11.08.2019
PAIS DE ALTA PERFORMANCE
Provérbios 14.26-27
26Quem teme o SENHOR está seguro; ele é refúgio para seus filhos. 27O temor do SENHOR é fonte de vida; ajuda a escapar das armadilhas da morte.
ALTA PERFORMANCE
Içami Tiba, psiquiatra e educador renomado no Brasil, antes de falecer, em 2015, deixou entre seus escritos um livro provocativo: Pais e Educadores de Alta Performance. Trata-se de uma obra que traça um perfil da educação brasileira e propõe condutas — com base em teorias apresentadas por ele — que podem contribuir para a educação de alta performancedo jovem Brasileiro. O argumento é que performance é muito mais que desempenho: é pensar e agir da melhor forma que podemos.
Realmente, nós precisamos de pais de alta performance para esta geração: homens que pensam e agem da melhor forma possível. Afinal, como atesta Içami Tiba,
a maioria dos pais e professores tem dificuldades em educar os filhos e alunos. No caso dos pais, as experiências familiares estão sendo insuficientes para formar valores. No caso dos educadores, não tem havido boa vontade que vença facilmente a falta de motivação para aprender.
Num mundo afetado por tantas modificações e crises recorrente não é mais possível ser pais como se costuma ver por ai. Precisamos melhorar, recorrendo às saídas bíblicas para atingirmos as deficiências desta e das próximas gerações de pais.
Provérbios é um livro que se propõe a mostrar alguns caminhos para pais, filhos, famílias e até educadores, com o fim de que todos aqueles que desejam ser pessoas melhores atinjam a alta performanceque glorifica a Deus e abençoa os filhos.
PAIS DE ALTA PERFORMANCE
O texto de Provérbios que lemos (Pv 14.26-27) revela três características de um pai de alta performance, de um pai que pensa e age da melhor forma possível.
O que podemos aprender? Três lições.
1 Pais de alta performance são homens de féaos olhos dos filhos
Pv 14.26 | Quem temeo SENHOR está seguro; […]
No livro de Provérbios, o verbo “temer” significa muito mais que um jeito de pensar ou de sentir. Trata-se de um relacionamento correto: é uma submissão em adoração (temor, de fato) a Deus que se revelou pelo seu Filho, segundo a Escritura. Assim, temor do Senhor é uma postura de adoração diante do Deus da salvação. Exemplo:
Pv 8.13 | Quem temeo SENHOR odeia o mal; portanto, odeioo orgulho e a arrogância, a corrupção e as palavras perversas.
Pais de alta performance são, antes de tudo, homens de fé em Cristo, de vida transformada pelo Espírito Santo, de coração consagrado a Deus diante dos filhos.
2 Pais de alta performance são fortalezapara os filhos
Pv 14.26 | […] ele é refúgiopara seus filhos.
O mal não somente nos ataca, como também nos atrai. Por isso que o pai precisa conhecer e comunicar aos filhos e à família algo mais forte e melhor: o próprio Deus. Pais de alta performance são homens que temem a Deus, confiam e refugiam-se em Deus e oferecem refúgio para seus filhos, apontando-os para Deus.
Pv 13.14 | A instruçãodo sábio é fonte de vida; quem a aceita escapa das armadilhas da morte.
Pais de alta performance são fortaleza para os filhos: instrui-los no temor do Senhor.
3 Pais de alta performance jorram como fonte de vidasobre os filhos
Pv 14.27 | O temor do SENHOR é fonte de vida; ajuda a escapar das armadilhas da morte.
Como assim? Eis a tradução de Eugene H. Peterson (Bíblia A Mensagem):
O temor do Eterno é uma fonte de vida que evita a morte, como águas cristalinas que lavam a lama suja.
Pais de alta performance têm um relacionamento tal com Deus que, em contato com eles, os filhos bebemda vida e da sabedoria que flui do trono de Deus; enxergammelhor e não se afogam no lamaçal de pecado e confusões (escapam das armadilhas da morte por conseguirem agora enxergar cristalinamente a lama suja que a água da Palavra lavou!).
Pais de alta performance são…
Referencial de piedade — homens de fé;
Refúgio diante do perigo — fortaleza para os filhos;
Refrigério na peregrinação — jorram como fonte de vida;
Provérbios 14.26-27
26No temor do SENHOR, há firme confiança, e seus filhos terão lugar de refúgio. 27O temor do Senhor é fonte de vida, e afasta das armadilhas da morte.
Quer ser referencialde piedade? Seja alguém de fé na graça de Jesus Cristo!
Quer ser refúgiodiante do perigo? Alcance refúgio para si em Jesus Cristo!
Quer ser refrigériona peregrinação? Beba na fonte da água da vida que é Cristo!
O PAI DE JOHN G. PATON
Vou terminar ilustrando o que foi falado com um relato sobre a vida do pai de John G. Paton, que foi fundamental para a coragem e o sucesso do filho missionário.
John G. Paton foi missionário nas ilhas Novas Hébridas, hoje chamadas Vanuatu (localizada entre o Havaí e a Austrália no Pacífico). O local é paradisíaco — uma ilha da fantasia de tanta beleza natural, mas o desafio missionário foi medonho.
Paton nasceu na Escócia em 1824.
