17.03.2019
VOCÊ NÃO VERÁ A MORTE
João 8.48-59
51Eu lhes digo a verdade [em verdade, em verdade vos digo]: quem obedecer a meu ensino [guardar a minha palavra] jamais morrerá[não verá a morte, eternamente]!” 52Os líderes judeus disseram: “Agora sabemos que você está possuído por demônio. Até Abraão e os profetas morreram, mas você diz: ‘Quem obedecer a meu ensino [guardar a minha palavra] jamais morrerá[não provará a morte, eternamente]!’.
DEUS TE CONDUZIU ATÉ ESSA MENSAGEM
Em que pese o medo da morte e o não gostarmos de falar sobre a morte, creio de todo o coração que Deus te conduziu até essa mensagem para que você saiba, primeiro, que você não tem que morrer. Segundo, para que você saiba que Jesus Cristo, esse que faz essa promessa a você (Jo 8.51, ARA) — “se alguém guardar a minha palavra, não verá a morte, eternamente”, é Deus.Esse Jesus que promete que você “não verá a morte” é o Deus de Israel, o Deus de todo o mundo. E, terceiro, você está aqui porque Deus quer que você enxergue para a sua vida a implicaçãode saber que você não verá a morte.
Então: 1— você não tem que morrer; 2— quem faz a promessa é o SENHOR Jesus Cristo, o Deus eterno, Criador do céu e da terra; e 3— as implicações para a sua vida ao descobrir que você não verá a morte. Tudo bem? Vamos lá, sigamos avante.
O SOFRIMENTO FAZ RELUZIR A GLÓRIA DE DEUS
Não podemos deixar de observar que a promessa de Jesus: “Você não verá a morte!” (Jo 8.51) está subjacente (jaz por baixo) a outra grande realidade em João 8.48-59 — a saber, a oposição que Jesus recebeu dos judeus.
João quis mostrar a oposição neste texto não porque fosse algo agradável de se assistir. É trágico o que aqui se lê. Afinal, era o seu próprio povo dizendo que Jesus estava possuído de demônio (Jo 8.48 e 52). Por que o evangelista nos revela essa desgraça?
O propósito de se descrever a feroz oposição dos judeus é revelar que através dela é que se realça a grandeza — o mistério — de quem é Jesus. Em outras palavras: o sofrimento faz reluzir a glória de Deus. Os próprios “judeus que creram nele” (v. 31) exigiram que fosse assim.
Veja o final do versículo 53: “Quem você pensa que é?”. É a resposta final de Jesus para essa indagação (que veremos a seguir) que leva a história a uma conclusão violenta, pois eles “apanharam pedras para atirar em Jesus” — essa era a pena capital por se cometer blasfêmia contra o nome de Deus (Lv 24.16). A coisa só não chegou a vias de fato, porque Jesus “se ocultou deles e saiu do templo” (v. 59), posto que ainda não havia chegado a hora, e o apedrejamento não era a maneira pela qual ele deveria morrer.
Jaz aqui uma das grandes lições desse texto: o sofrimento faz reluzir a glória de Deus, revela o tesouro no vaso de barro (2Co 4.7 e 11). Mas, prossigamos, pois o nosso propósito é aprender que você não verá a morte e quais a implicações disso para a vida.
A DIVINDADE DE CRISTO E A IMORTALIDADE DOS CRISTÃOS
Façamos no texto dois recortes, destacando duas de suas grandes verdades: a divindadede Cristo e a imortalidadedos cristãos. Contaremos com a ajuda da oposição que essas verdades recebem dos judeus aqui no texto. Nosso objetivo final, como já dissemos, é descobrir para a nossa vida a implicação surpreendente da nossa imortalidade em Cristo.
O conflito
O texto começa com oposição porque o conflito na primeira parte do capítulo já foi intenso. Jesus afirmou que eles não o ouviam nem o entendiam porque não eram filhos de Deus, mas do diabo (vs. 43-44). As palavras do SENHOR engrossaram e ele terminou, no versículo 47, dizendo: “Quem pertence a Deus ouve as palavras de Deus. Mas vocês não ouvem, pois não pertencem a Deus [e sim ao diabo]”.
