do judaísmo ao custo da verdade.
Jesus havia se tornado uma ameaça para eles: Se mais e mais pessoas cressem nele, o Império Romano, que era quem realmente governava os judeus, desabaria sobre o pouco de liberdade e de autonomia que Israel, de alguma, forma ainda desfrutava, e destruiria o templo e a nação como um todo. E de fato seria assim.
Por quê?
Havia uma crescente sensação de que Jesus poderia ser o tão esperado rei de Israel — pessoas “pretendiam proclamá-lo rei à força” (Jo 6.15). E se o número de pessoas aumentasse, iniciaria um frenesi sionista que reivindicaria soberania para o estado de Israel contra Roma, e Roma os esmagaria em contra-ataque. Era o que temiam os fariseus e os principais sacerdotes do Conselho (vs. 47-48).
Logo, Jesus não podia mais ser tratado apenas como um blasfemador qualquer que precisava ser apedrejado no meio do povão (Jo 10.33,36). Ele havia se tornado uma ameaça para a existência da própria nação de Israel — foi assim que eles passaram a vê-lo. Quem tinha vindo para salvar estava sendo temido como destruidor.
Não se iludam, portanto, pois se aconteceu assim com o Mestres, não será diferente com os seus seguidores. Sempre que cristãos forem vistos como ameaça, mesmo que ao custo da verdade, serão esmagados pela opinião pública, pela maioria e até pelo estado. Sempre que a verdade de Jesus chegar como alguma forma de ameaça à “liberdade” do pecador, terá que ser silenciada pelos “conselhos” da iniquidade, mesmo que ao preço de sangue. A história de Jesus comprova isto e a história da igreja está repleta de casos semelhantes. A falta de tempo aqui é que não nos permite abordar.
Mas o que dá para dizer é que não será diferente com os discípulos de Jesus Cristo espalhados pela terra. Mateus 10.24-25:
24“O discípulo não está acima do seu mestre, nem o servo acima do seu senhor. 25Basta ao discípulo ser como o seu mestre, e ao servo, como o seu senhor. Se o dono da casa foi chamado Belzebu, quanto mais os membros da sua família!
E ainda, Mateus 5.11-12:
11“Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. 12Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês.
Em outras palavras: Se conspiraram para matar o nosso Senhor (e o mataram!), o que te faz achar que será diferente com você? Tenha fé. Coragem. Viva e fale a verdade. Pratique o amor e as boas-obras, falando a verdade. Ademais, Mateus 10.28-33:
28Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno. 29Não se vendem dois pardais por uma moedinha? Contudo, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês. 30Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. 31Portanto, não tenham medo; vocês valem mais do que muitos pardais! 32“Quem, pois, me confessar diante dos homens, eu também o confessarei diante do meu Pai que está nos céus. 33Mas aquele que me negar diante dos homens, eu também o negarei diante do meu Pai que está nos céus.
Mataram Jesus, mas ele ressuscitou. Nós também, de um jeito ou de outro morreremos, mas em Cristo nós já ressuscitamos e ainda ressuscitaremos para a vida eterna. Não tema, crente. Não tema. Mas, de volta a João 11. De volta à nossa história.
A DECISÃO: CRISTO COMO SUBSTITUTO
Em resposta à ameaça do crescimento dos cristãos, Caifás levou uma proposta. E o que ouviremos, daqui a pouco, nas palavras de João sobre as palavras do sumo sacerdote, é que Caifás, em última análise, não falava por Caifás, mas falava em nome de Deus. Aqui está o que Caifás propôs. João 11.49-50:
49Então um deles, chamado Caifás, que naquele ano era o sumo sacerdote, tomou a palavra e disse: “Nada sabeis! 50Não percebeis que vos é melhor que morra um homem pelo povo, e que não pereça toda a nação”.
Em outras palavras, Caifás os repreende e depois traz uma proposta: Aqui está a solução: Mate-o! “Melhor que morra um homem pelo povo, e que não pereça toda a nação”. Nós o matamos para que os romanos não nos matem. Substitua Jesus por nós.
E assim tem sido desde então: Matem Cristo, matem os cristãos para que não morramos, para que não percamos a nossa vida, a vida que tanto amamos. O problema com esta mentalidade tão prevalente é que, conforme disse o próprio Jesus Cristo, quem tentar manter a vida, a perderá. Mateus 16.24-26:
24Então Jesus disse aos seus discípulos: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. 25Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará. 26Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?
