09.05.2018
O GRANDE REI
Salmo 47
[Ao regente do coral: salmo dos descendentes de Corá.]1Batam palmas, todos os povos! Celebrem a Deus em alta voz! 2Pois o SENHOR Altíssimo é temível; é o grande Rei de toda a terra. 3Ele derrota os povos diante de nós e põe as nações sob nossos pés.4Escolheu para nós uma terra como herança, o orgulho dos descendentes de Jacó, a quem ele ama. Interlúdio5Deus subiu em meio a gritos de alegria; o SENHOR se elevou ao forte som de trombetas. 6Cantem louvores a Deus, cantem louvores, cantem louvores ao nosso Rei, cantem louvores! 7Pois Deus é o Rei de toda a terra; louvem-no com um salmo. 8Deus reina sobre as nações, sentado em seu santo trono. 9Os governantes do mundo se juntaram ao povo do Deus de Abraão. Pois todos os reis da terra pertencem a Deus; ele é grandemente exaltado em toda parte.
Deus no controle
“Fora de controle: como o acaso e a estupidez mudaram a história”é o nome da obra escrita pelo jornalista historiador Erik Durschmied, e lançada no Brasil em 2003 (Ediouro). É impressionante (da perspectiva cristã) a tese do autor: ele quer mostrar como a incompetênciade comandantes militares e o acasodo destino modificaram os cenários de diversas guerras e os planos de várias potências mundiais no decorrer da história.
A obra é um livro-reportagem sobre as mais importantes batalhas. Dentre inúmeros episódios, são citados a Guerra de Tróia, a Batalha de Waterloo, a Guerra do Vietnã, a queda do Muro de Berlim e a Guerra do Golfo. A pergunta que permeia o livro é a seguinte: O que será que decide uma guerra e o destino de tantas vidas? Erik Durschmied procura demonstrar que é tudo resultado do acasoe da estupidezhumana em situações que acabam ficando completamente fora de controle. Mas, será mesmo?
A bem da verdade, a Bíblia é categórica ao afirmar tanto a responsabilidade humana como a soberania de Deus todas as coisas. No entanto, o que se observa nos relatos bíblicos é uma profunda confiança na sabedoria de Deus em sua direção soberana determinantedos eventos da história — sobre reis, forças da natureza, etc. Graças a Deus, não estamos simplesmente entregues aos erros ou às maldades humanas, à fúria da natureza e muito menos ao acaso do destino. Observe, por exemplo, a oração dos discípulos, pedindo coragem para prosseguir:
At 4.27-28 |27De fato, isso [a crucificação de Cristo] aconteceu aqui, nesta cidade, pois Herodes Antipas, o governador Pôncio Pilatos, os gentios e o povo de Israel se uniram contra Jesus, teu santo Servo, a quem ungiste. 28Tudo que fizeram, porém, havia sido decidido de antemão pela tua vontade.
Nada está fora de controlo. Não estamos entregues à estupidez humana nem ao acaso do destino. Deus está no controle de tudo e de todos (1Sm 26.12 — “o SENHOR os [Saul e Abisai] tinha feito cair num sono profundo”).
O grande Rei
Houve um momento na história de Israel quando tudo parecia estar fora de controle. Senaqueribe, rei dos assírios, sitiou a cidade de Jerusalém, provocou o povo ao desespero e desdenhou de Deus, ameaçando destruir tudo e todos que encontrasse pela frente. Da forma como tinha feito com todas as outras nações — e seus deuses não puderam socorrê-los —, ele ameaçava fazer o mesmo com Judá — dizendo que o Deus de Israel também não os socorreria. Sobre este episódio, conforme já dissemos na última mensagem (Salmo 46), podemos ler nos relatos contidos nos livros dos Reis, Crônicas e Isaías (2Reis 18-19; 2Cr 32; Is 36-37).
E agora? Face a face com a ameaça de Senaqueribe, contaria Judá com a incompetência/estupidez dos militares assírios ou com o acaso para socorrê-los daquela situação? Deixemos que o próprio Deus nos responda através da profecia de Isaías (37.33-38):
33E assim diz o SENHOR a respeito do rei da Assíria: “Seus exércitos não entrarão em Jerusalém, nem dispararão contra ela uma só flecha. Não marcharão com escudos fora de seus portões, nem construirão rampas de terra contra seus muros. 34O rei voltará à terra dele pelo mesmo caminho por onde veio. Não entrará na cidade, diz o SENHOR. 35Por minha própria honra e por causa de meu servo Davi, defenderei esta cidade e a libertarei”. 36Naquela noite, o anjo do SENHOR foi ao acampamento assírio e matou 185 mil soldados assírios. Quando os sobreviventes acordaram na manhã seguinte, encontraram cadáveres por toda parte. 37Então Senaqueribe, rei da Assíria, levantou acampamento e partiu para sua terra. Voltou para Nínive e ali ficou. 38Certo dia, enquanto ele adorava no templo de seu deus Nisroque, seus filhos Adrameleque e Sarezer o mataram à espada. Fugiram para a terra de Arate, e outro filho, Esar-Hadom, se tornou seu sucessor na Assíria.