Esses homens já haviam se mostrado surdos para o significado das palavras de Cristo, e desejando libertá-los da escravidão do pecado, o ensino do Mestre só despertou indignação naqueles “crentes” duros de coração (vs. 31-42). Assim, as afirmações do SENHOR apenas os ofenderam ainda mais — “Seus filhos do diabo!” (vs. 43-47). É neste ponto que começa o nosso texto de hoje, versículo 48:
“Samaritano endemoninhado!”, responderam os líderes judeus. “Não temos dito desde o início que está possuído por demônio?”
Os judeus desprezavam os samaritanos e mestiços que se casaram com os gentios seis séculos antes e agora seguiam sua própria versão da religião do Antigo Testamento. Chamar Jesus de samaritano era insulto racial, fruto da insinuação de que seu pai (quem, segundo eles, se deitara com Maria) era desconhecido: possivelmente, um samaritano. Tornando o insulto ainda mais claro, eles disseram que o SENHOR tinha um demônio.
Esta não foi uma oposição qualquer. Ela era cruel. Incrível é que Jesus continue conversando com eles. Ele os responde com graça e verdade nos versículos 49-50:
49“Não tenho em mim demônio algum”, disse Jesus. “Pelo contrário, honro meu Pai, e vocês me desonram. 50Eu não procuro minha própria glória; há quem a procure para mim, e ele é o Juiz.
Jesus está dizendo o seguinte: Na verdade, eu não preciso me defender, porque Deus o Pai, ele mesmo, busca a minha glória. Então, se vocês me desonram, em vez de me glorificarem, vocês estão, de fato, colocando-se contra o próprio Deus. Se vocês se opõem a mim, vocês se opões àquele que está comprometido em me honrar: Deus Pai.
E então o SENHOR Jesus complementa: Vocês não vão querer se opor a mim e ao Pai, posto que “ele”, Deus Pai, “é o Juiz” que julga o meu caso (v. 50).
A lição
O que se extrai dessas palavras é o seguinte: As coisas mais importantes da vida estão em jogo na maneira como respondemos a Jesus Cristo. Deus Todo-Poderoso defende a glória de Cristo. Quando se trata de julgamento final, o critério será a glória de Jesus Cristo: O que fizemos com Jesus? E a glória de Jesus (Criador – Jo 1.3; e Salvador – Jo 1.29)? Se nos afastarmos dele ou nos voltarmos contra ele, Deus será nosso Juiz.
Os versículos 49 e 50, portanto, são um aviso: Deus é o justo Juiz e o critério é a glória de Cristo. Nós a amamos e a recebemos, ou a rejeitamos? A resposta a esta questão determinará a sentença final do justo Juiz.
Jesus, portanto, não está aqui (vs. 49-50) condenando, mas advertindo. Afinal, a mensagem deste Evangelho pode ser resumida nas palavras de João 3.17: “Deus enviou seu Filho ao mundo não para condenaro mundo, mas para salvá-lopor meio dele [sem Cristo o mundo já está condenado (Jo 3.18), a ira de Deus já pesa sobre o mundo (Jo 3.36)”. Jesus, então, está advertindo: Arrependam-se enquanto é tempo e recebam o Filho, não esperem pela sentença final do justo Juiz.
A promessa
Dito isto, o SENHOR termina sua resposta às acusações dos judeus com esta linda e incomparável promessa (verso 51):
Eu lhes digo a verdade [ou: em verdade, em verdade vos digo]: quem obedecer a meu ensino [ou: quem guardar a minha palavra] jamais morrerá[ou: não verá a morte, eternamente]!”
Em outras palavras: Vocês chegaram ao ponto de me blasfemarem, chamando-me de bastardo, mestiço e endemoninhado. Vocês perderam a noção do grande perigo do julgamento de Deus que pesa sobre sua vida, mas eu os ofereço, uma vez mais, o dom da salvação. Se vocês guardarem minha palavra com fé, nunca verão a morte.
Esta é uma promessa notável. É incrível, pois ele não diz: “Se alguém guardar minha palavra, jamais morrerá[como está na NVT]”. De fato, ele diz: “Se alguém guardar minha palavra, nãoveráa morte, eternamente”. O que isso significa? No versículo 52, seus oponentes, incrédulos, repetem o que ele disse, mas mudam o verbo “ver” para “provar”: “você diz: ‘Quem guardar a minha palavra nãoprovaráa morte, eternamente!’”. E Jesus não os corrige. Por quê?
