13.03.2022
[Salmo 93] 1O SENHOR reina! Está vestido de majestade; sim, o SENHOR está vestido de majestade e armado de força. O mundo permanece firme e não será abalado. 2Teu trono permanece desde os tempos antigos; tu existes desde a eternidade. 3As águas subiram, ó SENHOR, as águas rugiram como trovão, as águas levantaram ondas impetuosas. 4Mais poderoso que o estrondo dos mares, mais poderoso que as ondas que rebentam na praia, mais poderoso que tudo isso é o SENHOR nas alturas. 5Teus preceitos soberanos não podem ser alterados; teu reino, SENHOR, é santo para todo o sempre!
“Será um ótimo ano, com muita coisa acontecendo e será um ano de prosperidade… Mais emprego… Ano novo promete ser mais leve…” Lembra de 2020? Essas previsões têm a cara de 2020? Definitivamente, não! “Ótimo, prosperidade, mais emprego, mais leve…” definitivamente não tem a cara de 2020! Mas foi assim que astrólogos famosos anunciaram a chegada do ano da pandemia de COVID-19. Foi tão absurdo que fez, por exemplo, Felipe Neto questionar a astrologia! Parece piada, mas não é, está lá no Twitter dele – 10/05/20: “Parabéns, como sempre, astrologia.” — Pelo menos neste ponto a gente concorda! — Ora, gente, se tem algo que seja previsível na vida da gente é que tudo é imprevisível. Aliás, talvez esta seja a maior dificuldade de todas: a incerteza.
Tudo dentro de nós e no mundo ao nosso redor está em constante mutação – das alterações anormais no DNA de um gene invisível aos olhos humanos, passando pela variação de humor das pessoas, até se chegar às mudanças nas grandes estruturas de poder das nações que afetam a economia e o estilo de vida de toda uma população. Heráclito de Éfeso, 470 anos antes de Cristo, já dizia que “nada é permanente, exceto a mudança… Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou”.
A imprevisibilidade é a maior de todas as certezas, especialmente de dois anos para cá. Este ano, por exemplo, ano de eleições, faz-nos indagar: “Como será o futuro deste país, do nosso país?” Na mesma esteira de incertezas, a gente ainda indaga: “E a economia? E a pandemia? E o futuro dos meus filhos? E a minha saúde? E a guerra da Rússia na Ucrânia, como ficará o mundo? De que modo afetará o Brasil?”
Tantas vezes a gente sente como se a vida fosse um castelo de areia. Já brincou de fazer castelo de areia? Você sonha, constrói, admira… mas de repente chega alguém e dá um chute ou bate a bola que alguém chutou e tudo desmorona, ou sobe a maré sem você perceber e vem a onda com força que faz derreter a edificação dos sonhos.
Não é assim, gente?
A previsão é a imprevisão. A certeza é a incerteza.
A coisa é tão séria que fez, por exemplo, um dos maiores pensadores da atualidade, um homem a quem respeito, o filósofo Luiz Felipe Pondé, publicar um livro em 2018 intitulado Contra um Mundo Melhor: Ensaios do Afeto, no qual ele pinta a vida com cores céticas e melancólicas. Eis um trecho da apresentação do próprio autor:
Ao longo dos ensaios e dos fragmentos, o leitor perceberá que sou contra um mundo melhor, que sou cético e que carrego uma sensibilidade trágica, independentemente de minha vontade filosófica. E por quê? Porque o que nos humaniza é o fracasso, homens e mulheres muito felizes não são homens e mulheres. Tenho medo de pessoas muito felizes. A consciência trágica, seja ela cósmica, seja miserável, miúda e cotidiana, determina o horizonte onde se move o humano. Dedico essas palavras a todos os nossos fracassos, e com esses olhos atentos ao medo que porta seu nome próprio é que o leitor deve ler estes ensaios e fragmentos aos pedaços
Fica-se com a impressão de que para Pondé a esperança se acha em não se ter esperança – em se manter os olhos atentos ao medo (que tem nome! qual é o nome do sue medo?). Já que tudo é imprevisível e caótico, mutante e mal, o melhor é sonhar contra um mundo melhor. De fato, você percebeu pelas palavras que acabei de ler que o filósofo questiona a felicidade e enaltece o fracasso, ele destaca o medo. Talvez assim a gente se blinde de decepções e fique imune das dores inevitáveis de existir.
