01.03.2020
Salmo 76
[Ao regente do coral: salmo de Asafe, para ser acompanhado com instrumentos de cordas.] 1Deus é honrado em Judá, grande é seu nome em Israel. 2Jerusalém é onde ele habita, o monte Sião é seu lar. 3Quebrou ali as flechas flamejantes do inimigo, os escudos, as espadas e as armas de guerra. Interlúdio 4Tu és glorioso e mais majestoso que os montes eternos. 5Os inimigos mais valentes foram saqueados e jazem no sono da morte; nenhum guerreiro foi capaz de levantar as mãos. 6Quando os repreendeste, ó Deus de Jacó, cavalos e cavaleiros ficaram imóveis. 7Não é de admirar que sejas tão temido! Quem pode permanecer diante de ti quando irrompe a tua ira? 8Dos céus pronunciaste tua sentença; a terra estremeceu e se calou. 9Tu te levantaste para julgar, ó Deus, para salvar os oprimidos da terra. Interlúdio 10A rebeldia humana resultará em tua glória, pois tu a usas como arma. 11Façam votos ao SENHOR, seu Deus, e cumpram-nos; todos paguem tributos àquele que deve ser temido. 12Pois ele acaba com o orgulho dos príncipes, e os reis da terra o temem.
EU SEI EM QUEM TENHO CRIDO
Mães, imaginem a cena:
O país está em guerra. Norte e Sul, do mesmo solo pátrio, lutam entre si, cada qual achando-se mais dono da verdade que o outro. A batalha está sangrenta. Centenas de jovens soldados já foram mortalmente alvejados pelas balas dos revólveres, garruchas, pistolas, espingardas, rifles e canhões empregados na guerra brutal. Saibam vocês que, ao final do conflito, terão sido mortos cerca de 750 mil soldados e um número indeterminado de civis. Sim, estamos falando da Guerra Civil Americana (1861-1865).
A situação está trágica. Jovens mortos em batalha precisam ser rapidamente repostos nas trincheiras da guerra. As “peças de reposição” têm que sair do seio das famílias — serão os filhos pelos quais pais e mães tanto oraram e pediram a Deus, e quando os tiveram, cuidaram de criá-los com tanto amor e carinho. E o número de mortos em combate não para de crescer. Seu filho, então, é convocado pelo exército. Ele irá a combate e lutará na guerra.
Para se ter uma ideia: Durante a Guerra de Secessão (ou separação), quando as tropas voltavam para o quartel após uma batalha sem baixa, os soldados escreviam em uma placa imensa: “O.K.” (isto é: zero killed, zero mortos). Daí surgiu a famosa expressão OK, que quer dizer que está tudo bem. Mas ficará tudo OK com seu filho?
Você, mãe, é crente dedicada, mas sabe que seu filho ainda não deu provas de uma fé genuinamente salvadora. Enterrar um filho será doloroso o bastante, enterrá-lo descrente será ainda mais indescritivelmente pior. Você, logicamente, não para de pensar: “E se meu filho morrer lá na guerra? Meu Deus! Salve meu filho. Salve meu filho. Não deixe meu filho morrer lá na guerra. Não deixe meu filho morrer sem Jesus!”
Enquanto o ajuda a arrumar a mala para seguir para o combate, você ora. Ora muito. Ora e chora. Ora, chora e revisa os tópicos do evangelho de Jesus Cristo com seu filho. Ah! E tem também a feliz ideia de colocar uma Bíblia na sacola no fundo da mala!
O filho se despede e parte para a guerra. Ele voltará? “Meu Deus, traga meu filho de volta! Salve meu filho! Salve meu filho! Revele-se a ele em Cristo Jesus e o salve!”
No olho do furacão da guerra a única preocupação de seu filho é sobreviver. Matar para sobreviver. Ganhar a guerra e voltar logo para casa. O garoto não dá muita atenção para a conversa que vocês tiveram antes da partida. Ele não dá a menor atenção à Bíblia que você carinhosamente, com muita oração, depositou no fundo da mala dele.