Salvação é algo que se prova e se vê, algo que se experimenta com todos os sentidos da alma. Jesus, portanto, estava dizendo: Se alguém guardar minha palavra — crer no que eu digo sobre mim mesmo, sobre meu Pai e sobre nossa grande obra de salvação — não veráa morte. Essa pessoa não vai provara morte. Ela jamais morrerá.
O fundamento
Este Evangelho termina com Jesus sendo morto e ressurgindo dos mortos. A morte de Jesus é explicada como substituição no lugar de pecadores — pecadores como os oponentes de Jesus e como nós mesmos. “Eu sacrifico minha vida [eu dou a minha vida] pelas ovelhas” (Jo 10.15; 11.52; 1.29).
Logo, guardara palavra de Jesus é receber as palavras que ele falou sobre si mesmo, seu Pai e sua obra de salvação através de sua morte e ressurreição. Guarde essas palavras, creia nelas, acalente-as no coração, faça delas seu tesouro, permaneça nelas, viva delas, seja transformado por elas. E você não verá a morte.
O problema
Não verá a morte? Como assim? A morte está aí, ao nosso redor, em todo lugar. Essa semana mesmo, quem não se indignou e não se comoveu com as notícias e as cenas de morte, quando dois jovens, um de 17 e outro de 25 anos, invadiram uma escola estadual na cidade de Suzano, na grande São Paulo, e vitimaram (com tiros e, pasmem!, machadadas) cinco alunos e duas funcionárias da escola (como se os assassinos estivessem nalgum jogo de video-game, eliminando alvos).
Os assassinos já tinham matado o tio de um deles fora da escola, e após o massacre dentro da escola, deram fim na própria vida. Um atirou no outro, matando-o na hora, e depois cometeu suicídio. A tragédia deixou no total 10 mortos e 17 feridos. Atônitos, milhares se manifestaram na grande mídia e, principalmente, através das redes sociais, dizendo coisas do tipo que escreveu Fátima Bernardes em seu Instagram:
Precisamos refletir sobre onde estamos falhando como sociedade. Por que temos visto crescer essa onda de violência?
William Bonner, mais passional, expressou-se no Twitter:
Muita vontade de chorar muito, muitas vezes, ao longo do dia tão triste. Não uso mais isso aqui [Twitter]. Mas, hoje, senti necessidade de compartilhar esse peso que também os jornalistas tivemos que suportar em nome do dever profissional. E pronto. Está dito.
A morte chega para todos. Ela é o grande nivelador. Morrem ricos e pobres, famosos e gente desconecida, grandes e pequenos, velhos e novos, sadios e doentes, lenta e abruptamente. A morte é para todos e nalguns casos ela chega de forma ainda mais cruel do ponto de vista humano. Então, como pôde o SENHOR dizer (Jo 8.51, ARA):
Em verdade, em verdade [não: de mentirinha; ou: hipoteticamente] vos digo: se alguém guardar a minha palavra, não verá a morte, eternamente.
Morremos e não morremos
Morremos ou não morremos?
Sim, nós morremos. E não, nós não morremos. Como assim, meu Deus?
Deixemos o próprio SENHOR nos falar, através de suas palavras a Marta, que chorava diante do túmulo que guardava o corpo já malcheiroso de seu irmão Lázaro que estava em decomposição havia quatro dias. João 11.25-26 (Almeida Revista e Atualizada):
25Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; 26e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?
A soma de tudo é a seguinte: Ainda que morra, não morrerá.
Sim, nós morremos: “Ainda que morra, viverá”. Não, nós não morremos: “Todo o que vive e crê em mim não morrerá”. O corpo de Lázaro estava morto no túmulo. Mas Lázaro não estava morto. Seu corpo estava morto. Mas ele não estava morto. Ele não havia morrido. Ainda mais importante é o modo como Jesus diz isso em João 5.24 (ARA):
Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.
Os crentes em Jesus Cristo já passaram da morte para a vida. Eles têm, agora, já, a vida eterna, pois conhecem Jesus (Jo 17.3). Vida eterna não pode — por definição — jamais acabar. Os crentes, portanto, não vêem a morte. Eles não provam a morte.