Agora, seja sincero. Na prática, não é assim que muitos vivem? Talvez você viva assim: Desesperançado. Melancólico. Cético. Frio. Distante. Qual a solução? Esperar a morte chegar? Sonhar com um estado de não existir? Distanciar-se dos outros? Desistir de amar, uma vez que quem ama e se envolve sempre acaba sofrendo? — Ouça o evangelho no qual crê o Luiz Felipe Pondé:
[…] falo aos homens e às mulheres do mundo contemporâneo, sem tempo, sempre com pressa e sem tempo; com pressa e fazendo contas; falando ao celular, enquanto fazem contas; correndo, assim como insetos assustados que correm como crianças com medo, em busca do repouso oferecido pela sombra e pelo esquecimento. E no futuro, sonhando com a vida silenciosa na forma pura da pedra. Uma pedra que pressente a divindade.
Discordo dele! Respeitosamente eu discordo de Pondé!
Gente, em face da imprevisibilidade, das constantes transformações, das tragédias da vida e da dor de existir, o melhor não é viver com os olhos fixos no medo, buscando coragem, sabe-se lá de onde, para encarar a vida e viver assim mesmo, aguardando o dia em que atingiremos o estado de não-existir, nas palavras de Pondé: “sonhando com a vida silenciosa na forma pura da pedra.” Nada disso!
O melhor é fazer como o salmista. Em sua insegurança, tomado de medo, calçou a esperança na única certeza que conhecia (e lhe bastava!). Leia comigo, mais uma vez:
Salmo 93 1O SENHOR reina! Está vestido de majestade; sim, o SENHOR está vestido de majestade e armado de força. O mundo permanece firme e não será abalado. 2Teu trono permanece desde os tempos antigos; tu existes desde a eternidade. 3As águas subiram, ó SENHOR, as águas rugiram como trovão, as águas levantaram ondas impetuosas. 4Mais poderoso que o estrondo dos mares, mais poderoso que as ondas que rebentam na praia, mais poderoso que tudo isso é o SENHOR nas alturas. 5Teus preceitos soberanos não podem ser alterados; teu reino, SENHOR, é santo para todo o sempre!
Olhe ao seu redor e você ficará tonto com tudo em movimento, mudando, incerto e amedrontando. Olhe para si mesmo, seja honesto, e se pegará com medo, em uma montanha-russa de emoções, ansioso e inquieto. Olhe para as pessoas e você se decepcionará com a inconstância e a impiedade. Será que algum dia haverá estabilidade? Ora veio a COVID-19 e agora a guerra na Ucrânia! Meu Deus! O que virá a seguir? Sem contar aqueles problemas pessoais que te corroem por dentro. Como será o amanhã?
O autor do Salmo 93 insiste que, independentemente da instabilidade e das flutuações e do caos e das tragédias, o mundo de Deus permanecerá firme e não será abalado. Em que pese o rugido das águas dos mares, tudo seguirá imperturbável.
O salmo trata do poder e da majestade de Deus. Abre uma sequência de salmos que louvam a Deus como Rei (começa com o 93, pula o 94 e depois vai do 95 ao 100). Este é o tema central dos Salmos a seguir: O Senhor reina! Apregoa-se a soberania divina. Mas, que significa “O Senhor reina” em um mundo de pandemia, guerras, desgovernos, desemprego, fome, violência, imoralidade, pornografia, pedofilia, abusos, impunidade, pânico, depressão, medo, ansiedade e tudo o mais? Deus reina e ninguém vê? Que quer dizer “Deus é Rei” em uma república como o Brasil onde se elegem e se depõem governantes? Cantamos Deus como Rei de toda a terra. Que implicação prática tem isso, ao vermos a presença e o poder do mal na sua casa e na sociedade? — Faremos o seguinte: buscaremos entender o ensino deste salmo e, no final, faremos algumas aplicações centradas no evangelho de Cristo.
A LUZ DA PALAVRA DE DEUS
Se alguém deseja conhecer as partes da alma humana essa pessoa deverá estudar Os Salmos. Os Salmos são uma anatomia de todas as partes da alma. Os Salmos nos dão orientação na experiência cristã: eles revelam como devemos reagir em todas as diversas circunstâncias da vida. Os Salmos proporcionam vocabulário para os nossos sofrimentos e as nossas alegrias, os bons e os maus momentos. É possível que não haja experiência humana que não tenha sido abordada pelos salmistas em seus poemas: vida, doença, morte, alegria, tristeza, traição, depressão, fartura, escassez… Os Salmos cobrem todas as partes da alma da gente. E é isso o que nós temos estudado nesta série n’Os Salmos.
