13.06.2021
[Salmo 91] 1Aquele que habita no abrigo do Altíssimo encontrará descanso à sombra do Todo-poderoso. 2Isto eu declaro a respeito do SENHOR: ele é meu refúgio, meu lugar seguro, ele é meu Deus e nele confio. 3Pois ele o livrará das armadilhas da vida e o protegerá de doenças mortais. 4Ele o cobrirá com as suas penas e o abrigará sob as suas asas; a sua fidelidade é armadura e proteção. 5Não tenha medo dos terrores da noite, nem da flecha que voa durante o dia. 6Não tema a praga que se aproxima na escuridão, nem a calamidade que devasta ao meio-dia. 7Ainda que mil caiam ao seu lado e dez mil morram ao seu redor, você não será atingido. 8Basta abrir os olhos, e verá como são castigados os perversos. 9Se você se refugiar no SENHOR, se fizer do Altíssimo seu abrigo, 10nenhum mal o atingirá, nenhuma praga se aproximará de sua casa. 11Pois ele ordenará a seus anjos que o protejam aonde quer que você vá. 12Eles o sustentarão com as mãos, para que não machuque o pé em alguma pedra. 13Você pisará leões e cobras, esmagará leões ferozes e serpentes debaixo dos pés. 14O SENHOR diz: “Livrarei aquele que me ama, protegerei o que confia em meu nome. 15Quando clamar por mim, eu responderei e estarei com ele em meio às dificuldades; eu o resgatarei e lhe darei honra. 16Com vida longa o recompensarei e lhe darei minha salvação”.
A penteadeira era linda, apesar de surrada pelos anos de uso. Toda em madeira maciça, da década de 40 ou 50 do século passado. O espelho já estava amarelado pelo tempo. Banco de madeira, sem encosto, também acompanhava o belo móvel colonial. Àquela mobília minha avó materna se assentava, todas as manhãs e noites, para pentear seus cabelos longos já grisalhos pela idade.
A penteadeira tinha duas gavetas, uma de cada lado, cheias de badulaques e grampos espalhados e misturados com papeis velhos. Sobre a bancada se acomodavam uma caixa de remédios, talco corporal perfumado com a espuma de aplicação, o tradicional creme Rugol, o Leite de Colônia, o Leite de Rosas, caixa de grampos, pente e escova de cabelo. Até aí, tudo dentro dos conformes. Curioso era o outro item sobre o móvel: a Bíblia Sagrada, de capa dura e cor preta, assentada entre os ítens e cosméticos de vovó Frauzina. Essa é a lembrança mais antiga que tenho do meu primeiro contato com o livro de Deus.
Aquela Bíblia ficava o tempo todo ali exposta sobre a penteadeira. A página estava sempre aberta no mesmo lugar, e por conta da exposição ao tempo já estava toda amarelada. Encardida. Surrada. Empoeirada. Rasgada até a metade. Vez e outra eu achava fios de cabelo sobre o texto, os quais eu sempre espanava com a mão, delicadamente. Era sagrada, e por isso eu a tocava com todo o cuidado.
Adivinha? A Bíblia ficava aberta no Salmo 91.
Um dia eu criei coragem e perguntei à vovó: “Por que a senhora não muda de página? Essa aqui até já rasgou!” Ela respondeu: “Deixe aí, menino! Não mexa. Esse salmo é para a nossa proteção.” Foi quando eu decidi ler aquele texto. Meu Deus! Fiquei apavorado! Afinal, me deparei com expressões do tipo (na versão Almeida Revista e Atualizada): “esconderijo do Altíssimo” (quem era o Altíssimo?); “sombra do Onipotente” (quem era esse, meu Deus? Eu não sabia!); “laço do passarinheiro” (como assim?); “peste perniciosa” (que é isso?); “terror noturno”; “seta que voa de dia”; “peste que se propaga nas trevas”; “mortandade que assola ao meio-dia”; a queda de mil de um lado e de dez mil do outro lado; praga que não chega à minha tenda; o leão e a serpente; etc.
