21.11.2021
[Filipenses 1.1-2] 1Paulo e Timóteo, escravos de Cristo Jesus, escrevemos a todo o povo santo em Cristo Jesus que está em Filipos, incluindo os bispos e diáconos. 2Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.
Quando o assunto é liderança, dois são os principais problemas enfrentados: a falta dela ou as falhas por parte de quem a exerce. As duas coisas são problemáticas: não ter líderes e ter líderes não qualificados. Essa realidade é experimentada, das piores maneiras possíveis, em todas as áreas da vida: família, sociedade e também igreja. As páginas da história estão repletas de casos em que líderes fracassaram e levaram povos inteiros à ruína; há também histórias de líderes tiranos que usurparam o governo em benefício próprio ou por um sonho narcisista e utópico. Talvez você tenha sofrido na pela com a falta de liderança em casa ou na família ou na igreja, ou mesmo com má liderança. Seja como for, tanto o vácuo de liderança quanto a má liderança são uma desgraça para o povo.
Pela manhã nós vimos que o governo de uma igreja bíblica é exercido pela própria igreja, o governo é congregacional – isto é, a própria igreja trata as disputas entre seus membros, ordena ou delega seus oficiais (e os supervisiona), mantém a doutrina correta, aplica a disciplina e guarda a membresia. Esse governo congregacional requer líderes ou oficiais, que o Novo Testamento, conforme lemos em Filipenses 1.1, denomina de bispos/presbíteros/pastores e diáconos. Ora, como acontece com qualquer grupo de pessoas, a igreja precisa ser liderada. E quem a lidera são os oficiais: pastores e diáconos.
Antes de nos voltarmos para os ofícios específicos estabelecidos para a igreja no Novo Testamento – pastores e diáconos – alguns princípios bíblicos dessa liderança devem ser considerados em relação àqueles que servem na liderança.
Nem todos os cristãos ou membros de igreja são qualificados para servir como oficiais na igreja. Em Atos 6.1-3, Atos 20.17-38, 1Timóteo 3.1-13, Tito 1.5-9 e 1Pedro 5.1-4, características são estabelecidas para bispos/pastores/presbíteros e diáconos do rebanho. Por exemplo, ao selecionar os primeiros diáconos da igreja em Jerusalém, requereu-se os seguintes, Atos 6.3: “escolham sete homens respeitados, cheios do Espírito e de sabedoria, e nós os encarregaremos desse serviço.” Em Atos 20, Paulo descreveu aos presbíteros da igreja em Éfeso como ele próprio havia ministrado entre eles, deixando-lhes o exemplo de quem são os que servem na liderança – Atos 20.18-19: “Vocês sabem que, desde o dia em que pisei na província da Ásia até agora, fiz o trabalho do Senhor…” E aí ele passou a falar de humildade, coragem, fidelidade, coerência, resiliência, atenção, desprendimento material etc.
Ademais, aos presbíteros ou pastores ou supervisores, requer-se os seguintes:
1Timóteo 3.1-7 1Esta é uma afirmação digna de confiança: “Se alguém deseja ser bispo, deseja uma tarefa honrosa”. 2Portanto, o bispo deve ter uma vida irrepreensível. Deve ser marido de uma só mulher, ter autocontrole, viver sabiamente e ter boa reputação. Deve ser hospitaleiro e apto a ensinar. 3Não deve beber vinho em excesso, nem ser violento. Antes, deve ser amável, pacífico e desapegado do dinheiro. 4Deve liderar bem a própria família e ter filhos que o respeitem e lhe obedeçam. 5Pois, se um homem não é capaz de liderar a própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus? 6Não deve ser recém-convertido, pois poderia se tornar orgulhoso, e o diabo o faria cair. 7Além disso, os que são de fora devem falar bem dele, para que não seja desacreditado e caia na armadilha do diabo.
Tito 1.5-9 5Deixei-o na ilha de Creta para que você completasse o trabalho e nomeasse presbíteros em cada cidade, conforme o instruí. 6O presbítero deve ter uma vida irrepreensível. Deve ser marido de uma só mulher, e seus filhos devem partilhar de sua fé e não ter fama de devassos nem rebeldes. 7O bispo administra a casa de Deus e, portanto, deve ter uma vida irrepreensível. Não deve ser arrogante nem briguento, não deve beber vinho em excesso, nem ser violento, nem buscar lucro desonesto. 8Em vez disso, deve ser hospitaleiro e amar o bem. Deve viver sabiamente, ser justo e ter uma vida de devoção e disciplina. 9Deve estar plenamente convicto da mensagem fiel que lhe foi ensinada, de modo que possa encorajar outros com o verdadeiro ensino e mostrar aos que se opõem onde estão errados.
