29.05.2022
[Salmo 100] Salmo de ações de graças. 1Aclamem ao SENHOR todos os habitantes da terra! 2Sirvam ao SENHOR com alegria, apresentem-se diante dele com cânticos. 3Reconheçam que o SENHOR é Deus! Ele nos criou e a ele pertencemos; somos seu povo, o rebanho que ele pastoreia. 4Entrem por suas portas com ações de graças e, em seus pátios, com cânticos de louvor; deem-lhe graças e louvem o seu nome. 5Pois o SENHOR é bom! Seu amor dura para sempre, e sua fidelidade, por todas as gerações.
Em meio a todas as lutas que você certamente está enfrentando, desejo nesta noite apresentar-lhe motivos de sobra para celebrar. Quero tentar arrancar sua menta de sua agenda e de seus compromissos e apontá-la para a palavra de Deus. Pretendo apresentar algumas razões pelas quais você deve se encher de alegria. Fomos criados para celebrar! Fomos criados para a alegria! Portanto, celebre ao Senhor. Alegre-se no Senhor.
Este é um salmo singular; é o único salmo que carrega precisamente o título de Salmo de ações de graças. Notável! Não é verdade? Obviamente que isso não quer dizer que este seja o único salmo, dentre os 150 que compõem o Saltério, dedicado a expressar ações de graças ao SENHOR. De fato, expressões de gratidão e exortações à adoração são constantes nos Salmos; sem dizer, é claro, que há outros salmos de ações de graças, além do Salmo 100. O Salmo 107, por exemplo, salmo de abertura do Livro V, é um desses salmos de ações de graças (sem ter título de salmo de ações de graças): versículo 1 — “Deem graças ao SENHOR, porque ele é bom; seu amor dura para sempre!”
O Salmo 100, também conhecido como Jubilate (em latim) ou Jubilai (em português), é a conclusão de um grupo de salmos de homenagem, os quais se dirigem a Deus como Rei. São os Salmos Reais (Sl 93 – 100, exceto o 94). Desse modo, o Salmo 100 é a conclusão sublime de um festival de celebração ao SENHOR.
Para isto fomos criados: “Celebrar a glória do SENHOR”. Portanto, nada melhor do que o Salmo 100 para nos guiar nessa sublime tarefa. Minha oração é para que você se encha de alegria e celebre ao SENHOR.
Além do rótulo singular, há três outros elementos importantes na introdução desse salmo – para os quais eu chamo sua atenção:
PRIMEIRO, O SIGNIFICADO DO IMPERATIVO JUBILAI. De acordo com o Dicionário Aurélio, jubilai significa “encher-se de júbilo, de contentamento; alegrar-se muito.” Povo de Deus, alegria é testemunho! — Charles H. Spurgeon, comentando este salmo, escreveu que “o nosso Deus feliz deve ser adorado por um povo feliz; um espírito alegre cultiva-se alimentando-se da natureza de Deus, de seus atos, e da gratidão que nós devemos nutrir pelas suas misericórdias.” O puritano inglês Thomas Watson afirmou que “um dos sinais de que o óleo da graça de Deus foi derramado no coração de alguém é que em seu rosto resplandece o óleo da alegria e do contentamento em Deus. A alegria atribui crédito à fé.” Alegria é testemunho, povo de Deus! Daí é que se lê no Salmo 100 (vs. 1-2): “Aclamem ao SENHOR todos os habitantes da terra! Sirvam ao SENHOR com alegria, apresentem-se diante dele com cânticos.” Alegria é testemunho.
SEGUNDO, A RAZÃO PARA O IMPERATIVO JUBILAI. Salmo 100.1 (NVT): “Aclamem ao SENHOR”; (ARA): “Celebrai com júbilo ao SENHOR”. Por que essa convocação? Qual a razão desse imperativo? Será que a nossa adoração acrescenta alguma glória ou louvor ao SENHOR Deus, o Deus Rei Soberano? O que, afinal, esse imperativo tem a ver com “jubilar” ou “alegrar-se muito”?
Nossa adoração não acrescenta qualquer glória ao SENHOR, nem nosso amor ou gratidão a Deus. De fato, nós é que somos beneficiados quando o amamos e o adorarmos. João escreveu que Deus é amor (1Jo 4.16) e que nós só o amamos porque ele nos amou primeiro (1Jo 4.19). Deus não precisa de nossa adoração, nós é que precisamos adorá-lo. Paulo, pregando em Atenas (Grécia), declarou:
Atos 17.24-25 24“Ele é o Deus que fez o mundo e tudo que nele há. Uma vez que é Senhor dos céus e da terra, não habita em templos feitos por homens 25e não é servido por mãos humanas, pois não necessita de coisa alguma. Ele mesmo dá vida e fôlego a tudo, e supre cada necessidade.