Cristo é e sempre será o substituto necessário. E sempre que se mata ou se cala um cristão para que se mantenha a própria vida, entregando Cristo e o evangelho na boca do cristão à morte, está-se encenando a grande troca de Deus em amor pela humanidade: Cristo em nosso lugar. Pena que os Caifáses de todas as eras não enxergam.
A CRESCENTE INSTABILIDADE
João 11. Os versículos 51 e 52 são os versículos centrais e mais importantes do nosso texto — trazem a interpretação de João às palavras de Caifás. Mas pule-os por um momento e veja como a história se desenrola até o final do capítulo. Voltaremos a eles daqui a pouco.
Jesus sabia que as coisas estavam instáveis e que a qualquer momento elas poderiam explodir. Mas sua hora ainda não havia chegado. Então ele se retirou e se escondeu em uma cidade bem remota, perto do deserto (vs. 53-54).
A grande festa da Páscoa estava chegando (v. 55). As multidões afluíam para Jerusalém, tornando as coisas ainda mais instáveis para Jesus. Além disso, o nome de Jesus estava no ar e na boca de todo mundo. As pessoas o procuravam e perguntavam sobre ele, queriam saber onde ele estava (v. 56). Era como palha seca perto da faísca messiânica. E o resultado da decisão do Conselho estava em vigor (v. 57):
57Mas os chefes dos sacerdotes e os fariseus tinham ordenado que, se alguém soubesse onde Jesus estava, o denunciasse, para que o pudessem prender.
Crescia a instabilidade. A morte de Jesus estava a poucos passos adiante.
A PROFECIA DE CAIFÁS
Agora, de volta aos versículos principais, vs. 51-52.
50Não percebem que é melhor para vocês que um homem morra pelo povo em vez de a nação inteira ser destruída?”. 51Ele não disse isso de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus morreria pela nação judaica, 52e não somente por aquela nação, mas também pelos filhos de Deus que estão espalhados, para reuni-los num povo.
John Piper, pregando neste texto, argumentou que há pelo menos cinco frutos das verdades cantinas nessas palavras que podem ter um efeito prático enorme em nossa vida: [1.] força em tempos difíceis, [2.] conforto em face do próprio pecado, [3.] confiança de que Deus cumpre suas promessas, [4.] alargamento do coração quando você for tentado a ser fechado em si mesmo e egocêntrico ou egoísta, e [5.] alegria no amor muito pessoal e particular que Deus tem por você em Jesus Cristo.
As cinco verdades do texto (vs. 51-52), segundo pregou John Piper:
1 Deus não apenas transformou aquela crise nacional para o bem de Israel e para o nosso bem, ele estava nela desde o início, planejando-a para o bem.
Observe com atenção o que João diz sobre as palavras de Caifás. O sumo sacerdote disse no versículo 50: “É melhor que morra um homem pelo povo, e que não pereça toda a nação.” E então João diz algo surpreendente no versículo 51: “Ele não disse isso de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou”.
Deus mesmo colocou as palavras do versículo 50 na mente de Caifás. Deus, portanto, tem um significado próprio para elas. Em um nível, essas são as palavras de Caifás com o significado dele: matar Jesus e se ver livre de problemas com Roma. Mas em outro nível, essas são as palavras de Deus com o significado do próprio Deus: O Pai queria que o Filho fosse sim morto, mas ressuscitasse e reinasse para sempre.
Portanto, a morte de Jesus não foi principalmente um conjunto trágico de eventos que Deus permitiu e cuidou de transformar para o nosso bem. Com efeito, a morte de Jesus foi um conjunto amoroso de eventos que Deus mesmo planejou para o nosso bem. O próprio Deus proferiu a sentença de morte sobre seu Filho. Ele não apenas previu a morte do Filho. Ele a proferiu: “É melhor que ele morra.”
2 A morte em substituição está no coração da fé cristã.
Versículo 50: “É melhor que morra um homem pelo povo, e que não pereça toda a nação.” Versículo 51: “Ele profetizou que Jesus morreria pela nação.”
Na mente de Caifás, a substituição era a seguinte: matamos Jesus para que os romanos não nos matem. Substituímos Jesus por nós mesmos. Na mente de Deus, a substituição foi a seguinte: eu matarei meu Filho, para não ter que matar vocês. Deus substituiu Jesus por seus inimigos.
