29.09.2019
O PODER DO DEUS DOS REDIMIDOS
Salmo 46.11
(Nova Almeida Atualizada) O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio.
O DEUS DE JACÓ
O refrão dos redimidos, o Salmo 46.11, texto que acabamos de ler, nos trouxe até aqui. Aprendemos com os filhos de Corá, autores deste salmo, que para perseverarmos para a vida eterna nós devemos (1) encantar a imaginação com o poder de Deus — o Senhor dos Exércitos; (2) encorajar o coração com a presença de Deus — ele está conosco e é o nosso refúgio; e (3) enxergar a compaixão de Deus através da soberana providência — o Deus de Jacó.
Sobre a providência de Deus na vida de Jacó, ou: sobre o Deus de Jacó ou o Deus dos redimidos, nós já aprendemos que ele é soberano, gracioso e paciente. Hoje, concluindo nossa série no Salmo 46.11: O Refrão dos Redimidos, nós aprenderemos sobre o poder do Deus dos redimidos. Então, vamos lá…
O DEUS DOS REDIMIDOS É PODEROSO
O pôr do sol da vida de Jacó revela o triunfo da poderosa graça de Deus. Sim, nas cenas finais da vida do patriarca, vemos o Espírito Santo de Deus vitorioso e triunfante sobre a inclinação pecaminosa do coração do homem pecador. Não só é profundamente edificante estudar de perto as últimas páginas da biografia de Jacó, como também é revelador os efeitos transformadores maravilhosos do poder de Deus na vida do patriarca — e na nossa também (Gn 45.24-28):
24Depois, José se despediu de seus irmãos e, enquanto partiam, disse a eles: “Não briguem no caminho por causa do que aconteceu”. 25Eles saíram do Egito e voltaram a seu pai, Jacó, na terra de Canaã. 26“José ainda está vivo!”, eles disseram a seu pai. “É o governador de toda a terra do Egito!” Jacó ficou atônito com a notícia. Não podia acreditar. 27Quando, porém, repetiram para Jacó tudo que José lhes tinha dito, e quando ele viu as carruagens que José havia mandado para levá-lo, encheu-se de ânimo. 28Então Jacó exclamou: “Deve ser verdade! Meu filho José está vivo! Preciso ir e vê-lo antes que eu morra!”.
Veja que a princípio, a notícia de que José estava vivo, parecia bom demais para ser verdade, Jacó não conseguia acreditar (vs. 25-26). Mas ao reforçarem a verdade a ele e, principalmente, ao ver as carruagens do Egito enviadas por José, Jacó “encheu-se de ânimo” (v. 27); seu espírito reviveu e ele partiu imediatamente para a viagem ao Egito (v. 28). É bonito perceber, como leremos a seguir, que a primeira coisa registrada após o início da jornada ao encontro do filho tão amado, foi um ato de adoração por parte do patriarca já idoso.
Em outras palavras: a mudança na vida de Jacó, a mudança provocada pelo poder de Deus agindo nele, santificando-o, era gritante àquela altura de sua jornada. Jacó havia se tornado um adorador (Gn 46.1) e aprendido a ouvir a voz de Deus (Gn 46.2). Ouça:
1Jacó partiu para o Egito com todos os seus bens. Quando chegou a Berseba, ofereceu sacrifícios ao Deus de Isaque, seu pai. 2Durante a noite, Deus lhe falou numa visão. “Jacó! Jacó!”, chamou ele. “Aqui estou!”, respondeu Jacó.
Deus falou. Jacó respondeu. Agiu. Obedeceu. Sem barganha ou maracutaia.
Outra mudança palpável pode ser notada na resposta de Jacó ao faraó, dizendo ao soberano do Egito como ele tinha passado a enxergar a vida: “Sou um peregrino de Deus, e estou nesta terra para abençoar”. Ouça (Gn 47.7-10):
7Em seguida, José trouxe seu pai, Jacó, e o apresentou ao faraó. E Jacó abençoou o faraó. 8“Quantos anos o senhor tem?”, perguntou o faraó. 9Jacó respondeu: “Tenho andado peregrinado] por este mundo há 130 árduos anos. Comparada à vida de meus antepassados, minha vida foi curta”. 10Então Jacó abençoou o faraó novamente antes de deixar a corte.
