08.03.2020
Salmo 76
[Ao regente do coral: salmo de Asafe, para ser acompanhado com instrumentos de cordas.] 1Deus é honrado em Judá, grande é seu nome em Israel. 2Jerusalém é onde ele habita, o monte Sião é seu lar. 3Quebrou ali as flechas flamejantes do inimigo, os escudos, as espadas e as armas de guerra. Interlúdio 4Tu és glorioso e mais majestoso que os montes eternos. 5Os inimigos mais valentes foram saqueados e jazem no sono da morte; nenhum guerreiro foi capaz de levantar as mãos. 6Quando os repreendeste, ó Deus de Jacó, cavalos e cavaleiros ficaram imóveis. 7Não é de admirar que sejas tão temido! Quem pode permanecer diante de ti quando irrompe a tua ira? 8Dos céus pronunciaste tua sentença; a terra estremeceu e se calou. 9Tu te levantaste para julgar, ó Deus, para salvar os oprimidos da terra. Interlúdio 10A rebeldia humana resultará em tua glória, pois tu a usas como arma. 11Façam votos ao SENHOR, seu Deus, e cumpram-nos; todos paguem tributos àquele que deve ser temido. 12Pois ele acaba com o orgulho dos príncipes, e os reis da terra o temem.
O CONHECIMENTO DE DEUS
Semana passada nós começamos a estudar o salmo que acabamos de ler. A nota com a qual terminamos a mensagem foi que o conhecimento de Deus, o conhecimento de Deus em Cristo fará toda a diferença, na vida e na morte. Nesta ocasião, caminharemos até o final para conhecer um pouco mais do Deus que luta por nós. E no final traçarmos algumas implicações para a nossa vida.
1 O DEUS QUE LUTA POR NÓS SE FAZ CONHECIDO
Vimos que Deus não é do tipo que luta por nós e depois se esconde. O Deus que luta por nós se faz conhecido (na luta, no sofrimento). Paulo sabia disto, Filipenses 3:
10Quero conhecer a Cristo e experimentar o grande poder que o ressuscitou. Quero sofrer com ele, participando de sua morte, 11para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dos mortos!
Lembre-se, portanto: há um tipo de conhecimento de Deus e de Cristo que nós só obteremos se participamos do sofrimento e experimentarmos o poder da ressurreição do Senhor. O sofrimento, da perspectiva cristã, não serve apenas para nos tornar melhores, mais santos; serve principalmente para nos fazer conhecer o Senhor. Salmo 119.71:
O sofrimento foi bom para mim, pois me ensinou a dar atenção a teus decretos.
A primeira parte do salmo, nos versículos 1-3, deixa isto muito claro. Leia de novo, com ainda mais atenção, Salmo 76.1-3:
1Deus é honrado [conhecido, percebido, experimentado] em Judá, grande é seu nome em Israel. 2Jerusalém [Salem] é onde ele habita, o monte Sião é seu lar. 3Quebrou ali as flechas flamejantes do inimigo, os escudos, as espadas e as armas de guerra.
Nesses versículos, o salmista nos diz que o povo de Deus conhece a Deus, o que é um privilégio. Não era assim entre as nações: Seus deuses não se faziam conhecidos. Mas o povo de Deus tem o privilégio de conhecer o seu Deus — o conhecimento verdadeiro e salvador de Deus. Um tipo de conhecimento tão perceptível e experiencial que nos faz honrá-lo: “Deus é honrado [conhecido; experimentado com conhecimento]”(v. 1).
Tendo já visto (semana passada) o conhecimento de Deus pela revelação do nome de Deus, vejamos algo mais: as ordenanças e a libertação de Deus como formas de ele a nós se revelar. Leia os versículos 2-3. Aqui nós somos lembrados dessas duas maneiras específicas e pelas quais Deus se faz conhecido:
2Jerusalém [Salém] é onde ele habita [onde está o seu tabernáculo], o monte Sião [Sião é o nome do monte do Senhor, o topo da colina, o lugar alto que Davi havia estabelecido como sua capital] é seu lar [de Yahweh]. 3Quebrou ali as flechas flamejantes do inimigo, os escudos, as espadas e as armas de guerra.
Então, lá, nós vemos Deus se tornando conhecido de duas maneiras: em suas ordenanças e nas libertações.
