12.04.2020
Lucas 23.43
E Jesus lhe respondeu: “Eu lhe asseguro que hoje você estará comigo no paraíso”.
O HORROR DA MORTE DE CRUZ
Não existia morte mais terrível e mais temível do que a morte de cruz. Pendurado naquele madeiro, de fato, cravejado por grandes e pontiagudos pregos de ferro que atravessavam as mãos e os pés, pregando-os na cruz, o crucificado desejava apenas uma coisa: a morte. Só havia um tipo de pensamento que comumente povoava a mente do crucificado e que tomava conta do seu coração: alívio para aquelas dores excruciantes — e a morte era a única coisa pensada como forma de alívio naquele momento alucinante de dor. A morte, contudo, não chegava a galope, de repente. Com efeito, a pena de crucificação fora arquitetada e aplicada exatamente com aquele objetivo: fazer o crucificado sofrer o máximo possível, pelo prazo de tempo mais longo possível e desejando a morte como alívio, mas sem sucesso.
Já que o alívio era um desejo impossível de ser satisfeito, posto que tudo, com requinte de muita crueldade, fora cuidadosamente planejado para a morte demorar a chegar: Em câmera lenta o crucificado ia sofrendo com dores de fazer qualquer ser humano comum, em estado natural, praguejar. Na medida que a pessoa via a própria vida chegando ao final, mas ainda distante o bastante para poder abraçá-la como alívio, era bastante comum ouvir-se os criminosos tentando espantar suas dores e seus terrores da morte com palavras de xingamento, escárnio e blasfêmias. Alguns optavam por gemer e gritar por clemência.
AS ÚLTIMAS PALAVRAS DE JESUS
Jesus, como era de se esperar, reagiu de modo diferente ao habitual, o que transforma as suas últimas frases, suas sete palavras ditas lá da cruz, em poesia maravilhosa aos ouvidos humanos. Diferentemente de todas as outras vítimas, Jesus esqueceu-se de suas dores e de si mesmo, concentrado-se no seu relacionamento com o Pai e prestando atenção às palavras, dores e gemidos de todos ao seu redor. Por exemplo:
Em vez de pedir alívio para as suas próprias dores, em vez de praguejar ou amaldiçoar, Jesus pronunciou palavras de perdão, orando e pedindo, repetidamente: “Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem!”. Em vez de invocar a justa condenação divina sobre todos que o faziam sofrer injustamente e dele escarneciam, Jesus pronunciou palavras de salvação, anunciando ao ladrão arrependido que estava crucificado ao seu lado: “Eu lhe asseguro que hoje você estará comigo no paraíso”.
A segunda palavra de Jesus lá da cruz é palavra de salvação — “Eu lhe asseguro que hoje você estará comigo no paraíso” (Lc 23.43). Traz esperança até para os piores tipos de pessoas, até ao mais cruel e lastimável dos pecadores. De fato, traz esperança para todos os que se encontram mergulhados no abismo da condenação do pecado, atolados em todas as consequências causadas pelo pecado, mas não sabem como sair de lá justificados, perdoados diante de Deus e capacitados pelo Espírito Santo para com fé reconstruirem a vida sobre a rocha, entremeio às ruínas que foram causadas pelo pecado. Há neste texto o caminho da salvação por meio de Cristo que nos leva para a gloriosa comunhão com Deus no céu. Observe:
Aquele ladrão lá na cruz havia começado o dia sendo, com justiça, crucificado — em outras palavras: começou o dia desesperado, em consequência de todos os seus pecados (que as pessoas comuns preferem, hoje em dia, chamar apenas de “erros” ou “desvios”; a Bíblia, porém, chama de pecados); aquele ladrão começou o dia desesperançado, pois se deu conta de que não havia mais caminho de volta. Ele estava condenado.