Deus não precisa de nós; somos nós que precisamos dele – de adorá-lo, celebrá-lo com júbilo, cheios de alegria.
TERCEIRO, A IMPORTÂNCIA TEOLÓGICA DO IMPERATIVO JUBILAI. Mais uma vez, a primeira sentença do Salmo 100 (ARA): “Celebrai com Júbilo ao Senhor”. Por que, afinal, essa ordem – uma ordem para adorar, e adorar com alegria, com júbilo? Por quê?\
Nós só alcançamos o ápice do júbilo, só nos alegramos muito, só obtemos alegria intensa, quando celebramos – com grito jubiloso (que é o significado de “Celebrai com júbilo”). EM OUTRAS PALAVRAS: [1.] a nossa alegria só se completa quando celebramos – quando gritamos jubilantes (com muita alegria); [+ 2.] e nós só glorificamos de fato a Deus quando nos alegramos nele; [= 3.] portanto, a nossa alegria em Deus e a glorificação de seu nome não são verdades antagônicas, excludentes; antes, são a mesma coisa!
Com efeito, se eliminarmos nossa alegria em Deus de nossa adoração, nós não glorificaremos a Deus. Ninguém glorifica a Deus apenas servindo ou apenas cantando. Há de se ter alegria no Senhor; alegria transbordando em serviço e em cânticos: Salmo 100.2 — “Sirvam ao SENHOR com alegria, apresentem-se diante dele com cânticos.” — Aqui, cântico é sinônimo de alegria. Portanto, sem alegria no coração não há cântico ou serviço que glorifiquem a Deus. Jesus, citando Isaías 29.1, diagnosticou os “crentes” de seus dias – não muito diferentes dos de hoje:
Mateus 15.8-9 8‘Este povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim. 9Sua adoração é uma farsa, pois ensinam ideias humanas como se fossem mandamentos divinos’”.
Deus só é engrandecido no coração do adorador quando ele está plenamente satisfeito e alegre em Deus. E a nossa alegria só se completa em Deus quando gritamos jubilantemente – quando expressamos nossa adoração (através da música, do cântico, da oferta, do serviço – alegres). É por isso que a autoglorificação de Deus (quando ele faz todas as coisas para sua glória) não é egoísmo, nem capricho, mas a prova mais contundente de amor!
C. S. Lewis, em seu livro: Reflexões sobre os Salmos, escreveu “uma palavra sobre louvor”, que nos ajuda a entendermos bem tudo isso. Ele disse:
O fato mais óbvio sobre o louvor – seja de Deus, seja de qualquer coisa –, estranhamente me escapara. Eu o considerava um tipo de elogio, aprovação ou honra. Jamais eu percebera que toda alegria transborda espontaneamente em louvor. (…) O mundo ressoa de louvor: apaixonados louvam suas amadas; leitores, seu poeta favorito; viajantes, a paisagem; jogadores, sua jogada predileta…
Minha dificuldade maior e mais geral com o louvor de Deus dependia do absurdo de querer negar, no que tange ao valor supremo, o que gostamos de fazer, o que na verdade não conseguimos deixar de fazer, acima de qualquer outra coisa que valorizamos.
Creio que gostamos de louvar o que nos alegra porque o louvor não apenas expressa, mas também completa a alegria; ele é sua consumação pretendida. Não é simplesmente pelo desejo de elogiar que os amantes tecem os seus elogios, mas que o deleite fica incompleto até que ele se expresse na forma de elogio.
Jonathan Edwards faz uma conexão clara entre a nossa alegria e a adoração a Deus. Ele diz:
Deus também glorifica o seu nome na vida de suas criaturas de duas maneiras:
(1) Fazendo com que eles o conheçam e o compreendam com a mente. (2) Comunicando a si mesmo em seu coração, fazendo-os regozijar, deleitar e se alegrar com as manifestações que ele faz de si mesmo…
Deus não é glorificado apenas quando a sua glória é vista e reconhecida, mas também quando a sua glória é admirada e louvada. Quando aqueles que a veem e a compreendem deleitam-se nela, regozijam-se nela, Deus é mais glorificado em suas vidas do que se eles apenas a tivessem visto e compreendido.
A glória de Deus, portanto, é recebida pela alma como um todo, com o entendimento e com as emoções [em espírito e em verdade]. Deus criou o mundo de forma que ele possa comunicar, e a criatura receber, a sua glória; e ainda, de forma que a criatura receba com a cabeça e o coração.
Aqueles que testificam as suas ideias sobre a glória de Deus, não glorificam tanto a Deus como aqueles que dela testificam e nela regozijam.
