21.06.2020
[Josué 1.1-9] 1Depois que Moisés, servo do SENHOR, morreu, o SENHOR disse a Josué, filho de Num, auxiliar de Moisés: 2“Meu servo Moisés está morto; chegou a hora de você conduzir todo este povo, os israelitas, para atravessar o rio Jordão e entrar na terra que eu lhes dou. 3Eu darei a vocês todo o lugar em que pisarem, conforme prometi a Moisés, 4desde o deserto do Neguebe, ao sul, até os montes do Líbano, ao norte; desde o rio Eufrates, a leste, até o mar Mediterrâneo, a oeste, incluindo toda a terra dos hititas. 5Enquanto você viver, ninguém será capaz de lhe resistir, pois eu estarei com você, assim como estive com Moisés. Não o deixarei nem o abandonarei. 6“Seja forte e corajoso, pois você conduzirá este povo para tomar posse da terra que jurei dar a seus antepassados. 7Seja somente forte e muito corajoso. Tenha o cuidado de cumprir toda a lei que meu servo Moisés lhe ordenou. Não se desvie dela nem para um lado nem para o outro. Assim você será bem-sucedido em tudo que fizer. 8Relembre continuamente os termos deste Livro da Lei. Medite nele dia e noite, para ter certeza de cumprir tudo que nele está escrito. Então você prosperará e terá sucesso em tudo que fizer. 9Esta é minha ordem: Seja forte e corajoso! Não tenha medo nem desanime, pois o SENHOR, seu Deus, estará com você por onde você andar”.
“Como hei de… salvar a demanda do desastre?”
O Senhor dos Anéis é uma obra-prima da literatura mundial – e que muito poderia inspirar a mente e inflamar o coração nestes tempos em que vivemos, quando as trevas parecem estar permeando todos os lugares e tomando o controle sobre todas as coisas. J. R. R. Tolkien, que era cristão, professor de literatura e autor premiado, escreveu esse clássico em três partes: A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei.
A primeira parte, A Sociedade do Anel, conta como Gandalf, o Cinzento, descobriu que o anel em posse de Frodo, o Hobbit, era de fato o Um Anel, regente de todos os Anéis de Poder. Narrou a fuga de Frodo e de seus companheiros do seu lar no tranquilo Condado, quando foram perseguidos pelo terror dos Cavaleiros Negros de Mordor. Essa parte, composta de aventuras e de perigos de tirarem o fôlego, termina com Boromir – da raça dos homens, capitão-general e último governante Regente de Gondor – sucumbindo à atração do Anel; com o escape e o desaparecimento de Frodo e seu serviçal Samwise; e com a dispersão do restante da Sociedade por um súbito ataque de soldados-órquicos, dentre outros. A Demanda do Portador-do-Anel já parecia assolada pelo desastre, de fato, quase derrotada.
A segunda parte, As Duas Torres, conta o que ocorreu com cada um dos membros da Sociedade do Anel, depois do rompimento de sua sociedade, até a vinda da grande Escuridão e a explosão da Guerra do Anel, que será narrada na terceira e última parte: O Retorno do Rei.
As Duas Torres, parte dois da ficção, tem início com a partida de Boromir. Lê-se assim:
A cerca de uma milha de Parth Galen, numa pequena clareira próxima do lago, [Aragorn] encontrou Boromir. Estava sentado, encostado a uma grande árvore, como se descansasse. Mas Aragorn viu que ele estava transpassado por muitas flechas de penas negras; ainda tinha a espada na mão, mas ela estava partida junto ao punho; sua trompa, rachada em dois pedações, estava ao seu lado. Muitos Orques jaziam abatidos, amontoados em toda a sua volta e a seus pés.
Aragorn ajoelhou-se junto a ele. Boromir abriu os olhos e esforçou-se para falar. Por fim vieram palavras lentas. “Tentei tirar o Anel de Frodo”, disse ele. “Eu lamento. Eu paguei.” Seu olhar desviou-se para os inimigos tombados; havia pelo menos vinte deitados ali. “Eles se foram: os Pequenos; os Orques os levaram. Acho que não estão mortos. Os Orques os amarraram.” Fez uma pausa, e seus olhos se fecharam de exaustão. Um momento depois voltou a falar.
“Adeus, Aragorn! Vai a Minas Tirith [Cidade Branca, Capital de Gondor] e salva meu povo! Eu falhei.”
