25.04.2021
[João 14.25-31] 25Eu digo estas coisas enquanto ainda estou com vocês. 26Mas quando o Pai enviar o Encorajador, o Espírito Santo, como meu representante, ele lhes ensinará todas as coisas e os fará lembrar tudo que eu lhes disse. 27“Eu lhes deixo um presente, a minha plena paz. E essa paz que eu lhes dou é um presente que o mundo não pode dar. Portanto, não se aflijam nem tenham medo. 28Lembrem-se do que eu lhes disse: ‘Vou embora, mas voltarei para vocês’. Se o seu amor por mim é real, vocês deveriam estar felizes porque eu vou para o Pai, que é maior que eu. 29Eu lhes disse estas coisas antes que aconteçam para que, quando acontecerem, vocês creiam. 30“Não tenho muito tempo mais para falar com vocês, pois o governante deste mundo se aproxima. Ele não tem poder algum sobre mim, 31mas farei o que o Pai requer de mim, para que o mundo saiba que eu amo o Pai. Levantem-se e vamos embora!”
Jesus está na última noite da vida dele na terra. E, conforme vimos na semana passada, o que ele faz é preparar seus apóstolos para viver e morrer bem. Ele quer que eles sejam capazes de se levantarem dali e irem embora. Cristo tomaria sobre si a cruz, e ele quer que seus discípulos também saibam como fazer o mesmo – como viver e morrer bem.
O Senhor sabia que os discípulos precisavam de paz, alegria e fé. Esse era o fardo que pesava no seu coração, quando ele olhava para os apóstolos. Certamente que Jesus os percebia atribulados, via seus sorrisos amarelos e sabia que a fé deles estava esmorecendo. Então, leia o versículo 27. Paz: “Eu lhes deixo um presente, a minha plena paz. E essa paz que eu lhes dou é um presente que o mundo não pode dar. Portanto, não se aflijam nem tenham medo.” Agora, olhe o versículo 28b. Alegria: “Se o seu amor por mim é real, vocês deveriam estar felizes [alegres, regozijantes] porque eu vou para o Pai, que é maior que eu.” Por fim, veja o versículo 29. Fé: “Eu lhes disse estas coisas antes que aconteçam para que, quando acontecerem, vocês creiam. [tenha fé!].”
Eram essas coisas que ele desejava aos seus apóstolos antes de eles levantarem-se e partirem dali, antes de ele próprio sofrer e morrer. De fato, o resultado prático esperado por Jesus nesses versículos, naquela noite – paz, alegria e fé – é o resultado da vida e obra toda de Jesus, do evangelho como um todo, e também do Evangelho de João.
Esses frutos – paz, alegria e fé – são poderosos para transformar o ser humano, de dentro para fora, e desse modo, transformar também o mundo em suas crises estruturais e globais. Alias, somente o evangelho da cruz [Cristo crucificado, 1Co 2.2] será capaz de produzir o que toda a gente tanto deseja e busca, isto é, paz, alegria e fé. Mas antes de descascar esses frutos, o Senhor se preocupou em definir o fundamento de todas as coisas relacionadas ao evangelho: a Escritura Sagrada. Por isso ele disse:
João 14.25-31 25Eu digo estas coisas enquanto ainda estou com vocês. 26Mas quando o Pai enviar o Encorajador, o Espírito Santo, como meu representante, ele lhes ensinará todas as coisas e os fará lembrar tudo que eu lhes disse.
Foi isso o que Jesus prometeu. O Pai enviaria o Espírito Santo. Ele traria à memória dos apóstolos tudo o que deseja que a igreja soubesse ao longo dos séculos. O que implica, como já dissemos, que eles tinham visto e ouvido essas coisas. Eles foram testemunhas oculares. Jesus não prometeu criar novos eventos na cabeça deles, coisas que eles mesmos não tivessem experimentado. Jesus prometeu memória, não criatividade. Interpretação, não ficção. Jesus prometeu ensinar – “ele lhes ensinará todas as coisas” (Jo 14.26) – todas as coisas necessárias para dar uma interpretação verdadeira do que Cristo disse e fez, e de quem ele é. E aos que creem ele deu o Espírito Santo que explica e dá entendimento espiritual do que diz a Palavra inspirada de Deus (1Co 12.12-14).
Agora o palco está montado. É isto o que está acontecendo em João 14.27-31. Anos mais tarde, inspirado pelo Espírito de Deus, João se lembraria e ensinaria estas coisas, escrevê-las-ia em seu Evangelho para a nossa paz, alegria e fé. Afinal, é isto o que é o Evangelho de João como um todo: a memória inspirada e o ensino autorizado dos apóstolo para o bem de nossa fé, alegria, paz e vida.