1Pedro 5.1-4 1E agora, uma palavra aos presbíteros em seu meio. Eu, que também sou presbítero, testemunhei os sofrimentos de Cristo e também participarei de sua glória quando ela for revelada. Assim, peço-lhes 2que cuidem do rebanho que Deus lhes confiou com disposição, e não de má vontade; não pelo que lucrarão com isso, mas pelo desejo de servir a Deus. 3Não abusem de sua autoridade com aqueles que foram colocados sob seus cuidados, mas guiem-nos com seu bom exemplo. 4E, quando vier o Grande Pastor, vocês receberão uma coroa de glória sem fim.
Aos diáconos, além do já exposto em Atos 6.3 – respeitável, cheio do Espírito e sábio – , há o que Paulo escreveu a Timóteo:
1Timóteo 3.8-13 8Da mesma forma, os diáconos devem ser respeitáveis e ter integridade. Não devem beber vinho em excesso, nem se deixar conduzir pela ganância. 9Devem ser comprometidos com o segredo da fé e viver com a consciência limpa. 10Antes de serem nomeados diáconos, é necessário que se faça uma avaliação cuidadosa. Se forem aprovados, então que exerçam a função de diáconos. 11De igual modo, as mulheres devem ser respeitáveis e não caluniar ninguém. Devem ter autocontrole e ser fiéis em tudo que fazem. 12O diácono deve ser marido de uma só mulher e liderar bem seus filhos e sua casa. 13Aqueles que exercerem bem a função de diáconos serão recompensados com o respeito de outros e terão cada vez mais convicção de sua fé em Cristo Jesus.
RESUMINDO, pode-se concluir que o que se espera dos líderes da igreja é que sejam de fato piedosos e respeitáveis para os de fora da igreja; eles também devem possuir um senso agudo de prestação de contas, sabendo que estão, eles mesmos, debaixo de autoridade. Sua vida como líderes públicos os deixa expostos à reprovação e à correção pública – devem portanto, submeter-se à correção, ser imparciais e cautelosos:
1Timóteo 5.19-22 19Não aceite acusação contra um presbítero sem que seja confirmada por duas ou três testemunhas. 20Aqueles que pecarem devem ser repreendidos diante de todos, o que servirá de forte advertência para os demais. 21Ordeno solenemente, na presença de Deus, de Cristo Jesus e dos anjos eleitos que você obedeça a estas instruções sem tomar partido nem demonstrar favoritismo. 22Não se apresse em nomear um líder. Não participe dos pecados alheios. Mantenha-se puro.
Líderes exercem autoridade:
Hebreus 13.17 Obedeçam a seus líderes e façam o que disserem. O trabalho deles é cuidar de sua alma, e disso prestarão contas. Deem-lhes motivo para trabalhar com alegria, e não com tristeza, pois isso certamente não beneficiaria vocês.
Líderes têm consciência de que a sua autoridade é para a edificação do corpo:
2Coríntios 10.8 Pode parecer que estou me orgulhando além do que deveria da autoridade que o Senhor nos deu, mas nossa autoridade visa edificar vocês, e não destruí-los. Portanto, não me envergonharei de usá-la.
2Coríntios 13.10 Escrevo-lhes essas coisas antes de visitá-los, na esperança de que, ao chegar, não precise tratá-los severamente. Meu desejo é usar a autoridade que o Senhor me deu para fortalecê-los, e não para destruí-los.
Em última instância, líderes de igreja deve ser e viver de modo a poder dizer o que Paulo disse aos coríntios em 1Coríntios 11.1: “Sejam meus imitadores, como eu sou imitador de Cristo.”
Pois bem, agora estamos prontos para examinar cada um dos ofícios bíblicos de liderança na igreja: presbíteros e diáconos. Comecemos pelos diáconos.
Diácono é sinônimo de serviço. Agora, não pense você que no mundo bíblico serviço era algo apreciado pelas pessoas. De fato, o mundo da época do Novo Testamento era semelhante ao nosso na maneira como encarava o servidor. Prestar serviços aos outros não era admirado pelos gregos ou pelos romanos. Em vez disso, o mundo greco-romano admirava primariamente o desenvolvimento da personalidade e do caráter, sempre visando ao respeito pessoal. O serviço diaconal prestado aos outros era visto como “serviçal”, “braçal”, para pessoas de baixa escala.