Você está em casa orando, orando muito, regando suas orações com lágrimas de fé. Então seu filho, depois de alguns confrontos sangrentos, de perder o braço direito em uma dessas batalhas e de ser capturado pelos soldados inimigos, pega a Bíblia na sacola no fundo da mala. Começa a ler aquela Bíblia. É tomado de convicção pelo pecado dele. Arrepende-se e crê em Cristo para a salvação. Glória a Deus!
Essa é uma história real, é a história do major Daniel Webster Whittlle (e da mãe dele). Whittle é autor do hino Mas Eu Sei em Quem Tenho Crido (447 do HCC e 377 do CC), cujo refrão, extraído das palavras de Paulo a Timóteo (2Tm 1.12), entoa:
Mas eu sei em quem tenho crido
e estou seguro que é poderoso
pra guardar bem o meu tesouro
até o dia final.
O hino, portanto, é um testemunho de total confiança em Cristo, cuja graça salvadora continuava um mistério para o autor, mas era a base da vida dele. Embora não entendesse porque o Senhor havia salvado um pecador como ele, não compreendesse como o Espírito trabalhava no coração dele e não soubesse quando o Senhor voltaria para buscá-lo, nada disso importava. Whittle sabia em quem se firmar, e isso lhe bastava:
Mas eu sei em quem tenho crido
e estou seguro que é poderoso
pra guardar bem o meu tesouro
até o dia final.
Louvado seja Deus pela iniciativa e pelas orações da mãe de Whittle (que sirvam de exemplo e de encorajamento para as mães). Mas louvado seja Deus pela graça salvadora derramada sobre a vida de Whittle, que além de salvo durante a guerra, após deixar o exército, abandonou carreira próspera como empresário e se tornou frutífero evangelista, ao lado do compositor James McGranahan.
Ah! Por mais mães como a mãe de Daniel Webster Whittle! Mulheres que sabem em quem têm crido, e estão seguras de que é poderoso para guardar o seu tesouro e salvar seu filho, levando-o também seguro para o céu.
CONHEÇA SEU DEUS
A mãe de Whittle sabia em quem ela tinha crido. Whittle soube em quem ele cria. E você? Você sabe em quem você tem crido? Quem é seu Deus? Quem é seu Salvador? Você o conhece? Você precisa conhecer o seu Deus. Conheça o seu Deus.
O conhecimento de Deus faz toda a diferença na vida e na morte. Pergunte à mãe de Whittle como ela conseguiu empacotar os pertences do filho em uma pequena mala, sabendo que na guerra ele poderia morrer, da mesma forma que morreram quase 800 mil combatentes na Guerra Civil Americana; como ela conseguiu fazer a mala do filho sem se sucumbir no desespero. Pergunte a ela porque ela colocou a Bíblia na sacola no fundo da mala do filho à caminho da guerra. Ela responderá: “Eu sei em quem tenho crido e estou segura que é poderoso…”
O conhecimento de Deus faz toda a diferença na vida e na morte. Pergunte à Whittle porque ele resolveu se voltar à Bíblia e ao Deus de sua mãe. Ele dirá que depois de ter visto tanta gente morrendo em dor e desespero, depois de ele mesmo encarar a morte face a face e temer morrer sem o Salvador, voltou-se com arrependimento e fé para o Cristo da Bíblia e o Deus da mãe dele, e ficou feliz em poder então cantar:
Mas eu sei em quem tenho crido
e estou seguro que é poderoso
pra guardar bem o meu tesouro
até o dia final.
O conhecimento de Deus faz a diferença na vida e na morte. O Salmo 76, por sua vez, é um testemunho ao conhecimento de Deus. Neste salmo, Asafe canta sobre Deus, sobre o Deus que luta por nós.