Agora olhe comigo para os versículos 27-31, e deixe Jesus colocar em você a paz, a alegria e a fé dele da maneira como ele o fez com os discípulos naquela noite. Vamos partir da base para o topo, pois onde ele termina o argumento é o fundamento de tudo – ou seja, Jesus vai à cruz para dar sua vida pelas ovelhas (fruto: vida plena, paz, alegria e fé).
João 14.30-31 30“Não tenho muito tempo mais para falar com vocês, pois o governante deste mundo se aproxima. Ele não tem poder algum sobre mim, 31mas farei o que o Pai requer de mim, para que o mundo saiba que eu amo o Pai. Levantem-se e vamos embora!”
Eles estiveram no cenáculo, sentados à mesa, desde o momento em que lá chegaram para a última ceia. Agora, após essa última palavra, eles se levantam e vão, Jesus está avançando na direção do jardim do Getsêmani, onde seria preso e levado para morrer. [Imagine: tudo o que Jesus falará em João 15–16 e sua oração em João 17 se passou como eles em pé, à caminho!]
O Senhor diz “Levantem-se e vamos embora!” (Jo 14.31) com a intenção de que eles partam dali com o coração cheio de paz, alegria e fé. Jesus está servindo à fé deles. Ele quer que eles vejam e creiam que o diabo (“o governante deste mundo”) é real e está ativo, mas, em um sentido crucial, o diabo está impotente. Versículo 30b-31a: “o governante deste mundo se aproxima. Ele não tem poder algum sobre mim, mas farei o que o Pai requer de mim, para que o mundo saiba que eu amo o Pai.” Satanás havia entrado em Judas (Lucas 22.3) e ele estava vindo de encontro a Jesus, para entregá-lo aos romanos. Mas não era por isso que Jesus estava indo. Satanás não era decisivo.
Por que não? Porque (versículo 30, no final), “Ele não tem poder algum sobre mim”. Literalmente: “ele não tem nada em mim”. Ou seja: “Nada em mim para acusar. Nenhum pecado em em mim que ele possa colocar seu anzol. Nenhuma culpa em mim onde ele possa fazer suas acusações latejarem. Ele olha em toda parte ao redor da armadura da minha justiça e não encontra acesso à minha alma santa. Não há fenda nesta armadura. Satanás não tem poder para governar um homem sem pecado como eu.”, diz o Senhor Jesus – “Ele não tem poder algum sobre mim” (Jo 14.30).
Então, por que Jesus seria preso? Por que ele morreria?
Jesus nos diz claramente quem está no comando nesta noite. Versículos 30b-31a: “o governante deste mundo [Satanás] se aproxima. Ele não tem poder algum sobre mim, mas farei o que o Pai requer de mim.” Satanás não é a explicação do Calvário. A obediência de Jesus é que é a explicação para a cruz: “Eu farei o que o Pai requer de mim… Levantem-se e vamos embora!”
Quero que você saiba, disse Jesus, e quero que o mundo também saiba que a traição, a negação e a mentira demoníacas não estão governando esta noite. O amor está governando esta noite. Estou obedecendo ao meu Pai (versículo 31b) “para que o mundo saiba que eu amo o Pai.” Não sou controlado pelas mentiras de falsas testemunhas. Sou controlado pelo amor por meu Pai.
Desse modo, que fique bem claro!, o que está na raiz da cruz de Jesus não é a coerção do mal; é a concordância do amor. A raiz do Calvário remete para bem antes da criação do mundo, remete à Trindade eterna, em que Deus Filho sempre amou infinitamente Deus Pai e vice verça. “Farei o que o Pai requer de mim, para que o mundo saiba que eu amo o Pai” (Jo 14.31).
Pronto. Esta é a base, o fundamento de tudo o que temos no evangelho: paz, alegria e fé salvadora. O amor do Filho pelo Pai e do Pai pelo Filho é o fundamento da paz, alegria, fé e vida plena. Sabedores disto, agora estamos prontos para examinar a fé no versículo 29, a alegria no versículo 28 e a paz no versículo 27.
LEMBRE-SE: o fundamento para todos os três é que Satanás não é soberano na morte de Jesus, o amor é soberano – o amor do Filho pelo Pai.
João 14.29: “Eu lhes disse estas coisas antes que aconteçam para que, quando acontecerem, vocês creiam.” Jesus já disse isso antes. João 13.19: “Eu lhes digo isso de antemão [sobre a traição de Judas Iscariotes], para que, quando acontecer, vocês creiam que eu sou aquele de quem falam as Escrituras.”
