17.01.2016
O RISCO DE PERECER
João 3.16
“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
Introdução à serie
Deus permitindo, hoje e nos próximos três domingos, investiremos o nosso tempo juntos refletindo sobre as palavras de João 3.16.
“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
Não é exagero afirmar que este é um dos textos mais conhecidos e mais amados da Bíblia; se não for o mais querido. Penso ser ele o primeiro que todos nós cristãos memorizamos e que prontamente recitamos. Por tanta familiaridade, nós corremos o risco de perder o que há de tão profundo e tão verdadeiro nessas palavras preciosas.
A essência do evangelho
O nome que daremos a essa série de quatro mensagens será “A essência do evangelho”, já que o conteúdo desse versículo nada mais é do que um resumo maravilhosamente completo do evangelho de Cristo – um extrato concentrado da mensagem da graça de Deus.
“Evangelho” vem do grego “evangelion”. Timothy Keller informa que esse termo diferencia a mensagem do cristianismo de todas as outras religiões. “Evangelion” eram as boas notícias dos grandes eventos do momento ou da história. Por exemplo: “evangelion” da vitória do exército na guerra, “evangelion” da ascensão do novo rei… mas não era só isso.
A boa notícia ou “evangelion” transformava completamente a vida do cidadão que a ouvia e, diante dos novos fatos, requeria dele uma mudança completa de atitude. Dessa forma, Evangelho é a notícia do que Deus fez para chegar até nós e nos levar até Ele; Evangelho não é conselho do que nós devemos fazer para chegar até Deus. Isso nos diferencia de todas as outras religiões. Nós temos o Evangelho da graça.
Então, que notícia é essa de Deus para nós? João 3.16 nos revela a essência dessa notícia – é um extrato concentrado do evangelho.
Observação
Nem tudo que é importante sobre o evangelho está mencionado aqui em João 3.16; por exemplo: a glória de Deus, a eleição e a predestinação, o chamado eficaz, a regeneração, a justificação, a santificação, a morte expiatória de Cristo, etc. Nada disso está nesse texto!
No entanto, o que está inserido aqui é tão preciosamente essencial, tão precisamente definido e tão poderosamente simples que não há muitos outros versículos tão ou mais importantes para um resumo do Evangelho do que este de João.
Jo 3.16| “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
O que veremos aqui sobre o evangelho será:
A doçura do evangelho
Ao provar cada verdade deste versículo, semana após semana (hoje e nas próximas três semanas), minha oração é que todos nós possamos sorver e deliciar a doçura que é o evangelho. Cada uma dessas quatro verdades sobre as boas novas de Cristo (o evangelho) é indescritivelmente grande, profunda e importante para as nossas vidas. Elas são infinitamente mais essenciais do que qualquer outra coisa.
Portanto…
Como você descreve o mel, por exemplo, para alguém que não tem as papilas gustativas? Lembrando que as papilas gustativas são responsáveis pelo reconhecimento do sabor das diferentes substâncias. Aliás, como você descreve o sabor ou o gosto? A única forma de alguém se persuadir de que o sabor do mel é doce e de que aquela doçura é real é provando do mel. É provando que se “vê” (que se sente) o sabor.
Esse provar e ver é obra do Espírito Santo, acordando ou fazendo reviver a nossa alma para as verdades espirituais de João 3.16. Isso é novo nascimento, é salvação, é avivamento, é despertamento, é consagração, é fervor. Então, por favor, ore comigo, interceda comigo para que todos nós possamos provar e ver a doçura do evangelho conforme ele está revelado em João 3.16.
Jo 3.16| “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
Ainda sobre o sabor. Falo agora para aqueles que já provaram do evangelho, mas não estão sentindo o seu sabor, pois perderam as “papilas gustativas da alma”.
Você sabia que se os apreciadores de café, por exemplo, desejam realmente sentir o gosto do café, eles terão que degustá-lo sem açúcar? Isso mesmo: beber café sem açúcar ou sem adoçante.
Nossas papilas gustativas percebem primeiro o sabor do açúcar e também acentuam o sabor do açúcar, anulando alguns dos principais sabores do café. Dessa forma, dizem os especialistas, a maioria dos apreciadores de café passam a vida inteira bebendo café e não degustam de fato ou por inteiro o sabor dele. É por isso que em alguns estabelecimentos, além do café, nós somos servidos de um copinho d’ água com gás e um pedacinho de chocolate. Por quê? Nas palavras de um especialista no assunto (um barista):
Água com gás | Já presenciei pessoas mexendo o café e colocando a colher no copo com água. Engraçado para mim, mas óbvio para quem não sabe. A água, preferencialmente com gás, limpa, prepara e aguça as papilas gustativas para a degustação. Eu sempre brinco que, quando o café for bom, toma-se antes a água para melhor degustá-lo, mas se for ruim, guarde a água para depois!