A Bíblia, no entanto, apresenta o servidor de maneira bem diferente. Nas versões modernas do Novo Testamento, a palavra grega diakonos é, quase sempre, traduzida por “servo”, mas, às vezes, é traduzida por “ministro” e, outras vezes, por “diácono”. Pode se referir ao serviço geral (At 1.17, 25; Rm 12.7; 1Co 12.5; 16.15; Ef 4.12; Cl 4.17; 2Tm 1.18; Fm 13; Hb 6.10; 1Pe 4.10-11; Ap 2.19), aos governantes (Rm 13.4) ou ao atendimento de necessidades físicas (Mt 25.44; At 11.29; Rm 15.25, 31; 2Co 8.4, 19-20; 9.1, 12-13; 11.18). Está claro no Novo Testamento que a mulher pode realizar o serviço diaconal (cf. Mt 8.15; Mc 1.31; Lc 4.39; Mt 27.55; Mc 15.41; Lc 8.3; 10.40; Jo 12.2; Rm 16.1). Os anjos servem desta maneira (Mt 4.11; Mc 1.13). Às vezes, o serviço se refere especificamente ao servir às mesas (Mt 22.13; Lc 10.40; 17.8; Jo 2.5, 9; 12.2).
Portanto, embora o servidor fosse desprezado no mundo do período bíblico, Jesus o considerou de modo diferente. Ele disse em João 12.26 (ARA): “Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará”. E, outra vez, em Mateus 20.26 (ARA): “Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva”. O Senhor também disse que “o maior dentre vós será vosso servo” (Mt 23.11, ARA).
De fato, Jesus apresentou-se a si mesmo como um tipo de diácono (Mt 20.28; Mc 10.45; Lc 22.26-27; cf. Jo 13; Lc 12.37; Rm 15.8). Os cristãos são apresentados como diáconos de Cristo ou de seu evangelho. Essa é a maneira como os apóstolos são retratados (At 6.1-7) e era a maneira como Paulo se referia com regularidade a si mesmo e aos que trabalhavam com ele (At 20.24; 1Co 3.5; 2 Co 3.3, 6-9; 4.1; 5.18; 6.3-4; 11.23; Ef 3.7; Cl 1.23; Ef 1.23; 1Tm 1.12; 4.11). Paulo se referia a si mesmo como um diácono dos gentios, o grupo específico ao qual ele fora chamado especialmente a servir (At 21.19; Rm 11.13). Paulo chamou a Timóteo de diácono (1Tm 4.6; 2Tm 4.5). E Pedro afirmou que os profetas do Antigo Testamento servem como exemplo de diáconos (ministrava) para nós, cristãos (1Pe 1.12). Os anjos são chamados diáconos – ministros (Hb 1.14) e até Satanás tem os seus diáconos – ministros (2Co 3.6-9; 11.15; Gl 2.17).
Qual era a função dos diáconos no Novo Testamento?
Para compreendermos seu papel, importante será examinar o propósito inicial para o qual os diáconos foram estabelecidos na igreja primitiva. Desse modo, a figura mais clara procede de Atos 6, onde cremos que os primeiros diáconos foram instituídos. Desse relato, podemos observar três aspectos do ministério dos diáconos na igreja local.
1. Cuidar das necessidades físicas dos membros da igreja local
Atos 6.1-2 1À medida que o número de discípulos crescia, surgiam murmúrios de descontentamento. Os judeus de fala grega se queixavam dos de fala hebraica, dizendo que suas viúvas estavam sendo negligenciadas na distribuição diária de alimento. 2Por isso, os Doze convocaram uma reunião com todos os discípulos e disseram: “Nós, apóstolos, devemos nos dedicar ao ensino da palavra de Deus, e não à distribuição de alimentos [servir mesas].
Portanto, “servir mesas”, cuidar das necessidades físicas dos membros da igreja é o primeiro aspecto do ministério diaconal. Agora, é importante observar que os diáconos, conforme Atos 6, provavelmente não realizavam, eles mesmos, todo o serviço sozinhos (eram apenas sete para uma igreja com centenas de membros). Antes, esses poucos diáconos talvez organizassem muitos outros cristãos na igreja, para garantir que a obra seria realizada e as pessoas necessitadas seriam atendidas.
