12.05.2024
Salmo 111 (NVT)
1Louvado seja o SENHOR!
De todo o meu coração darei graças ao SENHOR
quando me reunir com os justos.
2Como são grandiosas as obras do SENHOR!
Todos que têm prazer nele devem nelas meditar.
3Tudo que ele faz revela sua glória e majestade;
sua justiça permanece para sempre.
4Ele nos faz recordar suas maravilhas;
o SENHOR é compassivo e misericordioso.
5Dá alimento aos que o temem,
lembra-se sempre de sua aliança.
6Mostrou seu poder ao seu povo
ao lhe dar as terras de outras nações.
7Tudo que ele faz é justo e bom;
todos os seus mandamentos são confiáveis.
8São verdadeiros para sempre;
devem ser obedecidos com fidelidade e retidão.
9Ele pagou o resgate por seu povo,
garantiu para sempre sua aliança com eles;
seu nome é santo e temível!
10O temor do SENHOR é o princípio do conhecimento;
todos que obedecem a seus mandamentos mostram bom senso.
Louvem-no para sempre!
ONDE ESTÁ DEUS NAS ENCHENTES DO RIO GRANDE DO SUL? Onde está Deus no sofrimento? Se ele é todo-poderoso e bom, por que não impede as tragédias? Por que coisas ruis acontecem com pessoas boas? Ah! como essas questões nos perturbam!
Não é de hoje o problema do sofrimento. E não será na mensagem desta noite que eu serei capaz (de fato, jamais eu serei capaz) de apresentar a solução (especialmente o tipo de solução que a maioria das pessoas procura) para a amarga, a dolorosa, a dilacerante realidade do sofrimento. O que eu posso fazer é o que eu passo a fazer.
Antes de tudo, é absolutamente necessário que se faça a distinção entre o que John Piper chamou de as micro razões pelas quais as pessoas sofrem particularmente e as macro razões pelas quais há sofrimento no mundo. É muito importante que se faça essa distinção – entre o micro (isto é, eu e o meu sofrimento ou sofrimentos pontuais) e o macro (isto é, o sofrimento geral, no mundo), pois quando se trata de micro motivos, geralmente não obtemos respostas. — Por exemplo: Por que esse sofrimento específico? Por que com esta pessoa em particular? Por que neste momento em especial? Por que esta intensidade? Por que com estas complicações? Por que nesta região apenas? Por que esta duração? etc.— Quando falamos sobre micro motivos, geralmente não sabemos exatamente os porquês. E não se obterá consolo na busca pelas razões específicas.
Agora, quando se trata de macro razões pelas quais há sofrimento no mundo, a Bíblia é riquíssima em recursos e apontamentos que trazem sim a solução definitiva. E o que a Bíblia nos convida a fazer é pegar o nosso sofrimento individual, pessoal, específico e não apenas trazê-lo para a luz da descrição da realidade macro do sofrimento no mundo, mas também tratar o nosso micro problema (digo, o problema específico nosso, ou o problema específico em tela – por exemplo: as enchentes no Rio Grande do Sul – e tratá-lo) com os mesmos remédios que são prescritos para o macro problema do sofrimento no mundo. EM OUTRAS PALAVRAS, nosso papel é constantemente trazer a nossa história pessoal para a história da narrativa bíblica; temos de recorrentemente pegar a nossa realidade micro (nossa história pessoal, nosso sofrimento pontual) e inseri-lo(a) na realidade macro da história da salvação que Deus está escrevendo no mundo.
Quando você lê, por exemplo, o Salmo 111 – e sabe qual é o contexto no qual e para o qual ele foi escrito –, você entende que o salmista está fazendo exatamente isto: ele está ensinando o povo de Israel a pegar os seus micro problemas ou micro sofrimentos e colocá-los sob a luz da macro história da salvação (= redenção), para a assim ser tratado com o remédio da palavra de Deus. Trocando em miúdos: o salmista está aplicando a cura para o sofrimento pelo evangelho, pela boa-notícia da salvação. Veja.