Chegamos ao penúltimo livro do Saltério. Lembre-se: Os Salmos são compostos de cinco livros, e o Salmo 93 está no livro IV – o qual tem como tema a esperança futura de Israel, a vida pós-exílio babilônico, a reunião do povo e a reconstrução da vida devastada pelo pecado. O livro IV vai do 90 ao 106. Já estudamos os salmos 90, 91 e 92. Chegamos agora ao Salmo 93, o quatro salmo do livro IV do Saltério.
A LIÇÃO QUE APRENDEMOS NESTE SALMO é bem simples, mas tão profunda quanto prática. A lição é esta: o crente enxerga (ele deve enxergar) sua vida e seu mundo à luz do caráter ou dos atributos de Deus, e não vice-versa. O crente olha para a própria vida e olha para o mundo em que vive, ele olha para todas as coisas difíceis na própria vida e olha para todas as coisas difíceis neste mundo, e o crente lê essa experiência à luz do que ele sabe sobre Deus pela revelação da palavra de Deus. O crente não olha para os problemas da vida e do mundo sem as lentes do caráter ou dos atributos de Deus. E o crente não olha para Deus à partir de uma leitura falível de sua própria experiência neste mundo caído no pecado. O crente enxerga sua vida e seu mundo à luz do caráter ou dos atributos de Deus, e não vice-versa.
Essa é uma lição extremamente importante para a vida cristã e aponta algo muito singular sobre a Teologia Reformada – a qual traz que todas as outras verdades, todas as outras doutrinas, todos os acontecimentos da vida e do mundo devem ser enxergados à luz da verdade do próprio Deus, à luz do caráter ou dos atributos de Deus.
Assim, por exemplo, ao nosso redor há cristãos professos em igrejas – inclusive batistas! – onde a Bíblia não é tida como a infalível, inerrante e suficiente palavra de Deus. Ora, há muitos problemas sérios com essa visão das Escrituras. Um deles é que a visão desses crentes à respeito da Bíblia Sagrada falha com eles em descrever para eles quem é Deus. Por exemplo: Deus é fiel, Deus não mente e, portanto, Deus não pode nos revelar em sua Palavra algo que seja falso, insuficiente, desatualizado ou cheio de erros. Deus fala e é a verdade, portanto sua Palavra é santa e confiável. Está na essência do caráter de Deus a verdade e a justiça e a santidade e o amor e a fidelidade… e, assim, a Bíblia que ele nos entregou é consistente com seu próprio caráter. E porque em Deus não há inverdade, assim também em sua Palavra não há inverdade ou falsidade.
Em outras palavras, qualquer doutrina da Escritura que afirme que a Bíblia seja algo menos do que a infalível, inerrante e suficiente palavra de Deus terá falhado em levar em conta o que Deus ensina sobre si mesmo em sua própria Palavra. Foi por isso que, desta e de várias outras maneiras, os reformadores escreveram, pregaram e ensinaram que temos que entender tudo – na vida e no mundo – à luz do que Deus ensina sobre si mesmo na santa, infalível, inerrante e suficiente palavra de Deus.
R. C. Sproul, um dos expoentes da Teologia Reformada, pregando sobre como a Teologia Reformada enxerga todas as coisas com as lentes do que a Bíblia ensina sobre Deus, disse o seguinte:
Quando você compara o que os reformados acreditam sobre Deus com o que as outras grandes tradições acreditam sobre Deus, você não encontrará nada de extraordinário sobre a doutrina de Deus na teologia reformada em comparação com outras tradições cristãs. Entretanto, a doutrina reformada de Deus é sua contribuição mais distinta para a teologia. Por quê? Porque na Teologia Reformada, cada área da teologia é estudada com uma visão da própria doutrina de Deus aplicada a essa verdade.
Ou seja: todas as coisas são vistas e estudadas à partir da revelação que Deus faz de si mesmo (de seu caráter, de seus atributos, de seus propósitos) nas Escrituras.