Você pode imaginar como ficou a imaginação daquela criança que nunca tinha tido contato com a Bíblia. Talvez eu contasse uns 7 ou 8 anos àquela época. Cego pelo pecado e pelo Diabo (posto que este é o estado natural de todos nós), a minha primeira experiência com a Bíblia Sagrada foi espantosa. Naquela primeira leitura eu não consegui captar a promessa de proteção do Altíssimo, não enxerguei o Todo-poderoso (que hoje eu sei ser Deus). Só vi horrores. E passei a ficar com medo de ler a Bíblia. Em todo caso, FOI O SALMO 91 A MINHA PORTA DE ENTRADA PARA O MUNDO BÍBLICO. Hoje, convertido pelo Espírito de Deus a Cristo, sei (pela iluminação do Espírito Santo em minha vida) que todos os salmos são de Deus e são maravilhosos. Mas alguns se destacam para o povo de Deus como sendo especialmente ricos de promessas e absolutamente reconfortantes para o coração em tempos de grande aflição.
O Salmo 91 é um desses salmos especiais. Ele está guardado no coração (e até aberto sobre algum móvel da casa) de uma multidão incontável de pessoas, as quais se voltam para ele constantemente em meio às calamidades da vida. Charles H. Spurgeon não estava exagerando quando escreveu:
Em toda a coleção não há salmo mais animador; seu tom é elevado e se sustenta alto do começo ao fim; a fé está em sua melhor performance e fala com nobreza.
Com isso em mente, nós nos voltamos para esse salmo todo especial do Saltério.
O Salmo 91 é o segundo salmo do Livro IV d’Os Salmos. É anônimo. Não possui título como o anterior, por exemplo. O Salmo 90 nós sabemos que é de Moisés, pela introdução: “Oração de Moisés, homem de Deus”. Mas este, o 91, não traz esse tipo de informação no cabeçalho. Entretanto, foi atribuído pela LXX – Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento) a Davi. Porém, por causa de alguma semelhança de pensamento e de linguagem entre o 90 e o 91, alguns estudiosos também atribuem este a Moisés (também o 92). Eis as expressões que ligam os Salmos 90, 91 e 92 um aos outros:
Salmo 90.1 (NVT) Senhor, tu tens sido nosso refúgio [morada] ao longo das gerações. Salmo 91.9 (NVT) Se você se refugiar no SENHOR, se fizer do Altíssimo seu abrigo [morada],
Salmo 90.6 (NVT) pela manhã, brota e floresce, mas, à tarde, murcha e seca. Salmo 92.7 (NVT) embora os perversos brotem como a grama e floresçam os que praticam o mal, eles serão destruídos para sempre.
Salmo 90.15-16 (NVT) 15Dá-nos alegria proporcional aos dias de aflição; compensa-nos pelos anos em que sofremos. 16Que nós, teus servos, vejamos teus feitos outra vez; que nossos filhos vejam a tua glória. Salmo 92.4 (NVT) Tu me alegras, SENHOR, com tudo que tens feito; canto de alegria por causa de tuas obras.
Salmo 91.1 (NVT) Aquele que habita no abrigo do Altíssimo… Salmo 92:1 (NVT) É bom dar graças ao SENHOR e cantar louvores ao Altíssimo.
Outra coisa: a oração do Salmo 90 é por bênção e favor divino, a qual se diz que será atendida pelo oráculo de Deus no Salmo 91.14-16. E no Salmo 92, os piedosos respondem às promessas com louvor e confiança. É por isso que comentaristas bíblicos atribuem os Salmo 90, 91 e 92 a Moisés. Ainda assim é duvidoso. Em todo caso, a mensagem destes salmos, inspirados e preservados para nós pelo próprio Deus, é atemporal.
