19.07.2020
[Salmo 91] 1Aquele que habita no abrigo do Altíssimo encontrará descanso à sombra do Todo-poderoso. 2Isto eu declaro a respeito do SENHOR: ele é meu refúgio, meu lugar seguro, ele é meu Deus e nele confio. 3Pois ele o livrará das armadilhas da vida e o protegerá de doenças mortais. 4Ele o cobrirá com as suas penas e o abrigará sob as suas asas; a sua fidelidade é armadura e proteção. 5Não tenha medo dos terrores da noite, nem da flecha que voa durante o dia. 6Não tema a praga que se aproxima na escuridão, nem a calamidade que devasta ao meio-dia. 7Ainda que mil caiam ao seu lado e dez mil morram ao seu redor, você não será atingido. 8 Basta abrir os olhos, e verá como são castigados os perversos. 9Se você se refugiar no SENHOR, se fizer do Altíssimo seu abrigo, 10nenhum mal o atingirá, nenhuma praga se aproximará de sua casa. 11Pois ele ordenará a seus anjos que o protejam aonde quer que você vá. 12Eles o sustentarão com as mãos, para que não machuque o pé em alguma pedra. 13Você pisará leões e cobras, esmagará leões ferozes e serpentes debaixo dos pés. 14O SENHOR diz: “Livrarei aquele que me ama, protegerei o que confia em meu nome. 15Quando clamar por mim, eu responderei e estarei com ele em meio às dificuldades; eu o resgatarei e lhe darei honra. 16Com vida longa o recompensarei e lhe darei minha salvação”.
Viver é perigoso
O Salmo 91 é um salmo bem conhecido. Muita gente mantém uma Bíblia aberta nele. Foi assim que eu o conheci, na Bíblia aberta de minha avó materna – vovó Frauzina. As páginas eram sujas, rasgadas, mas lá estava o Salmo 91! Para alguns, é uma simpatia. Para outros, uma realidade. Que ele esteja aberto no seu coração.
Trata-se de um Salmo para tempos de risco e de terror. Enquanto o Salmo 90 foca nos problemas da vida, o 91 destaca os perigos. É impressionante como ele é atual. Introduzindo este salmo, Calvino escreveu em seu comentário:
Neste Salmo somos ensinados que Deus vigia sobre a segurança de seu povo e jamais o abandona nos momentos de perigo. São exortados a avançar pelo meio dos perigos na confiança de sua proteção. A verdade inculcada é de uma grande utilidade prática, pois embora muitos falem tanto da providência divina e confessem crer que Deus exerce uma vigilância especial sobre seus próprios filhos, poucos são aqueles que realmente se dispõem a confiar-lhe sua segurança.
É um Salmo anônimo. Alguns o chamam de “Salmo órfão”. A LXX o atribui a Davi (durante a praga em decorrência do censo que Davi levantou em Israel – cf. 1Cr 21), enquanto outros o atribuem a Moisés. A fundamentação para a autoria de Moisés está em que ele escreveu o Sl 90 (que lhe é atribuído logo no título) e o Sl 91 vem logo na sequência, com a mesma temática e vários dos mesmos termos e vocabulário. Ademais, ambos os salmos, além de abrirem a coleção do quarto livro do saltério (Livros 1 – 5), parecem compor uma exposição detalhada de Dt 33.27: “O Deus eterno é o seu refúgio [Sl 90], e para segurá-lo estão os braços eternos [Sl 91]”.
Sl 90.1 (NVI) – Senhor, tu és o nosso refúgio, sempre, de geração em geração.
Sl 91.1,4 (NVI) – Aquele que habita no abrigo do Altíssimo e descansa à sombra do Todo-poderoso […] 4 Ele o cobrirá com as suas penas, e sob as suas asas você encontrará refúgio.
Seja de Moisés, de Davi ou de qualquer outro, o fato é que o Salmo 91 foi inspirado por Deus e está no Canon das Escrituras Sagradas para nos inspirar a enfrentar os perigos da vida com fé e esperança, sem perder o amor. E é sobre isto que eu desejo de lhes falar hoje à noite. Quem não precisa de fé e de esperança para viver SEM MEDO DE VIVER, amando e servindo as pessoas nesta época de pandemia? Viver nunca foi tão perigoso!
