14.03.2021
[Salmo 87] Cântico; salmo dos descendentes de Corá. 1No monte santo está a cidade fundada pelo SENHOR. 2Ele ama a cidade de Jerusalém, mais que qualquer outro lugar em Israel. 3Ó cidade de Deus, que coisas gloriosas são ditas a seu respeito! Interlúdio 4Incluirei o Egito e a Babilônia entre os que me conhecem, também a Filístia e Tiro, e até a distante Etiópia; ali todos se tornaram seus cidadãos! 5A respeito de Jerusalém se dirá: “Ali todos desfrutam os direitos de cidadãos”, e o próprio Altíssimo abençoará a cidade. 6Quando o SENHOR registrar as nações, dirá: “Ali todos se tornaram seus cidadãos!”. Interlúdio 7O povo tocará flautas e cantará: “A fonte de minha vida brota de Jerusalém!”.
Não é preciso ser um cientista social ou especialista nalgum campo de estudos da área de humanas para discernir, pelo menos da superfície dos fatos, que as pessoas sabem que a paz mundial tão almejada é o resultando de uma verdadeira fraternidade de pessoas e de nações, e que por isso é boa e pelo que vale a pena batalhar. Muitos – coletiva ou individualmente – expressam há tempos esse sentimento.
Pegue a Revolução Francesa (1789–1799) – período de intensa agitação política e social na França, que teve um impacto duradouro na história do país e, mais amplamente, em todo o continente europeu e o mundo – tão profundo e duradouro foi o seu impacto que a era moderna tem-se desdobrado na sombra dos ideais conquistados pela Revolução Francesa (para o bem e para o mal). –– Exemplo: o crescimento das repúblicas e das democracias liberais ou constitucionais ao redor do mundo, a difusão do secularismo, o desenvolvimento das ideologias contemporâneas e a invenção da guerra total teve o seu nascimento durante a Revolução. –– Pois bem, fruto dela, a sociedade francesa passou por uma transformação épica, quando monarquia, privilégios feudais, aristocráticos e religiosos evaporaram-se sob o ataque sustentado de grupos políticos radicais, das massas nas ruas e de camponeses na região rural do país. Por quê?
Antigos ideais da tradição, hierarquia de monarcas, nobreza e Igreja Católica foram abruptamente derrubados pelos novos princípios de Liberté, Égalité, Fraternité (liberdade, igualdade e fraternidade). Percebeu? Se correta ou não a intenção dos revolucionários franceses, não é propósito nosso discutir esse teor neste sermão, a bem da verdade é que de algum modo se cria que a paz das nações e a felicidade dos cidadãos é fruto de fraternidade, dentre outras coisas.
Sócrates, no período clássico da Grécia Antiga (c. 400 a.C.), expressou a ideia de paz mundial e de uma verdadeira fraternidade de pessoas e de nações quando se autodenominou “um cidadão do mundo”. Os filósofos conhecidos como Estóicos (séc. III a.C.) sonhavam abertamente com uma irmandade mundial de povos. Roma chegou a impor um tipo duro de unidade pela força de suas armas.
Recentemente, a visão de paz mundial e de fraternidade de pessoas foi incorporada em sonhos como a proposta fracassada de paz de Woodrow Wilson, após o fim da Primeira Guerra Mundial e que deu origem à Liga das Nações ou Sociedade das Nações (1919–1946). Em seguida, com o fim da Segunda Guerra Mundial, veio a ONU – Organização das Nações Unidas: criada para promover a cooperação internacional, com a intenção de impedir outro conflito daquela proporção. Hoje há até quem apregoe uma Nova Ordem Mundial para se criar um sentimento de fraternidade e uma visão de mundo compartilhada entre os povos.
No entanto, fraternidade, irmandade, união, amor ou harmonia não acontece tão natural ou facilmente do jeito que se defende, como testemunham as sangrentas e tantas e tantas guerras da história, antigas e modernas – sejam lá com quais armas forem (de mísseis teleguiados à matérias televisivas, das várias armas de fogo aos vírus mais fulminantes). Na prática, o que de fato acontece é que a maioria das nações ou dos indivíduos (cada qual com sua ideologia) deseja alcançar a unidade pela conquista, tentando forçar os outros a um governo abrangente: o seu próprio. Até os antigos judeus pensavam assim (e muitos ainda hoje pensam assim, judeus e cristãos dispensacionalistas igualmente). Eles esperavam (e esperam) o dia em que os inimigos de Israel seriam(serão) subjugados e colocados sob o domínio de direito do próprio rei escolhido por Deus em Sião (onde está localizada a cidade santa, Jerusalém).
