07.02.2021
[2Timóteo 2.8-13] 8Lembre-se de que Jesus Cristo, descendente do rei Davi, ressuscitou dos mortos. Essas são as boas-novas que eu anuncio. 9E, por causa disso, sofro e estou preso como um criminoso. Mas a palavra de Deus não está presa. 10Portanto, estou disposto a suportar qualquer coisa se isso trouxer salvação e glória eterna em Cristo Jesus para os que foram escolhidos. 11Esta é uma afirmação digna de confiança: “Se morrermos com ele, também com ele viveremos. 12Se perseverarmos, com ele reinaremos. Se o negarmos, ele nos negará. 13Se formos infiéis, ele permanecerá fiel, pois não pode negar a si mesmo”.
Dr. David Wong escreveu um livro intitulado: “Vida e Carreira”, publicado no Brasil pela Z3 Ideias. Nesse livro ele fala da importância de concluirmos aquilo que começamos, de encerrarmos a escrita de cada capítulo de nossa vida. Muito pertinente! Terminar bem é deveras importante – especialmente na vida cristã. Pena que tantas vezes nós seguimos em frente deixando vários capítulos em aberto. De fato, muitos desses capítulos, além de inconclusos, ficam muito mal escritos ou rasurados. Dr. Wong diz o seguinte:
Não é difícil iniciar algo. O difícil é terminá-lo. Não é difícil iniciar bem alguma coisa. Difícil é terminá-la bem. Por isso o rei Salomão nos diz: ‘O fim das coisas é melhor que o seu início, e o paciente é melhor que o orgulhoso’ (Eclesiastes 7.8 – NVI). Que grande verdade! Geralmente temos orgulho em começar algo bem, mas logo percebemos que é preciso paciência para terminá-lo bem. A paciência é melhor que a arrogância. O fim das coisas é melhor que o seu início.
A importância de terminar o que começamos, e terminar bem, é o que nos traz a Segunda a Timóteo. Nesta carta, nós encontramos o último desejo de Paulo a Timóteo – na verdade, lê-se aqui o testamento do pai ao filho na fé: “Meu filho, seja forte por meio da graça que há em Cristo Jesus. Você me ouviu ensinar verdades confirmadas por muitas testemunhas confiáveis. Agora, ensine-as a pessoas de confiança que possam transmiti-las a outros (2Tm 2.1-2). Lembre-se de que Jesus Cristo ressuscitou (2Tm 2.8). Assim como eu consegui, pela graça de Deus, combata o bom combate, Timóteo. Complete a corrida. Guarde a fé (2Tm 4.7).” Esta carta, portanto, é sobre como terminar bem a corrida da fé, como combater o bom combate, como perseverar para a vida eterna, frutificando para a glória de Deus. Esta carta é para mim e para você.
Essa é a segunda de duas cartas inspiradas que Paulo escreveu ao seu amado filho na fé. Timóteo recebeu o seu nome, que significa “aquele que honra a Deus”, de sua mãe (Eunice) e sua avó (Loide), judias devotas que se tornaram crentes no Senhor Jesus Cristo (2Tm 1.5) e ensinaram-lhe as Escrituras do Antigo Testamento desde a sua infância (2Tm 3.15). É possível que seu pai, um grego (At 16.1), tenha morrido antes de Timóteo ter conhecido o apóstolo Paulo.
Timóteo era de Listra (At 16.1-3), uma cidade na província romana da Galácia (parte da atual Turquia). Paulo levou Timóteo a Cristo (1Tm 1.2 e 18; 1Co 4.17; 2Tm 1.2) durante o seu ministério na cidade em sua primeira viagem missionária (At 14.6-23). Quando voltou a visitar Listra, em sua segunda viagem missionária, Paulo separou Timóteo para acompanhá-lo (At 16.1-3). Embora Timóteo fosse muito jovem (provavelmente estivesse no fim da adolescência ou com seus 20 e poucos anos, uma vez que cerca de 15 anos mais tarde Paulo se referiu a ele como jovem, 1Tm 4.12), ele tinha a reputação de ser piedoso (At 16.2).