Em outras palavras, além de todas as coisas que acontecem a Jesus, e de todas as coisas que Jesus faz, que por si só despertariam a fé, ele acrescenta isto: predição. Ele não apenas experimenta coisas dolorosas e faz coisas gloriosas para despertar a fé, ele – soberanamente – as diz de antemão. O que significa que ele tece o fio da soberania, da providencia divina em todas as coisas, por meio de suas palavras – a Palavra inspirada que temos na Bíblia.
O objetivo da previsão é deixar claro quem está no comando. Não é Satanás. Não é Pilatos. Não é Herodes. Não são os judeus. Não são os soldados. Não é Judas. O Pai está no comando – “Tudo que fizeram, porém, havia sido decidido de antemão pela tua vontade.” (At 4.27-28). E por ordem do Pai, o Filho está em comando (Jo 3.35; 13.3). “Ninguém [tira a minha vida], mas eu mesmo a dou. Tenho autoridade para entregá-la e também para tomá-la de volta, pois foi isso que meu Pai ordenou”. (Jo 10.18).
Portanto, diz o SENHOR aos apóstolos vacilantes na fé (e a nós hoje também), confiem em mim. Tenham fé. Coloquem sua fé em nosso trabalho soberano – no do Pai e no meu –, e em nosso poder divino. O mal não tem qualquer vantagem sobre qualquer coisa. Nós é que temos. O amor é soberano – o amor do Pai pelo Filho e do Filho pelo Pai. — E se isso foi verdade na hora mais sombria da história – a morte do Filho de Deus –, será também verdade na hora mais sombria de sua vida – se você confiar nele, crer nele de todo o coração. Jesus estava falando e trabalhando na última noite da vida pela sua fé (e a minha). Que Jesus a desperte e a sustente em você. Creia.
João 14.28: “Lembrem-se do que eu lhes disse: ‘Vou embora, mas voltarei para vocês’. Se o seu amor por mim é real, vocês deveriam estar felizes [regozijantes, alegres] porque eu vou para o Pai, que é maior que eu.”
Este é o argumento de Jesus: O Pai é maior que Eu. Há dois significados aqui:
Primeiro, o Pai, durante a encarnação do Filho, é maior e mais exaltado em glória porque Jesus se humilhou para servir e sofrer.
Segundo, desde toda a eternidade o Pai tem sido aquele que gera o Filho – aquele que eternamente se apresenta a si mesmo em uma imagem e brilho perfeitos de si mesmo. Sua natureza tem uma “expressão exata” no Filho. Sua glória tem um “resplendor” completo no Filho (Hb 1.3). De tal modo que eles são igualmente Deus, da mesma natureza divina, mas diferentes no papel, e Jesus diz que por causa do papel único do Pai o Pai é maior que o Filho.
Uma vez que o Pai tem essa relação com o Filho, Jesus diz, vocês devem se alegrar quando me virem retornar a essa experiência mais imediata da glória do Pai. Em outras palavras, a alegria de Jesus em estar perto do Pai deve fazer parte da alegria de seus discípulos em estar perto dele. Devemos nos alegrar com a alegria de Jesus na glória de seu Pai. Parte da nossa alegria em Jesus é a alegria de Jesus em seu Pai.
“Se o seu amor por mim é real, vocês deveriam estar felizes porque eu vou para o Pai” (Jo 14.28). Portanto, nossa alegria não é a alegria do mundo. Oh, quão diferente é o fundamento da alegria do cristão! Deus dá alegria ao seu povo, não do modo como o mundo a dá. Nossa alegria tem raiz eterna. É uma participação na própria alegria de Deus em Deus.
LEMBREM-SE, Deus nos mostrou este amor entre o Pai e o Filho, principalmente na cruz. João 14.31: “farei o que o Pai requer de mim, para que o mundo saiba que eu amo o Pai.” O QUE ISSO SIGNIFICA NA PRÁTICA É O SEGUINTE: o amor entre Deus Pai e Deus Filho, a alegria que um tem na glória do outro, foi o que sustentou Jesus para que ele suportasse a cruz. “Por causa da alegria que o esperava, ele suportou a cruz sem se importar com a vergonha.” (Hb 12.2). Portanto, seu perdão, sua justiça, sua salvação, sua vida, sua fé, sua alegria e sua paz dependem totalmente dessa alegria de Jesus no Pai e do Pai em Jesus. Sem ela, sem essa alegria em Deus, Jesus não teria suportado a cruz. VEJA: nem mesmo o seu amor por nós o teria feito suportar os horrores da cruz. Mas “por causa da alegria que o esperava [em Deus], ele suportou a cruz sem se importar com a vergonha.”