“Não!”, disse Aragorn, tomando-lhe a mão e beijando-lhe a fronte. “Tu venceste. Poucos ganharam tal vitória. Fica em paz! Minas Tirith não há de cair!”
Boromir sorriu.
“Para que lado foram? Frodo estava lá?”, perguntou Aragorn.
Mas Boromir não voltou a falar. [AGORA OUÇA:]
“Ai de nós!”, exclamou Aragorn. “Assim passa o herdeiro de Denethor, Senhor da Torre de Guarda! Este é um amargo fim. Agora a Comitiva está toda em ruínas. Fui eu que falhei. Vã foi a confiança de Gandalf em mim. O que hei de fazer agora? Boromir incumbiu-me de ir a Minas Tirith, e meu coração assim deseja; mas onde estão o Anel e o Portador? Como hei de encontrá-los e salvar a Demanda do desastre?”
As palavras de Aragorn – “Como hei de… salvar a Demanda do desastre?” – bem poderiam ter sido as palavras ditas por Josué, quando ele soube que Moisés estava morto, ao passo que o povo de Deus ainda estava vagando pelo deserto já havia 40 anos – e nada de entrarem na Terra Prometida. Que situação! Pense bem: as promessas de Deus ainda não tinham sido cumpridas na vida do povo que saiu do Egito; e pior, Moisés – o grande líder! o libertador! – estava morto. Como Josué salvaria aquela missão do desastre?
Com a morte de Moisés, Josué assumiria o comando do povo frente às batalhas pela conquista da terra de Canaã. Aqueles não eram dias fáceis. Pense comigo por um instante:
Os hebreus não contavam mais com a liderança de Moisés. Quão difícil deve ter sido para o povo olhar ao redor e não ver aquele que os havia conduzido por 40 anos com a promessa de Deus nos lábios de que possuiriam a Terra! E Josué? Josué, agora, deveria tomar, sozinho, as decisões! Conseguiria, aquele noviço, calçar as sandálias de Moisés?
Os hebreus enfrentariam inimigos perigosos. Homens fortes e bem armados, verdadeiros gigantes com carros de ferro. Ouçam:
[Dt 1.28] Para onde podemos ir? Nossos irmãos nos desanimaram com seu relatório. Eles disseram: ‘Os habitantes da terra são mais altos e poderosos que nós, e suas cidades são grandes, com muros que sobem até o céu! Vimos até os descendentes de Enaque!’
[Js 17.16] Os descendentes de José disseram: “É verdade que a região montanhosa não é grande o suficiente para nós. Mas todos os cananeus do vale, tanto os de Bete-Sã e dos povoados ao redor como os do vale de Jezreel, têm carros de guerra com rodas de ferro; são fortes demais para nós”.
Os hebreus teriam que vencer obstáculos gigantescos. Por exemplo: a geografia da nova terra (montanhas e vales) e as fortificações das cidades (muros enormes).
Os hebreus teriam que se adaptar a um novo estilo de vida. Não contariam mais com o maná (a comida de mão-beijada). Teriam que comer “do produto da terra”. Ouçam:
[Js 5.12] No dia em que começaram a comer das colheitas da terra, o maná deixou de cair e nunca mais apareceu. Daquele momento em diante, os israelitas passaram a se alimentar do que a terra de Canaã produzia.