A propósito, a condenação de Deus que pesa com justiça sobre todos os pecadores é o pior de todos os males da humanidade — o pior de todos, sem exageros (Jo 3.18). Pois bem, se todos nós que, de repente, por causa no novo coronavírus, nos tornamos solidários e prestativos, ajudando, comunicando o tempo todo para todo mundo como ser mais saudável, como identificar sintomas, como se cuidar ou encontrar ajuda, como se entreter sem sair de casa… se toda essa gente do bem se desse conta de que o maior problema do homem não é o coronavírus, a política ou qualquer um de todos os males que ainda nos sobrevirão, nem mesmo a morte, mas a condenação de Deus por causa do pecado e, portanto, passasse a se empenhar da mesma forma para viver e anunciar o evangelho de Cristo, o mundo seria transformado pela cruz de Jesus quase que num instante e Cristo voltaria muito, muito mais rapidamente. Pense sobre isto, crente.
Mas, de volta ao ladrão na cruz. Ele começou o dia condenado, condenado com justiça pelos seus atos criminosos. Contudo, ao final daquele mesmo dia, aquele mesmo homem entrou “no paraíso” com Jesus, totalmente perdoado e justificado, jubiloso.
Seria este o seu caso? Você sente em sua consciência o peso dos pecados do passado? Está colhendo os frutos do pecado na sua vida? Sente-se escravizado, literalmente crucificado ao pecado? Está desesperado? Está desesperançado? Está pensando que morrer será a melhor solução? Está sem saber como acabar com a angústia da culpa do pecado e recomeçar? Se este for o seu caso, permita-me dizer a você, com muita graça e verdade: Jesus tem uma palavra de salvação para você.
Talvez você tenha aberto os olhos sobre a cama esta manhã, despertando-se do sono mal dormido da noite, e pensado: “Que noite horrível! Será que eu vou aguentar mais esse dia pela frente, meu Deus?” Digo a você: A exemplo daquele criminoso lá na cruz, o seu dia poderá terminar bem, muito melhor do que você é capaz de pedir ou imaginar, e tudo será por causa do poder da vida e da obra de Jesus Cristo. O Senhor poderá te perdoar. A paz com Deus e a paz de Deus poderá se tornar a letra, o tom e a melodia da canção do céu no coração. Sim, as consequências do seu pecado poderão perdurar, talvez até o fim da vida, mas o perdão pelos seus pecados e o poder para você prosseguir com fé, esperança e amor até o dia que o SENHOR for te receber em glória, Jesus poderá sim te oferecer, hoje, aqui e agora. Salvação para a sua alma, você pode sim, em Jesus, agora, receber!
Olhe comigo para a história daquele criminoso. Leia o relato de Lucas 23.33-43:
33Quando chegaram ao lugar chamado Caveira, o pregaram na cruz. Os criminosos também foram crucificados, um à sua direita e outro à sua esquerda. 34Jesus disse: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”. E os soldados tiraram sortes para dividir entre si as roupas de Jesus. 35A multidão observava, e os líderes zombavam. “Salvou os outros, salve a si mesmo, se é o Cristo, o escolhido de Deus”, diziam. 36Os soldados também zombavam dele, oferecendo-lhe vinagre para beber. 37Diziam: “Se você é o Rei dos judeus, salve a si mesmo!”. 38Uma tabuleta presa acima dele dizia: “ESTE É O REI DOS JUDEUS”. 39Um dos criminosos, dependurado ao lado dele, zombava: “Então você é o Cristo? Salve a si mesmo e a nós também!”. 40Mas o outro criminoso o repreendeu: “Você não teme a Deus, nem mesmo ao ser condenado à morte? 41Nós merecemos morrer por nossos crimes, mas este homem não cometeu mal algum”. 42Então ele disse: “Jesus, lembre-se de mim quando vier no seu reino”. 43E Jesus lhe respondeu: “Eu lhe asseguro que hoje você estará comigo no paraíso”.
Quero chamar sua atenção para este criminoso perdoado. A vida dele ilustra a vida do pecador. O texto nos permite fazer pelo menos três observações importantes: [1.] a situação do pecador; [2.] a súplica do pecador; e [3.] a salvação do pecador.