PRIMEIRO: As ordenanças de Deus. Observe a menção (v. 2): “Onde ele habita [onde está o seu tabernáculo]… é seu lar [morada].” O tabernáculo era o lugar onde Deus manifestou visivelmente sua proximidade e presença no meio de seu povo. Tanto que, quando o tabernáculo foi dedicado, a nuvem da glória do SENHOR desceu sobre ele (Êx 40.34; Nm 9.15) para que o povo de Deus pudesse visivelmente testemunhar o fato de que Deus mesmo, pessoalmente, trilharia com o seu povo todo o caminho pelo deserto até a Terra Prometida. Deus estava no meio deles.
Era, portanto, no tabernáculo que o SENHOR manifestava sua proximidade e se encontrava com seu povo. Não é que o grande Deus do céu e da terra pudesse ser contido naquela pequena tenda, porque, por mais glorioso que o tabernáculo fosse, era basicamente o que era: uma grande tenda, guardadas as proporções, exatamente como a tenda de um xeique de uma tribo nômade do deserto. É verdade que era uma tenda muito grande, era uma boa tenda, era uma tenda ornamentada, uma tenda bonita, mas era apenas uma tenda! E jamais poderia conter o Deus do céu e da terra, mas servia muito bem ao propósito de manifestar ao povo de Deus que Deus mesmo estava bem no meio deles durante a peregrinação através do deserto. Qualquer que fosse a situação pela qual eles passassem, Deus passaria por tudo aquilo com eles.
E aqui o salmista está fazendo o povo de Deus se lembrar que aquele tabernáculo, que uma vez viajou pelo deserto com o povo, ainda está bem no meio deles em Jerusalém, em Sião. Foi Deus mesmo quem ordenou que o tabernáculo fosse construído e mantido. Deus ordenou que assim se fizesse para a manifestação de sua glória, mas também para o conforto e o bem de seu povo, para que eles soubessem que Deus estava gloriosamente sempre perto deles, para que soubessem que eles poderiam encontrar-se com ele, para que soubessem de sua presença entre eles, para que eles o conhecessem.
Hoje não há mais um tabernáculo… não há um tabernáculo feito por mãos de homens. Não, não há. Cristo se fez carne e “montou tabernáculo” — habitou — entre nós (Jo 1.14). Agora, o templo ou tabernáculo da presença de Deus é a Igreja, o povo de Deus, de modo que quando nos reunimos no dia do Senhor em nome de Jesus Cristo para o louvor de sua gloriosa graça, nós nos tornamos casa de Deus, família de Deus, seu tabernáculo, seu templo, a morada de Deus. Por isso a reunião de culto da igreja é uma bênção tão especial, e é por isso que o povo de Deus considera um privilégio reunir-se, porque aqui eles desfrutam da presença de Deus, porque Deus se faz conhecido em suas ordenanças: especialmente pela pregação da palavra de Deus. Ouça, 1Coríntios 14.24-25:
24Mas, se todos vocês estiverem profetizando e descrentes ou pessoas que não entendem essas coisas entrarem na reunião, serão convencidos do pecado e julgados por aquilo que vocês disserem. 25Ao ouvirem, os pensamentos secretos deles serão revelados, e eles cairão de joelhos e adorarão a Deus, declarando: “De fato, Deus está aqui no meio de vocês”.
O Catecismo Maior de Westminster (documento “raiz” das igrejas filhas da Reforma), na pergunta 35: “Como é o pacto da graça administrado no Novo Testamento?”, traz a lúcida instrução:
No Novo Testamento, quando Cristo, a substância, foi manifestado, o mesmo pacto da graça foi e continua a ser administrado na pregação da palavra na celebração dos sacramentos [ou ordenanças] do batismo e da Ceia do Senhor; e assim a graça e a salvação são manifestadas em maior plenitude, evidência e eficácia a todas as nações.
Na pergunta 155: “Como a Palavra se torna eficaz para a salvação?”, o mesmo Catecismo responde sabiamente:
O Espírito de Deus torna a leitura, e especialmente a pregação da Palavra, um meio eficaz para iluminar, convencer e humilhar os pecadores; para lhes tirar toda confiança em si mesmos e os atrair a Cristo; para os conformar à sua imagem e os sujeitar à sua vontade; para os fortalecer contra as tentações e corrupções; para os edificar na graça e estabelecer o seu coração em santidade e conforto mediante a fé para a salvação.
Deus se faz conhecido pelas ordenanças, na reunião de seu povo reunido para ouvir a pregação da palavra de Deus centrada no evangelho de Cristo e para celebrar as ordenanças do batismo e da ceia do Senhor.
