03.10.2021
[João 15.18-27] 18“Se o mundo os odeia, lembrem-se de que primeiro odiou a mim. 19O mundo os amaria se pertencessem a ele, mas vocês já não fazem parte do mundo. Eu os escolhi para que não mais pertençam ao mundo, e por isso o mundo os odeia. 20Vocês se lembram do que eu lhes disse: ‘O escravo não é maior que o seu senhor’? Uma vez que eles me perseguiram, também os perseguirão. E, se obedeceram à minha palavra, também obedecerão à sua. 21Farão tudo isso a vocês por minha causa, pois rejeitaram aquele que me enviou. 22Eles não seriam culpados se eu não tivesse vindo nem lhes falado. Agora, porém, não têm desculpa por seu pecado. 23Quem me odeia também odeia meu Pai. 24Se eu não tivesse realizado no meio deles sinais que ninguém mais pode realizar, eles não seriam culpados. Agora, porém, viram tudo que fiz e, no entanto, ainda odeiam a mim e a meu Pai. 25Isso cumpre o que está registrado nas Escrituras deles: ‘Odiaram-me sem motivo’. 26“Mas eu enviarei a vocês o Encorajador, o Espírito da verdade. Ele virá do Pai e testemunhará a meu respeito. 27E vocês também devem testemunhar a meu respeito, porque estão comigo desde o início.”
Nós, residentes do Brasil, não vivemos em um país cristão. Os habitantes dos Estados Unidos da América não vivem mais em uma nação cristã. Aliás, ouso dizer que nós, brasileiros (e os norte-americanos) não vivemos nem mesmo em uma nação pós-cristã. Estou convencido de que o mundo não é mais cristão nem é pós-cristão. A minha certeza é de que o Ocidente é anticristão.
Quando foi que a maré mudou?
Ninguém pode dizer com certeza, mas quando o politicamente correto proíbe o humor relacionado a qualquer pessoa ou qualquer grupo de pessoas, incluindo os religiosos de qualquer matiz, MAS não proíbe piadas envolvendo os cristãos ou o cristianismo (em nome da liberdade de expressão!), é sinal de que a maré está subindo rapidamente, dando indícios de que um tsunami de perseguição está se aproximando com velocidade; quando a cultura popular acha graça em debochar do Filho eterno de Deus ou encontra diversão na blasfêmia – no insulto à fé cristã, à moral e ética cristã, aos cristãos e à Igreja e até ao próprio Deus – , quando todo tipo de opinião ou de opção é tolerado, exceto a cosmovisão cristã, saiba que uma onda de perseguição logo quebrará sobre o povo de Deus. A história comprova o que estamos falando.
Não é que já não haja perseguição declarada aos cristãos em outras partes do mundo, mas que no Ocidente – inclusive nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil –, a coisa ainda é velada, sorrateira, tudo dentro das normas da civilidade, do politicamente correto, em nome da laicidade do Estado (ou: Estado laico). Para se ter uma ideia do que acontece em outras partes do mundo, preste atenção nos dados da matéria divulga em 6 de abril de 2021 pelo portal de notícias “R7”:
Número de cristãos perseguidos no mundo aumenta 30% em 2020
Segundo Organização Portas Abertas, número de mortes cresceu 60% e China lidera número de igrejas atacadas
O número de cristãos perseguidos no mundo teve um aumento de 30% em 2020, segundo dados da Organização Portas Abertas, que monitora os índices de violência contra cristãos desde 1955.
Mesmo com a pandemia, mais de 340 milhões de religiosos foram perseguidos, contra 260 milhões de casos reportados em 2019. O número de mortos subiu 60%, saltando de 2.983 em 2019 para 4.761 em 2020.
Segundo a organização, o aumento da opressão e violência aumentou em algumas áreas específicas, como o continente africano. Na China e na Índia, o uso de tecnologias de sistemas de vigilância para monitorar cristãos fez com que aumentasse o número de ameaças. Na Índia, o governo é nacionalista e hinduísta. […]
Apesar do aumento da violência na China, o país aparece em 17º lugar na lista dos que apresentam maiores índices de perseguição contra cristãos segundo a Organização Portas Abertas. A Coreia do Norte lidera a lista, seguida pelo Afeganistão, Somália, Líbia e Paquistão, cuja religião oficial é o islamismo.