Timóteo foi discípulo, amigo e colaborador de Paulo pelo resto da vida do apóstolo, tendo ministrado com ele em Bereia (At 17.14), Atenas (At 17.15), Corinto (At 18.5; 2Co 1.19) e o acompanhado em sua viagem a Jerusalém (At 20.4). Esteve com Paulo em sua primeira prisão em Roma e foi para Filipos (Fp 2.19-23) depois da libertação de Paulo. Além disso, Paulo várias vezes menciona Timóteo em suas epístolas (Rm 16.21; 2Co 1.1; Fp 1.1; Cl 1.1; 1Ts 1.1; 2Ts 1.1; Fm 1). Com frequência, Paulo enviou Timóteo a igrejas como seu representante (1Co 4.17; 16.10; Fp 2.19; 1Ts 3.2) e, em 1Timóteo, conforme já estudamos, nós o encontramos em outra tarefa, servindo como pastor da igreja em Éfeso (1Tm 1.3). De acordo com Hebreus 13.23, Timóteo foi preso em algum lugar e depois foi colocado em liberdade, mas o período nós não sabemos.
Já estudamos que Paulo foi liberto de sua primeira prisão em Roma para um curto período de ministério, durante o qual ele escreveu 1Timóteo e Tito. No entanto, em 2Timóteo, encontramos Paulo mais uma vez numa prisão romana (2Tm 1.16; 2.9), ao que parece, preso novamente por causa da perseguição de Nero aos cristãos. Ao contrário da firme esperança de Paulo de ser liberto de sua primeira prisão (Fp 1.19, 25-26; 2.24; Fm 22), dessa vez ele não nutria tais esperanças (2Tm 4.6-8).
O cruel e desequilibrado Nero, imperador de Roma – de 54 a 68 d.C. –, foi responsável pelo início da perseguição aos cristãos pelos romanos. Ocorreu que metade de Roma foi destruída em julho de 64 depois de Cristo por um incêndio, e a crescente suspeita de que Nero era o responsável pelo fogo fez com que ele usasse a impopularidade dos cristãos como seu bode expiatório – jogando a culpa sobre eles, a “corja” da sociedade. O cristianismo, então, tornou-se por – esse motivo – uma religio illicito (religião ilícita) e a perseguição aos que professavam Jesus Cristo como Senhor tornou-se severa.
Na época do retorno de Paulo da Espanha para a Ásia, em 66 depois de Cristo, seus acusadores covardes foram capazes de usar a posição oficial romana contra o Cristianismo a favor de suas ambições malévolas. Por isso que, temendo pela própria vida, os crentes asiáticos falharam em apoiar Paulo após sua prisão (2Tm 1.15) e ninguém o apoiou em sua primeira defesa perante a Corte Imperial (2Tm 4.16). Abandonado por quase todos (2Tm 4.10-11), o apóstolo se viu em circunstâncias muito diferentes daquelas de sua primeira prisão romana (At 28.16-31).
Naquela primeira, ele estava apenas em prisão domiciliar, as pessoas podiam visitá-lo livremente e ele tinha esperança de ser posto em liberdade. Agora ele estava em uma cela romana gelada (2Tm 4.13), considerado “um criminoso” (2Tm 2.9), e sem esperança de absolvição, apesar do sucesso de sua defesa inicial (2Tm 4.6-8 e 17-18 ). Sob essas condições, Paulo escreveu esta epístola no outono de 67 depois de Cristo, esperando que Timóteo pudesse visitá-lo antes do inverno que se aproximava (2Tm 4.21).
Timóteo estava em Éfeso na época desta carta (2Tm 1.18; 4.19) e, a caminho de Roma, ele passaria por Trôade (2Tm 4.13) e pela Macedônia. Priscila e Áquila (2Tm 4.19) provavelmente saíram de Roma (Rm 16.3) para Éfeso após o incêndio de Roma e o início da perseguição. Tíquico pode ter sido o portador desta carta a Timóteo (2Tm 4.12).
Nesta epístola, ciente de que o fim para ele estava próximo, Paulo entregou a Timóteo o manto do ministério, mas não o apostólico (2Tm 2.2), e o exortou a permanecer fiel em seus deveres (2Tm 1.6), manter-se apegado à sã doutrina (2Tm 1.13-14), evitar o erro (2Tm 2.15-18), aceitar a perseguição pela causa do evangelho (2Tm 2.3-4; 3.10-12), depositar a sua confiança na Escritura e pregá-la incansavelmente (2Tm 3.15—4.5).