SEGUNDO: Deus também se faz conhecido em suas libertações. Observe como o salmista, no Salmo 76.3, fala de Deus quebrando “ali [em Salém] as flechas flamejantes do inimigo, os escudos, as espadas e as armas de guerra”. O povo de Deus podia olhar e ver como Deus os libertou milagrosamente, e nisso, na ação poderosa de libertação, eles ouvem e vêem Deus se fazer conhecido.
E assim Deus se faz conhecido: em suas ordenanças e em suas libertações. Hoje, podemos não ter libertações como os filhos de Israel tiveram com Senaqueribe, registrados para nós em Isaías 37; hoje, provamos e vimos a grande libertação do Senhor, por meio de Jesus Cristo, conforme Paulo escreveu aos Colossenses (1.13-14, ARA):
13Ele [Cristo] nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, 14no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.
Essa libertação nos trouxe a paz: paz com Deus (Rm 5.1), paz de Deus (Fl 4.7) e paz com os irmãos (Ef 6.23). E assim, da mesma forma que o salmista chamou o lugar onde Deus habita com seu povo de Salém (Paz, Sl 76.2), atestando o que Deus conquistou e assegura para seu povo — a paz deles, nós também podemos dizer: Cristo é a nossa paz.
Deus se revelou a nós em Cristo, ele se revela a nós na comunhão do corpo de Cristo e também pela libertação que provamos em Cristo e, desde então, temos provado pelo poder do Espírito Santo. O Deus que luta por nós se faz conhecido.
2 O DEUS QUE LUTA POR NÓS É IMUTÁVEL E PODEROSO
A segunda parte do Salmo 76, nós veremos agora nos versículos 4-6, lembra-nos que o povo de Deus pode seguir confiante em Deus para libertá-los e levá-los em paz, até entrarem na posse do reino que nos está preparado desde a fundação do mundo (Mt 25.34). Por quê? O caráter de Deus não muda e seu poder é inigualável. Versículos 4-6:
4Tu és glorioso e mais majestoso que os montes eternos. 5Os inimigos mais valentes foram saqueados e jazem no sono da morte; nenhum guerreiro foi capaz de levantar as mãos. 6Quando os repreendeste, ó Deus de Jacó, cavalos e cavaleiros ficaram imóveis.
Essas verdades sobre o SENHOR concedem ao povo de Deus consolo, pois seu povo sabe que o seu SENHOR é maior que os seus inimigos. Nos versículos que nós acabamos de ler, o salmista celebra esta verdade: nenhum agressor é páreo para Deus. Não há problemas, enfermidades ou inimigos que sejam páreos para Deus.
Deus sempre esteve com seu povo, libertando-o. Deus libertou seu povo nos dias de Moisés, lançando cavalos e cavaleiros no mar; Deus libertou Davi de todos os seus inimigos — em 2Samuel 5 e 7 nós lemos que Deus deu a Davi descanso de todos os seus adversários. E então Deus libertou Ezequias (e Judá). Está em Isaías 37, o capítulo todo, mas veja comigo apenas o final de tudo, como resposta à oração de Ezequias (Is 37.1-7), rei de Judá que estava cercado pelas tropas do rei assírio (Is 37.36-38):
36Naquela noite, o anjo do SENHOR foi ao acampamento assírio e matou 185 mil soldados assírios. Quando os sobreviventes acordaram na manhã seguinte, encontraram cadáveres por toda parte. 37Então Senaqueribe, rei da Assíria, levantou acampamento e partiu para sua terra. Voltou para Nínive e ali ficou. 38Certo dia, enquanto ele adorava no templo de seu deus Nisroque, seus filhos Adrameleque e Sarezer o mataram à espada. Fugiram para a terra de Arate, e outro filho, Esar-Hadom, se tornou seu sucessor na Assíria.
Repetidas vezes na história, Deus libertou milagrosamente seu povo, e eles aprenderam que nenhum agressor é páreo para Deus. Nenhum inimigo do povo de Deus é páreo para ele, e essa confiança faz com que o povo de Deus descanse com fé em suas promessas de ajudá-los em seu tempo de necessidade, porque o povo de Deus sabe que ele não muda, e seu poder não muda. E assim confiamos nele, não importa o que enfrentemos. Nada poderá nos separar do amor de Deus em Cristo Jesus.