Os hebreus teriam que tomar cuidado com a sedução da nova terra. A terra oferecia enormes perigos: [1] o conforto e os privilégios do lugar poderiam fazer o povo se esquecer daquele que os havia tirado do Egito (Dt 6.10-12); [2] os deuses da nova terra poderiam seduzir o povo (Dt 6.13-15); [3] o novo estilo de vida poderia fazer o povo buscar Deus apenas para satisfazer às suas necessidades imediatas – p.ex., como foi quando lhes faltou água em Massá (Dt 6.16); [4] a convivência com outros povos poderia contaminar o povo com uma ética e uma moral que não fossem bíblicas (Dt 6.17-19); e [5] as pressões da cultura ao redor poderiam fazer com que as gerações futuras se esquecessem do Senhor (Dt 6.20-25). Ouçam, Deuteronômio 6.10-25:
10“Em breve, o SENHOR, seu Deus, os conduzirá à terra que ele jurou dar a seus antepassados Abraão, Isaque e Jacó. É uma terra com cidades grandes e prósperas que vocês não construíram. 11As casas estarão cheias de bens que vocês não produziram. Vocês tirarão água de cisternas que não cavaram, e comerão os frutos de vinhedos e oliveiras que não plantaram. Quando tiverem comido até se fartarem nessa terra, 12cuidem para não se esquecerem do SENHOR, que os libertou da escravidão na terra do Egito. 13Temam o SENHOR, seu Deus, e sirvam a ele. Quando fizerem um juramento, jurem somente pelo nome dele. 14“Não sigam nenhum dos deuses das nações vizinhas, 15pois o SENHOR, seu Deus, que vive entre vocês, é Deus zeloso. Se o fizerem, a ira do SENHOR, seu Deus, se acenderá contra vocês, e ele os eliminará da face da terra. 16Não ponham à prova o SENHOR, seu Deus, como fizeram quando se queixaram em Massá. 17Obedeçam cuidadosamente aos mandamentos do SENHOR, seu Deus, bem como a todos os preceitos e decretos que ele lhes ordenou. 18Façam o que é certo e bom aos olhos do SENHOR, para que tudo vá bem com vocês e tomem posse da boa terra em que vão entrar, a terra que o SENHOR prometeu sob juramento a seus antepassados. 19Vocês expulsarão todos os inimigos que vivem nela, como o SENHOR disse que fariam. 20“No futuro, seus filhos lhes perguntarão: ‘O que significam estes preceitos, decretos e estatutos que o SENHOR, nosso Deus, lhes deu?’. 21“Então vocês lhes dirão: ‘Éramos escravos do faraó no Egito, mas o SENHOR nos tirou de lá com sua mão forte. 22O SENHOR realizou sinais e maravilhas diante de nossos olhos e enviou castigos terríveis sobre o Egito, o faraó e todo o seu povo. 23Ele nos tirou do Egito para nos dar esta terra que ele havia prometido sob juramento a nossos antepassados. 24E o SENHOR ordenou que cumpramos todos estes decretos e temamos o SENHOR, nosso Deus, para que ele sempre nos abençoe e preserve nossa vida, como tem feito até hoje. 25Pois a nossa justiça estará em obedecermos cuidadosamente aos mandamentos que o SENHOR, nosso Deus, nos ordenou’.”
Os hebreus não tinham maturidade espiritual. O povo murmurava e reclamava bastante. Era inconstante. Enquanto no deserto, diante de qualquer obstáculo, sempre pensaram em voltar para o Egito. Faltava-lhes a paciência e a perseverança. Levaram 40 anos para chegarem à terra. E a conquista da terra não seria imediata, como certamente gostariam que fosse. Marchariam muito. Lutariam bastante.
Face a face com esses inúmeros e enormes desafios, Josué foi alistado pelo Senhor (v. 2):
“Meu servo Moisés está morto; chegou a hora de você [levante-se… dispõe-te, agora… preparem-se… para] conduzir todo este povo, os israelitas, para atravessar o rio Jordão e entrar na terra que eu lhes dou.
Josué poderia fazer coro com Aragorn: “Como hei de… salvar a Demanda do desastre?”
E nós, Como agiremos?
Meu povo, muitos anos se passaram desde os dias de Josué até hoje, mas os desafios enfrentados pelos hebreus, o povo de Deus – ali na fronteira, no limite entre o deserto e a Terra Prometida – são ainda os mesmos, guardadas as proporções. Quer ver uma coisa?
Olha-se ao redor e fica-se com a impressão de que os grandes homens de Deus, aqueles da mesma envergadura de Moisés, estão cada vez mais escassos: Onde estão os homens dispostos a deixar todo o conforto e os privilégios do Egito para servir o Senhor, mesmo que no fundo de um deserto sem qualquer plateia? Onde estão os homens que deixaram de lado suas desculpas para servir o Senhor? Onde estão os homens que se colocam na brecha para servir, que se posicionam entre um povo rixoso e um Deus justo e amoroso? Onde estão os homens que, destemidamente, enfrentam uma cultura tão hostil? Onde estão os homens que, vivendo face a face com Deus, modelam para os outros a forma de se caminhar com o Senhor?
Os inimigos da igreja do Senhor Jesus são fortes e muito bem equipados. Veja, por exemplo, a crítica, dita científica ou as visões de mundo cada vez mais humanistas, materialistas, naturalistas e tanto mais arredia à cosmovisão judaico-cristã estampada na revelação de Deus nas Escrituras e tão bem interpretada na tradição ortodoxa da igreja. Argumentos, provas ou evidências, tidos como sendo muito bem fundamentados – cientificamente, empiricamente fundamentados – cada vez mais jogam para escanteio a palavra de Deus.