Talvez Paulo tivesse motivo para temer que Timóteo estivesse correndo o risco de enfraquecer espiritualmente, podendo não terminar bem. Essa teria sido uma grande preocupação para Paulo, uma vez que Timóteo precisava levar adiante a obra do apóstolo (2Tm 2.2). Embora não haja indicações históricas em outras partes do Novo Testamento quanto ao motivo pelo qual Paulo estava tão preocupado, há evidências na própria epístola a partir do que ele escreveu.
Essa preocupação é evidente, por exemplo, quando Paulo exorta Timóteo a manter viva a chama do seu dom (2Tm 1.6), a substituir o medo pelo poder, pelo amor e pelo equilíbrio (2Tm 1.7), a não se envergonhar de Paulo e do Senhor, mas sofrer voluntariamente pelo evangelho (2Tm 1.8) e a manter-se apegado à verdade (2Tm 1.13-14). Resumindo: face ao possível problema de Timóteo, que talvez estivesse se enfraquecendo sob a pressão da igreja e da perseguição do mundo, Paulo conclama-o a perseverar:
[1] fortificando-se (2Tm 2.1) por meio da graça que há em Cristo Jesus (esta é a exortação fundamental da primeira parte da carta); e
[2] pregando a palavra (2Tm 4.2), estando sempre preparado, quer a ocasião seja favorável, quer não (esta é a principal admoestação da última parte da carta).
Essas últimas palavras a Timóteo incluem poucos elogios, mas muitas admoestações, inclusive cerca de 30 imperativos. Uma vez que Timóteo era um profundo conhecedor da teologia de Paulo, o apóstolo não lhe dá mais instruções doutrinárias. No entanto, ele faz referência a várias doutrinas importantes, entre elas: a salvação pela graça soberana de Deus (2Tm 1.9-10; 2.10), a pessoa de Cristo (2Tm 2.8; 4.1 e 8) e a perseverança dos santos (2Tm 2.11-13); além disso, Paulo escreve a passagem decisiva do Novo Testamento a respeito da inspiração das Escrituras (2Tm 3.16-17).
Em síntese, Timóteo deveria perseverar nos seguintes e por tais razões:
Apesar de as circunstâncias estarem sombrias para Paulo, esta é uma carta de encorajamento que incentiva Timóteo a perseverar no cumprimento de sua tarefa divinamente designada. Nesse sentido, Paulo pinta para nós como deve ser o povo de Deus, o crente em Jesus Cristo neste mundo cada vez mais hostil ao evangelho. E que mensagem nós temos aqui de encorajamento à perseverança! Veja (dividiremos o estudo da carta do seguinte modo):
[1] A perseverança do crente (1.1-18);
[2] Os padrões do crente (2.1-26);
[3] Os perigos do crente (3.1-17);
[4] A pregação do crente (4.1-5);
[5] A perspectiva do crente (4.6-22).
O apóstolo deseja que Timóteo persevere. Para tanto, no primeiro capítulo, ele faz uma reafirmação (1.1-3), traz uma recordação (1.4-7), entrega uma requisição (1.8-14) e apresenta uma revelação (1.15-18). Vejamos como nós podemos aprender com essas palavras de modo a nos mantermos perseverantes:
A reafirmação de Paulo
2Timóteo 1.1-3 1Eu, Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, enviado para anunciar a vida que ele prometeu por meio da fé em Cristo Jesus, 2escrevo esta carta a Timóteo, meu filho amado. Que Deus, o Pai, e Cristo Jesus, nosso Senhor, lhe deem graça, misericórdia e paz. 3Dou graças por você ao Deus que sirvo com a consciência limpa, como o serviram meus antepassados. Sempre me lembro de você em minhas orações, noite e dia.