Além de fraternidade e de paz, as pessoas estão sedentas de felicidade e de prazer. É tanto que, e eu tenho dito isto já faz muito tempo, as agencias publicitárias não vendem mais produtos (arroz, feijão, macarrão, sabão em pó etc.). O que se vende hoje é promessa de felicidade. Supermercado não é mais lugar de se fazer compras, é “lugar de gente feliz”. A pergunta que se faz ao cliente deixou de ser “O que você precisa para a sua casa?”, e passou a ser “O que faz você feliz?”. Felicidade deixou de ser um resultado do modo de se viver contente e passou a ser produto de reposição acompanhado de, sei lá!, margarina, pasta dental, barra de chocolate etc.
Você duvida?
Permita-me te contar que a campanha publicitária de uma grande rede de supermercados no Brasil, em 2014, pretendeu ampliar o engajamento e dar voz ao consumidor para que ele mesmo dissesse o que o fazia feliz (e não o que ele mais precisava). Na campanha do ano anterior, visando engajar o cliente com o tema da campanha, eles haviam questionado as pessoas sobre a felicidade. Na nova campanha, eles decidiram tornar o conceito mais tangível, mostrando o que o consumidor fazia em busca da felicidade em seu dia a dia. Desse modo, a peça publicitária mostrou personagens encontrando sua alegria nas coisas simples da vida, como o prazer de comer e ter uma vida saudável, e – veja bem! – sempre na companhia de pessoas igualmente sorridentes ao lado delas – fosse no parque com os filhos, fosse em casa com os amigos, fosse à mesa com a família reunida –, e na propaganda eles cantarolavam trechos de uma música “Pra ser feliz?”, contagiando os demais, e formando ao final um grande coro.
De fato, a felicidade é fruto de coisas simples que desfrutamos em fraternidade, ao lado de pessoas que amamos. E quando estamos felizes nós nos expressamos, geralmente, cantando, cantarolando ou assobiando. MAS a felicidade não é um produto de reposição que vem acompanhado de um produto adquirido. Essa sensação que temos ao comprar ou abrir uma mercadoria (ou qualquer pacote) é um prazer passageiro, não é felicidade. A felicidade tão desejada é um dom de Deus, um fruto do Espírito.
Tanto a felicidade como a fraternidade são temas do texto que nós temos em tela.
À primeira vista, o pequeno Salmo 87 parece obscuro e pouco importante; na verdade, a maioria dos comentaristas o consideram problemático, dizem que é por causa de sua brevidade, idéias aparentemente desconexas e falta de estrutura. Entretanto, a compreensão desta passagem bíblica é rapidamente obtida quando se presta a devida atenção ao seu núcleo teológico – que é Sião, o mote da cidade gloriosa de Deus; gloriosa não apenas pelos vários eventos que lá aconteceram (dos quais ela foi palco), mas pelo cumprimento do plano divino para ela como casa espiritual dos crentes das nações. Em outras palavras, a cidade de Deus foi o centro da vida de Israel, mas se tornou e, eventualmente, será estabelecida para sempre como a cidade de todos os salvos em Cristo.
Alguns de nossos cânticos cristãos falam de Sião. Um deles, lançado em 2001, diz “quero subir ao monte santo de Sião” (Diante do Trono). O cristão não deve querer. Se é para subir a um monte, vamos ao Calvário. Como lugar de culto, o Sião acabou. Não há mais templo, Deus não mora no monte, mas na comunhão da igreja dos cristãos. Poética e profeticamente, Sião simboliza a Igreja:
Hebreus 12.22-24 22Vocês, porém, chegaram ao monte Sião [então, como querer subir ao monte santo de Sião se em Cristo nós já chegamos ao monte Sião?], à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, aos incontáveis milhares de anjos em alegre reunião, 23à congregação dos filhos mais velhos, cujos nomes estão escritos no céu, e a Deus, que é juiz de todos, aos espíritos dos justos no céu, agora aperfeiçoados, 24a Jesus, o mediador da nova aliança, e ao sangue aspergido, que fala de coisas melhores do que falava o sangue de Abel.