O Sl 91 nos oferece uma análise de cinco áreas nas quais a vida humana corre perigo.
1 – O PERIGO DAS DOENÇAS FÍSICAS
“Veneno mortal” (v. 3, NVI) – Doença incurável; praga mortal; ameaça de destruição! – AIDS, câncer, alzheimer, cardiopatia, COVID-19, etc.
3Pois ele o livrará das armadilhas da vida e o protegerá de doenças mortais.
“Peste que se move sorrateira nas trevas; praga que devasta ao meio-dia” (v. 6, NVI) – Doenças de pele? Lepra? Bactéria? Vírus? Epidemia? Pandemia?
6Não tema a praga que se aproxima na escuridão, nem a calamidade que devasta ao meio-dia.
A doença e a morte estão sempre à porta, fazendo-nos correr riscos, roubando-nos a alegria de viver.
2 – O PERIGO DAS COISAS IMPREVISTAS
“A flecha que voa de dia” (v. 5, NVI) – Coisa fortuita, vítima da irresponsabilidade do outro: bala perdida, bêbado no volante, viciado que rouba, ladrão que mata, etc.
5Não tenha medo dos terrores da noite, nem da flecha que voa durante o dia.
“Não tropece em alguma pedra” (v. 12, NVI) – São as circunstâncias inesperadas, a casualidade, o tropeço, as pedras no caminho, os obstáculos na trajetória, as coisas que ninguém planejou, a hora, o local e a maneira inesperados. Aquilo com que não se contava. A notícia trágica e indesejada. O diagnóstico impensado.
12Eles o sustentarão com as mãos, para que não machuque o pé em alguma pedra.
3 – O PERIGO DOS TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS
“Pavor da noite” (v. 5) – A ansiedade, o medo, o pânico.
5Não tenha medo dos terrores da noite, nem da flecha que voa durante o dia.
“Angústia / Adversidade” (v. 15) – A angústia e a tristeza; o estresse: fruto de traumas e longas tribulações, ou de algo que não tem explicação; excesso de pressão e de trabalho.
15Quando clamar por mim, eu responderei e estarei com ele em meio às dificuldades; eu o resgatarei e lhe darei honra.
4 – O PERIGO DOS DESAJUSTES SOCIAIS
“Mil poderão cair ao seu lado, dez mil à sua direita” (v. 7) – Fala da vida nos tempos de guerra e violência (urbana e mundial), narra também a história dos que falem financeiramente, daqueles que perdem tudo o que construíram – fé, família, fortuna, felicidade.
7Ainda que mil caiam ao seu lado e dez mil morram ao seu redor, você não será atingido.
“Ímpios” (v. 8) – Descreve os perversos que vivem por perto, que estão ao alcance da mão, que penetram na casa, na igreja, no trabalho, tornam-se sócios, empregados ou patrões. Gente raivosa, dentes afiados e ferozes, atitude agressiva – iracunda, de coração ruim, que chega muito perto da gente para ferir e prejudicar.
8 Basta abrir os olhos, e verá como são castigados os perversos.
5 – O PERIGO DOS ATAQUES ESPIRITUAIS
A LXX e o judaísmo posterior (séc. 3 – 1 a.C.) criam que este salmo narra os ataques do diabo e seus demônios quando desafiamos as potências do mal, buscando fazer a vontade de Deus.
“Praga alguma chegará à sua tenda” (v. 10, NVI) – Maldição e pragas satânicas (Balac contratou Balaão para amaldiçoar o povo de Israel).
10nenhum mal o atingirá, nenhuma praga se aproximará de sua casa.