Uma palavra aos que ignoram, menosprezam ou mesmo rebaixam esse ministério na igreja local. Lembrem-se de que cuidar de pessoas, especialmente cristãs – e, em particular, de outros membros de nossa própria igreja – é importante para o bem-estar físico e espiritual dessas pessoas, tornando-se um encorajamento para elas, uma materialização e um lembrete do cuidado de Deus por elas e um testemunho para os de fora. O que Jesus disse em João 13.35? “Seu amor uns pelos outros provará ao mundo que são meus discípulos” O cuidado físico narrado em Atos 6 demonstra esse tipo de amor semelhante ao de Cristo.
2. Manter a unidade do corpo na igreja local
Por trás disso, vemos que há um propósito não somente para os necessitados, mas também para o corpo como um todo. Este é o segundo aspecto do tipo de ministério dos diáconos que encontramos no relato de Atos 6 – esse ministério está focado em manter a unidade do corpo na igreja local. Como assim? Pense comigo.
Se considerarmos a passagem de maneira abstrata, podemos indagar: ao cuidar dessas viúvas, o que os diáconos estavam realmente fazendo? Estavam se empenhando para tornar mais justa a distribuição de alimentos entre as viúvas e assim socorrendo-as. Isso é verdade. Mas, por que era importante? Além do amor cristão que deve ser colocado em prática no cuidado do próximo, pense bem, essa negligência física estava causando ruptura espiritual, divisão no corpo. É assim que começa a passagem (At 6.1): “À medida que o número de discípulos crescia, surgiam murmúrios de descontentamento. Os judeus de fala grega se queixavam dos de fala hebraica, dizendo que suas viúvas estavam sendo negligenciadas na distribuição diária de alimento.” Percebeu? Um grupo de cristãos estava começando a reclamar do outro grupo. Parece que foi isso que atraiu a atenção dos apóstolos. Eles não estavam apenas tentando corrigir o problema que havia no ministério de ação social ou de benevolência da igreja. Estavam tentando impedir que a unidade da igreja fosse rompida e prejudicada de uma maneira especialmente perigosa – grupinhos (os de fala grega versus os de fala hebraica). Desse modo, os diáconos foram designados para acabar com a desunião na igreja, colocar um fim naquela divisão desastrosa para o evangelho.
3. Apoiar o ministério da Palavra na igreja local
Além de cuidar das necessidades físicas e manter a unidade da igreja, os primeiros diáconos deveriam agir para apoiar o ministério dos apóstolos:
Atos 6.3-4 3Sendo assim, irmãos, escolham sete homens respeitados, cheios do Espírito e de sabedoria, e nós os encarregaremos desse serviço. 4Então nós nos dedicaremos à oração e ao ensino da palavra”.
VEJA: os apóstolos reconheceram que o cuidado das necessidades físicas era uma responsabilidade da igreja e, consequentemente, em algum sentido, deles mesmos. Foi por isso que eles disseram (v. 3) que colocariam essa responsabilidade de cuidar sobre os ombros de outro grupo da igreja. Nesse sentido, os diáconos não estavam apenas ajudando o corpo com um todo, mas, ao exercerem seu dever, estavam prestando apoio aos apóstolos/presbíteros, cujas principais obrigações estavam em outras áreas de competência: oração e ensino da palavra de Deus (v. 4).
IMPORTANTE: os diáconos não eram um grupo separado na igreja – de um lado, apóstolo e de outro, diáconos. Eles não eram uma segunda esfera de legislação, por meio da qual as resoluções precisavam ser aprovadas. Eles eram servos que ministravam à igreja como um todo, ajudando no desempenho de responsabilidades que os pastores/presbíteros não poderiam cumprir. Os diáconos apoiavam os mestres da Palavra em seu ministério. Eles eram, fundamentalmente, apoiadores do ministério dos presbíteros/pastores (na figura dos apóstolos).
Portanto, as pessoas que mais prestam apoio na igreja deveriam servir como diáconos. DEVEMOS ACHAR PESSOAS QUE têm o dom de servir, pacificar, apoiar e encorajar, para que mais e não menos pessoas sejam abençoadas pelo seu ministério.