Pedaço de chocolate | O chocolate oferecido por alguns estabelecimentos não serve para adoçar o café, mas além de cortesia, finaliza e complementa a degustação. Muitas vezes realçando atributos deixados pelo gostinho do café.
Que o Senhor, pela Palavra, limpe todo e qualquer sabor que nos esteja impedindo de sorver e degustar o evangelho de Cristo expresso aqui em João 3.16; que ele prepare e aguce as “papilas gustativas” da alma de todos nós; que o Espírito Santo realce o sabor do doce evangelho de Deus.
O risco de perecer
A verdade sobre esse texto para nós hoje à noite é bem simples, apesar de, provavelmente, ser uma das coisas mais importantes para nós sabermos em toda a nossa existência na terra. Isto é: Você e eu (e todos os demais cidadãos deste planeta) pereceremos se não depositarmos a nossa fé exclusivamente em Jesus Cristo.
À parte de Cristo, todos nós pereceremos. Sei que é duro e bastante controverso o que acabei de dizer, mas é a pura verdade do evangelho de Cristo. Portanto, pensem comigo sobre três indagações:
Limpem suas papilas gustativas e bebam comigo… Provem e vejam a doçura do evangelho nesta verdade tão fundamental: “O risco de perecer”.
1. O que é perecer?
O verbo “perecer” é um daqueles cuja definição dos dicionários, além de não ser suficiente, pode até ser enganosa se comparada à luz do seu significado bíblico. Por exemplo: Aurélio diz que perecer é…
Deixar de existir; ter fim; acabar, findar. Morrer. Ser destruído, assolado ou devastado.
Ou seja, pela definição pura e simples do verbo em nosso vernáculo, “perecer” significa aquilo que a maioria comumente pensa: “Morreu, acabou!” Mas, à luz da Bíblia, à luz do evangelho, perecer está longe de ser “Morreu, acabou!”.
1.1 – Perecer é… estar sob a ira de Deus
Jo 3.18 | Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus.
A questão não é simplesmente morrer, mas já estar sob a condenação de Deus, o que piorará infinitamente mais após a morte.
A condenação ou o juízo de Deus sobre toda a criação podem, por exemplo, ser notados nas catástrofes naturais. Não é a “mãe natureza” que está nervosa com a forma como nós a tratamos, mas é Deus que está irado por termos tripudiado a sua glória. Por isso é que lemos:
Jo 3.36 | Quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele”.
O que João ensina é que se somos impedidos de perecer, tudo é por causa do amor de Deus que nos resgata da ira de Deus. Perecer, portanto, significa permanecer sob a ira de Deus por se recusar a crer no Filho.
1.2 – Perecer é… tormento ardente
Em outro livro seu, João descreveu o tormento de alguém que perece, da seguinte forma:
Ap 14.10 | também beberá do vinho do furor de Deus que foi derramado sem mistura no cálice da sua ira. Será ainda atormentado com enxofre ardente na presença dos santos anjos e do Cordeiro.
Perecer não é, como alguns dizem: “Morreu, acabou!” Perecer é permanecer existindo eternamente em tormento ardente no inferno.
1.3 – Perecer é… separação da glória de Deus
Veja como Paulo descreve o que é perecer:
2Ts 1.9 | Eles sofrerão a pena de destruição eterna, a separação da presença do Senhor e da majestade do seu poder.
Aqui neste mundo, Deus se revela a nós em milhares e milhares de maneiras a cada dia, se quisermos ver, claro! No inferno, porém, os que perecem serão cortados de toda a sua gloriosa presença; eles experimentarão apenas a ira de Deus.
1.4 – Perecer é… castigo irreversível e eterno
Em João 3.16, perecer é o oposto de “vida eterna”; logo, perecer é “perecer eternamente”. Além de João e de Paulo (2Ts 1.9), Jesus também falou da duração deste estado de perecimento:
Mt 25.46 | “E estes irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna”.
Além de eterno, o estado de perecimento é irreversível. Na parábola do Rico e Lázaro, Jesus disse que há um abismo intransponível entre vida eterna e castigo eterno (Lc 16.26).
O que é perecer?
Perecer, pois, significa permanecer sob a ira de Deus; será um tormento ardente, eterno e irreversível de castigo após a morte; é a separação da glória de Deus.
