24.04.2022
[1Coríntios 15] 58Portanto, meus amados irmãos, sejam fortes e firmes. Trabalhem sempre para o Senhor com entusiasmo, pois vocês sabem que nada do que fazem para o Senhor é inútil.
Estamos em busca de esperança para viver. Paulo, nesse versículo que acabamos de ler, atesta que é sim possível ser forte e firme, vivendo para o Senhor e servindo ao Senhor com entusiasmo, mantendo a certeza de que não será em vão ou inútil [vazio] no final.
Semana passada eu disse que capítulos da Bíblia não competem por importância, mas que nenhum capítulo é mais importante do que 1Coríntios 15. Este capítulo define o evangelho pelo qual somos salvos, demonstra a historicidade da ressurreição do Senhor Jesus Cristo e destaca a certeza da ressurreição dos mortos em Cristo Jesus. Portanto, 1Coríntios 15 oferece a explicação mais completa na Bíblia sobre a ressurreição do corpo e a esperança viva que todos os crentes possuem.
Paulo está tratando da incredulidade de alguns da própria igreja coríntia: eles criam na ressurreição de Jesus: versículo 11 — “Logo, não faz diferença se eu prego ou se eles pregam, pois todos nós anunciamos a mesma mensagem na qual vocês já creram (i.e., morte e ressurreição de Jesus, cf. vs. 3-4).” Mas não criam na ressurreição corporal dos cristãos: versículo 12 — “Pois bem, se proclamamos que Cristo ressuscitou dos mortos, por que alguns de vocês afirmam não haver ressurreição dos mortos?”
1Coríntios 15, portanto, é uma defesa da ressurreição de Cristo e dos cristãos. Paulo, a faz da seguinte maneira: A RESSURREIÇÃO DE CRISTO…
Semana passada nós vimos que…
Paulo começou pelo evangelho: o processo, o objetivo e o conteúdo do evangelho apostólico (detalhamos esse argumento na semana passada; apenas leia o texto comigo):
1Coríntios 15.1-4 1Agora, irmãos, quero lembrá-los das boas-novas [do evangelho] que lhes anunciei anteriormente. Vocês as receberam e nelas permanecem firmes. 2São essas boas-novas que os salvam, se continuarem a crer na mensagem como lhes anunciei; do contrário, sua fé é inútil [eikon: imagem falsa]. 3Eu lhes transmiti o que era mais importante e o que também me foi transmitido: Cristo morreu por nossos pecados, como dizem as Escrituras. 4 Ele foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, como dizem as Escrituras.
Paulo passou a demonstrar que a ressurreição de Jesus foi atestada por um grande número de pessoas bastante confiáveis, e a maioria delas ainda estava viva para ser consultada; e esse grande número de testemunhas comprovava que não poderia ter se tratado de alguma alucinação de uma minoria fanática:
1Coríntios 15.5-7 5Apareceu a Pedro e, mais tarde, aos Doze. 6Depois disso, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda está viva, embora alguns já tenham adormecido. 7Mais tarde, apareceu a Tiago e, posteriormente, a todos os apóstolos.
Mas Jesus também apareceu a alguém em especial; e pela linguagem de Paulo, dá para perceber que o apóstolo está combatendo alguma crítica irônica daqueles coríntios que o tinham em baixa estima:
1Coríntios 15.8-9 8Por último, apareceu também a mim, como se eu tivesse nascido fora de tempo. 9Pois sou o mais insignificante dos apóstolos. Aliás, nem sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus.
No entanto, senhores coríntios:
1Coríntios 15.10-11 10O que agora sou, porém, deve-se inteiramente à graça que Deus derramou sobre mim, e que não foi inútil. Trabalhei com mais dedicação que qualquer outro apóstolo e, no entanto, não fui eu, mas Deus que, em sua graça, operou por meu intermédio. 11Logo, não faz diferença se eu prego ou se eles pregam, pois todos nós anunciamos a mesma mensagem na qual vocês já creram.
Na sequência, Paulo finalmente abordará o tema deste capítulo.