Agora, veja, é exatamente isso o que o salmista vai nos ensinar neste salmo tão profundo da Bíblia. O salmista vai dizer que cada área de nossa vida, cada acontecimento no mundo, deverá levar em conta o que Deus nos ensinou sobre si mesmo na Bíblia, senão você perderá o conforto que ele quer ofertar em sua própria pessoa e Palavra.
Desse modo, Salmos nos ensinam a examinar a alma e o mundo à luz da revelação que Deus faz de si mesmo na sua Palavra santa, infalível, inerrante e suficiente para todas as questões de fé e de prática, tanto na vida privada quanto na vida pública.
Pois bem, deixe-me esboçar o Salmo 93 para você antes de o desembrulhar em busca de compreensão. O salmo se divide em três partes bem distintas: [1.] o Senhor reina com majestade (vs. 1-2); [2.] o Senhor reina com poder (vs. 3-4); e [3] o Senhor reina com justiça (v. 5). — Assim, o que aprendemos com o salmista é que A VIDA E O MUNDO DEVEM SER ENXERGADOS À LUZ da majestade, do poder e da justiça do SENHOR que reina soberano. Ah, como essa cosmovisão enxeria o coração de esperança e a vida de propósitos para viver! Preste atenção, à medida que nos aprofundarmos no Salmo 93.
1. O SENHOR REINA COM MAJESTADE (VS. 1-2)
Os dois primeiros versículos dão a você a primeira parte do salmo, e eles simplesmente afirmam o seguinte: Deus é Rei, e ele reina soberano. Deus é Rei. Gente, isso é tão simples de dizer, mas tão difícil de acreditar e de assimilar. Não é verdade? Por exemplo: Duvido que alguém aqui tenha a coragem de se levantar no meio desta assembléia e dizer: “Não, Deus não é Rei! O Senhor não reina!” Há gente assim, eu sei, mas é raro de se achar. Normalmente, a gente acredita que Deus é Rei e que ele reina. O problema é que, na prática, a gente tem dificuldade de crer nisso, especialmente quando as provações da vida nos atingem e quando o mundo parece estar desgovernado. Mas a primeira coisa que o salmo ensina é que Deus é Rei. Veja:
Salmo 93 1O SENHOR reina! Está vestido de majestade; sim, o SENHOR está vestido de majestade e armado de força. O mundo permanece firme e não será abalado. 2Teu trono permanece desde os tempos antigos; tu existes desde a eternidade.
Note os atributos de Deus que são destacados nesses versículos:
1. MAJESTADE. Majestade (v. 1) é uma ideia difícil de definir, mas tem a ver com a dignidade, a autoridade, a imponência e a grandeza do soberano. É a característica dos monarcas terrenos, os quais se esforçam desde a antiguidade para causar e aumentar a impressão da majestade pessoal pela multiplicação da ostentação de penduricalhos preciosos e de poder para governar. Entretanto, majestade é supremamente o atributo natural daquele que é o Rei acima de tudo e de todos, acima de todos os reis ou governantes, e que não precisa multiplicar as pompas de seu poder para encantar ou impressionar.
Isaías 6.1-5 1No ano em que o rei Uzias morreu, eu vi o Senhor. Ele estava sentado em um trono alto, e a borda de seu manto enchia o templo. 2Acima dele havia serafins, cada um com seis asas: com duas asas cobriam o rosto, com duas cobriam os pés e com duas voavam. 3Diziam em alta voz uns aos outros: “Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia de sua glória!” 4Suas vozes sacudiam o templo até os alicerces, e todo o edifício estava cheio de fumaça. 5Então eu disse: “Estou perdido! É o meu fim, pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de pessoas de lábios impuros. Meus olhos, porém, viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!”.
MAJESTADE É o atributo que conecta a santidade à soberania de Deus.
2. PODER. O salmista estava tão impressionado com a majestade como característica do reino de Deus que repetiu a ideia duas vezes (v. 1): “O SENHOR reina! Está vestido de majestade; sim, o SENHOR está vestido de majestade”. Não contente, ele acrescentou (v. 1): “e armado de força [poder].” Não é uma mera demonstração de soberania e de força e poder, como muitas vezes tem sido o caso dos governantes humanos. É uma soberania real, natural de poder.
