17.02.2016
A SUPREMACIA DE CRISTO
Salmo 2
1 Por que se amotinam as nações e os povos tramam em vão? 2 Os reis da terra tomam posição e os governantes conspiram unidos contra o Senhor e contra o seu ungido, e dizem: 3 “Façamos em pedaços as suas correntes, lancemos de nós as suas algemas!” 4 Do seu trono nos céus o Senhor põe-se a rir e caçoa deles. 5 Em sua ira os repreende e em seu furor os aterroriza, dizendo: 6 “Eu mesmo estabeleci o meu rei em Sião, no meu santo monte”. 7 Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: “Tu és meu filho; eu hoje te gerei. 8 Pede-me, e te darei as nações como herança e os confins da terra como tua propriedade. 9 Tu as quebrarás com vara de ferro e as despedaçarás como a um vaso de barro”. 10 Por isso, ó reis, sejam prudentes; aceitem a advertência, autoridades da terra. 11 Adorem o Senhor com temor; exultem com tremor. 12 Beijem o filho, para que ele não se ire e vocês não sejam destruídos de repente, pois num instante acende-se a sua ira. Como são felizes todos os que nele se refugiam!
O livro dos Salmos disseca e exibe todas as partes da alma humana. Ele revela o céu e o inferno dos nossos sentimentos e emoções, ajudando-nos a nos conhecer melhor de dentro para fora (na presença de Deus).
Os Salmos também oferecem parâmetros para a espiritualidade do povo de Deus, apresentando liturgia, hinos e músicas de louvor, orações, poesias, musicais, tratamentos pastorais e uma teologia das emoções. Mas, acima de tudo, como bem expressou Walter Brueggemann:
Os Salmos são úteis pois eles formam uma literatura genuinamente dialógica que expressa os dois lados da conversa da fé [o lado de Deus e o lado do homem na comunhão].
Precisamos, pois, dos Salmos, para nos conhecermos melhor; cantarmos e adorarmos apropriadamente, agirmos, vivermos e orarmos adequadamente, e também ouvir a Deus claramente, seja na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza.
Na semana passada vimos que os Salmos 1 e 2 compõem o prefácio do livro.
O Salmo 1 destaca a primazia da Palavra de Deus na vida do justo, enquanto o Salmo 2 descreve a supremacia de Cristo na história (sobre justos e injustos). Aprendemos com esses Salmos que a vida deve ter como fonte a Palavra e como foco o Cristo de Deus.
A SUPREMACIA DE CRISTO
O Salmo 2 não revela o nome do autor, mas a tradição da Igreja Primitiva atribuiu sua autoria a Davi (At 4.25-26) e o reconheceu como sendo o “Salmo segundo” (At 13.33). A reverência que se tinha a ele pode ser verificada no fato de esse ser o Salmo mais citado no Novo Testamento (no mínimo 18 vezes!). É um salmo de coroação.
Artur Weiser (“Os Salmos”, p. 75) nos informa que
Quando nos impérios do antigo Oriente morria o soberano, a agitação tomava conta de toda a região. Entre os povos subjugados reacendia-se o ímpeto da libertação, pois a mudança de soberano parecia aos vassalos a ocasião de romper os grilhões da servidão. Por isso muitas vezes a primeira e mais urgente tarefa do novo soberano, após sua ascensão ao trono, era sufocar a rebelião de príncipes e povos submetidos, para consolidar o poder do império.
Este quadro é o pano de fundo do nosso salmo, que parecer ter sido composto para a festa de coroação de Davi e usado no culto, enquanto filisteus e parte de Israel se opunham a ele (cf. 2Sm 5.17-25; 8.1-14; 10.1-19).
Além de ser um salmo de coroação, este é um salmo messiânico, referindo-se, profeticamente, a Jesus (Lc 24.27,44; At 4.24-25). O salmista, inspirado pelo Espírito, quer revelar que Deus triunfará em e através de seu Ungido – o Senhor Jesus Cristo.
O valor desse Salmo para nós reside na realidade de que o nosso Senhor Jesus (e com ele todos os seus justos e fiéis) triunfará, apesar de todo ódio, obstáculos e oposições. Quando formos desencorajados pelos obstáculos, amedrontados pelo ódio e intimidados pelas oposições, faremos sempre muito bem em voltar mente e coração para este Salmo, recobrando a fé e a esperança de que o Senhor Jesus e os seus servos fiéis triunfarão.
Então, de que forma o Salmo 2 nos encoraja ao descrever a supremacia de Cristo? Vejamos a supremacia de Cristo…
Num mundo onde Cristo parece ter perdido a supremacia e os crentes, desencorajados, seduzidos e intimidados, tendo perdido amor, precisamos ouvir de novo a mensagem do Salmo 2 – precisamos nutrir fé e esperança na supremacia de Cristo, reascendendo sempre o amor.
1. A supremacia de Cristo ao reportar a revolta dos ímpios (v. 1-3)
Por que os ímpios se revoltam contra Cristo? Verso 3:
“Façamos em pedaços as suas correntes, lancemos de nós as suas algemas!”
Os ímpios não suportam os caminhos de Deus. Aliás, eles não suportam a exclusividade e a supremacia de Cristo – “o seu ungido” (Sl 2.2). Eles preferem seus próprios conselhos piedosamente pervertidos, prezam por sua conduta deplorável e amam participar da roda dos zombadores (Sl 1.1). Essas pessoas vivem do que é imoral, praticam o que é reprovável e se divertem com o que é trivial e banal. Portanto, submeter-se a Deus é sinônimo de escravidão (correntes) e prisão (algemas), eles querem se ver livres do Senhor Jesus Cristo!