O Salmo 111 é o quinto salmo do livro 5 de Salmos. O livro 5 (107–150), você precisa se lembrar, traz salmos para serem cantados pelo povo que havia sido libertado do cativeiro babilônico e, agora, estava de volta a Jerusalém ou local de origem em Israel – são salmos de restauração ou renovação – os quais apontam o povo para o novo Davi: o Messias. Recordando: O LIVRO I tratou da A Ascensão do Rei (Salmos 1–41). O LIVRO II mostrou A Ascensão do Reino (Salmos 42–72). O LIVRO III descreveu a queda do reino, O Exílio na Babilônia (Salmos 73–89). O LIVRO IV falou da Esperança Futura de Israel, da esperança do povo que estava no exílio (Salmos 90–106). E o LIVRO V está argumentando que o principal elemento de esperança futura do povo de Deus não é a libertação em si, não é a salvação em si, mas uma pessoa: O Novo Davi, o Messias.
O problema era que a terra deles, a terra natal havia se tornado terra arrasada.
Após a destruição provocada pelos assírios e babilônios – quando esses cruéis invasores atacaram Samaria e Jerusalém, e progressivamente arrasaram com tudo, saquearam o melhor e levaram a população como escravos – aquela terra ficou abandonada por 70 anos aproximadamente. Cidades inteiras, literalmente, foram destruídas. Crianças foram separadas dos pais, para sempre. Vidas foram esmagadas, fisicamente e emocionalmente. Foi uma tragédia que ficou doendo de forma aguda no coração do povo por 70 longos anos. Histórias desse massacre foram contadas de pais para filhos. Até que chegou o dia de voltarem para casa, quando Ciro, rei da Pérsia (que havia conquistado os babilônios), editou decreto, permitindo o retorno para Jerusalém de todos quantos desejassem retornar e reconstruir a vida e a terra ao redor do “templo do SENHOR, o Deus de Israel, que habita em Jerusalém” (Ed 1.3).
Apesar de estarem de volta à terra natal ou à terra dos pais, a vida não foi fácil para os judeus que retornaram a Jerusalém após o exílio na Babilônia. Além da terra arrasada e, portanto, condições precárias (e até sub-humanas) – condições precárias tanto econômica como socialmente, – apesar de tudo isso, ainda havia os seus vizinhos que eram frequentemente hostis, tinha gente má infiltrada e causando estragos, havia funcionários persas que, não obstante ao decreto favorável de Ciro, nem sempre cooperavam. Esdras, o escriba, e o profeta Ageu, por exemplo, descrevem alguns dos problemas em seus, e ressaltaram que o povo mesmo nem sempre era fiel ao SENHOR ou generoso uns com os outros. Por vezes, eles deixaram de lado o templo de Deus, os muros da cidade e o cuidado com os pobres, para priorizarem suas próprias casas e confortos pessoais. Nada novo debaixo do sol!
Nesse cenário, não seria difícil encontrar pessoas perguntando a si mesmas ou umas às outras: “onde está Deus neste sofrimento? onde estava Deus no dia em que os babilônios arrasaram esta terra? onde estava Deus quando os assírios começaram a destruir tudo, desde lá do norte? por que Deus deixou essas coisas horríveis acontecerem com o bom povo da aliança? onde estava Deus quando tanta gente boa, tanta gente inocente morreu covardemente nas mãos desses povos pagãos?”
O que o salmista faz em face deste quadro?
O Salmo 111 reconta a história da salvação do SENHOR, convidando o povo de Deus a colocar sua história pessoal, individual na grande história da redenção que estava em execução (e ainda está; e estará até Jesus voltar para estabelecer seu reino eterno). O salmista ensina ao leitor a colocar o seu micro problema – o seu sofrimento pessoal – sob a luz e a medicação da macro história da redenção. O Salmo 111, portanto, está ensinando a cura pelo evangelho – “quando coisas ruins acontecem com pessoas boas”. Está ensinando a gente a colocar a nossa história na grande história que Deus está escrevendo – tendo Cristo, o Novo Davi, como foco, fundamento e felicidade suprema.
Outra maneira de dizermos tudo isso é a seguinte: o salmista está ensinando a VERDADEIRA PIEDADE. Piedade é o mesmo que devoção. O termo da moda é “espiritualidade”. Paulo, a Timóteo, escreveu o seguinte: 1Timóteo 4.7 (ARA), “Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas caducas. Exercita-te, pessoalmente, na piedade [= devoção, NVT].”