3. IMUTABILIDADE. A terceira característica do reinado de Deus, que também é um atributo de Deus, é a imutabilidade. Esse é o termo apropriado para o que o salmista quer dizer com os versos 1-2: “O mundo permanece firme e não será abalado. Teu trono permanece desde os tempos antigos; tu existes desde a eternidade.” Apesar das aparências, nada é capaz de mover ou, muito menos, destruir a criação de Deus, senão o próprio Deus. No entanto, a única razão pela qual o mundo é firme é porque o próprio Deus permanece firme ou é imutável, permanente desde os tempos antigos, desde a eternidade. Essa qualidade é aquela que separa Deus até mesmo da mais elevada de suas criaturas. Deus é imutável, mas nenhuma outra parte da criação é assim – a natureza muda, os homens mudam, as famílias e as nações mudam. Ah, mas Deus é imutável! E as características de seu reino também não mudam. Ele governa tão bem hoje como sempre governou, e governará para sempre.
4. ETERNO. O quarto dos atributos de Deus mencionados na estrofe de abertura do Salmo 93 é a eternidade de Deus. Essa é uma ideia difícil de colocar em uma única palavra em português, mas significa que Deus é, que ele sempre foi e que ele sempre será, e que ele é o mesmo em todo lugar ou circunstância em seu ser eterno. Encontramos essa ideia em toda a Bíblia, desde o livro de Gênesis até o final, em Apocalipse. Abraão chamou Deus de “o Deus Eterno” (Gn 21.33). Apenas três salmos antes deste, Moisés escreveu:
Salmos 90.1-2 1Senhor, tu tens sido nosso refúgio ao longo das gerações. 2Antes que os montes nascessem, antes que formasses a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus.
Apocalipse, o último livro da Bíblia, descreve Deus como o “Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim” (Ap 21.6; veja 1.8; 22.13). Os anjos que estão diante de seu trono clamam continuamente: “Santo, santo, santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, que era, que é e que ainda virá” (Ap 4.8).
O SENHOR REINA com majestade, poder e força, ele é imutável e eterno.
2. O SENHOR REINA COM PODER (VS. 3-4)
Quando estava introduzindo a ideia da imutabilidade de Deus nos versículos 1-2, o salmista disse (no versículo 1) que “o mundo permanece firme e não será abalado” porque o trono de Deus permanece estável desde os tempos antigos (v. 2). Mas é realmente o caso de o mundo não ser abalado? Não parece ser. Na verdade, quando falamos da imutabilidade de Deus, salientamos que tudo muda, menos Deus. Esse pensamento deve ter ocorrido ao salmista também, pois imediatamente após escrever sobre a imutabilidade do trono de Deus no versículo 2, ele escreveu uma estrofe sobre o caráter insurgente, atribulado e caótico deste mundo caído no pecado:
Salmos 93.3 As águas subiram, ó SENHOR, as águas rugiram como trovão, as águas levantaram ondas impetuosas.
A agitação das águas, na poesia hebraica, é símbolo do tumulto humano:
Isaías 17.12 Ouça! As tropas de muitas nações rugem como ruge o mar. Escute o estrondo dos exércitos, que avançam como ondas estrondosas.
Jeremias 6.23 Estão armados com arcos e lanças; são cruéis e não têm misericórdia. Quando avançam montados em cavalos, o barulho é como o rugido do mar. Vêm em formação de batalha com o intuito de destruí-la, bela Sião.
Mas quando o tumulto humano é mais forte, ressoa o verso seguinte do salmo:
Salmos 93.4 Mais poderoso que o estrondo dos mares, mais poderoso que as ondas que rebentam na praia, mais poderoso que tudo isso é o SENHOR nas alturas.
Se os mares revoltos representam as nações gentias sitiando e atacando Israel (v. 3), como parece que representam, então esse versículo (v. 4) é uma afirmação da soberania de Deus sobre cada desenvolvimento histórico. O Senhor reina majestosamente não apenas sobre o cosmos, como foi afirmado anteriormente (93.1-2), mas também reina poderosamente sobre os seres humanos e seus reinos ou governos (Sl 93.3-4).
3. O SENHOR REINA COM JUSTIÇA (V. 5)
O Senhor reina com majestade, reina com poder e, por fim, diz o salmista, o Senhor reina com justiça. Deus é majestoso (vs. 1-2), poderoso (vs. 3-4) e justo (v. 5).