Um pouco do contexto: O Salmo 76 se acopla perfeitamente bem ao salmo anterior. Com efeito, existem vínculos muito fortes entre os Salmos 74, 75 e 76. Observe:
O Salmo 74 analisa a violência e a injustiça que existem no mundo e pede ao Senhor que intervenha. No Salmo 75 Deus fala para dizer que, no “tempo determinado”, ele agirá tanto para derrubar os orgulhosos quanto para exaltar os mansos e humildes que estão sendo afligidos. E o Salmo 76 celebra um incidente dramático no qual Deus fez exatamente isto, destruindo completamente os inimigos de Israel. Nos três salmos (74-76), Deus é visto como o juiz diante de quem todos deverão um dia se apresentar e a quem todos um dia prestarão contas.
Outro fato elucidativo: A Septuaginta acrescenta ao cabeçalho do nosso salmo a inscrição que diz: “Para os assírios”, e que é interpretado como uma referência a Senaqueribe, que invadiu Judá em 701 a.C.
Na ocasião, em resposta à oração de Ezequias (Is 37.21-38), pedindo pela defesa do povo contra o poderoso exército de 185 mil assírios ao redor dos muros de Jerusalém, Deus deu vitória ao povo de Judá. Veremos o que o Senhor fez, na próxima mensagem. Mas a ênfase deste salmo não é tanto no que Deus fez por Judá. O destaque é para quem Deus é, quem Deus revelou ser durante esse maravilhoso livramento. O tema do Salmo 76, portanto, é o conhecimento de Deus: o conhecimento do Deus que luta por nós, seu povo.
Isto se vê na própria estrutura do salmo, que pode ser dividido em quatro partes, bem na “junta dos ossos” que aparece cada um dos quatro particípios passivos (hebraico: hiphil) que descrevem algum aspecto do caráter de Deus. Verso 1: honrado/conhecido. Verso 4: glorioso/majestoso. Verso 7: admirável/temível. Verso 11: temível.
Então, vamos lá, vejamos que conhecimento dele mesmo Deus nos permite ter, e que fará toda a diferença na vida e na morte. Seguindo a divisão natural do salmo, destacaremos quatro lições principais. Parte da primeira lição nós veremos agora e o restante, Deus permitindo, veremos na semana que vem.
1 O DEUS QUE LUTA POR NÓS SE FAZ CONHECIDO
Deus não é do tipo que luta por nós e depois se esconde. O Deus que luta por nós se faz conhecido (na luta). A primeira parte do salmo, nos versículos 1-3, deixa isto muito claro. Leia de novo, com ainda mais atenção, Salmo 76.1-3:
1Deus é honrado [conhecido, percebido, experimentado] em Judá, grande é seu nome em Israel. 2Jerusalém [Salem] é onde ele habita, o monte Sião é seu lar. 3Quebrou ali as flechas flamejantes do inimigo, os escudos, as espadas e as armas de guerra.
Nesses versículos, o salmista nos diz que o povo de Deus conhece a Deus, o que é um privilégio. Não era assim entre as nações: Seus deuses não se faziam conhecidos. Mas o povo de Deus tem o privilégio de conhecer o seu Deus — o conhecimento verdadeiro e salvador de Deus. Um tipo de conhecimento tão perceptível e experiencial que nos faz honrá-lo: “Deus é honrado [conhecido; experimentado com conhecimento]”(v. 1).
Há pelo menos três maneiras pelas quais (segundo esses versículo, 1-3) o povo de Deus conhece a Deus: a revelação que ele faz de seu nome ao povo, as ordenanças que ele estabelece para a adoração entre o povo e a libertação que ele executa em favor do povo. Portanto, Deus se faz conhecido pela revelação, pelas ordenanças e pela libertação. Veremos agora apenas o conhecimento de Deus pela revelação. O restante — ordenanças e libertação, Deus permitindo, nós veremos na semana que vem.
O privilégio de se conhecer Deus por revelação
1Deus é honrado [conhecido, experimentado] em Judá, grande é seu nome em Israel.