Os obstáculos que estão diante de nós, a igreja, são enormes: o politicamente correto; as ideologias de todos os tipos; as políticas públicas ideologizadas; a marcha veloz para um governo mundial organizado (dê a isto o nome que quiser) e armado contra o caminho, a verdade e a vida exclusivamente em Jesus Cristo, o Filho eterno de Deus, o Ungido do Senhor; a ditadura da mídia; etc.
O estilo de vida e os padrões de conduta têm mudado com enorme rapidez, e a igreja tem sido forçada a assimilar essas mudanças de comportamento ou de ação, sem tempo para reflexões profundas. Por exemplo, recentemente, a prática da “ceia do SENHOR on-line” (feito às pressas, sem a devida reflexão bíblica e histórica); isto sem falar nas questões de moral e de costumes tanto já pervertidos.
As seduções que o povo de Deus sofre, são gigantescas: orgulho pelos “avanços” e “conquistas”; a idolatria e o sincretismo religioso; o materialismo que propaga que Deus existe para nos satisfazer; a falta de ética e de caráter; o doutrinamento secularizado e ideologizado que nossos filhos têm recebido (leia: Quem controla a escola governa o mundo, de Gary DeMar, pela ed. Monergismo).
A imaturidade espiritual da grande maioria do povo de Deus parece que nunca foi tão pior: “servem” a Deus e “usam” a igreja, apenas enquanto estão sendo beneficiados.
Por fim, em uma geração com mudanças tão rápidas e velozes, como tem sido difícil para nós ter que esperar com paciência e lutar com perseverança.
Pois bem, diante desses desafios, como nós sobreviveremos?
Hoje, celebrando os 76 anos de nossa igreja (completados no último dia 18 de junho), depois de mais de três meses sem poder nos reunir por medidas de saúde pública – voltamos em parte no domingo passado – e em face dessa pandemia que tem perturbado e aterrorizado aos milhares de milhares, desejo chamar sua atenção para a convocação que Deus fez a Josué e tirar as lições que precisamos aprender, se quisermos sobreviver em meio a tatos desafios.
Quanta coisa poderia ser dita a partir deste texto! Mas iremos nos limitar a ouvir a principal convocação do Senhor em Josué 1.1-9: “Tenha atitude!” No v. 2, Deus disse: “Josué, chegou a sua hora, dispõe-te, AGORA! Você e o povo, tenham atitude!”
Segunda Igreja Batista em Goiânia, é este o momento para cada um de nós se dispor. Se quisermos sobreviver diante dos desafios deste tempo, precisaremos nos dispor, precisaremos ter atitude. Atitude para [1] conquistar a vitória (vs. 1-5); [2] cultivar a virtude (vs. 6, 7, 9); e [3] comunicar a verdade (v. 8).
1 – Tenha atitude para receber a vitória que nos está garantida (vs. 1-5):
Josué recebeu a garantia clara e objetiva de Deus de que ele conquistaria a terra. Moisés estava morto, mas o propósito de Deus não. A vitória, portanto, era certa (vs. 1-5):
1Depois que Moisés, servo do SENHOR, morreu, o SENHOR disse a Josué, filho de Num, auxiliar de Moisés: 2“Meu servo Moisés está morto; chegou a hora de você conduzir todo este povo, os israelitas, para atravessar o rio Jordão e entrar na terra que eu lhes dou. 3Eu darei a vocês todo o lugar em que pisarem, conforme prometi a Moisés, 4desde o deserto do Neguebe, ao sul, até os montes do Líbano, ao norte; desde o rio Eufrates, a leste, até o mar Mediterrâneo, a oeste, incluindo toda a terra dos hititas. 5Enquanto você viver, ninguém será capaz de lhe resistir, pois eu estarei com você, assim como estive com Moisés. Não o deixarei nem o abandonarei.
A vitória seria certa! Mas por que aquela vitória era algo tão certo assim? O que precisamos aprender se quisermos ser vitoriosos no cumprimento de nossa missão enquanto igreja, enquanto cristãos?
Primeiro, a vitória é certa porque o Senhor quer (v. 2-5).