Paulo estava dizendo o seguinte: “Timóteo, em vez de você nutrir sua alma e as ovelhas com histórias fictícias, vindas de gente que já perdeu o senso de realidade, alimente-se, exercite-se, pessoalmente na piedade.” Paulo estava instruindo Timóteo a que se agarrasse com fé à boa doutrina e que se alimentasse “com as palavras da fé”, isto é: o ensino dos apóstolos (1Tm 4.6). Seria assim, com a palavra de Deus, que Timóteo seria capaz de crescer na piedade; e seria também capaz de ajudar o rebanho a crescer na piedade. Piedade – a palavra grega é ευσεβεια – significa “reverência” ou “temor”. John Stott, em seu comentário de 1Timóteo 4.7, escreveu assim, sobre o termo piedade:
O seu significado básico [de ευσεβεια ou piedade] é “respeito” ou “reverência”, e no grego secular era usado para referir-se ao respeito pelos governantes, magistrados e pais. No Novo Testamento, entretanto, é usado exclusivamente como sinônimo de theosebeia, que significa reverência a Deus […] tem geralmente uma conotação mais pessoal como aquela mistura de temor e amor que juntos constituem a piedade do homem para com Deus. As pessoas piedosas são pessoas tementes a Deus. Elas experimentaram a revolução copernicana da conversão cristã, [que é a virada] do EUcentrismo para o DEUScentrismo.
É isto, portanto, que o Salmo 111 está nos ensinando: a viver piedosamente, independentemente das circunstância; viver reverentemente; viver com temor e amor a Deus; viver uma vida centrada em Deus, não em mim mesmo, meu mundo e meus problemas, mas centrado em Deus. Verdadeira piedade! é esse o tema do nosso salmo. Se não, veja.
Você observou o modo como o salmista concluiu o poema?
Salmo 111.10 (NVT), “O temor do SENHOR é o princípio do conhecimento; todos que obedecem a seus mandamentos mostram bom senso.” Bruce Waltke, no seu excelente comentário em Provérbios, escreveu que “o temor do Senhor é a reverência afetuosa, pela qual o filho de Deus se curva humilde e cuidadosamente para a lei de seu Pai”. E complementou:
Ao se encontrar com o Santo, o indivíduo é enchido tanto de temor quanto de confiança e expressa essa reverência sujeitando-se à ética implícita na pureza do Santo. A sabedoria consiste em transcender o mundo humano decaído e participar daquilo que é divino, daquilo que é santo.
E é exatamente isto o que o salmista está fazendo: tirando-nos do nível do mundo decaído, apagando da nossa memória as ideias decaídas (humanistas, sentimentalistas, pessimistas) pelas quais nós buscamos viver – sobretudo quando estamos atravessando o vale doloroso do sofrimento –, ideias fantasiosas, romantizadas de um mundo encantado, ideias de autopiedade, sentimentos de raiva, amargura, autodefesa e até de autodepreciação (visando ao louvor dos homens)… O salmista está nos chamando – com todos os nossos problemas, dores e sofrimentos – para aquilo que é santo: a palavra de Deus. O salmista quer nos ensinar a viver no temor do SENHOR, que é o princípio do conhecimento, o princípio da sabedoria. O salmista quer nos ensinar a verdadeira piedade.
O SALMO 111 SE DIVIDE DESTE MODO, EM TRÊS PARTES: [1.] o compromisso de louvor do salmista (v. 1); [2.] os motivos do salmista para o louvor (vs. 2-9); e [3.] o ato de louvor do salmista (v. 10). Em tudo nós aprendemos sobre a verdadeira piedade.
A maravilha de louvar consiste em nos fazer tirar os olhos de nós mesmos para colocá-los em quem realmente importa: o SENHOR Deus. Por isso que, no momento de grande desilusão de Israel, quando estavam de volta à terra arrasada, lambendo feridas, chorando perdas, sentindo as fortes dores do sofrimento e da humilhação… neste momento, o salmista atesta seu compromisso de louvar o SENHOR.
Salmo 111.1 (NVT)
1Louvado seja o SENHOR!
De todo o meu coração darei graças ao SENHOR
quando me reunir com os justos.
Há uma resolução aqui, uma determinação de louvar a Deus. Não importa como ele se sinta ou quais sejam as circunstâncias, nos bons e nos maus momentos, Davi louvará ao SENHOR. Ponto. Seus olhos estarão em Deus, não em si mesmo nem nas circunstâncias: “darei graças ao SENHOR”. Isto será feito “de todo o meu coração”. E será na companhia dos santos do SENHOR: “quando me reunir com os justos.”
Desse modo, aprendemos pelo menos os seguintes a respeito do louvor: é centrado em Deus [e se não for em Deus será em alguma outra coisa ou ser], entoado com o coração [e se não for de coração será hipocrisia] e executado na congregação dos salvos, a igreja [e se não tiver o aspecto congregacional jamais será pleno ou completo o louvor]. É aqui, portanto, que começa a verdadeira piedade: em Deus, com meu coração em Deus e na comunhão com o povo de Deus.