Nosso corpo morre. Ele, na verdade, mente para nós — parecendo que está dormindo, e é por isso que o Novo Testamento às vezes chama a morte de adormecer (1Ts 4.12-15). Nosso corpo, de fato, fica na sepultura (apodrece por lá), volta ao pó até que toque a última trombeta, quando receberá ordem para ressuscitar (1 Co 15.52):
Acontecerá num instante, num piscar de olhos, ao som da última trombeta. Pois, quando a última trombeta soar, aqueles que morreram ressuscitarão a fim de viver para sempre. E nós que estivermos vivos também seremos transformados.
Nosso corpo morre. Mas quando nosso corpo morre, nós não morremos. Nós passamos da morte para a vida. Vida eterna. Vida inquebrável e sem fim.
Corpos morrem, a alma não. Foi por isso que Jesus nos advertiu (Mt 10.28, ARA):
Não temais os que matam o corpoe não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.
Sim, corpos morrer. Corpos são assassinados. Mas a alma vive para sempre, de uma forma ou de outra ela vive, no céu ou no inferno a alma vive para sempre. E os crentes, “ao som da última trombeta”, ressuscitarão para serem transformados (1Co 15.52), para receberem seus corpos glorificados (Rm 8.17). Ouça Paulo (1Co 15.53-55):
53Pois nosso corpo mortal precisaser transformado em corpo imortal [morte e ressurreição ou estar vivo quando Jesus voltar]. 54Então, quando nosso corpo mortal tiver sido transformado em corpo imortal, se cumprirá a passagem das Escrituras que diz: “A morte foi engolida na vitória. 55Ó morte, onde está sua vitória? Ó morte, onde está seu aguilhão?”.
A vida eterna
A vida eterna com Cristo funciona assim: quando nascemos de novo, recebemos o dom da vida. Vida espiritual (João 3.6-8). Quando estávamos mortos em nossos pecados, Deus nos fez reviver (Efésios 2.4-5). Esta nova vida é a vida eterna. Nesta nova vida espiritual, somos capazes de ter comunhão com Deus, conhecer a Deus, experimentar Deus, falar com Deus, ouvir de Deus através de sua palavra, sentir o amor de Deus derramado em nosso coração (Romanos 5.5). Esta é a obra do Espírito Santo.
Essa comunhão que desfrutamos com Deus não pode ser terminada. Não pode ser quebrada. É eterna. Quando nosso corpo morre, não experimentamos nenhuma ruptura em nossa comunhão com Deuspor meio de Cristo. Nossa comunhão, de fato, naquele instante é aperfeiçoada — atinge a perfeição idealizada por Deus (Hebreus 12.23). A vida que temos com Cristo em Deus hoje, por causa do novo nascimento, nunca terminará. Nós não vamos ver o seu final, nós não provaremos o seu fim, posto que não haverá final para a vida eterna. Porque não há fim para a vida eterna.
Voltaremos daqui a pouco e falaremos sobre algumas implicações dessa realidade para o modo como vivemos. Mas vamos, antes, dar uma breve olhada na majestade da pessoa que nos falou essas palavras e que tornou possível a vida eterna.
JESUS É ZOMBADO POR SUA PROMESSA
Os adversários de Jesus zombam dele por causa dessa promessa (Jo 8.52-53):
52Os líderes judeus disseram: “Agora sabemos que você está possuído por demônio. Até Abraão e os profetas morreram, mas você diz: ‘Quem obedecer a meu ensino [guardar a minha palavra] jamais morrerá[não provará a morte, eternamente]!’. 53Por acaso você é maior que nosso pai Abraão? Ele morreu, assim como os profetas. Quem você pensa que é?”.
A resposta a esta pergunta vem em duas etapas, ambas são de tirar o fôlego, e acabarão matando Jesus na cruz por blasfêmia. Agora, precisamos nos dar conta de que, ao ouvirmos essas palavras, nós enfrentamos a mesma escolha que aqueles judeus — ou Jesus é um blasfemo, ou ele é Deus. Que escolha você fará? Preste atenção.
O primeiro estágio da respostaestá nos versículos 54-56:
54Jesus respondeu: “Se eu quisesse glória para mim mesmo, essa glória não contaria. Mas é meu Pai quem me glorifica. Vocês dizem: ‘Ele é nosso Deus’, 55mas nem o conhecem. Eu o conheço. Se eu dissesse que não o conheço, seria tão mentiroso quanto vocês! Mas eu o conheço e lhe obedeço. 56Seu pai Abraão exultou com a expectativa da minha vinda. Ele a viu [viu o meu dia] e se alegrou”.