Tanto os que não abraçam a autoria de Davi ou de Moisés como os que defendem um ou outro como autores dos Salmos 91 e 92 tratam esses salmos como relevantes para o período pós-exílio babilônico do povo de Deus (que é a temática do Livro IV). Esses estudiosos argumentam da seguinte forma: o Salmo 90 (de Moisés) foi utilizado pelo editor do Saltério como o grito de socorro de Israel na Babilônia. O Salmo 91 (anônimo ou de Davi ou de Moisés) é a voz da fé assegurando proteção do Altíssimo Todo-poderoso para Israel à medida que a Babilônia desmorona suas maldades sobre aquela gente. E o Salmo 92 (anônimo ou de Davi ou de Moisés) é o louvor do povo de Deus pela libertação do cativeiro babilônico oferecida pelo SENHOR Deus de Israel.
IMPORTA-NOS NOTAR O SEGUINTE: a palavra de Deus é sempre atemporal; ela teve, tem e terá relevância e aplicabilidade em qualquer circunstância ou época e em todas as culturas da terra. Afinal, Salmos escritos por Moisés, Davi ou qualquer outra pessoa inspirada por Deus, antes do cativeiro babilônico (no caso de Moisés, mil anos antes da Babilônia), foram utilizados para encorajar o povo de Deus. Desse modo, o salmista e editor do Saltério recorre às experiência de Moisés e do povo no deserto, de Davi e de suas batalhas no trono de Israel para destacar a providência soberana e amorosa de Deus salvaguardando e protegendo seu povo em toda e qualquer situação – do Egito, passando pelas batalhas de Davi, até o cativeiro babilônico e para sempre.
Deus foi totalmente capaz de proteger seu povo da opressão, de perigos, pragas e ataques militares ou satânicos; e se Israel confiasse nele e obedecesse sua palavra, eles seriam de novo protegidos (mesmo na Babilônia e, depois, no duro recomeço em Israel). O salmista, além de estar falando para e sobre crentes fiéis de outras épocas (e também hoje para nós, crentes), celebra o cuidado vigilante e amoroso de Deus por seu povo, independentemente das circunstâncias. O Salmo 91, portanto, poderia ser de quase qualquer época em que Israel precisou da proteção e provisão de Deus. A palavra de Deus é atemporal, sempre relevante e totalmente aplicável aos nossos dias ou problemas.
Agora, a divisão do Salmo 91 e o nosso plano de estudo.
A primeira metade do salmo (vs. 1-13) guarda semelhanças com a literatura sapiencial (ou de sabedoria); mas a última metade (vs. 14-16) é mais um oráculo de Deus [ou seja, uma resposta de Deus ao seu povo que o consultou], reiterando as promessas divinas. A PRIMEIRA METADE PODE SER DIVIDIDA EM TRÊS SEÇÕES:
Há, portanto, na primeira metade do Salmo 91, três ênfases: expressão de fé (vs. 1-2), especificação de ameaças (vs. 3-8) e explicação da promessa de segurança (vs. 9-13).
A SEGUNDA METADE DO SALMO É UM ORÁCULO PROFÉTICO, pelo qual Deus declara sua presença com o povo e a proteção deles (vs. 14-16): há segurança em se refugiar em Deus; desse modo, o salmista encoraja sua própria alma a respeito de que ele será libertado dos vários e terríveis ataques dos ímpios (e até do Diabo) porque o Senhor deu a seus anjos o comando sobre ele e jurou libertá-lo porque ele crê.
EIS COMO NÓS CAMINHAREMOS PELO SALMO 91. Veremos que: [1] Deus é o seu acolhedor (vs. 1-2); [2] Deus é o seu protetor (vs. 3-8); [3] Deus é o seu sustentador (vs. 9-13); e [4] Deus é o seu libertador ou salvador (vs. 14-16).
O Salmo 91 não nos convida a nos separarmos de maneira radical da vida e do mundo lá fora, mas, ao contrário, ele nos remete para dentro desse mundo perigoso – exatamente como orou o Senhor Jesus por nós em João 17.15: “Não peço que os tires do mundo, mas que os protejas do maligno.” Como pode ser isto? Como viver sem medo de viver? O segredo é conhecer a Deus como o seu acolhedor!