3 O DEUS QUE LUTA POR NÓS É SOBERANO
A soberania de Deus é um dos assuntos mais doces e ao mesmo tempo, infelizmente, mais amargos da Bíblia. Enquanto, para alguns, saber que Deus faz todas as coisas para o louvor de sua gloriosa graça em Jesus traz regozijo, para outros causa revolta. Em todo caso, como diz o salmista, até a rebeldia humana redundará em glória para Deus. Ouça o que diz a terceira parte desse salmo, versículos 7-10:
7Não é de admirar que sejas tão temido! Quem pode permanecer diante de ti quando irrompe a tua ira? 8Dos céus pronunciaste tua sentença; a terra estremeceu e se calou. 9Tu te levantaste para julgar, ó Deus, para salvar os oprimidos da terra. Interlúdio 10A rebeldia humana resultará em tua glória, pois tu a usas como arma.
John Piper, argumentando pela soberania de Deus, proclamou de forma irretocável:
Regozijo-me com a soberania de Deus porque ele a exerce em todas as coisas para preservar a si mesmo como meu maior tesouro.
Preservar a si mesmo como, por exemplo, ele se revela ao longo de todo esse nosso salmo: imutável, poderoso, libertador, justo e, ao mesmo tempo, amorosamente presente com o seu povo. Saber dessas coisas faz seu povo se regozijar (ter prazer) em temer o seu nome (v. 7, NVT = Ne 1.11, ARA):
7Não é de admirar que sejas tão temido! Quem pode permanecer diante de ti quando irrompe a tua ira?
Ne 1.11Ah! Senhor, estejam, pois, atentos os teus ouvidos à oração do teu servo e à dos teus servos que se agradam de temer o teu nome;
Deus tem a palavra final sobre todas as coisas (v. 8):
8Dos céus pronunciaste tua sentença; a terra estremeceu e se calou.
Deus age e agirá para salvar seu povo, julgando o justo e o pecador (v. 9):
9Tu te levantaste para julgar, ó Deus, para salvar os oprimidos da terra.
Veja, portanto, que o julgamento de Deus será também salvação para o seu povo, e este versículo descreve a terra em estado de espanto, à medida que Deus justifica seu povo. O mundo fica pasmo quando Deus se levanta para julgar, salvando e recompensando seu povo, vindicando seu povo ante seus inimigos.
E assim, Deus será glorificado até mesmo na ira dos homens (v. 10):
10A rebeldia humana resultará em tua glória, pois tu a usas como arma.
Percebeu?
Até a ira dos incrédulos contra Deus lhe trará louvor. A imagem é do julgamento de Deus contra os ímpios, e penso que muitos de nós (imaginando o dia da ira do nosso Deus) costumam se perguntar como será essa cena. Como será? Você sabe?
Alguns certamente pensam que os ímpios e os incrédulos ficarão penitentes ao se colocarem diante do trono do julgamento e perceberem que estavam errados. Vão se arrepender e dizer que deveriam ter seguido o único Deus verdadeiro, e que agora uma eternidade de separação desse Deus os aguarda. Todos, de repente, bonzinhos e arrependidos, mas será tarde de mais. Não é mesmo? Você pensa assim?
Muitos realmente acreditam que os pagãos ficarão de repente penitentes. Vão se arrepender. Ficarão desesperados. Serão tomados de tristeza por se darem conta, só que tarde demais, que eles não adoraram o único Deus verdadeiro. Não é mesmo? Não é assim que muitos pensam? Você pensa assim?
No entanto, a imagem do livro do Apocalipse é a dos ímpios diante do grande trono de Deus e rangendo os dentes contra ele com raiva, rebelando-se contra ele, mesmo contra a manifestação aberta e evidente de sua soberania. Por exemplo, Apocalipse 11:
16Os 24 anciãos que estavam sentados em seus tronos diante de Deus se prostraram com o rosto em terra e o adoraram, 17dizendo: “Nós te agradecemos, Senhor Deus, o Todo-poderoso, que és e que eras, pois agora assumiste teu grande poder e começaste a reinar. 18As nações se enfureceram, mas agora chegou o tempo de tua ira. É tempo de julgar os mortos e de recompensar teus servos, os profetas, assim como teu povo santo e todos que temem o teu nome, desde os pequenos até os grandes. É tempo de destruir todos que causaram destruição na terra”.