Ele o quê? Abraão viu o meu dia, disse Jesus. Me viu reinando. Ele viu isso e se alegrou. Ao ouvirem essas palavras, os judeus entenderam a implicação e a questionaram: Você está dizendo ser Deus? Quem você pensa que é? O que leva ao estágio dois da resposta de Jesus à pergunta: Quem você pensa que é?
O segundo estágio da respostaestá nos versículos 57-59:
57Os líderes judeus disseram: “Você não tem nem cinquenta anos. Como pode dizer que viu Abraão?”. 58Jesus respondeu: “Eu lhes digo a verdade: antes mesmo de Abraão nascer, EU SOU!”. 59Então apanharam pedras para atirar em Jesus, mas ele se ocultou deles e saiu do templo.
Aí está! — a afirmação mais clara e direta neste Evangelho de que Jesus é o SENHOR, o Deus de Israel, o grande “EU SOU” de Êxodo 3.14 e dos profetas. Se ele quisesse apenas reivindicar a preexistência, ele poderia ter dito: “Antes de Abraão, eu era, já existia [assim como os anjos]”. Mas ele quis dizer mais que mera preexistência. Ele disse (Jo 8.58): “Antes mesmo de Abraão nascer, EU SOU! [Eu sou Deus!]”.
Agora Êxodo 3.14: “Deus respondeu a Moisés: ‘EU SOU O QUE SOU. Diga ao povo de Israel: EU SOU me enviou a vocês’”. Jesus se iguala a Deus.
RELEVÂNCIA ETERNA
As implicações dessa afirmação de Jesus — “Antes mesmo de Abraão nascer, EU SOU!” — são surpreendentes para a nossa vida, para este mundo e para a eternidade. Nós nunca iremos esgotar as implicações e a relevância desta verdade, mesmo lá na eternidade. Mas o único foco de sua relevância nesta passagem do Evangelho para nós nesta mensagem é: Porque Jesus é Deus, seu trabalho na cruz e sua palavra de promessa serão totalmente bem-sucedidos.
Quando Jesus diz: “Você não verá a morte”, a verdade é que você nunca verá a morte. Deus falou. E sua palavra nunca falha. O SENHOR prometeu: “Todos os meus planos se cumprirão, pois faço tudo que desejo” (Isaías 46.10) — é isso o que significa ser Deus. Ele fala e acontece tudo o que ele deseja. E Jesus é Deus. Ele fala e acontece.
Então, quando ele promete no versículo 51 (ARA): “se alguém guardar a minha palavra, não verá a morte, eternamente”, essa pessoa, com efeito, nunca verá a morte! Ponto final. Eis aí a relevância eterna dessas palavras de Jesus.
O MEDO NÃO É MAIS SEU MESTRE
Vamos concluir com uma enorme implicação para nossa vida hoje, seguida de três aplicações. Hebreus 2.14-15 descreve o efeito da morte de Jesus em nosso lugar. Ouça como se lê:
14Visto, portanto, que os filhos são seres humanos, feitos de carne e sangue, o Filho também se tornou carne e sangue, pois somente assim ele poderia morrer e, somente ao morrer, destruiria o diabo, que tinha o poder da morte. 15Só dessa maneira ele libertaria aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte.
O escritor de Hebreus diz que toda a raça humana está escravizada “pelo medo da morte”. Em 1973, Ernest Becker escreveu um livro vencedor do Prêmio Pulitzer, intitulado A Negação da Morte(editora Record). Sua tese concorda com Hebreus:
O medo da morte, o medo que ela inspira, persegue o animal humano como nenhuma outra coisa; é uma das molas mestras da atividade humana — atividade destinada, em maior parte, a evitar a fatalidade da morte, a vencê-la mediante a negação, de alguma maneira, de que ela seja o destino final do homem.
Becker não apresenta resposta para a morte. Jesus, sim, apresenta resposta.
A resposta de Jesus à morte é que ele é o grande EU SOU desde toda a eternidade, tornou-se homem mortal e viveu sem pecado para que ele pudesse morrer pelo pecador — destruindo na morte aquele que tem o poder da morte (o diabo) — e ressuscitou triunfante sobre o pecado e a morte. Libertando-nos, assim, da escravidão do medo da morte durante toda a vida.