NOTE que o salmista, em apenas dois versículos (1-2), revelou-nos o seu segredo. Ele apresentou QUATRO NOMES DIFERENTES PARA DEUS, que revelam os atributos ou o caráter de Deus:
1Aquele que habita no abrigo do Altíssimo encontrará descanso à sombra do Todo-poderoso. 2Isto eu declaro a respeito do SENHOR: ele é meu refúgio, meu lugar seguro, ele é meu Deus e nele confio.
Este é o nosso Deus: o possuidor de todas as coisas, o provedor, cheio de promessas e de poder para cumpri-las; Deus é nosso abrigo, nossa sombra, nosso refúgio e nossa fortaleza ou lugar seguro. Conhecer esse Deus e conviver com ele ajudará você a descansar e seguir sem medo de viver, pois ele nos protege do maligno! João 17.15: “Não peço que os tires do mundo, mas que os protejas do maligno.”
“Abrigo” (v. 1) é referência ao templo do SENHOR. “Sombra do Todo-Poderoso” (v. 1) é poético. Um povo que morava no deserto via a sombra como refúgio. A lição é clara: na comunhão do povo de Deus (no “templo” do povo de Deus, na congregação, a igreja, a membresia intencional na igreja) está a sombra que abriga e refresca o povo de Deus.
Você precisa da comunhão da igreja; é nela que o SENHOR Deus te acolhe em Cristo Jesus. Portanto, faça do SENHOR Jesus Cristo o seu refúgio, a sua morada e habitação, seu lugar seguro (v. 2); e aninhe-se na comunhão da igreja local – o abrigo do Altíssimo, a sombra de descanso do Todo-poderoso para a sua alma (v. 1).
A próxima seção do Salmo 91 (e alguns versículo adiante dela) especificará aquilo de que Deus nos protege. Verificamos no texto uma análise de CINCO ÁREAS NAS QUAIS A VIDA HUMANA CORRE PERIGO, mas que Deus, nosso protetor, nos protege.
1. Doenças físicas
“Doenças mortais” (v. 3); ou seja: doenças incuráveis; pragas mortais; ameaças de destruição tais quais HIV, câncer, Alzheimer, cardiopatia, COVID-19, doença autoimune etc. Versículo 3: “Pois ele o livrará das armadilhas da vida e o protegerá de doenças mortais [NVI: veneno mortal].
“Peste que se move sorrateira nas trevas; praga que devasta ao meio-dia” (v. 6, NVI); ou seja: doença ou câncer de pele; hanseníase, bactérias, vírus, epidemias, pandemias etc. Versículo 6: “Não tema a praga que se aproxima na escuridão, nem a calamidade que devasta ao meio-dia.”
A doença e a morte estão sempre à porta, fazendo-nos correr riscos, roubando-nos a alegria de viver. Mas os que se abrigam no SENHOR não têm do que temer.
2. Coisas imprevistas
“A flecha que voa de dia” (v. 5, NVI); ou seja: coisa fortuita, resultado da irresponsabilidade ou criminalidade do outro: bala perdida, bêbado no volante, viciado que furta, ladrão que rouba e mata, etc. Versículo 5: “Não tenha medo dos terrores da noite, nem da flecha que voa durante o dia.”
“Não tropece em alguma pedra” (v. 12, NVI); ou seja: as circunstâncias inesperadas, a casualidade, o tropeço, as pedras no caminho, os obstáculos na trajetória, as coisas que ninguém planejou, a hora, o local e a maneira inesperados. Aquilo com que não se contava. A notícia trágica. O diagnóstico indesejável. Versículo 12: “Eles [os anjos] o sustentarão com as mãos, para que não machuque o pé em alguma pedra.”
3. Transtornos psicológicos
“Pavor da noite” (v. 5); ou seja: a ansiedade, o medo, o pânico. Versículo 5: “Não tenha medo dos terrores da noite, nem da flecha que voa durante o dia.”