A recordação de Paulo
2Timóteo 1.4-7 4Quero muito revê-lo, pois me lembro de suas lágrimas. Nosso reencontro me encherá de alegria. 5Lembro-me de sua fé sincera, como era a de sua avó, Loide, e de sua mãe, Eunice, e sei que em você essa mesma fé continua firme. 6Por isso quero lembrá-lo de avivar a chama do dom que Deus lhe deu quando impus minhas mãos sobre você. 7Pois Deus não nos deu um Espírito que produz temor e covardia, mas sim que nos dá poder, amor e autocontrole.
A requisição de Paulo
2Timóteo 1.8-14 8Portanto, jamais se envergonhe de falar a outros sobre nosso Senhor. E também não se envergonhe de mim, que estou preso por causa dele. Com a força que Deus lhe dá, esteja pronto para sofrer comigo por causa das boas-novas. 9Pois Deus nos salvou e nos chamou para uma vida santa, não porque merecêssemos, mas porque este era seu plano desde os tempos eternos: mostrar sua graça por meio de Cristo Jesus. 10E agora ele tornou tudo isso claro para nós com a vinda de Cristo Jesus, nosso Salvador, que destruiu o poder da morte e iluminou o caminho para a vida e a imortalidade por meio das boas-novas, 11das quais Deus me escolheu para ser pregador, apóstolo e mestre. 12Por isso estou sofrendo assim. Mas não me envergonho, pois conheço aquele em quem creio e tenho certeza de que ele é capaz de guardar o que me foi confiado até o dia de sua volta. 13Apegue-se, com fé e amor em Cristo Jesus, ao modelo do ensino verdadeiro que aprendeu de mim. 14Pelo poder do Espírito Santo que habita em nós, guarde a verdade preciosa que lhe foi confiada.
A revelação de Paulo
2Timóteo 1.15-18 15Como você sabe, todos os da província da Ásia me abandonaram, incluindo Fígelo e Hermógenes. 16Que o Senhor demonstre misericórdia a Onesíforo e sua família, pois muitas vezes me animou em suas visitas e nunca se envergonhou por eu estar na prisão. 17Pelo contrário, quando veio a Roma, procurou-me diligentemente até me encontrar. 18Que o Senhor lhe mostre misericórdia no dia da volta de Cristo. E você sabe muito bem quanto ele me ajudou em Éfeso.
Pois bem, tratando da perseverança de Timóteo, PAULO NOS ENSINA O MODO COMO PODEMOS PERSEVERAR: [1] tendo por cooperador outros com o mesmo propósito cristão(gente que nos encoraja, lembra-nos da verdade em Cristo e que ora por nós), [2] apegando-nos com fé e amor em Cristo Jesus, [3] guardando a verdade e [4] olhando para exemplos de fé, esperança e amor.
Paulo agora, no capítulo 2, discorrerá sobre o padrão que deve ter o crente; como ele deve viver, de que modo perseverar. O apóstolo usará oito analogias ou exemplos para destacar o padrão que o crente deve assumir no mundo. São eles: discípulo, soldado, atleta, lavrador, Cristo, obreiro ou trabalhador, vaso e servo. Veja:
1 O discípulo discipulador
2Timóteo 2.1-2 1Meu filho, seja forte por meio da graça que há em Cristo Jesus. 2Você me ouviu ensinar verdades confirmadas por muitas testemunhas confiáveis. Agora, ensine-as a pessoas de confiança que possam transmiti-las a outros.
2 O soldado concentrado
2Timóteo 2.3-4 3Suporte comigo o sofrimento, como bom soldado de Cristo Jesus. 4Nenhum soldado se deixa envolver em assuntos da vida civil, pois se o fizesse não poderia agradar o oficial que o alistou.
3 O atleta diligente
2Timóteo 2.5 O atleta não conquista o prêmio se não seguir as regras.
4 O lavrador dedicado
2Timóteo 2.6-7 6E o lavrador que trabalha arduamente deve ser o primeiro a colher o fruto de seu esforço. 7Pense no que estou lhe dizendo. O Senhor o ajudará a entender todas essas coisas.