Fonte: https://noticias.r7.com/internacional/numero-de-cristaos-perseguidos-no-mundo-aumenta-30-em-2020-06042021
Tem mais: em 13 de janeiro deste ano, em matéria sob o título: “Os 50 países em que é mais difícil ser cristão em 2021”, o site “Christianity Today” relatou que:
Todos os dias, 13 cristãos no mundo todo são mortos por causa de sua fé [mantida esta média, ao final deste século, cerca de 500 milhões de cristãos terão sido mortos! – população americana hoje: 329 mi, brasileira: 212 mi]. Todos os dias, 12 templos ou edifícios cristãos são atacados. E todos os dias, 12 cristãos são injustamente detidos ou presos, e outros 5 são sequestrados.
Fonte: https://www.christianitytoday.com/news/2021/january/perseguicao-aos-cristaos-perseguidos-2021-paises-lista-pt.html
Aqui no Brasil não há nada declarado, mas se percebe estar crescendo o medo de perseguição entre os cristãos. A chamada “cristofobia” tem sido usada para se referir a episódios de preconceito e discriminação contra evangélicos, embora o nosso país nunca tenha aparecido no ranking de 50 países onde os cristãos são mais perseguidos por causa de sua fé. Tal estudo é conduzido pela Organização Portas Abertas já há mais de 25 anos, com base em relatos de incidentes de violência. Graças a Deus, o Brasil nunca apareceu nessa lista, mas há cheiro de fumaça no ar – e, sim, já se pode enxergar a resistência e até a oposição aos princípios e às práticas da fé cristã.
O que esperar?
Como, então, reagiremos à resistência, à oposição e mesmo à perseguição?
As palavras de Jesus que lemos neste texto do Evangelho de João (15.18-27) são particularmente relevantes para nós os cristãos. Assim como no caso dos discípulos de Jesus, recebemos essa ponderação do Senhor em um momento de relativa paz e segurança no país. Pelo menos é o que se declara publicamente e assegura a nossa Constituição Federal em seu Artigo 5o: “liberdade religiosa”. Porém, o nosso futuro enquanto cristãos não é menos incerto do que era o dos apóstolo às vésperas da prisão, do julgamento, da crucificação e do sepultamento de Jesus. Por isso que Cristo tomou seus apóstolos à parte e lhes falou no privado (João 13—17).
Enquanto ele preparava os onze que lhe restaram para o ministério que deveria prosseguir após sua partida física do mundo, Cristo:
1. assegurou-lhes seu amor e os instruiu a servir segundo o seu exemplo (Jo 13);
2. os confortou com a promessa de enviar o Consolador (Jo 14);
3. os exortou a receber vida e força para frutificar por meio da união a ele pela fé e prática da palavra de Deus (Jo 15.1-11); e
4. os encorajou a desfrutar de comunhão fortalecedora uns com os outros no mesmo tipo de amor compartilhado na Trindade (Jo 15.12-17).
Mas faltava-lhes ainda algo muito importante a ser aprendido:
5. eles precisavam ser preparados para enfrentar e saber responder ao ódio e à perseguição do mundo (Jo 15.18-27).
Nesta passagem (Jo 15.18-27), Jesus responderá a quatro perguntas sobre a natureza do ódio e da perseguição aos cristãos e a nossa postura como crentes sofredores: [1] Quem perseguirá? [2] O que esperar na perseguição? [3] Por que se perseguirá? e [4] Como reagir à perseguição? — Quem? O quê? Por quê? e Como? — Vejamos, um a um.
O nosso texto começa em João 15.18. Mas veja que o versículo 18 eclipsa o 17.