Salmo 111.1 (NVT)
1Louvado seja o SENHOR!
De todo o meu coração darei graças ao SENHOR
quando me reunir com os justos.
O salmista prossegue, apresentando os motivos para o louvor.
De fato, a realidade de quem estava cantando ou deveria cantar não era das melhores. A terra estava arrasada. O coração estava moído. Havia, entretanto, muito pelo que louvar o SENHOR. Mas o que, especificamente? O salmista chama o povo a lembrar a obra da criação, a história da redenção (do Egito até Canaã) e o ato da revelação de Deus no Sinai. TROCANDO EM MIÚDOS: o salmista quer que o povo oriente o coração pela grandiosa criação, a gloriosa redenção e a confiável revelação; ou seja: criação, redenção e revelação, esse é o paradigma para se ordenar o coração – a ordem e a beleza das coisas criadas, a graça maravilhosa da salvação e a perfeita verdade das Escrituras.
Salmo 111.2-9 (NVT)
2Como são grandiosas as obras do SENHOR!
Todos que têm prazer nele devem nelas meditar.
3Tudo que ele faz revela sua glória e majestade;
sua justiça permanece para sempre.
4Ele nos faz recordar suas maravilhas;
o SENHOR é compassivo e misericordioso.
5Dá alimento aos que o temem,
lembra-se sempre de sua aliança.
6Mostrou seu poder ao seu povo
ao lhe dar as terras de outras nações.
7Tudo que ele faz é justo e bom;
todos os seus mandamentos são confiáveis.
8São verdadeiros para sempre;
devem ser obedecidos com fidelidade e retidão.
9Ele pagou o resgate por seu povo [ARA: enviou ao seu povo a redenção],
garantiu para sempre sua aliança com eles;
seu nome é santo e temível!
Deus quer que seu povo se lembre de suas obras: criação, redenção e revelação – e se guie por elas; e que cante em gratidão por causa delas, as quais são grandiosas, majestosas e maravilhosas; são justas e imutáveis; compassivas e misericordiosas; confiáveis e fieis; retas e temíveis – para sempre. Essas, portanto, são as notas pelas quais devemos afinar o nosso coração. Fazendo-o se recordar da perfeição do Criador, da graça do Salvador e da segurança do Revelador – e catar.
Deus está nos ensinando que a verdadeira piedade se norteia pela ordem da criação, a restauração promovida pela salvação e a revelação totalmente confiável de Deus na Bíblia Sagrada. Sempre que abandonamos uma dessas três, sempre que não as tomamos em conjunto, o coração fraqueja e nós caímos.
Pensa na criação sem a redenção. De que modo nós poderíamos explicar o estado do mundo sem a cruz e a redenção? Agora pense na na redenção sem a revelação da palavra de Deus. De que modo explicar que Deus Filho se fez carne em Jesus, morreu na cruz, foi sepultado e ressuscitou? Pense ainda na sua vida em particular. De que modo explicar o estado das suas coisas em particular sem que houvesse o estado natural da criação, a queda no pecado, a redenção em Cristo e a Bíblia para revelar estas e tantas outras coisas?
Deus quer que seu povo se lembre de suas obras: criação, redenção e revelação, guie-se por elas, sobretudo pela Bíblia Sagrada, e cante louvores. É nisso que consiste a verdadeira piedade.
Tendo apresentado seu compromisso de louvar (v. 1) e seus motivos para louvar (vs. 2-9), o salmista concluirá o salmo descrevendo o ato de louvar em sim:
Salmo 111.10 (NVT)
10O temor do SENHOR é o princípio do conhecimento;
todos que obedecem a seus mandamentos mostram bom senso.
Louvem-no para sempre!
O temor do SENHOR leva à sabedoria, ao bom senso, à obediência e ao louvor. É nisto que consiste a verdadeira piedade: temer o SENHOR = obedecer a seus mandamentos; adquirir conhecimento = mostrar bom senso; e louvar o SENHOR – para sempre.