Vimos na semana passada que essa vitória do Senhor pelo seu povo foi contemplada nos versículos finais do Salmo 46 (vv. 8-11):
8Venham, contemplem as gloriosas obras do SENHOR! Vejam como ele traz destruição sobre o mundo!9Acaba com as guerras em toda a terra, quebra o arco e parte ao meio a lança, e destrói os escudos com fogo. 10“Aquietem-se e saibam que eu sou Deus! Serei honrado entre todas as nações; serei honrado no mundo inteiro.” 11O SENHOR dos Exércitos está entre nós; o Deus de Jacó é nossa fortaleza. Interlúdio
O Salmo 47 segue agora muito naturalmente o enredo do salmo anterior (o 46). A nota final do Salmo 46 é de expectativa e de esperança:
10“Aquietem-se e saibam que eu sou Deus! Serei honrado entre todas as nações; serei honrado no mundo inteiro.” 11O SENHOR dos Exércitos está entre nós; o Deus de Jacó é nossa fortaleza. Interlúdio
A nota inicial do Salmo 47 (vv. 1-3), após pausa reflexiva (selá, interlúdioem Sl 46.11) é de enorme celebração pelas vitórias conquistadas pelo Senhor:
1Batam palmas, todos os povos! Celebrem a Deus em alta voz! 2Pois o SENHOR Altíssimo é temível; é o grande Rei de toda a terra.3Ele derrota os povos diante de nós e põe as nações sob nossos pés.
De fato, os Salmos 46, 47 e 48 são chamados de Cânticos de Sião, porque se concentram na cidade de Jerusalém e na proteção que Deus dá à cidade santa (à menina de seus olhos, o seu povo!). Os Salmos 46 e 48 falam explicitamente de Jerusalém, chamando-a de “a cidade de nosso Deus”(Sl 46.4; 48.1 e 8), “a cidade do Grande Rei” (Sl. 48.2) e “a cidade do SENHOR dos Exércitos”(Sl 48.8). O salmo 47 refere-se indiretamente à cidade ao narrar que “Deus subiu em meio a gritos de alegria; o SENHOR se elevou ao forte som de trombetas”(Sl 47.5). A ideia central dos três salmos é a mesma: Deus reina sobre tudo e sobre todos, ele é o grande Rei entronizado na cidade, pelejando pelo seu povo.
Aprendemos que, graças a Deus, nós não estamos entregues ao acaso do destino nem à frágil esperança no fracasso dos que tentam nos destruir. Deus é o grande Rei soberano; ele controla tudo e todos; nada é capaz de frustrar os seus planos. Ele é Rei.
Mas, o que sobre o grande Rei nós encontramos no Salmo 47? O que o conhecimento sobre esse grande Rei deve despertar em nós? Examinaremos três verdades sobre o grande Rei; ele: é vitorioso nas batalhas (vv. 1-4); é adorado pelo seu povo (vv. 5-7); e reinará para sempre sobre a terra (vv. 8-9). Vejamos um de cada vez…
1. O grande Rei é vitoriosa nas batalhas (vv. 1-4)
As nações ainda não reconheceram (muito menos a ONU — a Organização das Nações Unidas), mas Deus vem conduzindo a história de acordo com seus planos e propósitos soberanos. Dessa forma, o grande Rei é vitorioso nas batalhas pelo seu povo. Olhe para a história, analise e tire suas próprias conclusões: reino algum que se opôs aos planos de Deus ou ao progresso do reino de Deus subsistiu.
Para se ter uma ideia, em 1934, o grande historiador britânico Arnold J. Toynbee iniciou um estudo da história mundial que o ocupou por 27 anos, até 1961 e, por fim, preencheu doze grandes volumes (A Study of History, 12 vols. [London: Oxford University Press, 1934–61]). Naquela obra maciça, Toynbee isolou trinta e quatro civilizações distintas e demonstrou que cada uma delas ocupou as páginas da história por um tempo e depois desapareceu. Por exemplo, o Egitojá foi uma grande potência mundial, mas hoje é fraco em comparação ao que um dia já foi; a Babilôniaera poderosa, mas seu território foi dividido, e nem mesmo a descoberta de grandes reservas de petróleo naquela área do mundo foi capaz de restabelece-la ou de restabelecer as nações vizinhas a uma posição dominante no cenário mundial; Gréciae Roma, outrora maravilhas da humanidade, caíram; a União Soviéticase desfez; e mesmo os Estados Unidos da América, embora agora no auge do poder mundial, estão em declínio e não escaparão à inevitável lei da história, a saber, que “a justiça engrandece a nação, mas o pecado é vergonha para qualquer povo”(Pv 14.34).
Quando estão fortes e são vitoriosas, as nações (e pessoas também; indivíduos também!) acham que controlam seus próprios destinos. Elas, no entanto, não são soberanas. Deus é o soberano, “é o grande Rei de toda a terra”(Sl 47.2). Além disso, o Deus que é Rei requer justiça. Assim, quando as nações se afastam de seus caminhos e se exaltam de maneira arrogante, Deus as derruba (Veja a história de Nabucodonosor e de seu filho Belsazar; ambos os poderosos foram depostos por Deus — Dn 5.13-31!).