DIÁCONOS, PORTANTO, cuidam das necessidades físicas ou materiais das pessoas e da igreja como um todo, tratam de absorver choques e pacificar as pessoas para que se mantenha a unidade do corpo, e apoiam o ministério da Palavra que deverá ser desenvolvido pelos presbíteros/pastores. — Desse modo, o mais sábio a se fazer na prática é criar tantos diaconatos quantos forem necessários para atender às questões práticas da igreja – desde o cuidado com as viúvas e os necessitados materialmente, passado pela visitação, até os cuidados diários com a propriedade da igreja e tudo o que está envolvido em termos de ter as coisas funcionando para os cultos e as atividades da igreja (p.ex., introdução, ceia do Senhor, batismos, som, estacionamento, cozinha etc.). Diáconos coordenando grupos de voluntários que sirvam nas mais diversas áreas carentes da igreja.
Além do ofício de diácono, o Novo Testamento estipula o ofício de pastor, presbítero ou bispo. Fundamentalmente, o presbítero é um ministro da Palavra.
No Novo Testamento, as palavras “presbítero”, “pastor” e “bispo” são usadas de modo intercambiável no contexto de ofícios da igreja local. Isso pode ser visto mais claramente em Atos 20, que relata o encontro de Paulo com os “presbíteros” da igreja de Éfeso (At 20.17), quando ele os chamou. Paulo disse aos presbíteros em Atos 20.28: “Portanto, cuidem de si mesmos e do rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, a fim de pastorearem sua igreja, comprada com seu próprio sangue.” Escrevendo a Tito, Paulo também usou esses termos de modo intercambiável:
Tito 1.5-7 5Deixei-o na ilha de Creta para que você completasse o trabalho e nomeasse presbíteros em cada cidade, conforme o instruí. 6O presbítero deve ter […] 7O bispo administra a casa de Deus […]
E o apóstolo Pedro fez o mesmo:
1Pedro 5.1-2 1E agora, uma palavra aos presbíteros em seu meio. Eu, que também sou presbítero, testemunhei os sofrimentos de Cristo e também participarei de sua glória quando ela for revelada. Assim, peço-lhes 2que cuidem do [pastoreiem o] rebanho que Deus lhes confiou […]
Em 1Pedro 2.25, Jesus é chamado de “Pastor e Guardião [Bispo] de sua alma”:
(ARA) Porque estáveis desgarrados como ovelhas; agora, porém, vos convertestes ao Pastor e Bispo da vossa alma.
A PRIMEIRA coisa que devemos observar sobre os presbíteros em uma igreja local é que eles são uma PLURALIDADE. Embora não mencione um número específico de presbíteros para cada igreja, o Novo Testamento se refere, regularmente, aos “presbíteros” ou “bispos” usando o plural:
Filipenses 1.1 Paulo e Timóteo, escravos de Cristo Jesus, escrevemos a todo o povo santo em Cristo Jesus que está em Filipos, incluindo os bispos e diáconos.
Atos 14.23 Paulo e Barnabé também escolheram presbíteros em cada igreja e, com orações e jejuns, os entregaram aos cuidados do Senhor, em quem haviam crido.
Tiago 5.14 Alguém está doente? Chame os presbíteros da igreja para que venham e orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor.
1Pedro 5.1 E agora, uma palavra aos presbíteros em seu meio. Eu, que também sou presbítero, […]
A SEGUNDA coisa a se observar a respeito dos presbíteros é a sua função. Podemos descrever o PAPEL dos pastores ou presbíteros da igreja local em três aspectos:
1. O ministério da Palavra
Além de não poder ser um novo convertido, a única qualificação que um presbítero tem e um diácono não é sua aptidão para ensinar. Portanto, não é de surpreender que os presbíteros ensinem a Palavra – em público e em privado, sempre prontos para aplicar a Palavra à situação em questão. Assim, em Atos 6, quando os apóstolos introduzem pela primeira vez a ideia de diáconos, uma das principais funções desses diáconos era que os apóstolos não se distraíssem do ministério da Palavra e da oração (At 6.3-4). E o mesmo é verdade hoje para os presbíteros. Escrevendo aos efésios, Paulo deixou bem claro (Ef 4.12): “Ele designou […] para pastores e mestres.”
2. O ministério da oração
Dedicar-se à oração é outra das prioridades às quais vimos os apóstolos se dedicarem em Atos 6. Portanto, segue-se que os presbíteros também devem priorizar a oração. Orar por si mesmos, outros presbíteros e o rebanho, necessidades que eles conhecem na igreja, desafios maiores que a igreja enfrenta e, sobretudo, para que a palavra de Deus pregada caia em solo fértil e frutifique.