Paremos de falar do Sião, como se ainda aguardássemos o Messias. Falemos da Igreja, que o monte realmente simboliza, já que somos cristãos. Os cânticos, neste sentido, não podem ter apenas palavras bíblias descontextualizada com ritmo e letra fácil para ser decorada. Precisam ter conteúdo correto – sã doutrina. O Salmo 87 fala da alegria de Deus por sua morada em Sião, mas ele não mora mais lá. Mora na Igreja:
João 4.21-24 21Jesus respondeu: “Creia em mim, mulher, está chegando a hora em que já não importará se você adora o Pai neste monte ou em Jerusalém. 22Vocês, samaritanos, sabem muito pouco a respeito daquele a quem adoram. Nós adoramos com conhecimento, pois a salvação vem por meio dos judeus. 23Mas está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. O Pai procura pessoas que o adorem desse modo. 24Pois Deus é Espírito, e é necessário que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”.
1Coríntios 3.16-17 16Vocês [a igreja reunida em Corinto] não entendem que são o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês [individualmente e na igreja]? 17Deus destruirá quem destruir seu templo. Pois o templo de Deus é santo, e vocês são esse templo.
Hebreus 3.5-6 5Por certo, Moisés foi fiel como servo na casa de Deus, e seu trabalho ilustrou verdades que seriam mais tarde reveladas. 6Mas Cristo, como Filho, é responsável por toda a casa de Deus; e nós somos a casa de Deus, se nos mantivermos corajosos e firmes em nossa esperança gloriosa.
1Pedro 2.4-6 4Vocês têm se aproximado de Cristo, a pedra viva. As pessoas o rejeitaram, mas Deus o escolheu para lhe conceder grande honra. 5E vocês também são pedras vivas, com as quais um templo espiritual é edificado. Além disso, são sacerdotes santos. Por meio de Jesus Cristo, oferecem sacrifícios espirituais que agradam a Deus. 6Como dizem as Escrituras: “Ponho em Sião uma pedra angular, escolhida para grande honra; quem confiar nela jamais será envergonhado”.
A Igreja, habitada pelo Espírito Santo, é o verdadeiro templo de Deus – a cidade de Deus, a verdadeira Sião que hoje está representada nas igrejas locais e que um dia virá do céu da parte de Deus:
Apocalipse 21.2 “E vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, como uma noiva belamente vestida para seu marido.”
Apocalipse 21.10 Ele me levou no Espírito até um grande e alto monte e me mostrou a cidade santa, Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus.
À luz disto, o que o Salmo 87 nos mostra?
Este salmo reflete o espírito profético de Isaías. Na verdade, pode ser visto como cantando sua profecia de Isaías 2.1-4, onde se fala das glórias de Sião na era messiânica e como isso atrairia as nações do mundo e traria a paz universal – ou seja, promoveria a verdadeira fraternidade e proporcionaria a real felicidade. Ouça o profeta:
Isaías 2.1-4 1Esta é uma visão que Isaías, filho de Amoz, teve acerca de Judá e Jerusalém: 2Nos últimos dias, o monte da casa do SENHOR será o mais alto de todos. Será elevado acima de todos os outros montes, e povos de todo o mundo irão até lá para adorar. 3Gente de muitas nações virá e dirá: “Venham, vamos subir ao monte do SENHOR, à casa do Deus de Jacó. Ali ele nos ensinará seus caminhos, e neles andaremos”. Pois a lei do SENHOR sairá de Sião; sua palavra virá de Jerusalém. 4O SENHOR será mediador entre os povos e resolverá os conflitos das nações. Os povos transformarão suas espadas em arados e suas lanças em podadeiras. As nações deixarão de lutar entre si e já não treinarão para a guerra.
Fundamentado nesta esperança, os descendentes de Corá colocaram em versos e acordes a glória da Igreja, a verdadeira Sião, produto da pregação universal do evangelho de Jesus Cristo. Desse modo, o Salmo 87 descreve o lugar de gente verdadeiramente fraterna e realmente feliz. O que se aprende neste texto maravilhoso? Aprendemos sobre:
[1] O lugar feliz (vs. 1-3)
[2] Os habitantes do lugar feliz (vs. 4-6)
[3] A felicidade do lugar (v. 7)
Você sabe e eu não preciso te dizer: toda vez que buscamos um lugar para morar nós vamos atrás de algumas coisas que nos garantam a felicidade: boa-vizinhança (fraternidade), segurança, área verde, espaço, acessibilidade etc. Outra coisa: se você, por exemplo, tiver a chance de escolher uma cidade para morar, certamente buscará uma cidade cujo IDH (Índice de Desenvolvimento Urbano) esteja acima da média, ou seja: haja oferta de trabalho, boa educação e cultura, segurança e saúde de qualidade, gastronomia de qualidade, custo de vida baixo, clima bom, muito verde etc. Hoje, pelo que dizem, seria Viena, na Áustria.