Ôpa! Espere um pouco! Deus matou Jesus?
Eu sei que parece duro falar de Deus matando o Filho. Matar sugere tão facilmente pecaminosidade e crueldade sem a menor sensibilidade. Deus nunca peca e ele nunca é cruel e insensível. Não é verdade? Mas a razão pela qual dizemos que Deus matou seu próprio Filho é porque Isaías 53 usa esse tipo de linguagem. A linguagem é bíblica. Ouça:
Isaías 53.4 (NVI): “Nós o consideramos castigado por Deus, por Deus atingido e afligido.” Em outras palavras: Deus o castigou, atingiu e afligiu. Deus o feriu.
Isaías 53.6 (NVI): “O Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.”
Isaías 53.10 (NVI): “Foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer”. Deus o feriu. Deus o esmagou. Deus o fez sofrer.
Este é o centro, o coração da nossa fé cristã: Deus substituiu Jesus por nós. Ele matou Jesus para não ter que matar você.
3 Existe um futuro para o povo de Israel como uma nação étnica redimida, mas como parte do corpo único e comprado pelo sangue de Cristo: a Igreja.
No verso 51, João diz que Caifás “profetizou”, isto é, Deus falou, dizendo “que Jesus morreria pela nação inteira.” A “nação”, o “ethnos”, a etnia, e não apenas judeus individuais, mas eventualmente a nação como um todo. Ou seja: A morte de Jesus algum dia resultará em uma conversão coletiva, em massa, do povo judeu para si mesmo, para que o mundo saiba que Israel como povo — como nação — voltou-se para Cristo, seu Messias prometido, e se tornou parte da igreja cristã.
Há duas coisas importante e que precisam ser ditas aqui:
PRIMEIRO: Ninguém pode ser salvo a menos que se torne judeu — o que significa: todos devem crer em Jesus, o Messias, e assim se unir a Cristo, descendente de Abraão, a fim de herdar as promessas feitas ao mundo através de Abraão.
SEGUNDO: O outro lado da moeda é este: a nação judaica não pode ser salva a menos que se torne parte da igreja cristã — o que significa: somente em Jesus Cristo há salvação, e aqueles que estão nele são um corpo, a igreja (Ef 5.23 Cl 1.18).
Ao ler o Antigo Testamento e a carta aos Romanos, não podemos escapar da verdade de que a aliança de Deus com o Israel étnico é irrevogável e não será satisfeita em sua plenitude até que alguma geração futura do Israel étnico como um todo seja salva por Jesus Cristo. Romanos 11.11:
Acaso o povo de Deus [Israel étnico] tropeçou e caiu sem possibilidade de se levantar? Claro que não! Foram desobedientes e, por isso, Deus tornou a salvação acessível aos gentios [aos brasileiros, por exemplo], para que seu próprio povo [judeus étnicos] sentisse ciúme.
Ou seja: o tropeço de Israel traz salvação aos gentios, e a salvação dos gentios acabará por trazer Israel ao Messias. Essa é a sabedoria e o mistério de Deus revelado no Novo Testamento (Rm 11.25; 1Co 2.7; Ef 5.32).
4 O sangue de Jesus comprou uma igreja racial e etnicamente diversa.
51Ele não disse isso de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus morreria pela nação judaica, 52e não somente por aquela nação, mas também pelos filhos de Deus que estão espalhados, para reuni-los num povo.
O significado aqui é que Cristo morreu para redimir Israel e salvar gentios espalhados pelo mundo a quem Deus soberana e graciosamente escolheu para ser seus filhos, reunindo todos num povo apenas: a Igreja (confira João 10.16). João deixou claro essa diversidade racial e étnica reunida num só corpo lá em Apocalipse 5.9-10:
9e entoavam um cântico novo com estas palavras: “Tu és digno de receber o livro, abrir os selos e lê-lo. Pois foste sacrificado e com teu sangue compraste para Deus pessoas de toda tribo, língua, povo e nação. 10Tu fizeste delas um reino de sacerdotes para nosso Deus, e elas reinarão sobre a terra”.
Estes são os filhos de Deus resgatados pelo sangue de Cristo. Eles foram reunidos de todas as raças e etnias em um único reino. Portanto, o ponto principal aqui é que a morte de Cristo tem efeitos muito além do resgate de Israel, incluindo Israel junto com todas as nações. Mesmo sangue, mesmo corpo. Essas mesmas pessoas compradas por sangue (a Igreja) um dia incluirão o Israel étnico salvo e as pessoas de todas as raças e etnias que também foram salvas pelo sangue do mesmo Cristo.