Asafe está aqui nos lembrando da maior bênção, do maior privilégio que desfrutamos como povo de Deus. Nós conhecemos Deus. Fomos abençoados com um conhecimento, verdadeiro, salvador e experimental do Deus vivo. Ele revelou seu nome, seu caráter e sua reputação a nós, seu povo. Ele nos disse como ele é. Ele nos mostrou suas misericórdias. Ele nos deu benefícios que não poderíamos ter desfrutado, a menos que ele mesmo, em graça e misericórdia, tivesse nos concedido. E este é um dos temas mais antigos e centrais da palavra de Deus: Deus é conhecido entre seu povo.
É verdade que o apóstolo Paulo deixa claro em Romanos 1 que todos em todos os povos, tribos, línguas e nações sabem que existe um Deus, que todos eles são indesculpáveis diante da revelação geral que Deus fez de si mesmo através da criação (Rm 1.18-23). De fato, não é só que todo mundo sabe que existe um Deus, mas que todo mundo sabe que existe o Deus verdadeiro que deve ser adorado, mas todos se recusam.
As palavras do apóstolo Paulo em Romanos 1 nos lembram que a razão pela qual existem pessoas neste mundo que não adoram o único Deus verdadeiro não é porque elas não sabem o suficiente ou não têm revelação o bastante; é porque tais pessoas se recusam a fazer o que elas devem fazer com a revelação de Deus, que está tão claramente posta na criação e até no coração dos homens (Rm 2.14-16). Essas pessoas, no entanto, escolhem honrar e adorar a criatura ao invés do Criador, mesmo sabendo que existe um Deus verdadeiro que se deixa ser conhecido, honrado, amado, servido e adorado.
Mas esse não é o tipo de conhecimento (revelação geral) sobre o qual o salmista está falando. Asafe está falando do tipo de conhecimento ou revelação pessoal sobre o qual Moisés falou em Êxodo 6. Lá, Moisés foi informado pelo Senhor. Leia, Êxodo 6.2-7:
2Deus também disse a Moisés: “Eu sou Javé, ‘o SENHOR’ [JEHOVAH ou YAHWEH]. 3Apareci a Abraão, Isaque e Jacó como El-Shaddai, ‘o Deus Todo-poderoso’, mas não lhes revelei meu nome, Javé. 4Estabeleci com eles a minha aliança, mediante a qual prometi lhes dar a terra de Canaã, onde viviam como estrangeiros. 5Esteja certo de que ouvi os gemidos dos israelitas, que agora são escravos dos egípcios, e me lembrei da aliança que fiz com eles. 6“Portanto, diga ao povo de Israel: ‘Eu sou o SENHOR. Eu os libertarei da opressão e os livrarei da escravidão no Egito. Eu os resgatarei com meu braço poderoso e com grandes atos de julgamento. 7Eu os tomarei como meu povo e serei o seu Deus. Então vocês saberão que eu sou o SENHOR, seu Deus, que os libertou da opressão no Egito.
Esta é uma passagem bíblica muito interessante, para não dizer intrigante. Por quê? Ocorre que aqui Deus diz a Moisés que ele (Deus) não se revelou por seu nome (nome de Deus), SENHOR ou YAHWEH, ao seu povo. Mas se você olhar para trás, lá em Gênesis, e ler atentamente o que Moisés também escreveu, Deus de fato se revelou por seu nome SENHOR ou YAHWEH ao seu povo desde os tempos de Abraão, Isaque e Jacó. Então o que temos aqui em Êxodo 6 é uma discrepância, uma contradição? Não.
Deus estava dizendo o seguinte a Moisés:
Eu disse ao meu povo o meu nome, SENHOR, nos dias passados, desde os patriarcas de antigamente, mas, quando terminar o Êxodo, meu povo saberá o que de fato significa dizer que Eu Sou o SENHOR. Eles me conhecerão de maneiras que não me conheciam antes, de maneiras que transcendem até mesmo a maneira como eu me revelei a Abraão, Isaque e Jacó. Eles vão saber coisas grandes sobre mim; eles me conhecerão de maneiras que ultrapassam em muito o que, até então, eu lhes revelei.