A bem da verdade: buscamos ser felizes nos lugares onde moramos. Mas o que, de fato, torna um lugar feliz para se viver? O Salmo 87, na sua primeira parte, ao traçar as três características principais de Sião, a cidade de Deus, descreve o que há na fundação do lugar feliz. Ouça:
1No monte santo está a cidade fundada pelo SENHOR. 2Ele ama a cidade de Jerusalém, mais que qualquer outro lugar em Israel. 3Ó cidade de Deus, que coisas gloriosas são ditas a seu respeito! Interlúdio
NOTE:
Em primeiro lugar, DEUS É O FUNDADOR DESTA CIDADE – “No monte santo está a cidade fundada pelo SENHOR.” (v. 1) Não havia nada de maravilhoso no solo, na paisagem ou na posição de Sião, era simplesmente que Deus estava lá, habitava com eles naquele lugar; logo, o SENHOR é que tornava aquele local sagrado; a presença dele, não a montanha em si, é que o tornava santo ou separado, incomparável. Em outras palavras, a cidade está fundada no próprio Deus – ele é sua fundação, força, formosura e felicidade – dele é que flui a fraternidade (vs. 4-6) e ele é a fonte da felicidade (v. 7).
Em segundo lugar, O AMOR DE DEUS É A RAZÃO DE EXISTIR DESTA CIDADE. Se a pergunta for levantada: “Por que Deus escolheu morar lá e em nenhum outro lugar?”, a resposta é simplesmente que ele escolheu amá-la e morar com seu povo naquele lugar. Ponto final. Versículo 2: “Ele ama a cidade de Jerusalém, mais que qualquer outro lugar em Israel.” Para deixar ainda mais claro que o motivo do amor está em Deus mesmo (eleição incondicional), e não no objeto do amor, veja o que disse Moisés:
Deuteronômio 7.6-8 6Vocês são um povo santo que pertence ao SENHOR, seu Deus. Dentre todos os povos da terra, o SENHOR, seu Deus, os escolheu para serem sua propriedade especial. 7“O SENHOR não se afeiçoou a vocês nem os escolheu por serem mais numerosos que outras nações, pois vocês eram a menor de todas as nações! 8Antes, foi simplesmente porque o SENHOR os amou e foi fiel ao juramento que fez a seus antepassados. Por isso o SENHOR os libertou com mão forte da escravidão e da opressão do faraó, rei do Egito.
No Novo Testamento, Paulo deixou também muito claro que a razão de a igreja existir (ou porque Deus ama aqueles que ele salva em Cristo) não é outra senão a graça soberana do SENHOR – o amor que ele decidiu repartir:
Efésios 2.3-6 e 8-9 4Mas Deus é tão rico em misericórdia e nos amou tanto 5que, embora estivéssemos mortos por causa de nossos pecados [seguindo nossas próprias paixões, o comando do diabo e os prazeres deste mundo, vs. 1-3], ele nos deu vida juntamente com Cristo. É pela graça que vocês são salvos! 6Pois ele nos ressuscitou com Cristo e nos fez sentar com ele nos domínios celestiais, porque agora estamos em Cristo Jesus. […] 8Vocês são salvos pela graça, por meio da fé. Isso não vem de vocês; é uma dádiva de Deus. 9Não é uma recompensa pela prática de boas obras, para que ninguém venha a se orgulhar.
Então, Deus é o fundador desta cidade e o seu amor é a razão de ela existir, mas tem algo mais sobre este lugar feliz:
Em terceiro lugar, DEUS DIZ COISAS GLORIOSAS SOBRE A CIDADE – versículo 3: “Ó cidade de Deus, que coisas gloriosas são ditas a seu respeito!” Deus se regozija de amor pelo seu povo, fruto de sua graça soberana, e fala dessas coisas aos seus amados:
Sofonias 3.16-17 16Naquele dia, se anunciará em Jerusalém: “Anime-se, ó Sião! Não tenha medo! 17Pois o SENHOR, seu Deus, está em seu meio; ele é um Salvador poderoso. Ele se agradará de vocês com exultação e acalmará todos os seus medos com amor; ele se alegrará em vocês com gritos de alegria!”.