“Angústia” (v. 15, ARA); ou seja: a tristeza; as dificuldades; o estresse: fruto de traumas e longas tribulações, ou de algo que não se tem explicação; excesso de pressão e de trabalho. Versículo 15: “Quando clamar por mim, eu responderei e estarei com ele em meio às dificuldades [angústias, adversidades]; eu o resgatarei e lhe darei honra.”
4. Desajustes sociais
“Mil poderão cair ao seu lado, dez mil à sua direita” (v. 7); ou seja: os tempos de guerra e violência (urbana e mundial), a história dos que falem financeiramente, daqueles que perdem tudo o que construíram – fé, família, fortuna, felicidade. Versículo 7: “Ainda que mil caiam ao seu lado e dez mil morram ao seu redor, você não será atingido.”
“Ímpios” (v. 8); ou seja: os perversos que vivem por perto, que estão ao alcance da mão, que penetram na casa, na igreja, no trabalho, tornam-se sócios, empregados ou patrões. Gente raivosa, com dentes afiados e ferozes, de atitude agressiva – iracunda, de coração ruim, que chega muito perto da gente para ferir e prejudicar. Versículo 8: “Basta abrir os olhos, e verá como são castigados os perversos.”
5. Ataques espirituais malignos
“O laço do passarinheiro/caçador” (v. 3, ARA e NVI); ou seja: armadilhas do Diabo; tentações e opressões malignas. A LXX (versão grega do Antigo Testamento) e o judaísmo posterior (séc. 3—1 a.C.) criam que este salmo narra os ataques do Diabo e seus demônios quando desafiamos as potências do mal, buscando fazer a vontade de Deus.
“Praga alguma chegará à sua tenda” (v. 10, NVI); ou seja: maldição e pragas satânicas (possível referência a Balaque que contratou Balaão para amaldiçoar o povo de Israel). Versículo 10: “nenhum mal o atingirá, nenhuma praga se aproximará de sua casa.” Agora, versículo 13 (NVI): “Você pisará o leão [que fica ao derredor querendo tragar o cristão, 1Pe 5.8] e a cobra [a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás, Ap 12.9 e 20.2]; pisoteará o leão forte e a serpente.”
ESTA É A LISTA DE PERIGOS E NOTEM como eles são grandes em número, extensão, poder e profundidade muito maiores do que qualquer ser humano é capaz de, por si mesmo, suportar. Pense também no que esses perigos podem gerar, e que tipo de pessoas eles podem produzir: doenças (hipocondríacos); imprevistos (paranóicos); transtornos (abalados); sociedade (amedrontados); satanás (acorrentados).
Mas Deus é o seu protetor:
3Pois ele [o Altíssimo, o Todo-poderoso] o livrará das armadilhas da vida e o protegerá de doenças mortais. 4Ele o cobrirá com as suas penas e o abrigará sob as suas asas [Jesus junta os seus “como a galinha protege os pintinhos sob as asas”, Mt 23.37]; a sua fidelidade é armadura e proteção. 5Não tenha medo dos terrores da noite, nem da flecha que voa durante o dia. 6Não tema a praga que se aproxima na escuridão, nem a calamidade que devasta ao meio-dia. 7Ainda que mil caiam ao seu lado e dez mil morram ao seu redor, você não será atingido. 8Basta abrir os olhos, e verá como são castigados os perversos.
O salmista falou que Deus é o seu acolhedor, o seu protetor e agora dirá que ele também é o seu sustentador (ele te protege e te sustenta de modo sobrenatural), versículos 9-13:
9Se você se refugiar no SENHOR, se fizer do Altíssimo seu abrigo, 10nenhum mal o atingirá, nenhuma praga se aproximará de sua casa. 11Pois ele ordenará a seus anjos que o protejam aonde quer que você vá. 12Eles o sustentarão com as mãos, para que não machuque o pé em alguma pedra. 13Você pisará leões e cobras, esmagará leões ferozes e serpentes debaixo dos pés.