Deus será glorificado na ira dos pecadores, pois vindicará os justos e aplicará justiça aos enfurecidos que viveram no pecado, orgulhando-se de sua incredulidade, rebelião e destruição na terra. Portanto, esteja certo de que Deus é soberano e de que até a ira dos incrédulos contra Deus lhe trará louvor, e o salmista nos lembra disso (Sl 76.7):
10A rebeldia humana resultará em tua glória, pois tu a usas como arma [para aplicar justiça].
4 O DEUS QUE LUTA POR NÓS É HONRADO
Face ao justo julgamento de Deus contra seus inimigos, à luz da vindicação de Deus ao seu povo santo, o que devemos fazer, nós o seu povo? Bem, o salmista nos diz nos versículos 11-12:
11Façam votos ao SENHOR, seu Deus, e cumpram-nos; todos paguem tributos àquele que deve ser temido. 12Pois ele acaba com o orgulho dos príncipes, e os reis da terra o temem.
A resposta do povo de Deus a esse grande julgamento divino e à vitória que Deus mesmo prometeu lhes dar é viver em pacto com Deus e trazer louvores ao seu nome. Pactuar-se com Deus e render-lhe louvores confirmam que o povo de Deus reconhece que tudo o que eles têm vem de Deus, e assim uma parte do que eles têm é devolvida a Deus (vida, dízimos e ofertas — 2Co 8.1-5), na confiança de que Deus cumpriu e cumprirá suas promessas a eles. Hebreus 13.5-6:
5Não amem o dinheiro; estejam satisfeitos com o que têm. Porque Deus disse: “Não o deixarei; jamais o abandonarei”. 6Por isso, podemos dizer com toda a confiança: “O Senhor é meu ajudador, portanto não temerei; o que me podem fazer os simples mortais?”. [Cumprirei os meus votos. Trarei meus presentes a Deus.]
Não estamos falando da estratégia astuta (e maligna) de alguns que querem que você faça um voto e envie, por exemplo, mil reais a eles, e certamente você ganhará 30, 60, 100 vezes mais que esse seus mil reais. Dizem: Faça o voto. Cumpra o voto. Deus lhe recompensará. Um desses disse assim: 100 mil de vocês contribuindo com 300 reais. Oras, isso dá 30 milhões! A promessa era de que tal pregador oraria pela bênção em troca.
Não é disto que nós estamos falando, pois o que de fato é dito ao povo de Deus é que se viva em aliança com Deus e se traga a ele os seus louvores (coração, contribuição e cuidado do próximo com alegria), mas em reconhecimento ao fato de que tudo o que temos foi Deus quem nos deu, e em reconhecimento ao fato de que Deus prometeu abençoar-nos, atendendo nossas orações, por causa da misericórdia dele; sabendo que Deus ama quem dá com alegria.
Dízimos e ofertas sempre fez e ainda faz parte da adoração do povo de Deus. Quando dizimamos para a manutenção da obra de Deus, quando ofertamos para o avanço missionário, quando doamos para reformas e manutenção da igreja e quando ajudamos aqueles que precisam estamos fazendo em obediência, com alegria e em resposta à grandeza da vitória que Deus conquistou em nosso favor.
O Deus que luta por nós é honrado: seu povo foi liberto pelo seu poder, não é mais escravo do amor ao dinheiro, da fama e do poder, como o são os príncipes e reis orgulhosos desta terra (Sl 76.12); seu povo vive em aliança, pactuado com ele e uns com os outros na congregação dos santos, e responde com louvor e generosidade para a glória e honra do nome de seu Deus (Sl 76.11). Ouça, mais uma vez:
11Façam votos ao SENHOR, seu Deus, e cumpram-nos; todos paguem tributos àquele que deve ser temido. 12Pois ele acaba com o orgulho dos príncipes, e os reis da terra o temem.
O DEUS QUE LUTA POR NÓS
Este Salmo é, ao cabo de tudo, sobre conhecer a Deus; sobre conhecer o Deus que luta por nós e a maneira que ele a nós se revelou: seu nome, suas ordenanças, suas libertações, sua soberania e seu justo julgamento; e aqueles que conhecem a Deus desejam honrar esse Deus: adorando-o, louvando-o, entregando-lhe de volta com alegria tudo o que ele lhes deu, demonstrando assim que são livres, e não escravos, como o são os poderosos e orgulhosos desse mundo.
Sabendo que Deus luta por nós, faço-lhes três aplicações/exortações:
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