Portanto, meu povo, quando Deus, através do salmista, nos convoca a “celebrar com júbilo ao SENHOR” ou “Aclamar ao SENHOR, ele está manifestando seu amor por nós e, ao mesmo tempo, glorificando seu nome. A glória de Deus e a nossa alegria não são, necessariamente, coisas distintas ou antagônicas. Deus procura adoradores, chamando-os para que busquem a alegria nele: Deus. Filipenses 4.4: “Alegrem-se sempre no Senhor. Repito: alegrem-se!” Salmo 110.1: “Aclamem ao SENHOR”, “Celebrem com júbilo ao SENHOR”.
O Salmo 100 nos prescreve as razões e as formas de se celebrar ao SENHOR (modos de se encher de alegria). Nós observaremos tudo isso abordando o salmo de três maneiras: [1.] afirmações sobre como celebrar ao SENHOR; [2.] explicações sobre o porquê de celebrar ao SENHOR; e [3.] convocações para se celebrar ao SENHOR.
1. Afirmações sobre como celebrar ao SENHOR
O belo acabamento deste salmo é algo impressionante. Ao prescrever as formas de se adorar ao SENHOR, o salmista aborda as três partes principais da vida cristã:
a. Celebre ao SENHOR comunicando aos outros a glória de Deus
Salmo 100.1 Aclamem ao SENHOR todos os habitantes da terra!
Comunique com voz e com vida!
Salmos 96.3-6 3Anunciem a sua glória entre as nações, contem a todos as suas maravilhas. 4Grande é o SENHOR! Digno de muito louvor! Ele é mais temível que todos os deuses. 5Os deuses de outros povos não passam de ídolos, mas o SENHOR fez os céus! 6Glória e majestade o cercam, força e beleza enchem seu santuário.
b. Celebre ao SENHOR cuidando dos outros para a glória de Deus
Salmo 100.2a Sirvam ao SENHOR com alegria, […]
2Coríntios 8.1-5 1Agora, irmãos, queremos que saibam o que Deus, em sua graça, tem feito por meio das igrejas da Macedônia. 2Elas têm sido provadas com muitas aflições, mas sua grande alegria e extrema pobreza transbordaram em rica generosidade. 3Posso testemunhar que deram não apenas o que podiam, mas muito além disso, e o fizeram por iniciativa própria. 4Eles nos suplicaram repetidamente o privilégio de participar da oferta ao povo santo. 5Fizeram até mais do que esperávamos, pois seu primeiro passo foi entregar-se ao Senhor e a nós, como era desejo de Deus.
c. Celebre ao SENHOR congregando com outros na igreja do Deus vivo
Salmo 100.2 […] apresentem-se diante dele [do SENHOR] com cânticos.
Salmos 122.1 Alegrei-me quando me disseram: “Vamos à casa do SENHOR”.
Hebreus 10.23-25 23Apeguemo-nos firmemente, sem vacilar, à esperança que professamos, porque Deus é fiel para cumprir sua promessa. 24Pensemos em como motivar uns aos outros na prática do amor e das boas obras. 25E não deixemos de nos reunir, como fazem alguns, mas encorajemo-nos mutuamente, sobretudo agora que o dia está próximo.
Estas são as afirmações sobre como celebrar (alegrar-se no) ao SENHOR: comunicando o evangelho, servindo com o evangelho, congregando na igreja do evangelho.
2. Explicações sobre o porquê de celebrar ao SENHOR
Salmo 100, versículo 3, traz um imperativo indispensável para os adoradores: “Reconheçam”; na ARA: “Sabei”. Por quê? Porque não se tem como adorar aquele a quem não se conhece (cf. At 17.23). Adora-se a Deus em espírito e em verdade (cf. Jo 4.23). — Portanto, o que o Salmo 100 nos revela sobre Deus, que é indispensável para a adoração?
1) Deus é o nosso criador – “Ele nos criou” (v. 3)
2) Deus é o nosso redentor – “e a ele pertencemos;” (v. 3a)
3) Deus é o nosso protetor – “somos seu povo” (v. 3b)
4) Deus é o nosso pastor – “o rebanho que ele pastoreia” (v. 3c)
5) Deus é bondoso – “Pois o SENHOR é bom!” (v. 5a)
6) Deus é amoroso – “Seu amor dura para sempre,” (v. 5b)
7) Deus é fiel – “e sua fidelidade, por todas as gerações.” (v. 5)
Não deixe de perceber que os atributos de Deus no Salmo 100 perfazem um total de sete – que é o número da perfeição. Como nada é por acaso na Bíblia, isso significa que Deus é perfeito em si mesmo (além de ser o motivo e o conteúdo de nossa adoração; o impulso de nossa alegria)!