Talvez você possa pensar: como assim ter que se dedicar à oração?!
Ora, você sabe por experiência própria o quanto suas melhores intenções para se dedicar à oração podem ser prejudicadas pelas ocupações e as pressões da vida. Não pense que os presbíteros/pastores (que já possuem as pressões da vida pessoal, familiar) são imunes às mesmas tentações e pressões que o rebanho! Portanto, quando você orar por seus pastores, ore para que eles orem. Ore para que Deus os sustente em oração. Assim como Arão e Hur, os quais mantiveram erguidas as mãos de Moisés (em Êxodo 17), mantenha erguidos seus pastores em oração para que possam continuar a orar – e a pregar.
3. O ministério do cuidado do rebanho
Faz parte do cuidado do rebanho orar por ele e pregar a ele a palavra de Deus. No entanto, cuidado do rebanho envolve também outros elementos fundamentais.
Cuidado do rebanho envolve apascentar no aprisco as ovelhas do Senhor. Falsos pastores, ao contrário, fazem desviar, espalham, não ajuntam o rebanho:
Jeremias 50.6 Meu povo tem sido como ovelhas perdidas; seus pastores as fizeram desviar do caminho e as soltaram nos montes. Elas perderam o rumo e não lembram como voltar para o curral.
A promessa de Deus para seu povo é reuni-los no aprisco através do ministério de pastores segundo o seu coração:
Jeremias 23.1-4 1“Que aflição espera os pastores de minhas ovelhas, pois destruíram e dispersaram aqueles de quem deviam cuidar”, diz o SENHOR. 2Portanto, assim diz o SENHOR, o Deus de Israel, a esses líderes do povo: “Em vez de cuidarem do meu rebanho e o conduzirem em segurança, vocês o abandonaram e o levaram à destruição. Agora, eu os castigarei pelo mal que fizeram. 3Contudo, reunirei o remanescente do meu rebanho das terras para onde os expulsei. Eu os trarei de volta para seu curral, e eles serão férteis e se multiplicarão. 4Em seguida, nomearei bons pastores que cuidarão dessas ovelhas. Elas nunca mais terão medo, e nenhuma delas se perderá. Eu, o SENHOR, falei!
Esses pastores terão um jeito certo de apascentar esse rebanho no aprisco:
Jeremias 3.14-15 14O SENHOR diz: “Voltem para casa, filhos rebeldes, pois eu sou seu mestre. Eu os trarei de volta a Sião – um desta cidade, dois daquela família – de onde quer que estejam dispersos. 15Eu lhes darei líderes segundo meu coração, que os guiarão [apascentarão] com conhecimento e entendimento.
Com certeza, Jesus é o Bom Pastor cuja voz as ovelhas ouvem e seguem. Ele mesmo as reúne para si mesmo. Mas não só isso, ele as protege. Ele é o Pastor que deixa as 99 ovelhas para rastrear apenas uma que se perdeu, e então ele diz a seu Pai que ele não perdeu nenhuma das ovelhas que o Pai lhe deu. O trabalho de um presbítero/pastor de igreja local é ser um pastor adjunto ou auxiliar do Bom Pastor. Paulo disse assim aos presbíteros em Éfeso, Atos 20.28: “Portanto, cuidem de si mesmos e do rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, a fim de pastorearem sua igreja, comprada com seu próprio sangue.” E Pedro, na mesma página, escreveu:
1Pedro 5.2-4 2que cuidem do rebanho que Deus lhes confiou com disposição, e não de má vontade; não pelo que lucrarão com isso, mas pelo desejo de servir a Deus. 3Não abusem de sua autoridade com aqueles que foram colocados sob seus cuidados, mas guiem-nos com seu bom exemplo. 4E, quando vier o Grande Pastor, vocês receberão uma coroa de glória sem fim.
O MINISTÉRIO DO CUIDADO DO REBANHO: Os presbíteros/pastores/bispos devem cuidar do rebanho reunido no aprisco da igreja local. Eles devem cuidar dos fracos e atribulados, devem também afugentar os rebeldes e os lobos em pele de cordeiro que vivem no meio do rebanho. Devem presidir bem e se afadigar. Ademais, os seguintes também fazem parte do cuidado do rebanho:
1Tessalonicenses 2.13 Portanto, nunca deixamos de agradecer a Deus, pois, quando vocês receberam de nós a mensagem dele, não consideraram nossas palavras meras ideias humanas, mas as aceitaram como palavra de Deus, o que sem dúvida são. E essa mensagem continua a atuar em vocês, os que creem.