Fé, alegria e, finalmente, paz. João 14.27: “Eu lhes deixo um presente, a minha plena paz. E essa paz que eu lhes dou é um presente que o mundo não pode dar. Portanto, não se aflijam nem tenham medo.”
Nas últimas horas de sua vida, na última noite de sua vida, Jesus está ajudando você a se tornar uma pessoa corajosa e cheia de paz. A paz que ele tem em mente pode muito bem incluir a paz final de todas as coisas no novo céu e na nova terra. Mas não é nessa paz que ele está se concentrando neste versículo. Sabemos disso porque ele diz: “Não se turbe o vosso coração. Não se aflijam nem tenham medo.” Ele tem em vista o coração, a paz do seu coração, o destemor e as águas tranquilas do seu coração. Ele quer que o povo dele, as ovelhas dele, agora, nesta vida, estejam livres de ansiedade e do medo paralisante.
Outra coisa importante: Jesus não está falando da “paz” das boas circunstâncias. Claro que não, pois ele sabe que o único tipo de paz ao coração que o mundo pode dar é a paz de espírito baseada em boas circunstâncias, em boa saúde, em bons momentos, em boas realizações… Se o mundo conseguir tirar nossos problemas – por meio de seguro ou plano de saúde, salário de aposentadoria, sociedade justa e pacífica, avanços científicos que garantem benefícios de todos os tipos, vacinas e medicações etc. – então o mundo conseguirá nos dar um pouco de paz de espírito.
Mas Jesus diz (meio do versículo 27): “essa paz que eu lhes dou é um presente que o mundo não pode dar”. O que significa que essa paz vinda de Cristo não se baseia em boas circunstâncias ou coisa do tipo. Ela é dada e é mantida apesar das circunstâncias adversas, a falta de saúde etc. Eis como Jesus dirá lá em João 16.33: “Eu lhes falei tudo isso para que tenham paz em mim. Aqui no mundo vocês terão aflições, mas animem-se [tenham bom ânimo, tenham fé], pois eu venci o mundo.”
Em outras palavras, nossa paz não fará sentido para o mundo. É por isso que Paulo a chama em Filipenses 4.7 de “a paz de Deus, que excede todo entendimento, e que guardará seu coração e sua mente em Cristo Jesus.” A compreensão humana não pode produzi-la ou sustentá-la.
Por que não?
A razão final é que não se trata da paz humana. É a paz de Deus. A paz entre Jesus e o Pai. João 14.27a: “Eu lhes deixo um presente, a minha plena paz.” — Minha paz. Não estou criando sua paz. Estou compartilhando com você a minha paz. Estou trazendo você para a minha paz.
Sua paz, Jesus? Eles estão prestes a matar o Senhor! Que tipo de paz é essa? Plena paz – com meu Pai. Amanhã irei à cruz e lá abrirei a porta para que minhas ovelhas entrem em minha paz com meu Pai. Eu satisfarei a justiça do Pai. Comprarei o perdão de vocês, minhas ovelhas. Proverei a vocês a justiça divina. Por fim, trarei vocês para a própria paz que eu desfruto com meu Pai.
Nada – ninguém – será capaz de tirá-la de vocês. “Eu lhes deixo um presente, a minha plena paz. E essa paz que eu lhes dou é um presente que o mundo não pode dar. Portanto, não se aflijam nem tenham medo.” (Jo 14.27).
Levante-se e vá… com os frutos do evangelho…
Levante-se e vá com a minha fé – fé que tenho na soberania de meu Pai sobre Satanás e sobre todas as coisas (boas e más);
Levante-se e vá com a minha alegria – alegria que tenho na grandeza e na glória de meu Pai;
Levante-se e vá com a minha paz – paz que tenho com o favor de meu Pai;
Arrependa-se do pecado e creria; levante-se e vá com os frutos do evangelho – fé, alegria e paz. Fé, alegria e paz que são de Jesus e nos são dadas por Jesus; temos um Salvador incrível; e uma grande salvação;
Levante-se e vá – vá com fé, alegria e paz –, vá e faça discípulos de Jesus, leve aos aflitos o socorro (todo tipo de socorro possível), mas não deixe de levar o evangelho, a cruz de Cristo, pois foi na cruz que Jesus comprou para nós e para tantos que ainda precisam: a vida plena, a fé, a alegria e a paz que o mundo não pode dar.
S.D.G. L.B.Peixoto
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