A NOTA DE ESTUDO DA BÍBLIA DE ESTUDO DA FÉ REFORMADA traz que alguns dos coríntios, mesmo que sem negar que Jesus havia ressuscitado, estavam questionando a doutrina da ressurreição por causa da pequena importância que davam ao corpo humano e à continuidade e transformação do corpo dos crentes após a morte – na ressurreição.
Por quê?
A FILOSOFIA NEOPLATÔNICA e os movimentos religiosos pós-gnósticos depreciavam a realidade material, incluindo o corpo, e os cristãos de Corinto podem ter sido influenciados por essas ideologias greco-romanas. Paulo precisava demonstrar-lhes que a ressurreição de Jesus não pode ser separada da ressurreição daqueles que são dele – ou seja: se a ressurreição dos que são de Cristo não é verdadeira, a de Cristo também não é (doutrina da união com Cristo); e negar, mesmo que por implicação, que o corpo de Jesus foi ressuscitado do sepulcro destrói a mensagem do evangelho.
PRESTE ATENÇÃO AO ARGUMENTO DE PAULO; ele dirá que se os mortos em Cristo não ressuscitarão, Cristo também não ressuscitou; e se Cristo não ressuscitou, nossa pregação é vazia (oca), nossa fé é vã (inútil), nós somos mentirosos (quando pregamos), estamos perdidos nos pecados, os crentes que já morreram estão perdidos e todos somos os mais dignos de pena nesta vida:
1Coríntios 15.12-19 12Pois bem, se proclamamos que Cristo ressuscitou dos mortos, por que alguns de vocês afirmam não haver ressurreição dos mortos? 13Pois, se não existe ressurreição dos mortos, Cristo não ressuscitou. 14E, se Cristo não ressuscitou, nossa pregação é inútil [vazia], e a fé que vocês têm também é inútil [vã]. 15Então estamos todos mentindo a respeito de Deus, pois afirmamos que ele ressuscitou a Cristo. Mas, se não existe ressurreição dos mortos, isso não pode ser verdade. 16E, se não existe ressurreição dos mortos, então Cristo também não ressuscitou. 17E, se Cristo não ressuscitou, a fé que vocês têm é inútil, e vocês ainda estão em seus pecados. 18Nesse caso, todos que adormeceram crendo em Cristo estão perdidos! 19Se nossa esperança em Cristo vale apenas para esta vida, somos os mais dignos de pena em todo o mundo.
LOGO: a ressurreição de Cristo é o penhor da nossa ressurreição – e a razão para vivermos com esperança. Negar a nossa ressurreição é dizer que a de Cristo não aconteceu. E se Cristo não ressuscitou, no final estamos todos perdidos; enquanto isso, fazemos papel de palhaço aos olhos do mundo. MAS, sim, Cristo ressuscitou, e a sua ressurreição é o penhor da nossa ressurreição – e a ração para vivermos com esperança.
RECAPITULANDO: O apóstolo lembrou aos coríntios de que eles já haviam crido na mensagem apostólica: Cristo morreu e ressuscitou no corpo conforme atestaram centenas de testemunhas oculares (vs. 1-11); lembrou-os ainda de que, logicamente, eles também deveriam crer em sua própria ressurreição e na de todos os crentes em Jesus, mencionando, inclusive, as consequências desastrosas e absurdas que resultariam caso não houvesse ressurreição (vs. 12-19).
Passando para os versículos 20-28, Paulo discutirá TRÊS ASPECTOS DA RESSURREIÇÃO DOS CRENTES: a ressurreição de Cristo (vs. 20-22); a ressurreição dos crentes (v. 23); e a restauração de todas as coisas (vs. 24-28). Tudo isso para destacar que a ressurreição de Cristo faz parte das primícias dos que morreram em Cristo.