O grande rei de toda a terra é vitorioso nas batalhas pelo seu povo. Observe como o salmista faz questão de mostrar as vitórias de Israel na formação e manutenção do povo escolhido por Deus — a conquistade Canaã (v. 3, detalhes em Js 6-12); a distribuiçãoda terra em Canaã (v. 4) e a entronização(simbólica) do Senhor na cidade santa com a chegada da arca (v. 5, detalhes em 2Sm 6.1-15). Observe:
3Ele derrota os povos diante de nós e põe as nações sob nossos pés.4Escolheu para nós uma terra como herança, o orgulho dos descendentes de Jacó, a quem ele ama. Interlúdio5Deus subiu em meio a gritos de alegria; o SENHOR se elevou ao forte som de trombetas.
O grande Rei é vitorioso nas batalhas.
2. O grande Rei é adorado pelo seu povo (vv. 5-7)
O Salmo 47, ao nos revelar o grande Rei de toda a terra, ensina-nos grandes lições sobre adoração. Quem deve adorar? A quem se deve adorar? Como se deve adorar? Por que se deve adorar? O que deve ser incluído na adoração?
Essas perguntas são feitas pelos cristãos desde os primeiros dias da igreja. Muitas vezes, o debate é vestido de arquitetura, estilos musicais, tradição denominacional e outras coisas menos importantes. Muitos livros foram escritos e outras tantas aulas e mensagens foram ministradas na tentativa de promover esclarecimento sobre o assunto. Hoje, em vez de olhar para essas fontes de instrução, vamos olhar, de forma geral, para as Escrituras. O Salmo 47 responde a algumas dessas perguntas para nós, permitindo a flexibilidade de incorporar gostos pessoais ou culturais. Observe.
O grande Rei é adorado pelo seu povo.
1Batam palmas, todos os povos! Celebrem a Deus em alta voz! 2Pois o SENHOR Altíssimo é temível; é o grande Rei de toda a terra.3Ele derrota os povos diante de nós e põe as nações sob nossos pés.4Escolheu para nós uma terra como herança, o orgulho dos descendentes de Jacó, a quem ele ama. Interlúdio5Deus subiu em meio a gritos de alegria; o SENHOR se elevou ao forte som de trombetas. 6Cantem louvores a Deus, cantem louvores, cantem louvores ao nosso Rei, cantem louvores! 7Pois Deus é o Rei de toda a terra; louvem-no com um salmo.
3. O grande Rei reinará para sempre sobre a terra (vv. 8-9)
No versículo 8 chegamos à parte do salmo que fez com que Derek Kidner a chamasse de uma profecia. Começa suavemente, parecendo apenas reiterar o que foi afirmado com força nos versos anteriores, mas termina com as nações realmente se reunindo diante de Deus como seu povo escolhido:
8Deus reina sobre as nações, sentado em seu santo trono. 9Os governantes do mundo se juntaram ao povo do Deus de Abraão. Pois todos os reis da terra pertencem a Deus; ele é grandemente exaltado em toda parte.
Isso ainda não aconteceu. É por isso que chamamos essa parte de profecia. Mas isso vai acontecer, e estamos ansiosos por isso. É por isso que somos tão ativos no evangelismo, levando o evangelho às nações, e por que oramos com tanta frequência nas palavras que Jesus nos ensinou, dizendo: “Venha o teu reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”(Mateus 6.10; Lucas 11.2).
Nossa tarefa é levar o evangelho às nações agora, para que, pela graça de Deus e pelo poder do Espírito Santo, muitos possam de bom grado se curvar diante de Jesus Cristo e, assim, ficar sob a bandeira de seu Reino abençoado. É aonde a história está caminhando. É o real sentido da vida.
Agora, só há uma maneira de se tornar parte voluntária do reino de Deus, e isso é por entrega pessoal às reivindicações de Jesus Cristo, o divino Filho de Deus e Salvador de seu povo. É se curvar diante dele, pois ele é o único verdadeiro “Rei dos reis e Senhor dos senhores”(Ap 19.16).
O grande Rei
Estamos vivendo na época que Deus está batalhando, conquistando, dirigindo soberanamente a tudo e a todos, para construir seu reino, chamando um povo para si mesmo. Eles são de todos os povos, tribos e nações; homens e mulheres; pobres e ricos; humildes e poderosos. O Senhor os está transformando em homens e mulheres nos quais o reino de Jesus Cristo está presente e nos quais seu caráter amoroso, gracioso e verdadeiro podem ser vistos. Nada nem ninguém consegue deter o Senhor no avanço de seu Reino. Não há nada na vida mais importante ou mais maravilhoso do que pertencer a esse reino, cujo domínio pertence ao grande Rei, o Rei dos reis e Senhor dos senhores; ele é vitorioso nas batalhas, é adorado pelo seu povo e reinará para sempre em toda a terra.
Você já se rendeu ao grande Rei? Arrependa-se e creia em Jesus Cristo.
S.D.G. L.B.Peixoto
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