Jacó, finalmente, estava cumprindo o chamado de Deus para Abraão e seus descendentes patriarcas, e demais descendentes à partir deles (Gn 12.2-3):
2Farei de você [Abraão] uma grande nação, o abençoarei e o tornarei famoso, e você será uma bênção para outros. 3Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem. Por meio de você, todas as famílias da terra serão abençoadas”.
Jacó, pelo poder transformador de Deus, havia aprendido adorar (Gn 46.1), a ouvir Deus (Gn 46.2), a abençoar o próximo (Gn 47.7-10) e, também, pasmem!, a viver pela fé. Ouça (Gn 47.29-31):
29Quando se aproximava a hora de sua morte, Jacó chamou seu filho José e lhe disse: “Peço que me faça um favor. Coloque sua mão debaixo da minha coxa e jure que mostrará sua bondade e lealdade a mim atendendo a este último desejo: não me sepulte no Egito. 30Quando eu morrer, leve meu corpo para fora do Egito e sepulte-me com meus antepassados”. José prometeu: “Farei como o senhor me pede”. 31“Jure que o fará”, insistiu. José fez o juramento, e Jacó se curvou humildemente à cabeceira de sua cama.
Incrível! Mais uma vez, vemos as evidências da mudança em em Jacó.
O pedido feito a José, para que o filho não o sepultasse no Egito, mas lá em Canaã, carrega consigo muito mais do que aparece na superfície.
Deus tinha prometido, muitos anos antes, dar a Jacó e à sua descendência a terra de Canaã, e agora ele estava “abraçando” a promessa.
Como assim?
Com efeito, Jacó nunca havia possuído a terra (apenas uma pequena parte dela), e agora ele estava morrendo em um país estranho. No entanto, apesar de não estar vendo o cumprimento da promessa de Deus, o patriarca havia aprendido que a palavra de Deus é verdadeira, e sua fé passou a aguardar a ressurreição para o cumprimento da promessa na sua descendência. Seu pecado assombroso (a incredulidade) foi, finalmente, deixado de lado e a fé triunfou em sua vida pelo poder de Deus.
Tudo isso é confirmado pelas palavras do verso 31 que acabamos de ler (Gn 47.31): “Jacó se curvou humildemente à cabeceira de sua cama [A Septuaginta traz: “Israel se curvou em adoração, apoiado em seu bordão]”.
Lá em Hebreus 11.21 lê-se assim:
Pela fé, Jacó, prestes a morrer, abençoou cada um dos filhos de José e se curvou para adorar, apoiado em seu cajado.
O relato desse texto de Hebreus é encontrado em Gênesis 48, onde lemos como Deus estava agora entranhado em todos os pensamentos de Jacó, e como as promessas de Deus estavam permanentes no coração do patriarca.
Por exemplo: Jacó conta a José como Deus lhe apareceu em Luz ou Betel e como prometeu dar a terra de Canaã a ele e à descendência dele para uma possessão eterna (Gn 48.3-4); Jacó falou de Deus como Aquele que “tem sido meu pastor toda a minha vida, até o dia de hoje, […] que me resgatou de todo o mal [inclusive dele mesmo, do mal do coração dele!]” (Gn 48.15-16).
A seguir, colocando de lado as inclinações da carne e a vontade do homem (o próprio desejo de José), Jacó, curvou-se, rendeu-se à vontade de Deus e, pela fé, abençoou os filhos de José, colocando “Efraim adiante de Manassés” (Gn 48.20). Ato contínuo, depois de abençoar os filhos de José, Jacó se voltou para o pai deles (José) e disse: “Morrerei em breve, mas Deus estará com vocês e os levará de volta a Canaã, a terra de seus antepassados” (v. 21).
Quão improvável era tudo aquilo, meu Deus!
José estava agora completamente firmado e estabelecido no Egito. Jacó não estava mais andando de acordo com o que via, mas pela fé. Firme agora era a confiança de Jacó, sua fé era inabalável — ele finalmente havia se agarrado às promessas de Deus (de que sua descendência herdaria Canaã) e começado a falar com o coração cheio de uma tranquila segurança. O poder de Deus o havia transformado.