5 Dentro da oferta universal de salvação, Deus tem um desígnio particular na morte de Cristo para converter os eleitos, os filhos dispersos de Deus, e trazê-los para si.
No versículo 52, João diz que Jesus morreu para reunir “os filhos de Deus que estão espalhados”. Em outras palavras, Deus tem um povo escolhido para si em todo o mundo (Ef 1.4-5). Jesus disse a Paulo em uma visão quando chegou a Corinto (At 18.10, ARA): “Tenho muito povo nesta cidade”. João explica que Jesus morreu para reuni-los (Jo 11.52).
A morte de Jesus, portanto, é muito mais do que apenas uma oferta.
Disse John Piper:
Quando Jesus morreu, um dos desígnios de sua morte — um dos propósitos particulares — era infalivelmente trazer essas pessoas, seus eleitos, para si. Portanto, não limite o propósito e o poder da morte de Jesus a simplesmente fornecer um meio de oferta para todas as pessoas serem salvas. É isso! E é mais do que isso — gloriosamente mais do que isso! É também o poder e o propósito de vencer a rebelião dos eleitos de Deus e trazê-los à fé. Para reunir os filhos de Deus.
Cristo morreu não apenas para oferecer a salvação ao mundo. Sim! Amém e aleluia pela oferta verdadeira e universal de salvação a todos os que crêem — “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16, ARA). Mas Deus fez mais, muito mais com a morte de Cristo. Cristo também morreu para vencer a rebelião dos filhos eleitos de Deus e reuni-los onipotentemente para si mesmo.
CINCO VERDADES APLICADAS
Pois bem, essas são as cinco verdades que se vê neste texto. Agora, permitam-me encerrar simplesmente aplicando-as a você (utilizo-me de John Piper neste texto).
1 Seja forte diante dos tempos difíceis e da aparente derrota, porque Deus não está simplesmente observando e esperando para tornar tudo em bem. Deus está nisso desde o início, planejando-o para o seu bem.
Do lado de fora, as palavras de Caifás simplesmente pareciam um plano humano hostil que arruinaria o Messias. Mas por dentro, João nos mostra que as próprias palavras de execução não eram apenas as de Caifás, mas as de Deus — e Deus tinha um plano totalmente diferente para aquelas palavras e eventos.
Assim será em sua vida, de novo e de novo. Você verá o exterior. Vai parecer hostil e destrutivo. Mas por dentro Deus estará trabalhando — para o seu bem. Portanto, não julgue pelas aparências. Confie no planejamento soberano de Deus para o seu bem. Muitas vezes ele conquista vitórias por meio de aparentes derrotas.
2 Em face do seu próprio pecado, reconheça que o coração do cristianismo é a substituição.
Caifás quis dizer: Mataremos Jesus para que os romanos não nos matem. Deus quis dizer: eu vou matar meu Filho, então não tenho que matar vocês. “Ele mesmo carregou nossos pecados em seu corpo na cruz” (1Pe 2.24). “Embora nunca tenha pecado, [Cristo] morreu pelos pecadores a fim de conduzi-los a Deus.” (1Pe 3.18).
Quando Satanás e sua própria consciência o condenarem (Ah! E eles irão!), crentes, nada terá mais poder para verdadeiramente confortar seu coração do que essa verdade: Deus apresentou o Filho Jesus Cristo como sacrifício substituto pelo nosso pecado (Rm 8.3). Arrependa-se. Creia. Descanse na obra de Cristo.
3 A incrível existência do povo judeu hoje, e a certeza de sua salvação no futuro, é um sinal no século XXI de que Deus existe e mantém sua aliança.
E se Deus guardou essa aliança com Israel, não fará o mesmo com você que confia em seu Filho, o Messias? Claro que sim!
Anne Rice, a romancista de vampiros que, algum tempo atrás, abandonou os 30 anos de ateísmo, disse em seu livro de 2005, Cristo, o Senhor:
Eu me deparei com um mistério sem solução, um mistério tão imenso que desisti de tentar encontrar uma explicação porque o mistério todo desafiava a crença. O mistério foi a sobrevivência dos judeus… Foi esse mistério que me levou de volta a Deus.