Não é difícil imaginar que, entre o povo de Deus, pairavam algumas dúvidas sérias sobre os propósitos e os planos de Deus, agora que Moisés estava morto, agora que seu grande líder se foi. Portanto, não é de surpreender que as primeiras palavras deste livro sejam: “Agora que Moisés, servo do SENHOR, está morto, tenha atitude, disponha-se, agora, e vá ocupar a terra que eu prometi a vocês”.
A mão de Deus é a coisa que Deus mesmo quer que vejamos aqui. Não depende do homem, em última instância. Isso não quer dizer que o homem não seja importante, ou que o homem seja insignificante. No final, homens e mulheres são servos e servas que fazem a vontade do SENHOR. O reino de Deus não depende, em última análise, de nós ou do que fazemos, mas ele nos usa. Veja como Deus mesmo coloca essa questão:
Em quatro versículos apenas – vs. 2-5 – nós ouvimos Deus repetidas vezes, cinco vezes!, garantindo sua presença com o povo: passe à terra que EU dou aos filhos de Israel (v. 2); EU prometi a Moisés que lhes daria esta terra (v. 3); EU estive com Moisés (v. 5a); EU estarei contigo (v. 5b); EU não te deixarei, nem te abandonarei (v. 5c). Percebeu?
Eu… Eu… Eu… Eu… Eu… cinco vezes Eu! A ênfase está na soberana providência do SENHOR Deus. A ênfase está naquilo que Deus prometeu e está prestes a fazer.
Essas afirmações e colocações são tremendamente significativas. A primeira lição que que se aprende é de soberania e de providência divinas. A obra é de Deus. A obra é do Senhor e ele mesmo a realizará. “Eu edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” Não depende do homem, não depende de grandes homens, não depende de pessoas como Moisés ou mesmo Josué. Sim, Deus os usa, mas o reino de Deus não depende do homem. A vitória é certa porque o SENHOR quer, e fará acontecer.
Você já pensou em como teria sido para a igreja primitiva – na Ásia menor, atual Turquia –, quando o apóstolo Paulo morreu e a notícia de sua morte viajou de igreja em igreja? Você imagina como o povo de Deus se sentiu desanimado no final do primeiro século, quando Paulo, o grande apóstolo, estava morto?
Você pode imaginar o que as igrejas do norte da África sentiram no quarto ou quinto século, quando Agostinho, o grande pastor e teólogo Agostinho, finalmente morreu? Você pode imaginar o que o povo de Deus deve ter sentido em meados do século XVI, quando Lutero e Calvino morreram?
Você pode imaginar como os batistas, de fato, os evangélicos na Inglaterra e pelo resto do mundo se sentiram quando Charles Spurgeon morreu ainda sem completar 55 anos?
Mais impressionante ainda, muito mais impressionante, de fato, é que a morte de qualquer um desses grandes homens de Deus – de Moisés à Spurgeon e tantos, tantos outros, famosos e não famosos –, em nada impediu o avanço dos planos de Deus para o seu povo. Josué conquistou a terra prometida e o evangelho de Cristo se espalhou para todos os continentes.
A primeira lição que aprendemos deste texto de Josué é que a vitória é certa porque Deus quer, ele é por nós e ninguém será contra nós, as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja.
Segundo, a vitória é certa quando nos dispomos para a batalha (vs. 2-5).
Ou seja, enquanto ouvimos Deus garantindo presença e vitória, garantindo que seu plano original terá êxito no final, nós também escutamos Deus requerendo disposição para batalhar. Ouça: Josué, passa este Jordão, tu e todo este povo (v. 2); Josué, vá à luta (v. 3); Josué, ninguém poderá resistir aos seus ataques (v. 5).
Deus tem seus planos soberanos e sua divina providência cuidará de executá-los, mas a vitória não virá de mãos beijadas:
Tenha atitude para receber a vitória que nos está garantida. A vitória é certa quando o Senhor quer e nós nos dispomos para batalhar. Mas de que vitória nós estamos falando?