John Piper, pregando uma mensagem biográfica sobre a vida desse missionário (que morreu aos 82 anos) — a história está no capítulo dois do livro de Piper (págs. 63-97): Completando as aflições de Cristo(Shedd Publicações) — revela o que escavou como uma das razões para tanta coragem em face de tão violenta oposição nas missões.
Piper transcreve o tributo que Paton fez ao pai temente a Deus. O relato é tão comovente quanto inspirador para pais que desejam abençoar seus filhos, sendo homens de fé aos seus olhos e servindo-lhes como fortaleza e fonte de onde jorra palavras de vida.
John Paton narra em sua Autobiografiaque havia uma pequena sala, o closetque, via de regra, seu pai usava para orar depois de cada refeição. As onze crianças sabiam disso e respeitavam o lugar, além de terem aprendido algo profundo sobre Deus a partir da devoção de seu pai pela oração. O impacto disso em John Paton foi imenso. Ouça:
Mesmo que tudo o mais na religião [na fé], por alguma catástrofe impensável fosse varrido da memória, fosse apagado do meu entendimento, minha alma voltaria para aquelas cenas anteriores e se trancaria mais uma vez naquelecloset-santuário, ouvindo ainda o eco daqueles clamores a Deus, jogando fora todas as dúvidas com o apelo vitorioso: “Ele caminhava com Deus, por que eu não posso fazer o mesmo?”
Jamais conseguirei explicar o quanto as orações feitas por meu pai naquela época me marcaram, nem outra pessoa poderia entender. Quando ele se ajoelhava e todos nós nos ajoelhávamos em torno dele para a adoração em família, ele derramava sua alma com lágrimas pela conversão do mundo pagão ao serviço de Jesus e por cada necessidade pessoal e doméstica, e todos nós sentíamo-nos como se estivéssemos na presença do Salvador vivo e aprendemos a conhecê-lo e amá-lo como nosso amigo divino.
John Piper recorta uma cena que capta bem a profundidade do amor existente entre J. Paton e seu pai e o poder do impacto desse pai na vida de coragem e pureza inflexíveis do filho.
Chegara o momento do jovem Paton deixar o lar e ir para Glasgow para frequentar a escola de Teologia e tornar-se um missionário no início de seus vinte anos. A distância de sua cidade natal até a estação de trem era uma caminhada de 64 quilômetros. Quarenta anos depois, Paton escreveu:
Meu querido pai caminhou comigo os primeiros dez quilômetros da estrada. Seus conselhos, e lágrimas, e conversa celestial sobre aquela jornada de partida estão frescos em meu coração como se tudo tivesse acontecido ontem, e as lágrimas correm livremente em minha face agora como na época, sempre que a lembrança me leva às escondidas à cena. No último meio quilômetro, ou perto disso, caminhamos juntos em um silêncio quase impenetrável — meu pai, como era muitas vezes seu costume, segurava o chapéu na mão, enquanto seu longo cabelo louro (na época, louro, mas nos últimos anos, branco como neve) ondeava como o de uma garota sobre seus ombros. Seus lábios continuavam se movendo em oração silenciosa por mim, e suas lágrimas caíram rápidas quando nossos olhos se encontraram, pois toda fala era vã! Hesitávamos em chegar ao lugar designado para a partida; ele agarrou firmemente minha mão em silêncio por um minuto, depois, disse, de forma solene e carinhosa: “Deus o abençoe, meu filho! Que o Deus do seu pai o faça ter sucesso e o proteja de todo mal!”
Incapaz de dizer mais alguma coisa, seus lábios continuaram movendo-se em oração silenciosa; abraçamo-nos em lágrimas e partimos. Corri tão rápido quanto podia e, quando estava para virar em uma curva da estrada onde ele me perderia de vista, olhei para trás e o vi ainda parado com a cabeça descoberta onde eu o deixara — olhando fixo para mim. Acenando adeus com meu chapéu, fiz a curva e, em um instante, saí de vista. Mas meu coração estava muito cheio e doído para me levar adiante. Então, elevando-me com cuidado, escalei o dique para ver se ele ainda estava onde o deixara; e, naquele mesmo momento, tive um vislumbre dele escalando o dique e procurando por mim! Ele não me viu e, depois de olhar ansioso na minha direção por um momento, ele desceu, virou em direção de casa e começou a retornar — a cabeça ainda descoberta e seu coração, tenho certeza, ainda enlevado em orações por mim. Observei através das lágrimas que me cegavam até sua forma se desvanecer; então, apressei-me em meu caminho, prometendo profundamente e diversas vezes, com a ajuda de Deus, viver e agir de maneira a nunca afligir nem desonrar esse pai e a mãe que ele me dera.
O impacto da fé, oração, amor e disciplina desse pai foi imensurável na vida do filho missionário. [Leiam o livro: Completando as aflições de Cristo. John Piper. Shedd Publicações.] Vejam o quanto é verdade, na prática, as palavras do sábio (Pv 14.26-27):
26Quem teme o SENHOR está seguro; ele é refúgio para seus filhos. 27O temor do SENHOR é fonte de vida; ajuda a escapar das armadilhas da morte.
Deus abençoe cada pai com graça, misericórdia e paz.
Feliz Dia dos Pais!
S.D.G. L.B.Peixoto
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