Que grande momento é este para você fugir da ira de Deus! Hoje poderá ser o tempo aceitável do Senhor para você.
2Co 6.2 | Pois ele diz: “Eu o ouvi no tempo favorável e o socorri no dia da salvação”. Digo-lhes que agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação!
A notícia maravilhosa de João 3.16 é que “Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
2. Por que todos nós pereceremos se não crermos em Cristo?
A resposta bíblica mais simples para essa pergunta é que todos nós pecamos e, por isso, fomos “destituídos da glória de Deus” (Rm 3.23).
Em Romanos 6.23 Paulo diz que “o salário do pecado é a morte”, isto é: perecer eternamente. Todos nós pecamos. Pecadores merecem perecer; assim como criminosos merecem a punição do juiz.
Agora, por que o pecado é algo tão sério a ponto de merecer o perecimento ou a condenação eterna?
Pois bem, sem entrar no mérito ético da questão acima, veja…
Quanto mais essas verdades se assentam no coração da gente, mais João 3.16 se torna precioso:
“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
3. Qual a utilidade de uma notícia tão ameaçadora?
Qual a utilidade de uma notícia tão ameaçadora? Amor.
O ponto não é assustar, não é impor medo ou terror, mas alertar para o caminho da paz e da salvação na hora do medo.
Todos nós enfrentaremos a morte. Temos certeza disso, gostemos ou não gostemos. A morte é o maior de todos os nossos medos. Por quê?
Então, que fazer? Crer para não perecer. Depositar a fé em Cristo.
John Newton ficou famoso pelo hino que compôs: “Amazing Grace” (“Preciosa a graça de Jesus”, 314 HCC).
Preciosa a graça de Jesus, que um dia me salvou.
Perdido andei, sem ver a luz, mas Cristo me encontrou.
A graça, então, meu coração do medo me libertou.
Oh, quão preciosa salvação a graça me outorgou!
Promessas deu-me o Salvador, e nele eu posso crer.
É meu refúgio e protetor em todo o meu viver.
Perigos mil atravessei e a graça me valeu.
Eu são e salvo agora irei ao santo lar do céu.
Antes, porém, ele era um perdido pecador.
Nasceu em 1725. Tornou-se um capitão dos mares e traficante de escravos. Converteu-se a Cristo depois de uma série de perigos terríveis que o chocaram e chamaram a sua atenção para a seriedade das coisas espirituais; fê-lo pensar sobre céu e inferno.
Certa vez, em uma de suas viagens em alto-mar, o navio quase naufragou. A vida dele ficou por um fio. Após esse sério episódio, enquanto Deus ainda estava nesse processo de transformá-lo, John Newton estava caçando em alguma floresta do povoado de Londonderry, na Irlanda. Então ele conta:
Enquanto eu subia num barranco, carregando a minha espingarda pendurada às minhas costas, ela disparou raspando o meu rosto; tão rente foi o disparo, que a pólvora queimou o canto do meu chapéu.
John Newton interpretou essas experiências como a forma de Deus atraí-lo para si, ensinando-lhe a temer o seu nome. Diante do medo da morte, o único lugar onde ele encontrou alívio para o medo foi nos braços de Deus. Na “Preciosa Graça de Jesus”.
Converteu-se a Cristo e compôs “Amazing Grace” onde, na segunda estrofe, se canta:
A graça, então, meu coração
do medo libertou.
Oh, quão preciosa salvação
a graça me outorgou!
Preciosa a Graça de Jesus
314 HCC
A tradução livre do original inglês é mais completa e bela em sua mensagem:
Foi a graça que ao meu coração ensinou temor
E a graça dos meus medos me libertou
Quão preciosa aquela graça a mim pareceu
Na hora em que o meu coração creu.
Amazing Grace
John Newton
Que o Senhor traga libertação ao seu coração, livrando-o do medo da morte, do medo de partir e deixar essa vida…
Que o Senhor te dê vida eterna, conforme a mensagem de João 3.16…
“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
O risco de perecer
Existe o risco de perecer, mas você pode sair daqui seguro. Creia em Cristo Jesus, glorifique a Deus em sua vida, admire a glória de Jesus.
2Ts 1.9-10 | 9 Eles sofrerão a pena de destruição eterna, a separação da presença do Senhor e da majestade do seu poder. 10 Isso acontecerá no dia em que ele vier para ser glorificado em seus santos e admirado em todos os que creram, inclusive vocês que creram em nosso testemunho.
Creia no testemunho de Cristo, no evangelho e seja salvo da perdição eterna.
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