O sol está brilhando intensamente no versículo 17, enquanto Jesus fala com os seus amigos mais íntimos sobre o amor que devemos um ao outro na comunhão cristã – mas de repente o tempo fecha. A palavra ódio é introduzida, escurecendo o céu sobre eles naquela conversa, até então, tão agradável. Observe [três vezes a palavra ódio]:
João 15.17-19 [O sol da doce comunhão de amor:] 17Este é meu mandamento: Amem uns aos outros. [Então, o eclipse do ódio:] 18“Se [ou: uma vez que] o mundo os odeia, lembrem-se de que primeiro odiou a mim. 19O mundo os amaria se pertencessem a ele, mas vocês já não fazem parte do mundo. Eu os escolhi para que não mais pertençam ao mundo, e por isso o mundo os odeia.
Quem odeia os cristãos?
Quem persegue os cristãos?
O mundo! De fato, “mundo” (ou kosmos, no grego) aparece nada menos do que cinco vezes nesses dois versículos (vs. 18-19) – o propósito é descrever de onde vem a perseguição contra os cristãos.
Na teologia de João, o kosmos (o mundo) não é a terra ou o universo criado em si, mas a ordem corrompida (especialmente de seres humanos e de assuntos humanos), em rebelião contra seu Criador. O apóstolo deixa isso muito claro em seu Evangelho (1.10; 7.7; 14.17, 22, 27, 30; 15.18-19; 16.8, 20, 33; 17.6, 9, 14), sobretudo neste texto:
João 1.9-11 9Aquele que é a verdadeira luz, que ilumina a todos, estava chegando ao mundo. 10Veio ao mundo que ele criou, mas o mundo não o reconheceu. 11Veio a seu próprio povo, e eles o rejeitaram.
E por que o mundo não o reconheceu? Por que o mundo o rejeitou?
Ouça este texto, João 7.7, “a mim ele [o mundo, o kosmos] odeia, pois eu o acuso de fazer o mal.” Esse “mal” que Jesus acusa no mundo é o lobo vestido em pele sofisticada de cordeiro na cultura, política, economia, educação e até na religião. Desse modo, o mundo abraça aqueles que seguem sua filosofia, mas odeia e persegue os que o resistem e acusam. Em João 16.2, Jesus é ainda mais claro no que ele quer dizer com “mundo”: “Pois vocês serão expulsos das sinagogas, e virá o tempo em que aqueles que os matarem pensarão que estão prestando um serviço sagrado [culto] a Deus.”
Portanto: mundo é todo pensamento, pessoa, postura, povo, lugar ou tendência (ainda que se vejam prestando culto a Deus!) que rejeita a divindade e o senhorio de Cristo. Daí que João, o apóstolo, em sua primeira carta, advertiu:
1João 2.15-17 15Não amem este mundo, nem as coisas que ele oferece [de fato, parem de amar este mundo; parem de amar as coisas oferecidas por este mundo], pois, quando amam o mundo, o amor do Pai não está em vocês. 16Porque o mundo oferece apenas [1] o desejo intenso por prazer físico, [2] o desejo intenso por tudo que vemos e [3] o orgulho de nossas realizações e bens. Isso não provém do Pai, mas do mundo. 17E este mundo passa, e com ele tudo que as pessoas tanto desejam. Mas quem faz o que agrada a Deus vive para sempre.
Quem perseguiu, persegue ou perseguirá os cristãos (ontem, hoje e sempre)?
O mundo! – que, segundo o apóstolo João, é movido não pelo amor a Cristo, que é mantido não pela verdade de Cristo, que é motivado não pela glória de Cristo; mas o mundo que é movido pelo “desejo intenso por prazer físico” [a concupiscência ou a cobiça da carne], o mundo que é mantido pelo “desejo intenso por tudo que vemos” [a concupiscência ou a cobiça dos olhos], o mundo que é motivado pelo “orgulho de nossas realizações e bens” [a soberba da vida].
Trocando em miúdos: o cristão foi, é e sempre será perseguido por tudo aquilo que é movido pelo pecado, mantido pelo ego e motivado pela glória pessoal ou dos homens. Desse modo, essa perseguição chegará na forma de Estado, religião, filosofia, cultura ou educação; se apresentará na forma de estadista ou tirano, sábio ou piedoso, culto e bem vestido e instruído. Cuidado com o mundo! O mundo persegue os cristãos.