Penso que aqui seria muito apropriado uma palavra de D. A. Carson sobre louvor:
Não deveríamos nos lembrar de que adorar é um verbo transitivo – um verbo que requer um objeto direto? Não nos reunimos para adorar, isto é, para uma experiência de adoração; reunimo-nos para adorar a Deus. Adore o Senhor seu Deus e sirva somente a ele. Aí está o cerne da questão. Nesta área não se deve confundir o que é central com os subprodutos. Se você buscar a paz, não a encontrará. Se você buscar a Cristo, encontrará paz. Se você busca a alegria, não a encontrará. Se você buscar a Cristo, encontrará alegria. Se você busca a santidade, não a encontrará. Se você buscar a Cristo, encontrará santidade. Se você buscar experiências de adoração, não as encontrará. Se você adorar o Deus vivo, experimentará algo do que está refletido aqui em Salmos. Adorar é um verbo transitivo e a coisa mais importante sobre um verbo transitivo é o objeto direto.[No caso, Deus, o SENHOR Deus.]
Louvar a Deus, fruto do temor ao SENHOR, é o que fazem os piedosos.
Onde está Deus em todo o sofrimento do mundo? Onde está Deus nas enchentes do Rio Grande do Sul? Onde está Deus no seu sofrimento particular? Ora, à luz do Salmo 111, Deus está executando a obra de redenção – e nos convida a recitá-la para nós mesmos, inserindo tanto as nossas dores como as nossas delícias no cenário da redenção. Salmo 111.2: “Como são grandiosas as obras do SENHOR! Todos que têm prazer nele devem nelas meditar [devem se lembrar delas].”
A verdadeira piedade dará respostas e trará cura às suas dores. E a verdadeira piedade nasce do conhecimento e se sustenta na lembrança das grandes obras de Deus, principalmente no conhecimento e na lembrança da obra de Cristo, a qual foi prefigurada na história da redenção de Israel, do Egito à Canaã. Joe Rigney, fazendo o paralelo entre essa história contada em resumo no Salmo 111 com a história de Cristo, escreveu:
Então você se lembra… de como o SENHOR desarmou os principados e potestades através de um carpinteiro em uma cruz?
Então você se lembra… de como o SENHOR conquista o reino das trevas com pescadores, cobradores de impostos e prostitutas?
Então você se lembra… de como o SENHOR ainda protege seu povo do Anjo da Morte com o sangue do Cordeiro no coração?
Então você se lembra… de como o SENHOR ainda fornece o pão diário e o pão espiritual do céu?
Então você se lembra… de como o SENHOR, quando o seu povo sente sede, extrai água viva da Rocha que é Cristo?
Então você se lembra… de como o SENHOR opera sua aliança em corações carnais e habita neles como sua morada permanente?
Então você se lembra… de como o SENHOR está construindo um Tabernáculo – que é a Igreja – com pessoas, um templo humano construído com pedras vivas de cada tribo, língua, povo e nação?
Então você se lembra… de que somos esse povo, vagando em um cemitério de morte, construindo nossas casas sobre bilhões de corpos e ossos enterrados sob a terra?
Então você se lembra… de como seguimos o Josué Maior na conquista das nações, vencendo com uma espada de dois gumes (que é a palavra de Deus)?
Então você se lembra… de como nós aguardamos o dia em que transformaremos este cemitério aberto, que é o mundo caído no pecado, em uma Cidade-Jardim sagrada, – um Templo, com Deus mesmo, Cristo presente entre nós –, quando o SENHOR enviará a Morte, o diabo e seus anjos para o Inferno, e quando tudo o que é tristeza passará para sempre e sempre?
Você se lembra?
“Como são grandiosas as obras do SENHOR! Todos que têm prazer nele devem nelas meditar [devem se lembrar delas].” (Salmo 111.2).
Nesta noite eu convido você a inserir a sua história na história da redenção que está sendo executada pelo SENHOR Deus. Convido-o(a) ainda para enxergar as tragédias deste mundo à luz da história da redenção, a qual foi tão bem retratada por Paulo:
Romanos 8.18-24 (NVT)
18Considero que nosso sofrimento de agora não é nada comparado com a glória que ele nos revelará mais tarde. 19Pois toda a criação aguarda com grande expectativa o dia em que os filhos de Deus serão revelados. 20Toda a criação, não por vontade própria, foi submetida por Deus a uma existência fútil, 21na esperança de que, com os filhos de Deus, a criação seja gloriosamente liberta da decadência que a escraviza. 22Pois sabemos que, até agora, toda a criação geme, como em dores de parto. 23E nós, os que cremos, também gememos, embora tenhamos o Espírito em nós como antecipação da glória futura, pois aguardamos ansiosos pelo dia em que desfrutaremos nossos direitos de adoção, incluindo a redenção de nosso corpo. 24Recebemos essa esperança quando fomos salvos. […]
É possível viver com esperança neste mundo de pandemias, enchentes, desgraças e dores. Essa esperança nós recebemos em Cristo, na história da redenção que está, neste momento, em execução. É a história do resgate oferecido ao pecador. É a história cantada pelo Salmo 111. Por exemplo, Salmo 111.9 (NVT): “Ele pagou o resgate por seu povo [ARA: enviou ao seu povo a redenção], garantiu para sempre sua aliança com eles; seu nome é santo e temível!” Receba essa salvação, pela fé. Receba essa esperança, pela fé. E busque fazer sentido da sua vida e das dores deste mundo à luz da história deste resgate, efetuado pela vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Essa é a verdadeira piedade na prática.