Salmos 93.5 Teus preceitos soberanos não podem ser alterados; teu reino, SENHOR, é santo para todo o sempre!
NOTE: a justiça de Deus se fundamenta em dois princípios: [1.] sua palavra ou seus preceitos soberanos e [2.] sua santidade. A santidade de Deus, define John Piper,
é seu valor infinito como a pessoa absolutamente única, moralmente perfeita e permanente que ele é em todos os seus caminhos, e pela graça se-nos tornou acessível – [repetindo:] a santidade de Deus é seu valor infinito como a pessoa absolutamente única, moralmente perfeita e permanente que ele é em todos os seus caminhos.
Ora, você sabe!, uma das coisas que mais nos decepciona é quando nossos governantes, os quais nós, o povo, pelo voto popular, investimos de autoridade e de poder para agir, atuam de modo corrupto, imoral e abusam desse poder para seus próprios interesses. Isso nos decepciona profundamente. Revolta-nos! E AQUI ESTÁ O SALMISTA DIZENDO: “Olhe, algo sobre Deus é que, com ele, majestade e poder são sempre usados para o que é bom e correto, porque ele é justo, confiável, fiel e santo – seu governo se funda em seus preceitos soberanos e em sua santidade. Portanto, você pode ter certeza de que o exercício do poder de Deus nunca o decepcionará, pois ele é justo e santo.”
O SENHOR REINA
Perdido em meio a tanta incerteza, atolado em tanto desgoverno, desesperançado depois de tantas decepções e fracassos, ferido por tantas perdas, cansado de muito correr e tentar e tratar e buscar, amedrontado quanto ao que te guarda o amanhã… trará alento ao coração saber que o Senhor Deus reina: ele reina com majestade, poder e justiça; trará paz ao seu coração confiar-se ao Senhor que é majestoso, poderoso e santo.
A esperança não está na mensagem de filósofos que dizem que o jeito certo de viver é não sonhar com um mundo melhor, mas viver sem esperança, assimilando derrotas, perdas e fracassos, apenas “sonhando com a vida silenciosa na forma pura da pedra”. Isso não é viver. Isso é vegetar. É tornar-se uma pedra. É conformar-se com o caos, buscar as pazes com o pecado e no final sofrer a tormenta eterna, posto que “cada pessoa está destinada a morrer uma só vez, e depois disso vem o julgamento” (Hb 9.27).
A solução bíblica, de fato, não é “um mundo melhor”, não é um mundo aqui com um governo e pessoas melhores, mas o mundo porvir com pessoas salvas e transformadas por Jesus; a solução bíblica é “a esperança da vida eterna que Deus, aquele que não mente, prometeu antes dos tempos eternos” (Tt 1.2).
Que vida é essa?
É a vida da vinda do reino de Deus, na forma como Jesus nos ensinou a orar: “venha o teu reino” (Mt 6.10). Esse reino eterno virá com o Rei, com o Rei Deus, o Rei Jesus – uma vez que Davi (no Salmo 110.1) chamou o Cristo de ‘meu Senhor’ (Mt 22.45). O reino de Cristo não é deste mundo nem procede deste mundo (Jo 18.36), mas daquele que que virá da parte de Deus:
Apocalipse 21.1-4 1Então vi um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra já não existiam, e o mar também não mais existia. 2E vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, como uma noiva belamente vestida para seu marido. 3Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: “Vejam, o tabernáculo de Deus está no meio de seu povo! Deus habitará com eles, e eles serão seu povo. O próprio Deus estará com eles. 4Ele lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor. Todas essas coisas passaram para sempre”.
O acesso a esse reino já nos foi aberto e nosso lugar está sendo preparado – tudo isso pela morte e ressurreição do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. E o Rei, que morreu como Cordeiro, mas ressuscitou vitorioso e subiu ao céu, voltará para buscar os seus para que estejam com ele onde ele estiver (Jo 14.1-4).
O Senhor reina: reina majestosamente, poderosamente e com justiça.
Dizer que O SENHOR REINA é dizer que CRISTO JESUS REINA – dele é o poder, o reino e a glória, para sempre e sempre. SUBMETA-SE A ELE com arrependimento e fé. Essa é a sua única esperança. Ache nele o perdão. Tenha nele o seu prazer.
Três coisas bem práticas:
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