13.04.2025
Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.
A cidade de Corinto era um lugar marcado por promiscuidade, orgulho, sabedoria humana, debates filosóficos e vaidade espiritual. A igreja ali havia se deixado influenciar por essa cultura — valorizava pregadores eloquentes, criava divisões, e estava se afastando da simplicidade do Evangelho (cf. 1.10-17; 3.1–4.5).
É nesse contexto que Paulo escreve, e faz uma declaração impressionante: “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.”
Paulo tinha preparo, cultura, conhecimento teológico, experiência espiritual — mas escolheu ignorar tudo o que pudesse competir com a cruz de Cristo. E essa decisão de Paulo ensina algo vital para a sua vida — e para a igreja de hoje.
Paulo não era ignorante. Ele deliberadamente escolheu não se apoiar em:
1. Decidiu não saber de: Sabedoria humana e filosofia grega
Corinto amava a retórica, os discursos bonitos, os argumentos filosóficos. Paulo poderia ter usado tudo isso — mas não quis. Porque a sabedoria humana — da autoexpressão, autoafirmação, auto exaltação, anula a cruz de Cristo (1Co 1.17).
2. Decidiu não saber de: Discussões políticas e sociais
Ele viveu sob opressão romana, mas não fez da política seu púlpito. Porque o Evangelho não é uma ideologia terrena, é uma proclamação celestial.
3. Decidiu não saber de: Tradições e debates religiosos
Como fariseu, Paulo poderia ter impressionado com sua formação rabínica. Mas ele sabia que “o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4).
4. Decidiu não saber de: Experiências pessoais e espirituais
Ele teve visões do céu (2Co 12), mas não fez disso sua mensagem. Porque a fé não se apoia em sensações ou experiências — mas na obra objetiva de Cristo.
5. Decidiu não saber de: Técnicas de autoajuda ou moralismo
Ele não pregou sobre “como melhorar sua vida” ou “como potencializar suas habilidades” ou como “multiplicar seus recursos”, mas sobre como morrer para si e viver para Deus.
Aplicação:
O púlpito da igreja não é lugar para vaidades intelectuais, ideologias políticas, experiências pessoais, autoajuda espiritual ou mensagem motivacional. É lugar para uma única mensagem: Jesus Cristo, e este Cristo crucificado.
Paulo escreveu: “decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado”. O apóstolo não está apenas repetindo nomes, mas intencionalmente destacando três dimensões inseparáveis da identidade e da obra do Salvador. Vamos detalha-las — são estas: Jesus + Cristo + Crucificado.
1. “Jesus” — A Encarnação (Humanidade Real)
Ao dizer “Jesus”, Paulo se refere à humanidade histórica do Filho eterno de Deus. Deu Filho se fez carne; Jesus de Nazaré assumiu nossa natureza humana, viveu entre nós, chorou, sofreu, obedeceu perfeitamente a lei de Deus e morreu no lugar do pecador.
Por que isso importa?
Porque só um verdadeiro homem poderia:
“Decidi nada saber entre vós, senão a Jesus”; mas tem mais…
2. “Cristo” — A Unção (Divindade e Missão Messiânica)
“Cristo” não é sobrenome, mas título: significa “Ungido”. Jesus é o Messias — o Cristo — prometido, o Rei divino, o Profeta anunciado, o Sacerdote eterno.
Por que isso importa?
Porque só Deus Filho:
Confissão de Fé Batista de Londres (1689), cap. 8
“Sendo verdadeiro e eterno Deus… tomou sobre si a natureza humana… para ser apto para o ofício de Mediador.”
Catecismo Maior de Westminster, Pergunta 38
“Era necessário que o Mediador fosse Deus… para sustentar a natureza humana, suportar a ira de Deus e garantir vida eterna.”
“Decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo”; mas tem mais…
3. “E este crucificado” — A Substituição (Redenção na Cruz)
Paulo não diz “ressuscitado” (embora isso seja verdade, e absolutamente essencial), mas diz: “crucificado”, porque a cruz é o ponto central e culminante da missão redentora.
Por que isso importa?
Porque a cruz foi:
Se Paulo decidiu nada saber além disso, é porque não há nada mais essencial — e poderoso — do que isso. A cruz não é um tema entre outros — é o centro da nossa fé.
1. A cruz é o coração do Evangelho. É nela que vemos o amor de Deus, a justiça satisfeita e a salvação oferecida (Rm 5.8; 1Co 1.18).
2. A cruz revela quem Deus é. Um Deus que é ao mesmo tempo santo, justo e gracioso — que não poupou o próprio Filho (Rm 8.32).
3. A cruz revela quem nós somos. Pecadores tão condenados que precisavam da morte do Filho de Deus, mas também tão amados que Deus enviou seu Filho por nós.
4. A cruz é o único caminho para a salvação. Não há nome, esforço, religião ou moral que salve — só Jesus Cristo, e este crucificado (At 4.12; Gl 3.13).
5. A cruz transforma nossa vida hoje. Morte para o pecado, vida para Deus. Ela nos ensina a perdoar, amar, servir, negar a nós mesmos (Gl 2.20; Lc 9.23). John Piper escreveu: “A cruz não é apenas um lugar de substituição no passado, mas também de mortificação no presente.”
6. A cruz é nossa esperança eterna. No céu, não cantaremos nossas obras — cantaremos sobre o Cordeiro que foi morto, mas agora vive para sempre (Ap 5.12).
Aplicação: Precisamos conhecer a Cristo crucificado porque só ele satisfaz a ira justa de Deus, só ele salva da ira santa de Deus, só ele transforma, só ele sustenta, só ele permanece.
Paulo disse: “Decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.”
Essa precisa ser nossa decisão também.
Porque quem tem a Cristo crucificado, tem tudo. Quem não tem, não tem nada — já está condenado.
A Mensagem da Cruz
Rude cruz se erigiu! Dela o dia fugiu,
Como emblema de vergonha e dor!
Mas contemplo essa cruz, porque nela Jesus
Deu a vida por mim, pecador.
[Coro]
Desde a glória dos céus, o Cordeiro de Deus
Ao Calvário humilhante baixou;
Essa cruz tem pra mim atrativo sem fim,
Porque nela Jesus me salvou.
[Coro]
Nesta cruz padeceu e por mim já morreu,
Meu Jesus, para dar-me o perdão;
Eu me alegro na cruz, dela vem graça e luz,
Para minha santificação.
[Coro]
Eu aqui com Jesus, a vergonha da cruz
Quero sempre levar e sofrer;
Cristo vem me buscar e com Ele, no lar,
Uma parte na glória hei de ter.
Coro:
Sim, eu amo a mensagem da cruz,
Até morrer eu a vou proclamar;
Levarei eu também minha cruz,
Até por uma coroa trocar.
O mestre puritano Matthew Henry foi poético:
“Vem, e contempla as vitórias da cruz.
As feridas de Cristo são tuas curas,
Suas agonias, teu repouso,
Seus conflitos, tuas conquistas,
Seus gemidos, teus cânticos,
Suas dores, teu alívio,
Sua vergonha, tua glória,
Sua morte, tua vida,
Seus sofrimentos, tua salvação.”
(The Communicant’s Companion, 1828, p. 136)
Esta é a beleza, a glória, o poder da cruz.
Aleluia! Que Salvador!
S.D.G. L.B.Peixoto
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