1 A SITUAÇÃO DO PECADOR
Jesus estava crucificado entre dois criminosos — algumas versões bíblicas os denominam “malfeitores” (Lc 23.39, ARA), e lá em Mateus e em Marcos os dois são pintados como “ladrões” (Mt 27.38; Mc 15.27, ARA). Ambos eram criminosos violentos, talvez até membros de quadrilha ou facção criminosa especializada em roubar e matar. Alguns acadêmicos bíblicos destacam haver fortes indícios para se concluir que os dois faziam parte da mesma facção de Barrabás. Marcos 15.7 (ARA):
Havia um, chamado Barrabás, preso com amotinadores, os quais em um tumulto haviam cometido homicídio
Ou seja: parece que Barrabás e os dois ao lado de Jesus formavam o mesmo grupo de “amotinadores” que foram presos e, portanto, seriam crucificados juntos, lada a lado um dos outros. Agora, lembre-se: Jesus estava sendo crucificado no lugar de Barrabás. Parece, pois, que os dois malfeitores, ladrões ou criminosos ao lado de Jesus eram da quadrilha encabeçada por Barrabás.
Estava claro, portanto, que ao pregarem Jesus na cruz entre aqueles homens, as autoridades desejavam humilhar Jesus o máximo que pudessem. Além da posição na qual colocaram o Senhor na cruz, observe outra coisa: O possível jogo de palavras e de ironia no nome (Barrabás) do líder daquele bando, de quem Jesus estava ocupando o lugar lá na cruz por escolha das multidões incitadas pelos líderes judeus: Bar-abbas significa “filho do pai”; o problema era que o povo tinha rejeitado, crucificado e estava zombando de Jesus, que de fato é o “Filho do Pai”, ou seja, o eterno Filho de Deus.
De volta à cena da cruz:
Mateus 27.39-44 nos informa que Jesus era atacado com palavras de escárnio e de impropérios contra ele atiradas de todos os lados — da frente, por parte daqueles que passavam pelo Gólgota; de traz, por parte das autoridades religiosas que tinham causado aquilo tudo; e dos lados, por parte dos dois criminosos, cada um de um lado dele na cruz.
A. W. Pink argumenta com devida propriedade que não foi por acaso que o Senhor da Glória foi crucificado entre dois ladrões. Não há acidentes, coincidências ou acasos em um mundo governado pela soberana providência de Deus, especialmente naquele dia, de todos os dias, um dia e um evento que estão no centro do palco da história humana. Não teria sido, portanto, por acaso que Jesus foi colocado no meio, entre dois criminosos.
Deus mesmo estava dirigindo aquela cena. Desde toda a eternidade, antes da fundação do mundo, ele já havia decretado quando, onde, como e com quem o Cordeiro de Deus seria imolado (Ap 13.8). Nada daquele momento fora deixado ao acaso ou ao capricho dos homens. Tudo o que Deus havia decretado aconteceu exatamente como ele havia ordenado, e nada aconteceu fora do que ele tinha eternamente proposto. Tudo o que os homens fizeram foi simplesmente aquilo o que a mão e o propósito do SENHOR predeterminaram (At 4.28).
Quando Pilatos ordenou que o Senhor Jesus fosse crucificado entre aqueles dois malfeitores, sem saber, o governador da Judeia estava apenas executando o decreto eterno de Deus e cumprindo a palavra profética. Lembre-se: 700 anos antes de aquele oficial romano emitir sua sentença, Deus já havia declarado por meio de Isaías que o Filho eterno deveria ser “contado com os transgressores” (Is 53.12).
Quão completamente improvável era tudo aquilo que aconteceu: o Santo de Deus ser contado com o profano; aquele mesmo cujo dedo havia escrito nas tábuas de pedra a lei de Moisés ser pregado em uma cruz ao lado de homens sem lei; o Filho de Deus ser executado com criminosos, de fato, como um criminoso — tudo parecia totalmente inconcebível. No entanto, aquilo realmente aconteceu. Nem uma única palavra de Deus poderá cair no chão (Sl 119.89): “Tua palavra eterna, ó SENHOR, está firme nos céus.” Então, exatamente como Deus havia predeterminado, e exatamente como ele havia anunciado, tudo aquilo aconteceu.
Por que tudo aconteceu daquela forma?
Por que Jesus foi crucificado entre dois ladrões?