5 O Cristo vitorioso
2Timóteo 2.8-13 8Lembre-se de que Jesus Cristo, descendente do rei Davi, ressuscitou dos mortos. Essas são as boas-novas que eu anuncio. 9E, por causa disso, sofro e estou preso como um criminoso. Mas a palavra de Deus não está presa. 10Portanto, estou disposto a suportar qualquer coisa se isso trouxer salvação e glória eterna em Cristo Jesus para os que foram escolhidos. 11Esta é uma afirmação digna de confiança: “Se morrermos com ele, também com ele viveremos. 12Se perseverarmos, com ele reinaremos. Se o negarmos, ele nos negará. 13Se formos infiéis, ele permanecerá fiel, pois não pode negar a si mesmo”.
6 O trabalhador aprovado
2Timóteo 2.14-19 14Lembre essas coisas a todos e ordene-lhes na presença de Deus que deixem de brigar por causa de palavras. Essas discussões são inúteis e podem causar grave prejuízo a quem as ouve. 15Esforce-se sempre para receber a aprovação [aceitável, sem falsificação] do Deus a quem você serve. Seja um bom trabalhador, que não tem de que se envergonhar e que ensina corretamente a palavra da verdade. 16Evite conversas tolas e profanas, que só levam a mais comportamentos mundanos. 17Esse tipo de conversa se espalha como câncer, a exemplo do ocorrido com Himeneu e Fileto. 18Eles deixaram o caminho da verdade, afirmando que a ressurreição dos mortos já aconteceu, e com isso desviaram alguns da fé. 19Mas o alicerce sólido de Deus permanece firme, com esta inscrição: “O Senhor conhece quem pertence a ele” e “Todos que pertencem ao Senhor devem se afastar do mal”.
7 O vaso consagrado
2Timóteo 2.20-23 20Numa casa grande, alguns utensílios são de ouro e de prata, e outros, de madeira e de barro. Os utensílios de mais valor são reservados para ocasiões especiais, e os de menos valor, para uso diário. 21Se você se mantiver puro, será um utensílio para fins honrosos. Sua vida será limpa, e você estará pronto para que o Senhor da casa o empregue para toda boa obra. 22Fuja de tudo que estimule as paixões da juventude. Em vez disso, busque justiça, fidelidade, amor e paz, na companhia daqueles que invocam o Senhor com coração puro. 23Digo mais uma vez: não se envolva em discussões tolas e ignorantes que só servem para gerar brigas.
8 O servo do Senhor
2Timóteo 2.24-26 24O servo do Senhor não deve viver brigando, mas ser amável com todos, apto a ensinar e paciente. 25Instrua com mansidão aqueles que se opõem, na esperança de que Deus os leve ao arrependimento e, assim, conheçam a verdade. 26Então voltarão ao perfeito juízo e escaparão da armadilha do diabo, que os prendeu para fazerem o que ele quer.
É desse modo, pois, que o crente deve se apresentar ao mundo: o discípulo discipulador, o soldado concentrado, o atleta diligente, o lavrador dedicado, o trabalhador aprovado, o vaso consagrado e o servo do Senhor – tudo isso com a lembrança do Cristo vitorioso no coração como fonte de fé que faz perseverar. Perseverando nessas coisas, glorificaremos o Senhor, correremos a corrida e guardaremos a fé.
O crente, no entanto, deve se lembrar de que o mundo não é um mar de rosas, especialmente para o cristão com o perfil há pouco exposto. Desse modo, Paulo passa a expor os perigos do crente no mundo: a grande apostasia (e como combatê-la).
A grande apostasia
2Timóteo 3.1-9 1Saiba que nos últimos dias haverá tempos muito difíceis. 2Porque as pessoas só amarão a si mesmas e ao dinheiro. Serão arrogantes e orgulhosas, zombarão de Deus, desobedecerão a seus pais e serão ingratas e profanas. 3Não terão afeição nem perdoarão; caluniarão outros e não terão autocontrole. Serão cruéis e odiarão o que é bom, 4trairão os amigos, serão imprudentes e cheias de si e amarão os prazeres em vez de amar a Deus. 5Serão religiosas apenas na aparência, mas rejeitarão o poder capaz de lhes dar a verdadeira devoção. Fique longe de gente assim! 6Entre tais pessoas há aqueles que se infiltram na casa alheia e conquistam a confiança de mulheres vulneráveis, carregadas de pecados e controladas por todo tipo de desejo, 7mulheres que estão sempre em busca de novos ensinos, mas jamais conseguem entender a verdade. 8Esses mestres se opõem à verdade, como Janes e Jambres se opuseram a Moisés [Êx 7.8-13]. Têm a mente depravada, e sua fé não é autêntica. 9Contudo, não irão muito longe. Um dia, alguém verá como são insensatos, como aconteceu com Janes e Jambres.