(Anne Rice, Christ the Lord: Out of Egypt [Nova York: Alfred A. Knopf, 2005], pp. 308–309.)
Não leve o caso dos judeus como alguma coisa qualquer. Depois de tudo pelo que passaram os hebreus e os judeus, não haveria Israel se não houvesse Deus.
4 Se amamos a substituição que nos salvou, devemos amar o que a substituição comprou — uma igreja de diversidade global.
Os cristãos não são daqueles que cultivam uma mentalidade paroquial, mas uma mentalidade de reino. Não ficamos irritados com a presença de pessoas diferentes entre nós, mas ficamos contentes com a grandeza do coração de Deus e a amplitude de sua misericórdia. Regozijamo-nos com a diversidade adquirida pelo sangue de Jesus: gente de todas as tribos, povos, línguas e nações, gente tão diferente unida num só corpo, o corpo de Cristo, a Igreja.
5 O desígnio de Deus na morte de Cristo para converter e reunir seus escolhidos dispersos deve ter dois grandes efeitos sobre nós.
PRIMEIRO: Deve nos dar uma sólida confiança no sucesso invencível da cruz. Ou seja: A vida e obra de Cristo não é apenas uma oferta dependente da escolha humana para obter vitória. A vida e obra de Cristo é um poder que não pode falhar em seu propósito pretendido de reunir os eleitos de Deus. Portanto, evangelize, discipule, pregue e ensine.
SEGUNDO: O desígnio da morte de Jesus deve lhe dar uma sensação intensa e pessoal de que você é amado particularmente, pessoalmente, especialmente. Se você confiou em Cristo, ele o reuniu para si mesmo. Ele escolheu você, ele comprou você, ele trouxe você. Você, em particular. João 11.52:
[Cristo morreu pela nação de Israel] E não apenas por aquela nação, mas para reunir em um só corpo todos os filhos de Deus espalhados ao redor do mundo.
Cristo me buscou. Ele me encontrou. Ele me reuniu para si mesmo. E isso ele fez pelo seu sangue derramado na cruz.
O INCESSÁVEL AMOR DE DEUS
Quando você diz com o apóstolo Paulo (Gl 2.20): “Vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”, você quer dizer: Ele não apenas me ofereceu amor. Ele me buscou com amor. Ele me conquistou com amor. Ele me despertou com amor. Ele me satisfez com amor. E agora vivo, regozijante e alegre, no amor de Deus por mim.
O amor de Deus é incessável. Nada nem ninguém afastará alguma de suas ovelhas do amor de Deus em Cristo Jesus. Há uma amplitude na misericórdia de Deus. A porta está aberta para todos virem. Mas quando você vem a Cristo, e oro para que você venha agora, você entrará, sairá e encontrará pastagem. Ao vir a Cristo, você sairá dizendo: Cristo não apenas morreu por mim. Ele não apenas me ofereceu amor. Cristo me buscou com amor. Ele me conquistou com amor. Ele me despertou com amor. Ele me satisfez com amor. E agora vivo, regozijante e alegre, no amor de Deus.
Venha, pois, a Cristo. Arrependa-se e creia. Prove desse amor incessável de Deus, que te busca, te acha, te conquista, te desperta, te satisfaz e te torna regozijante em Cristo. Como diz a letra de um cântico meio controverso, por causa do título e do adjetivo dado ao amor de Deus. Em vez de ousado, preferimos chamar de grande.
Ousado [Grande] amor de Deus
[…]
Inimigo eu fui
Mas teu amor lutou por mim
Tu tens sido tão, tão bom pra mim
Não tinha valor
Mas tudo pagou por mim
Tu tens sido tão, tão bom pra mim
Oh, impressionante, infinito
E ousado [grande] amor de Deus
[…]
Traz luz para as sombras
Escala as montanhas
Pra me encontrar
Derruba muralhas
Destrói as mentiras
Pra me encontrar
Oh, impressionante, infinito
E ousado [grande] amor de Deus
Oh, que deixa as noventa e nove
Só pra me encontrar
Não posso comprá-lo
Nem merecê-lo
Mesmo assim se entregou
Oh, impressionante, infinito
E ousado [grande] amor de Deus
Vamos cantar sobre o incessável amor de Deus. O Ousado [Grande] amor de Deus.
S.D.G. L.B.Peixoto
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Pr. Leandro B. Peixoto