UMA NOTA DE ESCLARECIMENTO: A Bíblia de Estudo da Fé Reformada anota que no tempo da colheita, exigia-se que os israelitas levassem uma oferta da primeira parte da safra (Lv 23.10). Essa oferta era um símbolo de toda a colheita, a qual pertencia, em sua inteireza, a Deus. Desse modo, Jesus é as “primícias” porque sua ressurreição e a ressurreição dos crentes são eventos intimamente ligados. Jesus foi o “o primeiro a ressuscitar dos mortos” (At 26.23); ou seja, ele ressuscitou como nosso representante. Sua ressurreição nos garante que seremos ressuscitados com ele pelo Espírito Santo (Rm 6.4; Ef 2.6) e, ao mesmo tempo, garante que nós também seremos ressuscitados corporalmente. VEJA:
A ressurreição de Cristo
1Coríntios 15.20-22 20Mas Cristo de fato ressuscitou dos mortos [por isso nós não “somos os mais dignos de pena em todo o mundo”, cf. v. 19]. Ele é o primeiro fruto da colheita de todos que adormeceram. 21Uma vez que a morte entrou no mundo por meio de um único homem, agora a ressurreição dos mortos começou por meio de um só homem. 22Assim como todos morremos em Adão, todos que são de Cristo receberão nova vida.
A ressurreição dos crentes
1Coríntios 15.23 Mas essa ressurreição tem uma sequência: Cristo ressuscitou como o primeiro fruto da colheita, e depois todos que são de Cristo ressuscitarão quando ele voltar.
A restauração de todas as coisas
1Coríntios 15.24-27 24Então virá o fim, quando ele entregará o reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todos os governantes e autoridades e todo poder. 25Pois é necessário que Cristo reine até que tenha colocado todos os seus inimigos debaixo de seus pés. 26E o último inimigo a ser destruído é a morte. 27Pois as Escrituras dizem: “Deus pôs todas as coisas sob a autoridade dele”. Claro que, quando se diz que “todas as coisas estão sob a autoridade dele”, isso não inclui aquele que conferiu essa autoridade a Cristo.
O propósito de Deus na ressurreição dos mortos e restauração de todas as coisas
1Coríntios 15.28 Então, quando todas as coisas estiverem sob a autoridade do Filho, ele se colocará sob a autoridade de Deus, para que Deus, que deu a seu Filho autoridade sobre todas as coisas, seja absolutamente supremo sobre todas as coisas em toda parte.
BÍBLIA DE ESTUDO DA FÉ REFORMADA: Embora o argumento de Paulo nesta seção seja difícil nos detalhes, seu ensino é claro e poderoso. Os coríntios precisavam entender que a ressurreição não é um evento isolado, com repercussão limitada. Antes, é um evento integrado e que culmina no governo soberano de Deus sobre a história. A redenção não é completa até que Cristo coloque “todos os seus inimigos debaixo de seus pés” (v. 25), sendo que a morte é seu último inimigo (v. 26). E essa destruição final da morte coincidirá com a vinda de Cristo, seguida da ressurreição de todos que lhe pertencem (v. 23; ver vs. 53-55).
OUTRA COISA IMPORTANTE: a afirmação de Paulo de que o Filho “se colocará sob a autoridade de Deus” (v. 28) não significa que o Filho seja inferior em dignidade e em ser. Em vez disso, em sua obra messiânica, o Filho se sujeita à vontade do Pai “quando ele entregará o reino a Deus, o Pai” (v. 24). O CLÍMAX DA OBRA messiânica e submissa de Cristo é essa conquista total sobre seus inimigos, para que Deus “seja absolutamente supremo sobre todas as coisas em toda parte” – quando, então, seu governo absoluto será universalmente reconhecido – e para sempre!
PORTANTO: A ressurreição de Cristo é a razão para a esperança – [1.] a ressurreição de Cristo é o penhor da nossa ressurreição (vs. 1-19) e [2.] ela faz parte das primícias dos que morreram em Cristo e garante a restauração de todas as coisas (vs. 20-28).
Viva com esperança; há uma razão para a nossa esperança: 1Coríntios 15.23 — “Cristo ressuscitou como o primeiro fruto da colheita, e depois todos que são de Cristo ressuscitarão quando ele voltar.”
S.D.G. L.B.Peixoto
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