Os moradores de Sião, a Igreja do Deus vivo, os eleitos de Deus são reanimados com a presença de Deus entre eles, fortalecidos pelo poder de Deus em favor deles e revigorados pela alegria de Deus na vida deles, com divino júbilo de alegria.
Este, portanto, é o lugar feliz: Sião, a cidade de Deus, a Igreja de Jesus Cristo. Estas são as bençãos de quem habita este lugar, de quem pertence à igreja do SENHOR:
[1] Deus mesmo é o seu fundamento (não é nossa própria força ou coisa qualquer);
[2] o amor de Deus é a motivação de Deus (não o nosso desempenho);
[3] a palavra de Deus é o seu prazer (não as vozes deste mundo perdido, do coração corrompido ou das mentiras do diabo).
É verdade também, como diz a ARA no versículo 2, que o SENHOR ama “as habitações todas de Jacó”, mas ele, o SENHOR, “ama as portas de Sião mais do que as” outras habitações. Em outras palavras: embora Deus esteja em todos os lugares e ouça orações feitas em nome de Jesus em casas particulares (habitações todas de Jacó), ele escolheu Jerusalém (a assembleia da Igreja) como lugar primário para os seus adoradores encontrarem sua glória e desfrutarem de sua doce presença na fraternidade dos salvos em Jesus Cristo. Esse lugar, a igreja, é o lugar de gente feliz.
Vimos o lugar feliz, o que o torna feliz: Deus mesmo, o amor de Deus e a palavra de Deus (vs. 1-3). Até aqui, o salmista, inspirado por Deus, falou. Agora Deus mesmo falará por si; então, nada mais que apropriado do que um silêncio reverente ao final do versículos 3 (Selah) antes do próximo parágrafo (vs. 4-6). Ouça:
Interlúdio 4Incluirei [no lugar feliz] o Egito e a Babilônia entre os que me conhecem, também a Filístia e Tiro, e até a distante Etiópia; ali todos se tornaram seus cidadãos! 5A respeito de Jerusalém se dirá: “Ali [no lugar feliz] todos desfrutam os direitos de cidadãos”, e o próprio Altíssimo abençoará a cidade. 6Quando o SENHOR registrar as nações, dirá: “Ali todos se tornaram seus cidadãos!”.
Lemos aqui sobre os habitantes do lugar feliz. Você percebeu?
Habitarão em Sião, a cidade de Deus: Egito, Babilônia, Filístia, Tiro e Etiópia – todos incluídos por iniciativa do próprio Deus: “Incluirei” (v. 4); todos declarados cidadãos por Deus mesmo e tidos como herdeiros por direito de nascimento; e todos igualmente abençoados por Deus (v. 5); nenhum deles perderá seus direitos, pois foram registrados pelo próprio Deus e agora são tidos como quem tem direitos inalienáveis (v. 6).
Outra coisa:
Nenhum desses povos conheciam Deus, tampouco o invocavam como Deus único e verdadeiro. Daí a indignação do salmista em Salmos 79.6: “Derrama tua fúria sobre as nações que não te reconhecem, sobre os reinos que não invocam teu nome.” Mas Deus é tão rico em misericórdia que os incluiu assim mesmo entre os cidadãos por direito de nascimento de Sião, isto é, pela graça, por meio da fé em Cristo, o Messias prometido de Israel. Desse modo, aqui está Deus revelando seu propósito global: incluir ao lado de Israel outros povos, tribos, línguas e nações do mundo para chamar de seu próprio povo. Dito de outro modo: apesar de seu amor especial por Israel, Deus incluirá pessoas de outras nações também (gentios), até mesmo seus inimigos mais implacáveis: Egito, seu grande carrasco; Babilônia, sua grande conquistadora; Filístia, a mais persistentemente hostil de todos os vizinhos; Tiro, uma fonte poderosa de riqueza e de matéria prima; até a Etiópia (Cuxe), representando as nações mais pagãs estaria incluída na cidade de Deus.