3. Convocações para se celebrar ao SENHOR
Se sete são os atributos de Deus descritos no Salmo 100, sete são também os imperativos neste salmo. Não podia ser diferente!
1) Aclamem ao SENHOR! (v. 1)
2) Sirvam ao SENHOR com alegria! (v. 2a)
3) Apresentem-se diante dele com cânticos (v. 2b)
4) Reconheçam [saibam] que o SENHOR é Deus (v. 3)
5) Entrem por suas portas com ações de graças… cânticos de louvor (v. 4a)
6) Deem-lhe graças (v. 4b)
7) Bendigam o seu nome (v. 4c)
Todos esses imperativos estão subordinados ao primeiro (v. 1): “Aclamem [celebrem com júbilo] ao SENHOR todos os habitantes da terra!”
Expressemos, pois, e completemos a nossa alegria, celebrando ao SENHOR! Adoremos ao SENHOR com toda alegria do nosso coração – essa é a única maneira de adorá-lo, o único louvor e o único serviço que o agradam.
Que amor é esse, o de se glorificar através de nossa alegria – alegria nele! Se isso não te faz adorar, meu irmão, eu não conheço outra coisa que fará!
“Nada pode ser mais sublime deste lado do céu do que o cântico deste nobre salmo por uma enorme congregação”
— Charles H. Spurgeon
Portanto, cantemos o Salmo 100 com alegria! Celebremos ao Senhor com alegria! Cantemos o Salmo 100 com alegria.
Aplicações
A ADORAÇÃO É UM DEVER DE TODA A HUMANIDADE. As obras de Deus na criação em toda a nossa volta nos convocam à adoração:
Romanos 1.19-21 19Sabem a verdade a respeito de Deus, pois ele a tornou evidente. 20Por meio de tudo que ele fez desde a criação do mundo, podem perceber claramente seus atributos invisíveis: seu poder eterno e sua natureza divina. Portanto, não têm desculpa alguma. 21Sim, eles conheciam algo sobre Deus, mas não o adoraram nem lhe agradeceram. Em vez disso, começaram a inventar ideias tolas e, com isso, sua mente ficou obscurecida e confusa.
A mensagem do evangelho de Deus também chama as nações para glorificá-lo (chama você a glorificá-lo):
Apocalipse 14.6-7 6Vi outro anjo que voava no ponto mais alto do céu, levando as boas-novas eternas para anunciá-las aos habitantes da terra, a toda nação, tribo, língua e povo. 7“Temam a Deus!”, dizia em alta voz. “Deem glória a ele, pois chegou o tempo em que ele julgará a humanidade. Adorem aquele que fez os céus, a terra, o mar e todas as fontes de água.”
TAMBÉM NÃO É SUFICIENTE AS PESSOAS REALIZAREM ATOS EXTERNOS DE ADORAÇÃO (apenas com os lábios), mas devemos servir a Deus com alegria e louvor vigoroso – de coração (Sl 100.1-2), que nasce do conhecimento de quem Deus é (Sl 100.3), e é expresso no culto público da igreja (Sl 100.4). — [1.] Se a adoração sem alegria é um insulto a Deus, clame a Deus por um novo coração. [2.] Se a ignorância é uma barreira à adoração, busque conhecer a Deus em Jesus Cristo. [3.] Se a chamada a adoração é para o povo de Deus reunido, torne-se membro de uma igreja bíblica (batismo como profissão pública de fé).
Os cristãos têm uma motivação maior para celebrar ao SENHOR com alegria:
1Coríntios 6.19-20 19Vocês não sabem que seu corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês não pertencem a si mesmos, 20pois foram comprados por alto preço. Portanto, honrem a Deus com seu corpo.
Encha-se de alegria. Encha-se de Cristo.
Celebre ao SENHOR com alegria.
Os desafios para os crentes são: Se queremos que a terra toda expresse esse louvor fervoroso, devemos fazê-lo nós mesmos. Portanto: [1.] quão alegre é o seu cântico? [2.] Quão real é a sua sensação de que você está diante dele, de que estamos na própria presença daquele que nos criou e entrou em relacionamento de aliança conosco por meio do “Bom Pastor”, Jesus Cristo, que “deu a vida pelas ovelhas”? [3.] Quão real para você é o senso de sua eterna bondade, amor e fidelidade? [4.] Quando recapturarmos esse espírito, como povo de Deus, a igreja, talvez a terra, ou pelo menos aquela parte dela perto de onde vivemos e adoramos, possa nos levar a sério e pensar em se juntar a nós em alegre adoração. As pessoas hoje não têm tempo para formalismos irreais e insinceros. Encha-se da alegria do SENHOR. Celebre ao SENHOR com alegria.
S.D.G. L.B.Peixoto
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