Faça do “Altíssimo” (El Elyom, o Deus de Melquisedeque) seu abrigo. Faça do SENHOR (Yahweh) o seu abrigo. NOTE: o salmista usou, mais uma vez, diferentes nomes para Deus. Isto é para demonstrar a amplitude de seus atributos. Quem confia fica tranquilo. Deus sustenta. Portanto, confie e se tranquilize. Há anjos sustentando, protegendo e guardando o fiel (v. 11).
Temos aqui (v. 11) uma alusão aos anjos que saudaram Jacó, antes de seu encontro com Esaú (Gn 32.1-2). Num momento crítico, eles anteciparam boas-novas a Jacó. Noutro momento crítico, não livraram Jesus, mas o sustentaram.
Lucas 22.39-44 39Então, acompanhado de seus discípulos, Jesus foi, como de costume, ao monte das Oliveiras. 40Ao chegar, disse: “Orem para que vocês não cedam à tentação”. 41Afastou-se a uma distância como de um arremesso de pedra, ajoelhou-se e orou: 42“Pai, se queres, afasta de mim este cálice. Contudo, que seja feita a tua vontade, e não a minha”. 43Então apareceu um anjo do céu, que o fortalecia. 44Ele orou com ainda mais fervor, e sua angústia era tanta que seu suor caía na terra como gotas de sangue.
Deus traz conforto, quando não livra; outrora, ele conforta enquanto livra.
“Ordenará a seus anjos que o protejam”
Salmo 91.11-12 foi usado por Satanás para tentar Jesus no deserto. Disse o salmista:
11Pois ele ordenará a seus anjos que o protejam aonde quer que você vá. 12Eles o sustentarão com as mãos, para que não machuque o pé em alguma pedra.
Esses são os únicos versos bíblicos jamais citados pelo Diabo em toda a Bíblia. Mas ele citou errado! Ele omitiu, deixou de fora a frase: “em todos os seus caminhos” (v. 11, ARA) ou “aonde quer que você vá” (v. 11, NVT); ou seja, o Diabo não falou dos caminhos que Deus indica a que seus servos sigam e não seus próprios caminhos obstinados. Veja:
Mateus 4.5-6 5Então o diabo o levou à cidade santa, até o ponto mais alto do templo, 6e disse: “Se você é o Filho de Deus, salte daqui. Pois as Escrituras dizem: ‘Ele ordenará a seus anjos que o protejam [OMITIU: “EM TODOS OS SEUS CAMINHOS]. Eles o sustentarão com as mãos, para que não machuque o pé em alguma pedra’”.
Percebeu?
Não há a expressão original de Salmo 91.11 (NVT): “que o protejam aonde quer que você vá” ou (ARA): “em todos os teus caminhos.”
Por que o Diabo a omitiu?
Ele omitiu essa expressão uma vez que essa era a própria essência da tentação; ele queria que Jesus seguisse seu próprio caminho, em vez de confiar em Deus e ficar contente com o caminho de Deus para ele, mesmo que isso significasse ir para a cruz. O Diabo queria que Jesus testasse a Deus pulando do pináculo do templo, confiando em seu Pai para enviar anjos para protegê-lo, de modo que ele não fosse feito em pedaços quando caísse e assim impressionasse as pessoas.
Jesus, porém, respondeu corretamente, dizendo (Mt 4.7): “As Escrituras também dizem [Dt 6.16]: ‘Não ponha à prova o Senhor, seu Deus’”. Ou seja, testar Deus saltando de um pináculo do templo não seria o caminho que Deus lhe dera para trilhar. Seria exatamente o oposto de confiar em Deus; seria “provocá-lo” ou “colocá-lo à prova”.
“Você pisará leões e cobras”
A confiança do Filho Jesus em Deus Pai também resultou na derrota de Satanás, outra parte do salmo que o Diabo omitiu (Sl 91.13).
O salmo (91.13 que o Diabo omitiu) nos diz que se seguirmos o caminho de Deus, confiando que ele nos sustentará, então “[pisaremos] leões e cobras, [esmagaremos] leões ferozes e serpentes debaixo dos pés.” A Bíblia, em outro lugar, descreve Satanás como “um leão que ruge” (1Pe 5.8) e “aquela antiga serpente” (Ap 12.9; 20.2).