NOTE:
Vimos o lugar feliz (vs. 1-3) e os habitantes do lugar feliz (vs. 4-6); agora, no último versículo do salmo, veremos a felicidade do lugar (v. 7):
Interlúdio O povo tocará flautas e cantará: “A fonte de minha vida brota de Jerusalém!”.
Este versículo mostra que os povos todos reunidos em Sião – judeus e gentios – não são forçados a adorar a Deus, mas o fazem livremente e com alegria de coração. Eles fazem música, tocam e cantam, como todos nós fazemos quando estamos felizes.
Qual é o tema da música deles?
É a graça de Deus. A novidade e o frescor que encontraram, tornando-se filhos de Deus, depois da loga estrada de aridez do paganismo, da monotonia do materialismo, da escravidão dos ídolos, da opressão da religiosidade, da trilha errada da mente e coração enganosos dos homens… após essa longa saga de alta paga, acharam em Deus (ou foram achados por Deus e trazidos a) uma fonte de vida que não para de brotar com frescor. Deus mesmo é esta fonte que brota e nos faz compor, tocar e cantar de alegria:
Isaías 43.18-21 18“Esqueçam tudo isso, não é nada comparado ao que vou fazer. 19Pois estou prestes a realizar algo novo. Vejam, já comecei! Não percebem? Abrirei um caminho no meio do deserto, farei rios na terra seca. 20Os animais selvagens nos campos me glorificarão, e também os chacais e as corujas, por lhes dar água no deserto. Sim, farei rios na terra seca, para que meu povo escolhido se refresque. 21Formei este povo para mim mesmo; um dia, ele me honrará perante o mundo.
E Deus de fato abriu esse caminho, em Jesus:
João 7.37-39 37No último dia, o mais importante da festa, Jesus se levantou e disse em alta voz: “Quem tem sede, venha a mim e beba! 38Pois as Escrituras declaram: ‘Rios de água viva brotarão do interior de quem crer em mim’”. 39Quando ele falou de “água viva”, estava se referindo ao Espírito que seria dado mais tarde a todos que nele cressem. Naquela ocasião o Espírito ainda não tinha sido dado, pois Jesus ainda não havia sido glorificado.
À mulher samaritana, o Senhor Jesus declarou:
João 4.13-14 13Jesus respondeu: “Quem bebe desta água logo terá sede outra vez, 14mas quem bebe da água que eu dou nunca mais terá sede. Ela se torna uma fonte que brota dentro dele e lhe dá a vida eterna”.
A felicidade do lugar – de Sião, da cidade de Deus, do povo de Deus está em Deus mesmo, em Cristo (quem ele é, fez e fará); e isto faz as gentes de todas as nações verdadeiramente se unirem em fraternidade e felicidade, tocando flautas e cantando um novo cântico:“A fonte de minha vida brota de Jerusalém!”, é Cristo o SENHOR!
Cristo é a felicidade do lugar.
Supermercado não é lugar de gente feliz (nem shopping), é lugar aonde as pessoas vão comprar, é lugar de gente que está com falta de alguma coisa lá em casa, na casa delas. É bem verdade que muita gente busca felicidade consumindo, mas nunca a achará.
Outra coisa tão procurada desde sempre, além da felicidade, a paz mundial – a paz mundial tão almejada é sim o resultando de uma verdadeira fraternidade de pessoas e de nações. ENTRETANTO, essa fraternidade só é possível em Cristo Jesus, na igreja, na vida em comunhão. Portanto, mais do que em qualquer outra instituição, a solução definitiva para o mundo é a igreja de Jesus Cristo:
CONSIDERAÇÕES:
Apocalipse 19.6-9 6Em seguida, ouvi outra vez algo semelhante ao som do clamor de uma grande multidão, como o som de fortes ondas do mar, como o som de violentos trovões: “Aleluia! Porque o Senhor, nosso Deus, o Todo-poderoso, reina. 7Alegremo-nos, exultemos e a ele demos glória, pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e sua noiva já se preparou. 8Ela recebeu um vestido do linho mais fino, puro e branco”. Porque o linho fino representa os atos justos do povo santo. 9E o anjo me disse: “Escreva isto: Felizes os que são convidados para o banquete de casamento do Cordeiro”. E acrescentou: “Essas são as palavras verdadeiras de Deus”.
S.D.G. L.B.Peixoto
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