A guerra contra a apostasia
2Timóteo 3.10-17 10Mas você sabe muito bem o que eu ensino, como vivo e qual é meu propósito de vida. Conhece minha fé, minha paciência, meu amor e minha perseverança. 11Sabe quanta perseguição e quanto sofrimento suportei e o que me aconteceu em Antioquia, Icônio e Listra; o Senhor, porém, me livrou de tudo isso. 12Sim, e todos que desejam ter uma vida de devoção em Cristo Jesus sofrerão perseguições. 13Mas os perversos e os impostores irão de mal a pior. Enganarão outros e eles próprios serão enganados. 14Você, porém, deve permanecer fiel àquilo que lhe foi ensinado. Sabe que é a verdade, pois conhece aqueles de quem aprendeu. 15Desde a infância lhe foram ensinadas as Sagradas Escrituras, que lhe deram sabedoria para receber a salvação que vem pela fé em Cristo Jesus. 16Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para nos ensinar o que é verdadeiro e para nos fazer perceber o que não está em ordem em nossa vida. Ela nos corrige quando erramos e nos ensina a fazer o que é certo. 17Deus a usa para preparar e capacitar seu povo para toda boa obra.
Paulo, nesse capítulo, antecipou um tempo de apostasia e iniquidade crescentes, quando homens e mulheres ficarão cada vez mais suscetíveis à religiosidade vazia e aos falsos ensinos (3.1-9). A arrogância e a impiedade produzirão cada vez mais engano, perversão e perseguição, mas Timóteo não poderia desistir de usar as Escrituras para combater o erro doutrinário e o mal moral (3.10-17). As Escrituras, afinal, são inspiradas (“sopradas por Deus”) e com elas Timóteo estaria equipado (e nós também) para cumprir o chamado cristão.
A exortação final de Paulo a Timóteo (2Tm 4.1-5) é um resumo clássico da tarefa do cristão de proclamar o evangelho, apesar das circunstâncias adversas. Paulo fala do encargo de pregar (vs. 1-2) e da necessidade da pregação (vs. 3-5):
O encargo de pregar
2Timóteo 4.1-2 1Eu lhe digo solenemente, na presença de Deus e de Cristo Jesus, que um dia julgará os vivos e os mortos quando vier para estabelecer seu reino: 2pregue a palavra [anuncie como faz o arauto do rei]. Esteja preparado, quer a ocasião seja favorável, quer não. Corrija [refute], repreenda [confronte, reprove] e encoraje [exorte, console] com paciência e bom ensino.
A necessidade da pregação
2Timóteo 4.3-5 3Pois virá o tempo em que as pessoas já não escutarão o ensino verdadeiro. Seguirão os próprios desejos e buscarão mestres que lhes digam apenas aquilo que agrada seus ouvidos. 4Rejeitarão a verdade e correrão atrás de mitos. 5Você, porém, deve manter a sobriedade em todas as situações. Não tenha medo de sofrer. Trabalhe para anunciar as boas-novas e realize todo o ministério que lhe foi confiado.
A pregação da palavra de Deus, a do tipo que corrige, repreende e encoraja com paciência e bom ensino é o que se requer de todos nós: do púlpito – passando pelas classes de EBD e os pequenos grupos – até aos nossos relacionamentos discipuladores e aconselhamento cristão. Doutro modo, não é cristianismo.
Esta carta, muito pessoal, termina com uma atualização da situação de Paulo em Roma, juntamente com certos pedidos (4.6-22). Paulo anseia por ver Timóteo antes do fim, e ele também precisa de certos artigos, especialmente “os pergaminhos” (provavelmente porções das Escrituras do Antigo Testamento). O que achamos aqui nesse tesouro de informações é o tipo de perspectiva que um crente deverá ter quando estiver enxergando o seu fim nesta vida terrena. Veremos: a avaliação, o anseio, o ânimo e o adeus de Paulo.