Certamente Deus tinha boas razões, múltiplos e infinitos propósitos para crucificar seu filho amado naquela posição. Deus nunca age de forma facultativa ou casual. Ele sempre tem pelo menos um bom propósito para tudo o que faz, pois todas as suas obras são executadas com infinita sabedoria. Em particular, no caso de Jesus ter sido crucificado entre dois ladrões, vários propósitos divinos poderiam ser apresentados. A seguir, apenas quatro desses propósitos divinos para colocar Jesus entre dois ladrões na cruz:
PRIMEIRO: nosso bendito Salvador foi crucificado com os dois ladrões para demonstrar completa e claramente as profundezas insondáveis da vergonha às quais ele desceu neste mundo de pecado. Em Seu nascimento, Cristo foi cercado por animais na manjedoura; na morte, ele foi contado com a escória da humanidade.
SEGUNDO: o bendito Salvador foi contado com os transgressores para revelar a posição que ele ocupou como nosso substituto. Ele tomou o lugar que nos era devido: o lugar da vergonha humana provocada pelo pecado, o lugar dos transgressores da lei, o lugar dos homens condenados com justiça à morte.
TERCEIRO: o bendito Salvador foi deliberadamente humilhado por Pilatos, sendo colocado entre dois amotinadores, para exibir a forma como o mundo ao qual ele veio salvar o estimou: ele foi desprezado e rejeitado pelos homens.
QUARTO: o bendito Salvador foi crucificado com dois ladrões para que naquelas três cruzes e nos homens pendurados sobre cada uma delas nós pudéssemos ter a representação vívida e concreta do drama da Salvação e da resposta do homem a ela: no centro, está o Salvador executando a salvação; de um lado, está o pecador se arrependendo e crendo no Salvador; e do outro lado, está o pecador insultando, ultrajando e rejeitando o Salvador.
Aqueles dois criminosos representam todos nós pecadores. “Mas”, você poderá dizer, “eu não sou ladrão! Eu reconheço que não sou tudo o que deveria ser. Eu não sou perfeito. Posso até admitir que sou um pecador. Mas não posso permitir que aquele ladrão represente meu estado e condição. Eu não sou ladrão!”
Meu amigo, a nossa situação sem Cristo é muito pior do que você imagina. Por natureza, nós somos sim ladrões e do pior tipo. Roubamos de Deus!
Deus nos criou. Dotou-nos de dons e de talentos. Deu-nos as melhores capacidades. Abençoou-nos com inteligência, saúde e força. Supriu todas as nossas necessidades e proporcionou inúmeras oportunidades para que pudéssemos servi-lo e glorificá-lo. E o que aconteceu? Tudo o que Deus nos deu nós pervertemos no pecado. Agora, servimos a outros mestres: o mundo, a carne e o diabo — pegamos todas as coisas boas que Deus nos deu para que pudéssemos servi-lo e as utilizamos para servir a outros senhores. O que é isto, senão roubo? Portanto, lá sobre a cruz, pregado ao lado de Jesus, havia ladrões. Olhe para eles. Veja neles uma foto sua (e minha)!
Esta é a nossa situação sem Cristo, e a menos que Deus mesmo aja com graça para nos redimir, salvar e justificar, permaneceremos perdidos, escravos do pecado, servindo a outros senhores com os recursos que Deus nos deu para que pudéssemos servi-lo neste mundo. Ouça o que Paulo escreveu. Efésios 2.1-3:
1Vocês estavam mortos por causa de sua desobediência e de seus muitos pecados, 2nos quais costumavam viver, como o resto do mundo, obedecendo ao comandante dos poderes do mundo invisível. Ele é o espírito que opera no coração dos que se recusam a obedecer. 3Todos nós vivíamos desse modo, seguindo os desejos ardentes e as inclinações de nossa natureza humana. Éramos, por natureza, merecedores da ira, como os demais.
Precisamos de Cristo, você precisa de Cristo para te salvar (nos salvar), libertar e nos colocar de volta aos trilhos da vida que deve ser vivida para a glória de Deus. 2Coríntios 5.14:
Ele [Cristo] morreu por todos, para que os que recebem sua nova vida não vivam mais para si mesmos, mas para Cristo, que morreu e ressuscitou por eles.