Nossa vitória, na perspectiva bíblica correta, é salvação final, a glorificação. A terra prometida é o novo céu e a nova terra; o nosso descanso será eterno. Fazer discípulos de todas as nações, então virá o fim é o alvo que temos em mente. Ouça Hebreus 11, discorrendo sobre heróis de fé que conquistaram o mundo com a mensagem do reino:
32Que mais direi? Não tenho tempo para falar de Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas, 33os quais pela fé conquistaram reinos, praticaram a justiça, alcançaram o cumprimento de promessas, fecharam a boca de leões, 34apagaram o poder do fogo e escaparam do fio da espada; da fraqueza tiraram força, tornaram-se poderosos na batalha e puseram em fuga exércitos estrangeiros. 35Houve mulheres que, pela ressurreição, tiveram de volta os seus mortos. Uns foram torturados e recusaram ser libertados, para poderem alcançar uma ressurreição superior; 36outros enfrentaram zombaria e açoites; outros ainda foram acorrentados e colocados na prisão, 37apedrejados, serrados ao meio, postos à prova, mortos ao fio da espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos e maltratados. 38O mundo não era digno deles. Vagaram pelos desertos e montes, pelas cavernas e grutas. 39Todos estes receberam bom testemunho por meio da fé; no entanto, nenhum deles recebeu o que havia sido prometido. 40Deus havia planejado algo melhor para nós, para que conosco fossem eles aperfeiçoados.
Os santos do Antigo Testamento, juntamente com os desta era, participarão da mesma perfeição do fim dos tempos: vida sem pecado nos corpos da ressurreição sem morte. Essa é a vitória que nos está garantida. Tenha atitude para proclamá-la e para recebê-la.
Meu povo, sabedores de que Deus é por nós, disponhamo-nos para batalhar, a vitória é nossa. Agora, lembre-se dos seguintes:
Algumas vitórias virão com o tempo, virão de vagar, quando estivermos preparados para colher e cultivar. Êxodo 23.28-30:
28Sim, enviarei terror adiante de vocês para expulsar os heveus, os cananeus e os hititas, 29mas não os expulsarei num só ano, pois a terra ficaria deserta e os animais se multiplicariam e se tornariam uma ameaça para vocês. 30Eu os expulsarei aos poucos, até que sua população tenha aumentado o suficiente para tomar posse da terra.
Outras vitórias nós teremos de imediato. Deuteronômio 9.1-3:
1“Ouça, ó Israel! Hoje você atravessará o rio Jordão para ocupar a terra que pertence a nações muito maiores e mais poderosas que você, povos que vivem em cidades com muralhas que chegam até o céu! 2Seus habitantes são fortes e altos, descendentes dos famosos enaquins. Você já ouviu o ditado: ‘Quem é capaz de resistir aos enaquins?’. 3Esteja certo, porém, que hoje o SENHOR, seu Deus, vai adiante de você como fogo devorador. Ele os derrotará e os humilhará diante de você, para que você os expulse e os destrua rapidamente, como o SENHOR prometeu.
Disponhamo-nos para batalhar, a vitória é nossa, umas são para agora, outras são para mais tarde, quando estivermos mais bem preparados.
2 – Tenha atitude para cultivar a virtude que nos é exigida
(vs. 6-7, 9):
Josué ouviu sobre garantia de vitória e necessidade de virtude a ser cultivada. De fato, três vezes nesses versos, Deus repete a seguinte advertência a Josué: “sê forte e corajoso”.
Josué já havia demonstrado ser homem de coragem. Ele e Calebe foram os únicos que não temeram os gigantes da terra, quando eles estiveram espiando os alvos a serem conquistados pelo povo de Deus. Os outros oito homens covardemente desistiram da batalha e contaminaram todos os demais. Josué, não! Ele estava pronto para a batalha.
Então, por que Deus advertiu Josué, dizendo que ele precisaria ser “forte e corajoso”? A coragem não é ausência de medo e de fraquezas. A coragem é uma virtude que precisa ser cultivada e exercitada em face do que precisa ser enfrentado.
Lendo as três advertências para que Josué fosse forte e corajoso, nós encontramos três situações que precisam ser enfrentadas com coragem e força pela igreja:
Precisamos de força e coragem para resistirmos aos inimigos (v. 6):
Seja forte e corajoso, pois você conduzirá este povo para tomar posse da terra que jurei dar a seus antepassados.
Precisamos de força e coragem para sermos fieis às Escrituras (v. 7):
Seja somente forte e muito corajoso. Tenha o cuidado de cumprir toda a lei que meu servo Moisés lhe ordenou. Não se desvie dela nem para um lado nem para o outro. Assim você será bem-sucedido em tudo que fizer.
Precisamos de força e coragem para encararmos o futuro (v. 9):
Esta é minha ordem: Seja forte e corajoso! Não tenha medo nem desanime, pois o SENHOR, seu Deus, estará com você por onde você andar”.