Calvino, sobre o versículo 10:
E como males adversos nos sobrevêm, quando descansamos confiadamente na proteção de Deus? É verdade que provações de variados tipos assaltam tanto os crentes quanto os demais, mas o salmista tem em mente que Deus se põe entre ele e a violência de cada assalto, de modo que ele é preservado de ser esmagado. A proteção divina é representada como a estender-se a toda a família dos justos; e sabemos que Deus inclui em seu amor os filhos que ele adotou em seu favor paternal. Ou, talvez, o termo poderia ser tomado em sentido mais simples, e nada mais sendo tencionado além do fato de que aqueles que escolheram a Deus para ser seu refúgio habitariam seguros em suas casas.
“O laço do passarinheiro / caçador” (v. 3, NVI) – As armadilhas do diabo. As tentações e opressões. As setas demoníacas (v. 13, NVI): “Você pisará o leão e a cobra; pisoteará o leão forte e a serpente.” Sobre o versículo 13, Calvino escreveu:
Ele já havia falado dos obstáculos que Satanás lança em nossa trajetória sob a figura de uma pedra. Agora ele fala das angústias terríveis a que estamos expostos no mundo sob as figuras da áspide, leão, leãozinho e dragão. Até onde nos é possível, aqui realmente se expressa que andamos entre animais selvagens que nos ameaçam com destruição. E neste caso o que seria de nós não fosse a promessa de Deus de nos fazer vitoriosos sobre os múltiplos males que por toda parte nos tolhem os passos? Ninguém que considere seriamente as tentações a que ele estava exposto se admirará de que o salmista, com o propósito de remover a apreensão da mente do povo do Senhor, tivesse adotado a linguagem de hipérbole; de fato não dirá que ela é uma linguagem hiperbólica, mas uma verdadeira e exata representação do caso deles. Gabamo-nos muito de nossa coragem enquanto permanecemos a longa distância da cena do perigo; mas tão logo somos introduzidos no campo de ação, ante o menor motivo já esconjuramos nossos leões e dragões, bem como toda uma hoste de pavorosos perigos. O salmista acomoda sua linguagem a esta fragilidade de nossa apreensão carnal.
A palavra hebraica, shachal, a qual a Septuaginta traduz por áspide, significa leão, e tal repetição no segundo membro da sentença é comum no hebraico. Não há, portanto, motivo para buscar alguma distinção sutil que pudesse ter sido tencionada para especificar esses quatro diferentes tipos de animais; só que por leão e leãozinho se deve entender os perigos mais francos, pelos quais somos assaltados com força e violência; e por serpente e dragão, os malefícios ocultos, nos quais o inimigo nos assalta de forma insidiosa e inesperada, como a serpente faz de seu lugar secreto.
Agora… Observe a lista de perigos e vejam como eles são grandes em número, extensão, poder e profundidade maiores do que qualquer ser humano é capaz de suportar. Pense também no que esses perigos podem gerar, e que tipo de pessoas eles podem produzir.
Doenças (hipocondríacos); imprevistos (paranoicos); transtornos (abalados); sociedade (amedrontados); satanás (acorrentados).
Como viver sem medo de viver num mundo perigoso como o nosso?
1 – CONHEÇA A DEUS
O Sl 91 não nos convida a nos separarmos de maneira radical da vida e do mundo lá fora, mas, ao contrário, ele nos remete para dentro desse mundo perigoso Jo 17.15! Como pode ser isto? Como viver sem medo de viver? O segredo é conhecer a Deus!
O salmista, em apenas dois versículos (Sl 91.1-2), revelou-nos o seu segredo. Ele apresentou quatro nomes diferentes para Deus, que revelam o caráter de Deus (NVI):
1Aquele que habita no abrigo do Altíssimo e descansa à sombra do Todo-poderoso 2pode dizer ao Senhor: “Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio”.
Elyon – Altíssimo (Deus de todas as coisas – Deus possuidor)
Shaddai – Todo-poderoso (Deus provedor)
Jehovah – Senhor (Deus de promessas – O grande EU SOU)
Elohim – Deus [Criador] (Deus de poder)
Possessão, Provisão, Promessa e Poder – Esse é o nosso Deus: o nosso esconderijo, refúgio e fortaleza. Conhecer esse Deus nos ajudará a descansar e seguir sem medo viver, pois ele nos protege do maligno! João 17.15:
Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno.