A situação do pecador sem Cristo é deplorável. Em seu estado natural, aquele pecador ao lado de Jesus lá na cruz te representa, nos representa. Este é o nosso estado sem Cristo: Pecadores, escravos do pecado e sem a menor condição, em nós mesmos, de fazermos qualquer coisa para nos ajudar, salvar e justificar. Ouça o que A. W. Pink escreveu sobre aquele ladrão na cruz (que nos representa em nosso estado natural):
Ele não tinha mais como trilhar as veredas da virtude, pois tinha um prego atravessado nos pés. Não tinha como realizar nenhuma boa ação, pois tinha um prego atravessado em cada uma das mãos. Não tinha como virar a página e seguir vivendo uma vida melhor, pois estava morrendo pregado na cruz.
É este o seu estado? Reconhece que o pecado destruiu sua vida? Admite que se separou de Deus para viver seu próprio sonho, com suas próprias regras? Sente-se impossibilitado de trilhar um novo caminho? Vê-se impedido de praticar novas e boas ações? Encontra-se impotente para viverem uma vida melhor?
O que você deve fazer? Suplique pelo socorro de Deus.
2 A súplica do pecador
É muito provável que aqueles ladrões não tivessem visto ou conhecido Jesus até aquele dia lá na cruz. Então, quando os três — Jesus e os dois malfeitores — foram pregados cada um na sua cruz, os dois criminosos devem ter pensado que Jesus fosse apenas um criminoso como outro qualquer. Quando as cruzes foram erguidas e fincadas nos devidos buracos, aqueles ladrões não tinham motivo algum para acreditar que se encontravam ao lado do Rei dos reis e Senhor dos senhores! Gólgota, afinal, era lugar onde morriam executados os criminosos, não era lugar para se colocar o Filho de Deus.
Fico pensando: O que teria feito um daqueles ladrões, de repente, parar de blasfemar (Mt 27.44) e passar a clamar pela ajuda de Jesus (Lc 23.39-42)?
Ele ouviu Jesus orar: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”. Somente um homem diferente, de outro mundo, oraria daquela maneira, em um momento como aquele. As palavras de Jesus, entendo eu, penetraram fundo no coração daquele pecador. De repente, ele começou a reconhecer que também precisava de perdão. Ouça:
Mateus 27.44: “Até os criminosos que tinham sido crucificados com ele o insultavam da mesma forma.” Agora, o relato de Lucas. Lucas 23.39-42:
39Um dos criminosos, dependurado ao lado dele, zombava: “Então você é o Cristo? Salve a si mesmo e a nós também!”. 40Mas o outro criminoso o repreendeu: “Você não teme a Deus, nem mesmo ao ser condenado à morte? 41Nós merecemos morrer por nossos crimes, mas este homem não cometeu mal algum”. 42Então ele disse: “Jesus, lembre-se de mim quando vier no seu reino”.
Quando ouviu Jesus dizer: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”, ele caiu em si e reconheceu que ele também precisava de perdão.
Outra coisa: aquele malfeitor assistiu a atitude de Jesus na cruz. Ele viu que Jesus não respondia a nenhuma das acusações, não agia com ira e furor, ainda por cima aguentava toda dor e escárnio em silêncio, pedindo a Deus que perdoasse. A atitude de Jesus encantou aquele homem. Ele nunca tinha visto alguém agir daquela maneira, com tanto amor. O amor de Cristo o constrangeu.
Ainda: Ele leu a inscrição sobre a cruz de Jesus (Jo 19.19): “JESUS, O NAZARENO, REI DOS JUDEUS”. O objetivo da inscrição sobre a cabeça de Jesus, João nos informa, era humilhar Jesus e, ao mesmo tempo, irritar os lideres religiosos. Ouça, João 19.20-22:
20O lugar onde Jesus foi crucificado ficava perto da cidade, e a placa estava escrita em aramaico, latim e grego, de modo que muitos judeus podiam ler a inscrição. 21Os principais sacerdotes disseram a Pilatos: “Mude a inscrição de ‘Rei dos judeus’ para ‘Ele disse: Eu sou o rei dos judeus’”. 22Pilatos respondeu: “O que escrevi, escrevi”.