A avaliação de Paulo
2Timóteo 4.6-8 6Quanto a mim, minha vida já foi derramada como oferta para Deus. O tempo de minha morte se aproxima. 7Lutei o bom combate, terminei a corrida e permaneci fiel. 8Agora o prêmio me espera, a coroa de justiça que o Senhor, o justo Juiz, me dará no dia de sua volta. E o prêmio não será só para mim, mas para todos que, com grande expectativa, aguardam a sua vinda.
O anseio de Paulo
2Timóteo 4.9-13 9Por favor, venha assim que puder. 10Demas me abandonou, pois ama as coisas desta vida e foi para Tessalônica. Crescente foi embora para a Galácia, e Tito, para a Dalmácia. 11Apenas Lucas está comigo. Traga Marcos com você, pois ele me será útil no ministério. 12Enviei Tíquico a Éfeso. 13Quando vier, não se esqueça de trazer a capa que deixei com Carpo, em Trôade. Traga também meus livros e especialmente meus pergaminhos.
O ânimo de Paulo
2Timóteo 4.14-18 14Alexandre, o artífice que trabalha com cobre, me prejudicou muito, mas o Senhor o julgará pelo que ele fez. 15Tome cuidado com ele, porque se opôs fortemente a tudo que dissemos. 16Na primeira vez que fui levado perante o juiz, ninguém me acompanhou. Todos me abandonaram. Que isso não seja cobrado deles. 17Mas o Senhor permaneceu ao meu lado e me deu forças para que eu pudesse anunciar as boas-novas plenamente, a fim de que todos os gentios as ouvissem. E ele me livrou da boca do leão. 18Sim, o Senhor me livrará de todo ataque maligno e me levará em segurança para seu reino celestial. A Deus seja a glória para todo o sempre! Amém.
O adeus de Paulo
2Timóteo 4.19-22 19Envie minhas saudações a Priscila e a Áquila e à família de Onesíforo. 20Erasto ficou em Corinto, e deixei Trófimo doente em Mileto. 21Faça todo o possível para estar aqui antes do inverno. Êubulo lhe manda lembranças, e também Prudente, Lino, Cláudia e todos os irmãos. 22Que o Senhor esteja com seu espírito. E que a graça esteja com todos vocês.
A segunda carta de Paulo serviu para encorajar Timóteo a reter, “com fé e amor em Cristo Jesus, o modelo da sã doutrina” que ouviu do próprio apóstolo (1.13).
Incumbido de continuar o ministério de Paulo, Timóteo foi lembrado pelo apóstolo a respeito da pessoa de Cristo (2.8; 4.1,8) e de seu chamado à pregação da palavra (4.2). Paulo disse a Timóteo que ele enfrentaria perseguições ao seguir Cristo no caminho do discipulado cristão (3.12), mas o encorajou a permanecer na “fé em Cristo Jesus” – a perseverar (3.15).
O chamado hoje é o mesmo:
2Timóteo 2.8-13 8Lembre-se de que Jesus Cristo, descendente do rei Davi, ressuscitou dos mortos. Essas são as boas-novas que eu anuncio. 9E, por causa disso, sofro e estou preso como um criminoso. Mas a palavra de Deus não está presa. 10Portanto, estou disposto a suportar qualquer coisa se isso trouxer salvação e glória eterna em Cristo Jesus para os que foram escolhidos. 11Esta é uma afirmação digna de confiança: “Se morrermos com ele, também com ele viveremos. 12Se perseverarmos, com ele reinaremos. Se o negarmos, ele nos negará. 13Se formos infiéis, ele permanecerá fiel, pois não pode negar a si mesmo”.
— Lembre-se de Jesus Cristo… e persevere para a salvação.
S.D.G. L.B.Peixoto
Mais episódios da série
Cartas do Novo Mundo
Mais episódios da série Cartas do Novo Mundo
Mais Sermões
13 de novembro, 2016
12 de fevereiro, 2023
25 de novembro, 2018
2 de agosto, 2017
Mais Séries
Segunda Carta de Paulo a Timóteo: Perseverança
Pr. Leandro B. Peixoto