Portanto, o grande Êxodo do Egito não serviu apenas como um evento de redenção/libertação, onde o povo de Deus foi tirado do cativeiro e da escravidão, mas foi também um evento de revelação. Revela-se no Êxodo o poder de Deus para salvar e libertar.
Assim é que o salmista pôde novamente dizer (Sl 76.1): “Deus é honrado [conhecido, percebido, experimentado] em Judá, grande é seu nome em Israel.” Mas o que de novo havia acontecido com Judá (sul) e Israel (norte)?
Após a grande libertação das garras de Senaqueribe e seu temível exército, mais uma vez o salmista pôde dizer, ele pôde cantar um cântico novo: o povo de Deus conhece o Deus que os liberou do Egito; e assim como aqueles libertos do Egito passaram a conhecer mais intimamente a Deus, o significado do nome SENHOR, assim também nós — o povo de Deus dos dias de Ezequias — o conhecemos e testificamos que Deus estava se fazendo conhecido em Judá por meio dessa poderosa libertação do SENHOR. Deus se revelou ao seu povo, eles o conheceram, e souberam que ele é grande. Salmo 76.1-3:
1Deus é honrado [conhecido, percebido, experimentado] em Judá, grande é seu nome em Israel. 2Jerusalém [Salem] é onde ele habita, o monte Sião é seu lar. 3Quebrou ali as flechas flamejantes do inimigo, os escudos, as espadas e as armas de guerra.
Esse tipo de conhecimento que nos faz honrar/adorar a Deus pelo que dele se faz conhecido, percebido e experimentado acontece ainda hoje, toda hora.
Talvez você tenha tido esse tipo de experiência, em que o Senhor Deus se revelou na Palavra ou em resposta à sua oração, e você sente como se o tivesse conhecido pela primeira vez. Talvez você tenha estudado a Palavra e alguma verdade de Deus tenha sido trazida para casa no seu coração com tanta força que você disse a si mesmo: “Eu nunca vi isso antes!”. Você pode ter lido o versículo centenas de vezes; você pode ter ouvido ele ensinando dezenas de vezes; mas agora o verso bíblico bateu com tanta força e verdade no seu coração que você disse: “Eu nunca soube que Deus fez isso. Eu nunca percebi que Deus era assim. Eu não conheci Deus antes.” Parafraseando o salmista:
Deus é honrado [conhecido, percebido, experimentado] em meu coração, grande é seu nome em minha vida.
Ou talvez tenha sido em resposta a uma oração — uma oração mesmo sem esperança que você levou ao Senhor, e no momento você simplesmente não achou possível que a sua provação pudesse ser superada, ou que aquela situação pudesse ser vencida, até que Deus, em sua misericórdia, respondeu àquela oração e você soube que Deus é um Deus que ouve e responde de maneiras que você não conhecia antes.
É isto que o salmista está dizendo: “Quando vimos o modo como Deus nos respondeu, exterminando o exército invasor de Senaqueribe, conhecemos por experiência própria que Deus é Senhor, grande e temível Senhor.”
Meu povo, esse é o fundamento do nosso louvor: o privilégio de conhecer a Deus e saber que ele é grande. É algo que precisamos cultivar em nossa leitura da Palavra, e também na hora da exposição da Palavra do púlpito. Devemos orar enquanto lemos ou ouvimos a Palavra: “Senhor, revele-se a mim e revele-se grande, dê-me fé para crer e coração agradecido para louvá-lo por quem tu és e haverás de se revelar a mim pela Palavra.” Deus se revelou ao seu povo, e eles o conheceram, e souberam que ele é grande (Sl 76.1): “Deus é honrado [conhecido, percebido, experimentado] em Judá, grande é seu nome em Israel.”
Pense agora no livro do profeta Ezequiel. Mais de 30 vezes (em 48 capítulos), Deus diz que, em resposta ao que ele (Deus) fará, eles “saberão que eu sou o SENHOR.”
Lembre-se do que Jó escreveu. Após tudo o que Deus fez, o patriarca pôde então responder ao SENHOR (Jó 42.1): “Antes, eu só te conhecia de ouvir falar; agora, eu te vi com meus próprios olhos.”