Deus, contudo, usou aquelas palavras maliciosas, mas carregadas com a verdade, para semear salvação no coração do ladrão que começava a se quebrantar. Assim, toda vez que se virava para falar com o amigo, lá do outro lado de Jesus, o ladrão lia a inscrição pregada na cruz: “JESUS, O NAZARENO, REI DOS JUDEUS”. Aquela inscrição sobre a cabeça do bendito Salvador sinalizava um novo Senhor para o ladrão na cruz, que certamente queria para si um rei diferente de César. Acho que foi Spurgeon que disse que aquela inscrição na cruz de Jesus foi o primeiro folheto evangelístico da história, e foi escrito por Pilatos, sem que ele soubesse ou se desse conta do que estava fazendo.
Mais uma coisa: o ladrão refletiu nas palavras da multidão: “Salvou os outros, mas não é capaz de salvar a si mesmo!”. Aquelas palavras de escárnio da multidão serviram para fazer o malfeitor refletir sobre os grandes atos de Jesus que estavam sendo jogados na cara dele na forma de escárnio: salvação, milagres, etc.
Pois bem, o ladrão, convencido de seu pecado e da justiça de Jesus, clamou por Salvação. Lucas 23.40-42:
40Mas o outro criminoso o repreendeu: “Você não teme a Deus, nem mesmo ao ser condenado à morte? 41Nós merecemos morrer por nossos crimes, mas este homem não cometeu mal algum”. 42Então ele disse: “Jesus, lembre-se de mim quando vier no seu reino”.
O que se pode notar nessa súplica do ladrão na cruz? Quatro coisas:
Há temor: “Você não teme [nem ao menos temes] a Deus”.
Há confissão de pecado: “Nós merecemos morrer por nossos crimes”.
Há reconhecimento da justiça de Jesus: “Este homem não cometeu mal algum”.
Há clamor por salvação – “Jesus, lembre-se de mim quando vier no seu reino”.
A confissão daquele homem exigiu dele pelo menos atitudes fundamentais para a salvação: [1.] coragem, pois enquanto todos ao redor escarneciam de Jesus, ele o defendeu e pediu a ele socorro (Lc 23.40-42); [2.] confiança, pois ele não conhecia Jesus — aliás, tudo o que ele sabia sobre Jesus era o que estava escrito (homem simples com mania de grandeza: um nazareno que se fazia passar por rei), o que as autoridades atestavam sobre ele ao pregá-lo na cruz (criminoso que merecia morrer), a atitude de impotência e fraqueza ao se submeter mansamente aos castigos da cruz. Veja, pois, nada de espetacular havia em Jesus: homem simples passando-se por rei, talvez um criminoso e aparentemente fraco e impotente.
O ladrão, no entanto, ficou com as palavras de amor e perdão que ouviu dos próprios lábios de Jesus — “Pai, perdoa-lhe, pois não sabem o que fazem”, foi pelo testemunho de amor, mansidão e humildade que enxergou em Jesus e de alguma forma se deixou tocar pela inscrição sobre a cabeça do bom Salvador: “REI DOS JUDEUS”. Tocado, aquele homem suplicou por ajuda ao homem certo, no momento certo: “Jesus, lembre-se de mim quando vier no seu reino”. Faça o mesmo você também. Suplique a Jesus, peça salvação.
3 A SALVAÇÃO DO PECADOR
Jesus respondeu, de pronto, à suplica do pecador que estava ao seu lado na cruz. Jesus o salvou. Na palavras de Jesus nós podemos observar aspectos importantes sobre a salvação. Antes, porém, para que não fique dúvidas da graça soberana na salvação do pecador, pense sobre algumas coisas:
A conversão daquele malfeitor aconteceu no momento em que, da perspectiva do momento, Cristo havia perdido todo o poder para salvar a si mesmo ou a outros. Aquele ladrão marchou junto com o Salvador pelas ruas de Jerusalém e o viu cair sob o peso da cruz! Aquele era o primeiro dia que ele colocava os olhos em Jesus, e o que ele viu foi dor, fraqueza e muita desgraça sobre um homem só. Os inimigos estavam triunfando sobre ele. Os amigos o abandonaram. A opinião pública era unânime contra ele. Aquela crucificação era totalmente inconsistente com seu título de Messias. A condição humilde era uma pedra de tropeço para os judeus desde o início, e as circunstâncias de sua morte devem tê-la intensificado, especialmente para alguém que nunca o tinha visto, exceto naquela deplorável condição. Lembre-se: Até mesmo aqueles que creram nele foram levados a duvidar dele por causa da crucificação. Não havia ninguém na multidão que estava lá com o dedo estendido e gritando: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”! No entanto, apesar desses obstáculos e dificuldades no caminho da fé, o ladrão apreendeu a Salvação e o Senhorio de Cristo. Como podemos explicar essa fé e compreensão espiritual em uma circunstância como aquela? Como podemos explicar o fato de que aquele ladrão tomou para si como Deus um homem moribundo, sofredor, ensanguentado e crucificado! Não pode haver explicação à parte da intervenção divina e da operação sobrenatural do Espírito Santo. A fé em Cristo daquele ladrão foi um milagre da graça!