Sl 2.3 – “Façamos em pedaços as suas correntes, lancemos de nós as suas algemas!”
Mas, como os ímpios agem em busca de “liberdade”, como eles se revoltam contra o Ungido de Deus?
1.1. Eles ignoram a supremacia de Cristo – Sl 2.1
Por que se amotinam as nações e os povos tramam em vão?
1.2. Eles se inflamam contra a supremacia de Cristo – Sl 2.1
Por que se amotinam [manifestam-se com ira] as nações (…) em vão?
1.3. Eles invertem os valores da supremacia de Cristo – Sl 2.1
Por que (…) os povos tramam [meditam – Sl 1.2] em vão?
1.4. Eles inventam leis contra a supremacia de Cristo – 2.2
Os reis da terra tomam posição
1.5. Eles implantam uma nova ordem contra a supremacia de Cristo – Sl 2.2
os governantes conspiram unidos contra o Senhor e contra o seu ungido
O Salmo 2 demonstra a supremacia de Cristo ao reportar a revolta dos ímpios. Deus nunca é pego de surpresa.
2. A supremacia de Cristo ao anunciar a resposta de Deus (v. 4-6)
Como Deus reage à revolta dos ímpios?
2.1. O Senhor despreza a atitude dos ímpios – Sl 2.4
Do seu trono nos céus o Senhor põe-se a rir e caçoa deles.
2.2. O Senhor se desagrada da atitude dos ímpios – Sl 2.5
Em sua ira os repreende e em seu furor os aterroriza, dizendo:
2.3. O Senhor declara sua supremacia sobre os ímpios – Sl 2.6
“Eu mesmo estabeleci o meu rei em Sião, no meu santo monte”.
De forma progressiva e perseverante, Deus, o Senhor, vai aplicando sua vontade e fazendo cumprir os seus planos.
3. A supremacia de Cristo ao revelar o reinado do Filho (v. 7-9)
O Senhor Deus decreta e comissiona o Filho para cumprir seu plano na história da redenção.
3.1. Cristo foi enviado por Deus para vencer a morte – Sl 2.7
Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: “Tu és meu filho; eu hoje te gerei.
Veja como Paulo interpretou esse versículo.
At. 13.33 – “Nós lhes anunciamos as boas novas: o que Deus prometeu a nossos antepassados ele cumpriu para nós, seus filhos, ressuscitando Jesus, como está escrito no Salmo segundo: “‘Tu és meu filho; eu hoje te gerei’ [Sl 2.7]”.
3.2. Cristo foi estabelecido por Deus para reinar sobre todos – Sl 2.8
Pede-me, e te darei as nações como herança e os confins da terra como tua propriedade.
3.3. Cristo foi encarregado por Deus de julgar os ímpios – Sl 2.9
Tu as quebrarás com vara de ferro e as despedaçarás como a um vaso de barro”.
A supremacia de Cristo ao revelar o reinado do Filho.
4. A supremacia de Cristo ao apresentar a recomendação do Espírito Santo (v. 10-12)
Após descrever a revolta dos ímpios, a resposta de Deus e o reinado de Cristo, o salmista anuncia a recomendação do Espírito.
Em graça e amor o Senhor ainda convida o ímpio ao arrependimento, dando-lhe suas últimas chances enquanto é tempo. A recomendação do Espírito é que o ímpio se submeta completamente ao Senhor, em Cristo Jesus.
4.1. A mente – Sl 2.10
Por isso, ó reis, sejam prudentes; aceitem a advertência, autoridades da terra.
4.2. O coração – Sl 2.11
Adorem o Senhor com temor; exultem com tremor.
4.3. A vontade – Sl 2.12
Beijem o filho [reverenciem-no, adorem-no], para que ele não se ire e vocês não sejam destruídos de repente, pois num instante acende-se a sua ira. Como são felizes todos os que nele se refugiam!
A SUPREMACIA DE CRISTO
O Salmo 1 começa com bem-aventurança e termina com maldição.
Sl 1.1 – Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios (…)
Sl 1.6 – (…) o caminho dos ímpios leva à destruição! – – Por quê?
Quem não tem a Palavra como fonte de vida, no final perecerá.
O Salmo 2 começa com maldição e termina com bem-aventurança.
Sl 2.1 – (…) as nações e os povos tramam em vão (…)
Sl 2.12 – (…) Como são felizes todos os que nele [Cristo] se refugiam! – – Por quê?
Quem foca sua vida em Cristo, no final será bem-aventurado.
Essa é a mensagem dos Salmos. Essa é a mensagem da Bíblia.
Pv 14.12-14 – 12 Há caminho que parece certo ao homem, mas no final conduz à morte. 13 Mesmo no riso o coração pode sofrer, e a alegria pode terminar em tristeza. 14 Os infiéis receberão a retribuição de sua conduta, mas o homem bom será recompensado.
Siga o caminho dos justo. Tenha a Palavra como fonte e Cristo como foco de vida. Você será bem-aventurado. Será feliz.
Ao observarem os impios tramando contra Deus, contra o seu Ungido e contra o povo de Deus, lembre-se da supremacia de Cristo…
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