Irmãos e irmãs amados, se quisermos vencer os desafios que estão postos diante de nós, precisaremos ser fortes e corajosos: [1] tanto diante dos ataques e das investidas dos inimigos (a carne, o diabo e o sistema do mundo), [2] como para sermos fiéis às Escrituras (em um mundo que ora relativiza, ora retira e até ridiculariza a exclusividade das Escrituras) e [3] ainda para encararmos o futuro.
Tenha atitude para cultivar a virtude que nos é exigida: força e coragem para resistirmos os inimigos com fé, esperança e amor; sermos fieis às Escrituras; encararmos o futuro.
3 – Tenha atitude para comunicar a verdade que foi esquecida
(v. 8):
Diante dos desafios da nova terra e da falta de compromisso da maioria do povo com a palavra de Deus, Josué precisaria assumir algumas posturas para manter viva a verdade de Deus. A igreja precisa assumir essas mesmas posturas. Quais sejam?
Estudar a palavra de Deus, viver seus princípios e proclamar sua verdade. Versículo 8:
Relembre continuamente os termos deste Livro da Lei [NVI: Não deixe de falar as palavras deste Livro da Lei]. Medite nele dia e noite, para ter certeza de cumprir tudo que nele está escrito. Então você prosperará e terá sucesso em tudo que fizer.
A virtude da palavra de Deus foi esquecida. A Bíblia não é mais tida como suficiente e poderosa para os problemas da alma, igreja ou sociedade. O cristianismo puro e simples perdeu seu encanto e poder. Hoje os crentes sabem mais sobre psicologia, sociologia, ciências políticas e sociais, filosofias e ideologias do que de Bíblia ou teologia e a história da igreja. Precisamos de um retorno, de um relembrar constante da Bíblia, meditar nela e praticá-la. Precisamos de atitude para comunicar a verdade que foi esquecida.
Tenha Atitude!
Nestes últimos três meses a vida da gente foi virada de cabeça para baixo. Separado de vocês, eu me pergunto o que vocês, cada um de vocês deve estar enfrentando. Eu me pergunto quais são os obstáculos, as dificuldades, os medos e os temores.
Como naqueles dias de Josué, a nossa situação momentânea é de instabilidade, transitória, e o futuro impõe medo e insegurança. Como será a vida após a pandemia? E se eu pegar essa doença? Quando e como será o retorno de tudo? Como será a igreja?
A palavra de Deus a Josué é a mesma para nós: Tenha Atitude! Tenha atitude para conquistar a vitória que nos está garantida, para cultivar a virtude que nos é exigida e para comunicar a verdade que há muito foi esquecida.
Versículo 8: conheça a palavra de Deus, não deixe de falar da palavra de Deus, medite na palavra de Deus e não deixe de praticar a palavra de Deus. A palavra de Deus fará você conquistar a vitória sobre o mundo, a carne e o diabo; a vitória sobre o pecado. A palavra Deus levará você à Canaã celestial. Hebreus 11.13-16:
13Todos estes viveram pela fé, e morreram sem receber o que tinha sido prometido; viram-no de longe e de longe o saudaram, reconhecendo que eram estrangeiros e peregrinos na terra. 14Os que assim falam mostram que estão buscando uma pátria. 15Se estivessem pensando naquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. 16Em vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, e lhes preparou uma cidade.
Até chegarmos lá, a promessa de Deus a Josué é a mesma para nós, Josué 1.9 (NVI):
Não fui eu que lhe ordenei? Seja forte e corajoso! Não se apavore, nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar”.
É difícil imaginar um incentivo maior para Josué. Moisés estava morto, mas o propósito de Deus não estava. Moisés estava morto, mas a promessa de Deus não estava. Moisés está morto, mas a palavra de Deus continuaria guiado e fortalecendo e instruindo seu povo. Moisés estava morto, mas a presença de Deus estaria com seu povo para sempre.
Há uma palavra para guiá-lo e lhe dar força para atravessar esses tempos sombrios: Seja forte e corajoso, não se apavore, nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar… até chegar à terra que Deus está preparando para seu povo. Estamos falando da herança dos salvos, comprada pelo sangue eterno do Filho de Deus que se fez carne, viveu sem pecado, morreu, ressuscitou e ascendeu aos céus, de onde ele virá para buscar a sua igreja para a morada eterna que está nos preparando.
Tenha Atitude, crente! Tenha Atitude!
S.D.G. L.B.Peixoto
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