Mas deixe-me terminar apontando, à luz da palavra de Deus, cinco propósitos gerais para o sofrimento (qualquer sofrimento). Este é um resumo adaptado de um artigo de John Piper.
1. Arrependimento. O sofrimento é um chamado para que nós e outros deixemos de valorizar qualquer coisa na terra acima de Deus.
Lucas 13.4-5 (NVT) 4E quanto aos dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Eram mais pecadores que os demais de Jerusalém? 5Não! E eu volto a lhes dizer: a menos que se arrependam, todos vocês também morrerão.”
2. Confiança. O sofrimento é um chamado para confiar em Deus e não nos suportes de sustentação da vida neste mundo.
2Coríntios 1.8-9 (NVT) 8Irmãos, queremos que saibam das aflições pelas quais passamos na província da Ásia. Fomos esmagados e oprimidos além da nossa capacidade de suportar, e pensamos que não sobreviveríamos. 9De fato, esperávamos morrer. Mas, como resultado, deixamos de confiar em nós mesmos e aprendemos a confiar somente em Deus, que ressuscita os mortos.
3. Santidade. O sofrimento é a disciplina de nosso amoroso Pai celestial, para que possamos compartilhar sua justiça e santidade.
Hebreus 12.6, 10-11 (NVT) 6Pois o Senhor disciplina quem ele ama e castiga todo aquele que aceita como filho”. […] 10Pois nossos pais nos disciplinaram por alguns anos como julgaram melhor, mas a disciplina de Deus é sempre para o nosso bem, a fim de que participemos de sua santidade. 11Nenhuma disciplina é agradável no momento em que é aplicada; ao contrário, é dolorosa. Mais tarde, porém, produz uma colheita de vida justa e de paz para os que assim são corrigidos.
4. Glória. O sofrimento está operando para nós uma grande recompensa no céu que compensará mil vezes cada perda nesta vida.
2Coríntios 4.17-18 (NVT) 17Pois estas aflições pequenas e momentâneas que agora enfrentamos produzem para nós uma glória que pesa mais que todas as angústias e durará para sempre. 18Portanto, não olhamos para aquilo que agora podemos ver; em vez disso, fixamos o olhar naquilo que não se pode ver. Pois as coisas que agora vemos logo passarão, mas as que não podemos ver durarão para sempre.
5. Lembrete. O sofrimento nos lembra que Deus enviou seu Filho ao mundo para sofrer, para que o nosso sofrimento não fosse a condenação de Deus, mas uma purificação para a vida eterna.
Filipenses 3.10-11 (NVT) 10Quero conhecer a Cristo e experimentar o grande poder que o ressuscitou. Quero sofrer com ele, participando de sua morte, 11para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dos mortos!
Ora, é totalmente compreensível que, na hora da dor, o coração humano indague: “Por quê?”, uma vez que não conhecemos a maioria das micro razões para o sofrimento – por que agora, por que desta forma, por que tanto tempo, por que tanta dor? Mas não permita que o fato de não conhecer as micro razões faça com que você ignore a enorme ajuda que Deus dá em sua Palavra, ao contar para nós quais são, de fato, os macro propósitos para o sofrimento, qualquer sofrimento.
Tiago 5.10-11 (NVT)
10Irmãos, tomem como exemplo de paciência no sofrimento os profetas que falaram em nome do Senhor.
11Consideramos felizes aqueles que permanecem firmes em meio à aflição. Vocês ouviram falar de Jó, um homem de muita perseverança. Sabem como, no final, o Senhor foi bondoso com ele, pois o Senhor é cheio de compaixão e misericórdia.
Essa é a verdadeira piedade.
S.D.G. L.B.Peixoto
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