Jesus afirma que devemos esperar ódio na perseguição:
João 15.18-19 18“Se [ou: uma vez que] o mundo os odeia, lembrem-se de que primeiro odiou a mim. 19O mundo os amaria se pertencessem a ele, mas vocês já não fazem parte do mundo. Eu os escolhi para que não mais pertençam ao mundo, e por isso o mundo os odeia.
Usando muitas faces, o sentimento de ódio varia de indiferença a indignação, da frieza do desprezo ao fogo da animosidade. Esses rostos podem se fechar para você por parte de familiares, colegas de escola, faculdade ou de trabalho, vizinhos e, sim, até mesmo de pessoas religiosas ou que se dizem cristãs – possivelmente de dentro de sua própria igreja. Observe como Jesus foi taxativo:
João 15.20 Vocês se lembram do que eu lhes disse: ‘O escravo não é maior que o seu senhor’? Uma vez que eles me perseguiram, também os perseguirão. E, se obedeceram à minha palavra, também obedecerão à sua.
Perseguição, do grego διωκω, significa “botar para correr; fazer fugir; afugentar; maltratar. A. T. Robertson, eminente estudioso do grego do Novo Testamento, definiu esse termo – perseguição, διωκω – como “caçar do mesmo modo que se caça um animal”. O ódio incita a perseguição, estimula a violência e culmina em execução – João 16.2 “Pois vocês serão expulsos das sinagogas, e virá o tempo em que aqueles que os matarem pensarão que estão prestando um serviço sagrado a Deus.”
Para se ter uma ideia: fruto do ódio do mundo, o número de mártires cristãos apenas nos séculos XX e XXI equivale a dois-terços do número de mortos somados desde a perseguição da igreja primitiva. De 1900 até os dias de hoje, mais cristãos foram mortos por causa da fé do que o número total de cristãos martirizados na soma de todos os outros 19 séculos da história depois de Cristo. Outras religiões perseguem cristãos. Cristãos perseguem cristãos. Ateus perseguem cristãos. Seitas perseguem cristãos. Estados totalitários perseguem cristãos. Sempre foi assim, pelas razões mais variadas, e até mesmo sem razão, sem motivo algum (Jo 15.25).
Jesus tinha razão: o mundo odiaria e perseguiria de todas as formas os cristãos. É o que tem acontecido desde o primeiro século, está acontecendo agora e continuará a acontecer em medidas cada vez maiores, à medida que o fim se aproxima. Prepare-se!
1. Cristãos não deveriam contra-atacar com as mesmas armas de seus perseguidores; não perseguem adeptos de outras religiões, credos ou ateus; são chamados a abençoar e orar por aqueles que os perseguem.
2. Cristãos creem no poder da palavra de Deus e compartilha com fé, na esperança de que a palavra de Deus espalhe e faça crescer o reino de Deus, Marcos 4.26-32
[A PARÁBOLA DA SEMENTE QUE CRESCE] 26Jesus também disse: “O reino de Deus é como um lavrador que lança sementes sobre a terra. 27Noite e dia, esteja ele dormindo ou acordado, as sementes germinam e crescem, mas ele não sabe como isso acontece. 28A terra produz as colheitas por si própria. Primeiro aparece uma folha, depois se formam as espigas de trigo e, por fim, o cereal amadurece. 29 E, assim que o cereal está maduro, o lavrador vem e o corta com a foice, pois chegou o tempo da colheita”.
[A PARÁBOLA DA SEMENTE DE MOSTARDA] 30Jesus disse ainda: “Como posso descrever o reino de Deus? Que comparação devo usar para ilustrá-lo? 31É como uma semente de mostarda plantada na terra. É a menor das sementes, 32mas se torna a maior de todas as hortaliças, com ramos tão grandes que as aves fazem ninhos à sua sombra”.
[Continua na próxima mensagem…]
S.D.G. L.B.Peixoto
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