Agora recorde-se do que Paulo orou pelos efésios, por você e por mim. Tudo bem que ainda não chegamos lá, mas em Efésios 3, o apóstolo orou para que todos e cada um daqueles que amam Jesus Cristo, que creem no nome dele, que se uniram a ele pela graça e por meio da fé, pela obra do Espírito Santo, conheça ou compreenda (Ef 3.18-19):
18[…] a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo. 19Que vocês experimentem esse amor, ainda que seja grande demais para ser inteiramente compreendido. Então vocês serão preenchidos com toda a plenitude de vida e poder que vêm de Deus.
Esse é o coração da verdadeira religião, e é aqui que o salmista começa (Sl 76.1):
Deus é honrado [conhecido, percebido, experimentado] em Judá [onde Deus agiu, realizando grandes coisas pelo seu povo], grande é seu nome em Israel [em toda a terra, de sul a norte].
Portanto, a primeira coisa que vemos é que Deus se revelou ao seu povo, e eles o conheceram, e souberam que ele é grande.
O CONHECIMENTO DE DEUS EM CRISTO
Pois bem, saiba de uma coisa fundamental: O conhecimento de Deus se tornou perfeito em Cristo Jesus. João, o apóstolo, escreveu assim, João 1.14, 16-18:
14Assim, a Palavra se tornou ser humano, carne e osso, e habitou entre nós. Ele era cheio de graça e verdade. E vimos sua glória, a glória do Filho único do Pai. […] 16De sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça. 17Pois a lei foi dada por meio de Moisés, mas a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. 18Ninguém jamais viu a Deus, mas o Filho único, que mantém comunhão íntima com o Pai, o revelou.
Em Cristo nós conhecemos graça sobre graça. Em que sentido? Ele, Cristo, cumpriu a lei em si mesmo (no nosso lugar), e agora derrama a graça da justiça de Deus a todos quantos o recebem com arrependimento e fé. A lei é graça, pois revela o caráter de Deus. Cristo é graça, pois cumpre em nosso lugar a lei e derrama graça sobre nós, justificando-nos para a nossa salvação. Em Cristo, portanto, temos graça sobre graça. Temos em Cristo a graça do cumprimento da lei em nosso lugar; temos também em Cristo graça para nos perdoar e graça para nos empoderar para cumprir com alegria a lei.
O comentário da Bíblia de Estudos NAA coloca magistralmente o seguinte texto sobre o verso 17 — “Pois a lei foi dada por meio de Moisés, mas a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.” Ouça:
Segundo João, a fidelidade da aliança de Deus encontrou expressão máxima ao enviar seu único Filho, Jesus Cristo (ver nota em João 1.14). O contraste não é que a lei mosaica era ruim e Jesus é bom. Antes, tanto a entrega da lei como a vinda de Jesus Cristo marcam eventos decisivos [e graciosos] na história da salvação. Na lei, Deus graciosamente revelou seu caráter e exigências justas à nação de Israel. Jesus, no entanto, marcou a revelação final e definitiva da graça e da verdade de Deus.
E se alguém deseja um conhecimento profundo de Deus, tal pessoa deve olhar para Jesus, porque “ninguém jamais viu a Deus, mas o Filho único, que mantém comunhão íntima com o Pai, o revelou” (Jo 1.18). Cristo revelou a graça e a verdade de Deus, amor e justiça, justiça e justificação. Conheça seu Deus.
Conheça Deus em Cristo e cante como o salmista (Sl 76.1):
Deus é conhecido/honrado em Judá [meu coração], grande é seu nome em Israel [na minha vida, na vida de minha família].
Esse conhecimento de Deus em Cristo fará toda a diferença, na vida e na morte.
Na próxima mensagem no Salmo 76, Deus permitindo na semana que vem, caminharemos até o final para conhecer um pouco mais do Deus que luta por nós.
S.D.G. L.B.Peixoto
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