Também é preciso observar que a conversão do ladrão ocorreu antes dos fenômenos sobrenaturais daquele dia. Ele clamou: “Senhor, lembra-te de mim” antes das horas de escuridão, antes do clamor triunfante, “Está consumado”, antes do rasgar do véu do templo, antes do estremecimento da terra e do tremor que partiram rochas ao meio, antes do centurião confessar: “Verdadeiramente este era o Filho de Deus.” Deus, propositadamente, colocou a conversão daquele homem antes daquelas coisas para que a graça soberana pudesse ser magnificada e o poder soberano reconhecido. Deus escolheu salvar aquele ladrão sob as circunstâncias mais desfavoráveis — para que nenhuma carne se gloriasse em sua presença. Deus deliberadamente organizou aquela combinação de condições e propósitos não propícios para nos ensinar que “A salvação pertence ao Senhor”, para nos ensinar a não engrandecer a instrumentalidade humana acima da ação divina, para nos ensinar que toda conversão genuína é o produto direto do sobrenatural, operação do Espírito Santo.
Posto isto, ouça as palavras de Jesus ao ladrão salvo pela graça, Lucas 23.43:
“Eu lhe asseguro que hoje você estará comigo no paraíso”.
O que se vê ou se aprende sobre a salvação nestas palavras de Jesus?
Salvação é obra da graça ao pecador que não a merece (Lc 23.41), mas graciosamente ouve o chamado eficaz para a salvação.
Salvação é garantida ao que crê: “Eu lhe asseguro” (v. 43).
Salvação é pessoal: “você” (v. 43).
Salvação começa aqui e nos leva além: “hoje você estará” (v. 43).
Salvação é estar com Cristo: “comigo” (v. 43).
Salvação é ter a nossa comunhão restaurado com Deus: “paraíso” (v. 43). O paraíso é outro nome para o céu, a morada de Deus e o lar eterno dos justos (cf. 2Co 12.3; Ap. 2.7). A Septuaginta usa a mesma palavra grega para se referir ao “jardim do Éden” (Gn 2.8-9). As palavras de Jesus, portanto, podem sugerir uma restauração da comunhão íntima e pessoal com Deus que existia no Éden antes da queda, o que faz total sentido com 1Pedro 3.18: “Pois Cristo também sofreu por nossos pecados, de uma vez por todas. Embora nunca tenha pecado, morreu pelos pecadores a fim de conduzi-los a Deus.”
Eis, pois, a tão maravilhosa salvação do pecador: “Eu lhe asseguro que hoje você estará comigo no paraíso”.
PALAVRA DE SALVAÇÃO
Como está seu coração?
Clame pela salvação de Jesus. Não deixe para amanhã. Não queira esperar até o último momento. Não escolha continuar vivendo para você mesmo, para os prazeres do mundo, sob as garras do inimigo das nossas almas. Warren Wiersbe, escrevendo sobre aquele ladrão salvo pela graça, comentou que
Aquele ladrão não é um exemplo de um pecador salvo na sua última hora ou oportunidade; ele é um exemplo de um pecador salvo na hora, na primeira oportunidade que ele recebeu.
Clame por salvação. Jesus terá uma palavra para você: Ele terá uma palavra de salvação para você: “Eu lhe asseguro que hoje você estará comigo no paraíso”.
Como você começou o seu dia? Termine-o bem. Termine-o com Jesus Cristo.
S.D.G. L.B.Peixoto
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Pr. Leandro B. Peixoto