Hebreus e Becker dizem que o medo da morte produz uma escravidão generalizada e duradoura. Mesmo quando não percebemos, o medo está lá, assombrando nossas escolhas, tornando-nos cautelosos, desconfiados, contidos, restritos, fechados, rígidos, moderados, fazendo-nos evitar o risco, a aventura e a execução dos sonhos de ir, fazer discípulos de todas as nações, levando e espalhando o nome e o reino de Cristo e a causa do amor de Deus. Mesmo sem perceber, o medo da morte é um mestre de escravos que nos amarra em cordas invisíveis, confinando-nos, no que diz respeito ao reino de Deus, a uma forma de vida pequena, segura, regrada, inócua (sem risco de dano físico ou material) e egocêntrica.
Becker não tem solução para a escravidão do medo da morte. Ninguém tem. Os gregos, por exemplo, inspirando a muitos desde então — e ainda hoje (ver, por exemplo, Luiz Felipe Pondé, busque por um vídeo dele intitulado “A morte é inevitável”; ver também Luc Ferry no livro Aprender a viver, ed. Objetiva) —, responderam, mas não convenceram. Os estóicos e seus discípulos ainda hoje pregam que devemos viver com coragem, de forma a deixar a nossa marca na história (tornando-nos heróis por não termos medo de fazer o que tivermos que fazer a despeito da morte), mantendo-nos assim, de alguma forma, vivos na memória das pessoas.
Percebeu? Mesmo quem diz não ter medo de morrer, mesmo quem diz viver com coragem de viver, assim o faz na esperança de nunca morrer, ainda que seja apenas na memória dos vivos. A morte é sim inevitável e todos nós a tememos e a evitamos.
Jesus, sim, tem solução para a escravidão do medo da morte (Jo 8.51): “Em verdade, em verdade vos digo, quem guardar a minha palavranão verá a morte, eternamente” Ou, como ele diz em João 8.32: “Conhecereis a verdade [sobre a morte] e a verdade vos libertará [do pecado e do medo da morte]”.
O mundo precisa desesperadamente da coragem e do Cristo dos cristãos destemidos que sabem que nunca verão ou provarão a morte — a quebra da comunhão com Deus. Seja um desses corajosos, que vivem com fé na palavra de Cristo e que, no poder do Espírito Santo, entregam-se pela causa do amor de Deus na salvação do pecador, para a glória de Deus e a alegria das nações em Cristo.
APLICAÇÕES
1 VENÇA O MEDO DE MORRER crendo em Cristo para a sua salvação eterna. Ele morreu e venceu a morte para que pudéssemos viver a vida eterna no céu (não no inferno). Vença o medo da morte crendo na palavra de Cristo, no evangelho da salvação.
2 COMBATA A ANGÚSTIA PELA MORTE de quem você ama com a certeza de que se estiveram em Cristo, o corpo morreu, mesmo que de forma dolorosa e trágica, mesmo que cedo de mais, mas a alma vive agora em paz com Cristo, aguardando a ressurreição e o corpo glorificado — 2Coríntios 4.16: “Nunca desistimos. Ainda que nosso exterior esteja morrendo, nosso interior está sendo renovado a cada dia.” Se morreram sem Cristo, conforte-se com a justiça de Deus. Se morreram em Cristo, morrer foi incomparavelmente melhor do que seguir vivendo neste mundo de pecado (Fl 1.23).
3 NEUTRALIZE O PODER DA MORTE se lembrando de que sofremos o que sofremos, a sociedade caminha para estados ainda piores de maldade e tragédias e, no final, todos morremos por causa do pecado. A cura definitiva para o mal e a morte é o estabelecimento do reino de Deus. Portanto, vão e façam discípulos… Não temam, o SENHOR está conosco durante todos os dias de nossa vida, até o momento quando o veremos face a face e, depois, para sempre e sempre. Neutralize o poder da morte espalhando o reino de Deus, evangelizando, discipulando, fazendo missões.
E lembre-se: Em Cristo, você não verá a morte. Ele prometeu (Jo 8.51):
Em verdade, em verdade vos digo, quem guardar a minha palavra não verá a morte, eternamente.
S.D.G. L.B.Peixoto
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