1Tessalonicenses 5.12-14 12Irmãos, honrem seus líderes na obra do Senhor. Eles trabalham arduamente entre vocês [vos presidem] e lhes dão orientações. 13Tenham grande respeito e amor sincero por eles, por causa do trabalho que realizam. E vivam em paz uns com os outros. 14Irmãos, pedimos que advirtam os indisciplinados. Encorajem os desanimados. Ajudem os fracos. Sejam pacientes com todos.
1Timóteo 5.17 Os presbíteros que fazem bem seu trabalho [que presidem bem] devem receber honra redobrada, especialmente os que se dedicam arduamente à pregação e ao ensino.
PORTANTO, COMPETEM AOS PASTORES/PRESBÍTEROS, [1] o ministério da Palavra, [2] o ministério da oração e [3] o ministério do cuidado do rebanho. E assim eles o fazem pelo ensino e pelo exemplo – é tanto que Paulo advertiu a Timóteo nestes termos, 1Timóteo 4.16: “Fique atento a seu modo de viver e a seus ensinamentos. Permaneça fiel ao que é certo, e assim salvará a si mesmo e àqueles que o ouvem.”
Espero que por meio dessa reflexão sobre os oficiais da igreja algumas coisas fervilhem de modo especial no seu coração:
1. A PERCEPÇÃO de que servir na liderança da igreja – como diácono ou como presbítero – é um grande privilégio; um privilégio que não deve ser ignorado: um chamado do próprio Deus e um comissionamento da igreja local; portanto, considere essa vocação e não faça esse trabalho relaxadamente (Jr 48.10);
2. A COMPREENSÃO de que a liderança à qual se deve submeter na igreja local é um mandamento bíblico, um dom de Deus para o nosso bem – crescimento e frutificação; Mark Dever escreveu assim:
É um grande privilégio ser servido por líderes piedosos! Ter autoridade piedosa modelada para nós e praticada para o nosso bem é um grande dom! Rejeitar a autoridade, como o fazem muitos em nossos dias, é autodestrutivo e insensato. Um mundo sem autoridades seria como desejos sem restrições, um carro sem controle, um cruzamento sem semáforo, um jogo sem regras, um lar sem pais, um mundo sem Deus. Poderia funcionar por um pouco de tempo, mas logo se tornaria insensível, cruel e, finalmente, indescritivelmente trágico.
Apesar de nossa tendência de ignorar a autoridade, a liderança bíblica e piedosa é crucial à edificação de uma igreja que glorifica a Deus. Nosso exercício de liderança na igreja está relacionado à natureza e ao caráter de Deus. Quando exercemos a autoridade adequada, por meio da lei, nas refeições, no trabalho, na diversão, no lar e, especialmente, na igreja, estamos ajudando a exibir a imagem de Deus à sua criação. Esta é a nossa vocação. Este é nosso privilégio.
3. A ALEGRIA de saber que Deus mesmo cuidou de planejar e executar um meio, deixar-nos um aprisco, uma igreja local para que ovelhas de Cristo sejam ao mesmo tempo cuidadas e cuidem uns dos outros pelos santos ofícios do ministério diaconal e pastoral. Não despreze, pois, a igreja local e a liderança ministerial que Deus mesmo, em Cristo, colocou à sua disposição.
E você que ainda não tem uma igreja, o que você está esperando?
Reflita sobre as palavras do profeta Jeremias:
Jeremias 3.14-15 14O SENHOR diz: “Voltem para casa [convertei-vos], filhos rebeldes, pois eu sou seu mestre [esposo]. Eu os trarei de volta a Sião – um desta cidade, dois daquela família – de onde quer que estejam dispersos. 15Eu lhes darei líderes segundo meu coração, que os guiarão [apascentarão] com conhecimento e entendimento.
Esse chamado nos é feito em Jesus Cristo, que nos salva e nos reúne no aprisco da igreja local. Volte para casa, converta-se e se submeta aos cuidados pastorais do SENHOR através do ministério de uma igreja local saudável.
S.D.G. L.B.Peixoto
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