2 – ENTREGUE-SE A DEUS!
O salmo não promete libertação e proteção para todos, mas apenas para “Aquele que habita […] e descansa (v. 1)! – no abrigo do Altíssimo –, à sombra do Todo-poderoso.”
Habitar – Heb.: yahshaav – ficar, perdurar, aguentar, continuar, permanecer – morada!
Descansar – Heb.: loon – alojar, passar a noite – descanso!
Refúgio (v. 2) – lugar de descanso.
Fortaleza (v. 2) – lugar de defesa.
Como entregar-se a Deus? 4 dicas:
1 – Diga a Deus o que ele é para você
Deus vai se tornando para nós aquilo que confessamos que Ele é! Não estamos falando de confissão positiva. Ouça:
1Aquele que habita no abrigo do Altíssimo e descansa à sombra do Todo-poderoso 2pode dizer ao Senhor: “Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio”.
Alguns por aí dão ênfase no ato da confissão, ao passo que a Bíblia enfatiza o conteúdo dela (que é o que realmente nos transforma) – a verdade nos liberta! Vivemos pelo que cremos. O que cremos é vitamina para os ossos da alma.
2 – Refugie-se sob a verdade da Palavra
A verdade é proteção, é âncora para a nossa alma! Por isso o Diabo tentou Jesus com Palavras da Bíblia e Jesus contra-atacou-o com a mesma Palavra. Só que da forma correta! Versículo 4:
Ele o cobrirá com as suas penas, e sob as suas asas você encontrará refúgio; a fidelidade dele será o seu escudo protetor.
3 – Mantenha acesa a chama do amor por Deus
É o nosso relacionamento de amor que nos mantém inabaláveis diante das tormentas da vida e da morte! Versículo 14:
Porque ele me ama, eu o resgatarei; eu o protegerei, pois conhece o meu nome.
O exemplo de Paulo, Filipenses 1.21-25:
21Pois para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro. 22Mas, se o viver no corpo resulta para mim em fruto do meu trabalho, não sei então o que escolher. 23Sinto-me, porém, pressionado de ambos os lados, tendo desejo de partir e estar com Cristo, pois isso é muito melhor; 24todavia, por vossa causa, acho mais necessário permanecer no corpo. 25E, tendo esta confiança, sei que ficarei e permanecerei com todos vós para vosso desenvolvimento e alegria na fé;
4 – Não deixe de Orar a Deus
Salmo 91.15:
Ele clamará a mim, e eu lhe darei resposta, e na adversidade estarei com ele; vou livrá-lo e cobri-lo de honra.
Jo 14.13 – E eu farei o que vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho.
Jo 16.24 – Até agora vocês não pediram nada em meu nome. Peçam e receberão, para que a alegria de vocês seja completa.
Joseph Scriven (155 CC): Oh! Que paz perdemos sempre. Oh! Que dor no coração, só porque nós não levamos tudo a Deus em oração.
As promessas do Salmo (Sl 91.14-16):
14“Porque ele me ama, eu o resgatarei; eu o protegerei, pois conhece o meu nome. 15Ele clamará a mim, e eu lhe darei resposta, e na adversidade estarei com ele; vou livrá-lo e cobri-lo de honra. 16Vida longa eu lhe darei, e lhe mostrarei a minha salvação.”
Amor recíproco – v. 14
Liberdade reconfortante – v. 15
Vida recompensadora – v. 16
Jo 14.1-3 – 1“Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. 2Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. 3E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver.
A condição do Salmo (Sl 91.1-2)
1Aquele que habita no abrigo do Altíssimo e descansa à sombra do Todo-poderoso 2pode dizer ao Senhor: “Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio”.
A morte de Cristo conquistou para nós a vida e a vitória sobre o medo da morte. Hebreus 2.14-15:
14Portanto, visto que os filhos são pessoas de carne e sangue, ele também participou dessa condição humana, para que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o Diabo, 15e libertasse aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte.
Viva SEM MEDO DE VIVER.
S.D.G. L.B.Peixoto
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