Jesus, de fato, triunfou sobre o Diabo na cruz ao confiar em Deus (Cl 2.15). Da mesma forma, em Cristo os justos também serão vitoriosos (mais do que vencedores, Rm 8.37) sobre Satanás se o resisti-lo com fé e esperança (Tg 4.7; 1Pe 5.9).
“Os anjos vieram e serviram Jesus”
Outro fato sobre este incidente. Quando Jesus respondeu a Satanás, ele rejeitou a tentação de pular do templo confiando nos anjos de Deus para evitar que ele fosse morto pela queda. Mas os anjos estavam lá com Jesus, de qualquer maneira, embora invisíveis.
Depois que Satanás completou sua tentação, somos informados de que – Mateus 4.11 – “Então o diabo foi embora, e anjos vieram e serviram Jesus.” Em outras palavras, Deus, por meios de anjos, estava sustentando Jesus mesmo na pior tentação.
E é assim que ele também nos sustenta: na provação.
A promessa do Salmo 91.11-13 não funciona automaticamente, como uma mágica: recita e acontece. É preciso conhecer o propósito de Deus. O fiel será vencedor (v. 13). Jesus não foi aliviado, mas venceu, mesmo sofrendo. Venceu no sofrimento. Ele foi sustentando por Deus durante a provação. É diferente: vencer é uma coisa (significa guardar a fé, alegrar-se na bendita esperança do retorno de Cristo, não blasfemar, regozijar-se na tribulação); não sofrer é outra (no mundo nós teremos provações, Jo 16.33). Cuidado! Entenda bem isto! Ele não nos tirará da provação, mas nos sustentará na provação (até mesmo com anjos designados por ele mesmo).
Salmo 91.9-13 9Se você se refugiar no SENHOR, se fizer do Altíssimo seu abrigo, 10nenhum mal o atingirá, nenhuma praga se aproximará de sua casa. 11Pois ele ordenará a seus anjos que o protejam aonde quer que você vá. 12Eles o sustentarão com as mãos, para que não machuque o pé em alguma pedra. 13Você pisará leões e cobras, esmagará leões ferozes e serpentes debaixo dos pés.
Deus é o seu acolhedor, protetor, sustentador e também seu libertador ou salvador. Veja:
O trecho final do salmo é um oráculo (palavra divina em forma de profecia). Deus garante que o que o salmista fala é verdade. Afinal, até aqui só o salmista falou. Agora Deus o confirma. São verbos ricos: “livrarei, protegerei, responderei, estarei (com ele), resgatarei, darei (honra), recompensarei e, de novo, darei (minha salvação)”. Veja:
Salmo 91.14-16 14O SENHOR diz: “Livrarei aquele que me ama, protegerei o que confia em meu nome. 15Quando clamar por mim, eu responderei e estarei com ele em meio às dificuldades; eu o resgatarei e lhe darei honra. 16Com vida longa o recompensarei e lhe darei minha salvação”.
Mas veja que essas promessas maravilhosas são para os que o amam (v. 14), confiam em seu nome (v. 14) e clamam por ele (v. 15). São esses que o SENHOR recompensa e dá salvação. Romanos 8.28: “E sabemos que Deus faz todas as coisas cooperarem para o bem daqueles que o amam e que são chamados [os que creem nele e clamam por ele] de acordo com seu propósito.”
John R. W. Stott, comentando Romanos 8.28, nos faz lembrar de que “Deus é o objeto supremo do amor do crente, assim como da fé, e é para aqueles que amam a Deus que a certeza é dada de que em todas as coisas Deus trabalha para o bem deles.”
O Salmo 91 é bem conhecido. Foi minha porta de entrada para a Bíblia. Muita gente mantém uma Bíblia aberta nele. Pura simpatia. Minha oração é que esse salmo seja uma realidade na sua vida. Que ele esteja aberto em seu coração.
Em suma
S.D.G. L.B.Peixoto
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