A última cena (Gênesis 49) apresenta um clímax belíssimo e demonstra outro aspecto do poder da graça de Deus.
Toda a família está reunida sobre o patriarca moribundo e um a um ele os abençoa. Durante toda a vida anterior, Jacó esteve ocupado apenas consigo mesmo; mas no final ele está ocupado apenas com os outros! Nos dias passados, ele se preocupava principalmente com o planejamento das coisas presentes, como garantir seus bens — mas agora ele pensava em nada além de coisas futuras e gloriosas, coisas eternas (Gn 49.1-2):
1Então Jacó mandou chamar todos os seus filhos e lhes disse: “Reúnam-se ao meu redor, e eu direi o que acontecerá a cada um de vocês nos dias que virão. 2Venham e ouçam, filhos de Jacó, ouçam Israel, seu pai!”
Ademais, uma palavra do patriarca, a esta altura, é profundamente instrutiva (Gn 49.18, NAA): “A tua salvação espero, ó Senhor!”. Por quê?
Vimos no início da vida de Jacó que “esperar” era algo bastante estranho à sua natureza: em vez de esperar que Deus garantisse a ele o prometido direito de primogenitura, ele procurou obtê-lo por si mesmo, trapaceando. Mas agora a lição mais difícil de todas tinha sido aprendida. Graça e paciência de Deus o ensinaram a esperar (a viver pela fé). O poder de Deus o havia transformado. Como diz Provérbios 4.18 (NAA): “Mas a vereda dos justos é como a luz do alvorecer, que vai brilhando mais e mais até ser dia claro”. O poder de Deus havia, com graça e paciência, transformado Jacó, o escolhido de Deus. A esta altura da vida de Jacó, Paulo, certamente, poderia anotar (Rm 8.30, NVI):
E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou.
Jacó é prova disto!
O DEUS DOS REDIMIDOS
Deus tomou Jacó como aquele através de quem ele poderia melhor demonstrar sua graça, paciência e poder. Afinal, o que seria mais adequado para a demonstração de sua graça, paciência e poder do que Deus escolher o principal dos pecadores para salvar e santificar? Quem Deus pegaria para exibir seu poder, senão aquele que por natureza era o mais intratável?
Esse é o Deus de Jacó. O Deus de Jacó é o nosso refúgio. Ele é o Deus da eleição soberana, o Deus da graça incomparável, o Deus da paciência infinita, o Deus do poder transformador! É esse o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. E aqueles de nós que já “passaram da morte para a vida” já provaram algo de sua incomparável graça e infinita paciência. Se for esse o seu caso, que você possa experimentar cada vez mais do poder transformador da força que vem a nós pelo Espírito de Cristo.
Essa visão de Deus, do Deus de Jacó, transforma a forma de nos relacionarmos com Deus e com as pessoas. Quer ver?
Eleição, graça, paciência e poder do Espírito de Cristo, dispensados a nós por Deus Pai, ensinam-nos que a vida é para ser vivida pela fé no Filho de Deus (Gl 2.20). Não se trata de performance ou obras, mas de graça soberana. Não se trata de força de vontade ou autorrealização, mas de poder de Deus. Não se trata de ver tudo resolvido num passe de mágica, mas de se caminhar contando com a paciência de Deus. Não se trata de fazer por merecer, mas de Deus escolher derramar graça, paciência e poder em nossa vida.
E tudo isso Deus fez em Cristo. O Deus de Jacó nos aponta para Cristo: em Cristo Deus nos escolheu para a salvação; Cristo é a expressão maior da graça de Deus; Cristo é o poder de Deus para a salvação; em Cristo nós desfrutamos da bondade, tolerância e paciência de Deus. Cristo é tudo. Cristo é o nosso refúgio.
Arrependa-se do seu pecado e creia em Cristo para a sua salvação.
Memorize e cantarole o refrão dos redimidos (Sl 46.11):
O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio.
S.D.G. L.B.Peixoto
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